segunda-feira, 20 de maio de 2019






Venezuela: Militares fiscalizam 
racionamento de gasolina


O Exército da Venezuela supervisiona desde domingo, 19,  o racionamento de gasolina em diversos Estados do país em meio ao agravamento da escassez de combustível, que levou motoristas a esperar por horas para poder abastecer seus veículos. O governo admitiu a falta de gasolina, mas a atribuiu às sanções impostas pelos Estados Unidos. 

“Eles tomaram controle das bombas”, disse Rocio Huerta, gerente de um posto de gasolina em Maracaibo. “A cada cinco horas uma divisão de inteligência do Exército vem medir quanto combustível ainda temos. ”

O país, afetado por uma grave crise econômica, viu a distribuição de gasolina piorar depois de a segunda maior refinaria do país parar de funcionar e de as sanções americanas contra o petróleo venezuelano e começarem a atingir a produção local de combustível. 

O ministro do Petróleo Manuel Quevedo disse que a indústria de combustíveis do país está “sob ataque” do governo americano, o que causou problemas no abastecimento. O Ministério da Informação não quis comentar a crise. 

Por conta do racionamento, em San Cristóbal, no Estado de Táchira, soldados da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) limitavam a 40 litros por veículo o limite de gasolina – o equivalente a um tanque cheio de um carro popular. Revoltados, moradores tomaram as ruas da cidade com barras de metal, troncos e lixo queimado. 

“Como um país pode funcionar assim? ”, questionou Antonio Tamariz, de 58 anos, que espera há dias para abastecer o carro. “Ninguém explica o porquê de haver tantas filas. Estão perdendo o controle da situação. ”

Em Puerto Ordaz, polo industrial do sudeste do país, em Punto Fijo, no noroeste, e em Maracaibo, a situação se repetiu, com os limites de combustível racionado variando de 40 para 30 e 20 litros, respectivamente. 

Em Caracas, ainda há poucos relatos de escassez e racionamento, uma vez que o governo do presidente Nicolás Maduro privilegia a capital para o fornecimento de gasolina e energia elétrica. 

Com pouca gasolina nas bombas, o racionamento em Maracaibo durou algumas horas. A cidade convive também com cortes diários de luz e falta de coleta de lixo. 

Com Estadão






Relógios digitais: Prefeitura divulga edital

Desativados em Porto Alegre, desde julho de 2015, os tradicionais relógios de rua da Capital voltarão a operar, em breve, na cidade. A prefeitura divulgou nesta segunda-feira, 20, a publicação do Edital de Concessão de 168 Relógios Eletrônicos Digitais (REDs) objetivando a instalação, conservação e manutenção dos equipamentos por um período de vinte anos. A solenidade de lançamento foi realizada, no Salão Nobre do Paço Municipal (Praça Montevidéu, n° 10 - Centro Histórico). 


O edital será publicado nesta segunda-feira, 20, no Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa). Os novos modelos terão um dos sistemas mais modernos do país. Além da medição de hora e temperatura, os relógios serão equipados com câmeras de segurança, medidores de radiação solar, incluindo um painel do cidadão com informações diárias e, ainda, poderão ter wi-fi gratuito.

PMPA/Divulgação








Trump ameaça e alerta: 
‘Se o Irã quiser lutar, será seu fim’
Donald Trump - Foto: AP/Reprodução
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou uma nova ameaça ao Irã, ontem, sugerindo que, se o governo iraniano atacar interesses americanos, o país será destruído.

“Se o Irã quer lutar, será o fim oficial do Irã. Nunca ameacem os Estados Unidos de novo”, tuitou.

As tensões entre as capitais Washington e Teerã cresceram a ponto de os Estados Unidos enviarem um porta-aviões, um navio de guerra, aviões bombardeiros B-52 e uma bateria de mísseis Patriot para a região para enfrentar as supostas ameaças iranianas. Além disso, Washington retirou sua equipe diplomática do Iraque, citando ameaças de grupos armados que seriam apoiados pelo governo iraniano.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, afirmou anteontem, durante visita à China, que não haverá guerra no Oriente Médio, já que o Irã não deseja o conflito e que nenhum país “tem ilusões” sobre sua capacidade de enfrentar Teerã, de acordo com a agência oficial de notícias Irna.

O Irã classificou as decisões do governo americano como “uma guerra psicológica” e um “jogo político”. Em meio a um crescimento nas tensões entre os dois países, Trump tentou criar um diálogo com Teerã na última quinta-feira, mas a proposta foi rechaçada pelo Irã.

O tuíte de Trump surgiu horas depois de um foguete cair a menos de um quilômetro da embaixada americana em Bagdá, no primeiro ataque desse tipo desde setembro. Um porta-voz das Forças Armadas iraquianas afirmou a repórteres que o foguete teria sido disparado do Leste de Bagdá, região que abriga diversas milícias xiitas apoiadas pelo Irã.







