quarta-feira, 12 de junho de 2019
Caixa vai devolver R$ 3
bilhões
das ‘pedaladas fiscais’ de Dilma
O ministro da Economia,
Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira, 12, que o governo utilizará recursos
devolvidos por bancos públicos para resgatar a dívida pública. Guedes participa
de coletiva com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.
“Vamos resgatar a dívida pública, que aumentou na contabilidade criativa. As
pedaladas acabaram levando a impeachment de presidente”, disse.
Guedes frisou que os recursos não voltam para o Ministério
da Economia, mas sim para o abatimento da dívida pública. “Nossa
responsabilidade é garantir que recursos devolvidos por bancos abatam dívida
pública”, completou.
O ministro afirmou que o governo está “despedalando” e
removendo privilégios, como empréstimos a juros subsidiados para as empresas
chamadas de “campeões nacionais”. “O Brasil virou paraíso dos rentistas e
inferno dos investidores”, acrescentou.
Devolução da Caixa ao Tesouro
O presidente da Caixa Econômica Federal confirmou durante
a entrevista à imprensa que a instituição vai devolver ao Tesouro Nacional “o
dinheiro que se deve”. Hoje, serão devolvidos R$ 3 bilhões, mas “o plano é
devolver R$ 20 bilhões este ano.”
Pedro Guimarães fez questão de pontuar que a devolução dos
recursos ao Tesouro não prejudica os índices financeiros da Caixa. “Nosso
índice de Basileia é acima de 20%”, destacou.
Essa dívida da Caixa com o Tesouro diz respeito a
Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD), que foram utilizados pelo
governo da presidente Dilma Rousseff para capitalizar instituições públicas.
No caso da Caixa, há um estoque próximo de R$ 40 bilhões,
sendo que o banco tem a intenção de devolver metade disso em 2019. Estes R$ 3
bilhões anunciados nesta quarta-feira são a primeira parcela. Os demais R$ 17
bilhões ainda carecem de autorização do Banco Central.
Com o pagamento desta quarta-feira, a Caixa é o primeiro
banco público a devolver recursos em função da emissão de IHCD.
Fonte: IstoÉ
MP
recebe 4,3 mil denúncias
de trabalho infantil por ano
De
2014 a 2018, o Ministério Público do Trabalho (MPT) registrou mais de 21 mil
denúncias de trabalho infantil. Na média histórica, o MPT calcula que haja 4,3
mil denúncias de trabalho infantil por ano. Foram ajuizadas 968 ações e
firmados 5.990 termos de ajustamento de conduta, um instrumento administrativo
para impedir condutas irregulares.
Para
reforçar a luta contra esse tipo de trabalho, o MPT lança nesta quarta-feira
(12) a campanha nacional Toda Criança é Nossa Criança. Diga Não ao Trabalho
Infantil.
A campanha, que conta com um filme de animação, questiona os adultos: “você acha difícil imaginar o quanto é ruim para uma criança ficar vendendo coisas na rua? Comece imaginando que é o seu filho.” Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 2,5 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estão trabalhando no Brasil.
Dados
do Observatório Digital do Trabalho Escravo,
desenvolvido
pelo MPT em cooperação com a Organização Internacional do Trabalho (OIT),
mostram que entre 2003 e 2018, 938 crianças foram resgatadas de condições
análogas à escravidão.
Para
a coordenadora nacional da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do
Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância) do MPT, Patrícia
Sanfelici, muitas vezes ao oferecer trabalho para crianças e adolescentes, as
pessoas acham que estão ajudando-os a sair da rua, a ter um futuro, mas não é o
que ocorre. “Na verdade estão contribuindo para a perpetuação de um ciclo de
miséria, podendo até trazer prejuízos graves à formação física, intelectual e
psicológica desse jovem ou criança”, disse a coordenadora.