Partidos usam o Coaf para 
vingança contra a Lava-Jato


O país convive com 13,4 milhões de desempregados nas ruas e está à beira do abismo fiscal, mas os chefes de alguns partidos políticos consideram ser mais importante desperdiçar tempo e energia em atos de retaliação à Operação Lava-Jato. Estabeleceram prioridade na pauta legislativa à remoção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça, impondo o seu retorno à estrutura do Ministério da Economia.

Só há uma justificativa lógica, plausível, para tal esforço multipartidário que se desenvolve há três meses entre algumas lideranças partidárias no Congresso: enviar uma mensagem política de vingança ao ex-juiz Sergio Moro, ministro da Justiça, e a todos os agentes responsáveis pelas investigações que encerraram um ciclo de crimes na política.

A ansiedade por uma vindita contra a Lava-Jato produziu exóticas alianças entre partidos autoproclamados de esquerda, como PT, PSOL e PCdoB, com um bloco da chamada centro direita, composto pelo Progressista (antigo PP), PR, MDB, PSDB e o DEM. Por coincidência, essas mesmas organizações foram abaladas pelas investigações, e alguns dos seus líderes se destacam na lista de réus por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O PT e seus satélites PSOL e PCdoB se mantêm inconformados com a exposição do legado de desvios deixado pelos governos em que foram sócios. Para os petistas, por exemplo, não importa que o ex-presidente Lula ou o ex-ministro José Dirceu tenham sido investigados, denunciados, condenados e presos com base em provas validadas em três instâncias da Justiça. Se pertencem ao PT, têm imunidade — segundo a maneira particular de raciocinar do petismo e das organizações que dele dependem.

Até o mês passado, a Lava-Jato havia produzido 285 condenações, com sentenças que somavam mais de 3 mil anos de prisão. O número de réus ultrapassou 600, e os valores ressarcidos ao Estado superaram R$ 13 bilhões. Os resultados nesses cinco anos traduzem de forma cristalina a mensagem de mudança, reafirmada nas urnas por uma sociedade enfadada com o predomínio de práticas viciadas na vida política nacional.

Usar a pauta legislativa para vinganças contra o Judiciário é absurdo. É, também, um contrassenso, porque boa parte do acervo de provas determinantes das condenações na Lava-Jato teve origem em colaborações premiadas dos próprios líderes políticos envolvidos, réus confessos do PT, Progressista, PR, MDB, PSDB e o DEM, entre outros partidos.

O tempo que já se gastou nesse falso debate sobre a retirada do Coaf do Ministério da Justiça representa o mais puro desperdício de energia num país aflito com a deterioração das condições sociais e econômicas. A retomada do desenvolvimento deveria ser prioridade absoluta das lideranças do Congresso.

O Globo
Editorial – 20/05/2019






Com reabertura de fronteira, venezuelanos 
compram até gasolina no Brasil

"Lá [na Venezuela] você não encontra nada. Não tem comida nem remédio, todos estão doentes, magros e passando fome. A solução é vir comprar aqui no Brasil e levar, mesmo pagando mais caro.” (Elwin Delgado, 32, soldador)

A reabertura da fronteira da Venezuela com o Brasil na última semana intensificou o fluxo de venezuelanos que cruzam a divisa entre os dois países para fazer compras em Pacaraima (RR) e gerou um fenômeno: os estrangeiros estão vindo ao país até para abastecer seus veículos com gasolina nacional.

O movimento permanece constante desde o momento em que o bloqueio foi retirado pelo governo do país vizinho e causou uma invasão de clientes venezuelanos no comércio da cidade fronteiriça.

As vendas de itens de cesta básica e materiais de construção foram rapidamente aquecidas com a presença dos compradores estrangeiros, segundo o representante da associação comercial e empresarial de Pacaraima, João Kléber Soares.

A circulação de dinheiro na cidade também impulsionou setores de alimentação, hotelaria, transportes e prestação de serviços logísticos, movimentando de R$ 500 mil a R$ 2 milhões diários.

"Já nos primeiros 15 dias de fronteira fechada o comércio aqui despencou. Houve demissões e alguns comércios fecharam as portas, tiraram férias. Alguns fecharam em definitivo, mas esses são empresários que a gente considera como aventureiros, de oportunidade, que estavam na cidade pelo movimento", disse Soares.


De acordo com Soares, a média de compradores em Pacaraima antes do fechamento da fronteira flutuava entre 800 a 1.200 pessoas diariamente, numa cidade de 15 mil habitantes, segundo o IBGE.

Nos meses de bloqueio, o número de clientes caiu para 400 a 650 pessoas. “Como temos muitos atacadistas e agora eles [venezuelanos] podem vir de carro, essa quantidade está voltando a ser como era até fevereiro", disse.

Gasolina brasileira

Além das vendas de mercadorias em armazéns, um fenômeno curioso ocorre na região. Desde sexta-feira (10), venezuelanos cruzam a fronteira para abastecer no único posto de combustíveis de Pacaraima, aberto há apenas dois meses, logo após o bloqueio da passagem.