O
MPT reforça que só a partir dos 14 anos os jovens podem exercer atividades de
formação profissional, apenas em programas de aprendizagem, e com todas as proteções
garantidas. A campanha foi desenvolvida pelo MPT de São Paulo se estenderá às
redes sociais do MPT em todo o país. O desenho será divulgado as 9h no
Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
Agência
Brasil
A Síndrome de Sergio Moro
e a festa dos corruptos
A revelação de espionagem
criminosa em conversas entre o juiz presidente do inquérito da Lava Jato, em
Curitiba, e o procurador que comandou a equipe de investigadores na verdade
atinge o Judiciário - não atinge o Executivo. Mas fez a festa de corruptos em
potencial, futuros corruptos, corruptos do passado e do presente.
Querem enfraquecer Sergio
Moro. Eles têm a Síndrome de Sergio Moro, porque ele representa o juiz que
busca justiça para punir o crime contra o povo brasileiro. E tem o pacote
Anticrime dele. Eles dizem: “Será que esse pacote vai passar? Vamos fazer força
para não passar”.
O ministro, Luís Roberto
Barroso, no programa da Andréia Sadi [da Globo News] identificou isso. Ele
disse que esse anúncio criminoso fez com que a euforia tomasse conta dos
corruptos e seus parceiros. Mas é preciso ter cuidado para que o crime não
compense.
Devem ter gastado muito
dinheiro para pagar um hacker para fazer esse trabalho todo - aliás, há ameaças
dizendo “Temos mais”. Mas não colou. Porque, ao meio dia, o presidente da
Câmara já anunciava o seguinte:
“Vamos blindar a Câmara de
qualquer crise. Nosso esforço e nosso foco está na aprovação das reformas e
todos os [24] projetos que são essenciais para o país. Nada é mais importante
que o resgate da confiança, o equilíbrio das contas públicas e a geração de
empregos para o país”.
Em seguida, na Comissão
Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, os deputados e senadores
aprovaram o pedido de crédito suplementar, de R$ 248,9 bilhões, para o
orçamento deste ano.
Ao mesmo tempo, o juiz
Sergio Moro, depois de ter falado com o presidente e de ter sido condecorado
com a Ordem do Mérito Naval - pessoalmente -, se ofereceu para ir ao Senado e
responder as perguntas. Ele vai lá no dia 19 de junho - uma quarta-feira.
Julgamento de Lula
Dia 25 deste mês será o
dia em que o plenário do Supremo deve examinar a prisão em segunda instância e
o pedido de liberdade de Lula que a turma não examinou. Isso, embora, os
ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski tenham votado a favor da
liberdade.
De certa forma eles
aplaudiram esse vazamento, que eles chamaram de escândalo. Mas a gente sabe que
escândalo seria se a gente ouvisse as conversas de Gilmar Mendes no telefone.
Ou se as pessoas fossem lembrar do dia do julgamento da Dilma em que
Lewandowski presidiu uma sessão que rasgou a Constituição – no parágrafo único
§ do art. 52 -, que diz que presidente impedido é também punido com
inelegibilidade por oito anos. E ele conseguiu separar isso.
O advogado de Adélio
Um dos advogados de Adélio
Bispo, durante uma entrevista, disse que o primeiro pagamento dele foi feito
por uma pessoa que ele não conta. Mas os demais pagamentos e demais despesas
foram pagas por algumas emissoras de televisão que “eu não vou citar o nome”,
disse ele.
Foi um dia muito
movimentado. Mas a gente está esperando, ainda hoje, mais notícias e mais
movimento.
Por fim...
O general Villas Bôas, em
uma postagem no Twitter, disse: “A insensatez e o oportunismo tentam
esvaziar a Lava Jato. Reitero meu respeito e confiança ao juiz Sérgio Moro”.
Enfim, esse dia
movimentado ainda vai ter consequências. Vamos ver qual será a reação do
Judiciário contra esse vazamento, essa espionagem, essa violação de Direitos
Constitucionais.
Alexandre Garcia
Gazeta do Povo
Ação orquestrada
A Polícia Federal suspeita
que as invasões
aos celulares do ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) e
de procuradores da Lava Jato tenha
sido planejada. Os investigadores estão colhendo indícios sobre a autoria,
sobre quem teve acesso de forma ilegal a conversas privadas do ministro e qual
o método usado pelos hackers.
CNJ arquiva representação
contra Moro
O corregedor nacional de
Justiça, ministro Humberto Martins, entendeu ser "incabível" o pedido
de providências formulado pelo PDT contra o ex-juiz federal e atual ministro da
Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, determinando, dessa forma, o seu arquivamento. Martins
reconheceu que a exoneração solicitada pelo ex-juiz federal "tem
disciplina diversa da aposentadoria voluntária" e que, nesse caso, "a
instauração de um procedimento administrativo-disciplinar contra o magistrado
já exonerado não teria nenhuma utilidade".
Supremo
O STF deve
julgar hoje uma ação do PT contra trechos do decreto do presidente Jair
Bolsonaro que extinguiu conselhos da administração pública. Esta é a
primeira vez que o plenário se reunirá para analisar um ação contra um ato do
presidente.
O decreto, assinado por
Bolsonaro em abril em meio às comemorações pelos 100 dias de governo, define
que serão extintos conselhos, comissões, fóruns e outras denominações de
colegiados da administração pública a partir de 28 de junho.
Decreto das armas
A Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ) do Senado decide
se aprova um parecer
favorável à suspensão do decreto do presidente Jair Bolsonaro que
alterou as regras
de uso de armas e de munições, facilitando o porte.
Senadores aliados de
Bolsonaro dizem que o cenário na CCJ é "negativo" e, por isso,
avaliam que o governo pode ser derrotado. Se a comissão aprovar o parecer pela
derrubada, o texto ainda terá de ser analisado pelo plenário do Senado.
Está na pauta da CCJ da Câmara uma audiência com
Onyx Lorenzoni, para que ele esclareça
o decreto das armas. Mas o ministro disse que não iria à audiência. A
comissão, porém, manteve
a convocação e caso Lorenzoni não apareça poderá responder por crime
de responsabilidade.
Contas de Temer
O Tribunal de Contas da
União (TCU) deve julgar hoje a prestação de contas do exercício de 2018 do
ex-presidente Michel Temer. Após a análise, o processo é encaminhado ao
Congresso Nacional.
Comércio
O Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) divulga hoje os dados sobre o comércio em abril.
Em março, as
vendas no setor cresceram 0,3% na comparação com o mês anterior, após
ficarem estáveis em fevereiro, confirmando um ritmo mais fraco da economia
brasileira neste começo de ano.
Hong Kong
Milhares de
manifestantes fecharam
as principais avenidas do centro de Hong Kong, em mais um protesto contra a
lei que autoriza extradições para a China continental. Os manifestantes - a
maioria jovens vestidos de preto - cercaram os prédios do governo no centro da
ilha e bloquearam o trânsito, exigindo a retirada do projeto, apoiado por
Pequim. Eles enfrentaram gás lacrimogêneo quando tentaram se aproximar de
prédios do governo. O projeto foi adiado.
Futebol
10 horas: Nigéria x Coreia
do Sul
13 horas: Alemanha x
Espanha
16 horas: França x Noruega
Campeonato Brasileiro
19h15: Botafogo x Grêmio
21 horas: Fortaleza x
Cruzeiro
21h30: Internacional x
Bahia
21h30: Santos x
Corinthians
21h30: CSA x Flamengo
Torneio de Toulon
12h30: Brasil x Irlanda
Moro, Dallagnol e o
vazamento de conversas
Ao longo de toda a sua
atuação na Operação Lava Jato, o procurador da República Deltan Dallagnol,
coordenador da força-tarefa que investiga o mega escândalo de corrupção, e o
ex-juiz federal Sergio Moro, hoje ministro da Justiça, sempre foram alvo de
críticas daqueles que arquitetaram a pilhagem das estatais para fortalecer o
projeto de poder petista. Acusações de parcialidade – uma delas, contra Moro,
está para ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal –, de messianismo e até
mesmo de desrespeito às garantias mais básicas do Estado Democrático de
Direito, tão frequentes quanto infundadas, cresceram em intensidade quando a
Lava Jato chegou ao ex-presidente Lula, hoje corrupto condenado em três
instâncias da Justiça brasileira.
Os críticos da Lava Jato
ganharam um presente nos últimos dias: a divulgação de supostas conversas entre
Moro e Dallagnol, cujo conteúdo teria sido obtido por um hacker e enviado ao
site de esquerda The Intercept, que por sua vez vem divulgando o que alega ser
a troca de mensagens. As reportagens publicadas até o momento não oferecem
provas consistentes (como capturas de tela) de que efetivamente se trata do
diálogo entre o então juiz e o procurador; por outro lado, até agora nenhum dos
personagens envolvidos negou que o conteúdo das mensagens fosse verdadeiro.
Qualquer conclusão até o
momento
será totalmente precipitada
Com a divulgação das
mensagens obtidas ilegalmente, a esquerda inicia uma nova tentativa de impor a
fábula segundo a qual a Lava Jato não passaria de uma conspiração para derrubar
o PT e, especialmente, colocar Lula na cadeia. A estratégia de deslocar todo o
foco para as supostas conversas entre Moro e Dallagnol, no entanto, não é capaz
de derrubar o enorme conjunto probatório que a força-tarefa construiu ao longo
de anos de investigação laboriosa, e que embasou as sentenças de Moro e do
Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em processos nos quais a defesa teve
todas as oportunidades de se manifestar. Restaria, portanto, à defesa dos
articuladores do petrolão tentar anular processos alegando violações de conduta
da parte de investigadores e julgador. As mensagens tornariam isso possível?
Tendo em mente apenas o
que foi divulgado até o momento, é preciso analisar o caso sob duas óticas. A
primeira diz respeito à obtenção das mensagens, e aqui não há a menor dúvida de
que houve crime da parte de quem invadiu os celulares das autoridades, do
eventual mandante da invasão e de quem as distribuiu para o site The Intercept.
O mesmo não se pode dizer dos jornalistas que publicaram as reportagens; eles
estão exercendo seu direito à liberdade de imprensa – se o fazem de forma
ética, é outra discussão – e têm inclusive garantido o sigilo da fonte, tanto
quanto um veículo que divulgue o conteúdo de outros vazamentos, inclusive ligados
aos processos da Lava Jato. A invasão de telefones de autoridades é um fato
gravíssimo, pois demonstra um grau de ousadia e domínio tecnológico que tem um
enorme potencial de instabilidade, e por isso merece apuração criteriosa da
Polícia Federal. E a ilegalidade envolvida na forma como as conversas foram
obtidas é tanta que chega a surpreender o fato de o Conselho Nacional do
Ministério Público, em decisão absurda, já ter aberto processo disciplinar
contra Dallagnol e outros procuradores da Lava Jato, apoiando-se em evidências
provenientes de violações da lei.
Quanto ao conteúdo das
mensagens, o que foi divulgado até o momento – pois Glenn Greenwald, fundador
do Intercept e um dos jornalistas que assinam as reportagens, diz haver mais
conversas ainda não publicadas – não nos permite endossar nem a narrativa de
parcialidade, nem a de trabalho conjunto entre acusador e julgador, nem aquela
que vê violações dos códigos que regem o comportamento da magistratura e dos
membros do Ministério Público. A realidade da Justiça brasileira, e que
qualquer advogado conhece, é uma em que juízes, acusação e defesa não dialogam
apenas nos autos dos processos, algo que vem sendo ressaltado na repercussão da
divulgação das conversas.
Os supostos diálogos
mostram, sim, o que seria uma proximidade entre juiz e procurador, talvez até
maior que o observado costumeiramente, mas qualquer conclusão até o momento
será totalmente precipitada. Isso porque, como lembramos, mesmo dias depois do
início da publicação das reportagens, ainda não surgiu nem mesmo a comprovação
de que as mensagens trocadas foram efetivamente enviadas por Moro e Dallagnol.
E, ainda que surja essa prova, será preciso ter acesso à íntegra das conversas
– ou seja, sem omissões de trechos que poderiam até mesmo demonstrar que os
interlocutores procederam de forma correta. Entre os supostos diálogos já
divulgados, há aqueles que revelam certa imprudência de juiz e procurador,
sendo eles os reais autores? Talvez. Há violação do devido processo legal? Só a
análise do conteúdo integral permitiria chegar a essa conclusão, o que ainda
não é possível fazer.
Gazeta do Povo – 12.06.2019
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