O frentista João Paulo Queiroz, que trabalha no local, disse que desde a reabertura 8 em cada 10 clientes são do país vizinho, dispostos a pagar R$ 4,95 pelo litro da gasolina e R$ 4,25 pelo diesel. "Eles vêm, enchem o tanque e levam para o outro lado. A maioria vem de Santa Elena, mas tenho atendido muito garimpeiro de lá que leva uns dois galões a mais", disse.

Antes disso, o fluxo acontecia no sentido contrário: brasileiros tradicionalmente formavam filas quilométricas em carros de passeio e carga para abastecer os veículos em um posto gerenciado pelo governo venezuelano localizado próximo à linha de fronteira, a um preço mais barato que o vendido em Roraima.

Com Gazeta do Povo






Violência
As polícias de dois estados investigam chacinas que ocorreram neste fim de semana. No Pará, 11 pessoas foram mortas em um bar no bairro do Guamá, em Belém, na tarde de ontem. Uma pessoa ficou ferida e está sob proteção policial. De acordo com as investigações, uma festa ocorria no local quando sete homens encapuzados chegaram em uma moto e três carros e atiraram. Quase todas foram baleadas na cabeça, segundo o secretário de segurança pública, Ualame Machado.
Já em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, 6 pessoas foram assassinadas a tiros na noite de sábado. Segundo a delegada que investiga o caso, quatro homens em um carro cometeram o crime. No domingo, três suspeitos de envolvimento na chacina foram mortos em confronto com a polícia, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Com os homens, a polícia disse ter encontrado duas pistolas calibres 9mm, mesmo tipo de arma que teria sido utilizada nos assassinatos.

Reforma da Previdência
Após sinalizar que pode apoiar um texto alternativo da reforma da Previdência na comissão especial que analisa a proposta, o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), líder do governo na Câmara, deve se encontrar hoje com o presidente Jair Bolsonaro. A ideia de uma nova proposta elaborada pelos parlamentares começou a ser discutida entre líderes partidários no fim da semana passada na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
No início da tarde, também devem se reunir para discutir o tema o ministro da Economia Paulo Guedes e o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), relator da reforma na comissão especial da Câmara. Em seguida, o governo deve lançar uma nova fase da campanha de divulgação da reforma da Previdência em evento que terá a participação de Bolsonaro e Guedes, que depois irão se reunir.

Concursos
Pelo menos 150 concursos públicos estão com 16 mil vagas abertas em todo o país. Há oportunidades para todos os níveis de escolaridade. Hoje, 13 órgãos abrem inscrições para concursos. Os salários chegam a R$ 9,6 mil.

Educação
Começam hoje as inscrições para o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). O exame é destinado a jovens e adultos que não tiveram oportunidade de concluir seus estudos na idade apropriada e estão interessados em obter um certificado. As provas serão aplicadas em 611 municípios do país, no dia 25 de agosto.





O desabafo de Bolsonaro

Foto: Gazeta do Povo/Reprodução
Na manhã de sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro divulgou, em grupos de WhatsApp dos quais faz parte, um texto atribuído a um autor anônimo – depois identificado como Paulo Portinho, analista da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e filiado ao Partido Novo – que descreve as dificuldades que Bolsonaro vem encontrando para governar e para implantar as plataformas de campanha que a população escolheu em outubro de 2018. Um diagnóstico extremamente preocupante, menos pelo quadro deprimente que pinta e mais porque ele mostra uma compreensão bastante equivocada do jogo democrático e do que significa governar – e nos permite perguntar até que ponto o próprio Bolsonaro compartilha desse equívoco, apesar de suas décadas de experiência como parlamentar.

O texto, cuja íntegra também foi publicada pela Gazeta do Povo, tem todo um tom de denúncia contra o que Portinho chama de “corporações com acesso privilegiado ao orçamento público”, e que seriam as verdadeiras donas do país: “não só políticos, mas servidores-sindicalistas, sindicalistas de toga e grupos empresariais bem posicionados nas teias de poder”. A constatação é a de que qualquer presidente teria de se dobrar a esses grupos; sempre foi, é e sempre será assim, parece dizer o autor.

Está aqui o primeiro grande equívoco sobre como funciona uma democracia. Por esta visão, existiria apenas o povo, puro, imaculado, que deseja o melhor para o país, e, do outro lado, grupos de pressão com interesses sempre espúrios, que desejam apenas o melhor para si mesmos. Um erro primário e que desconsidera a própria dinâmica da democracia, que se constrói no embate civilizado entre interesses diversos e, na imensa maioria das vezes, legítimos. Quando um grupo de pessoas se une para defender uma ideia ou pleitear algo junto ao poder público, apresentando seus argumentos e elegendo representantes que deem força a essas ideias e plataformas, nada mais faz que colocar em funcionamento a máquina da democracia. É assim não apenas no Brasil, mas em qualquer país democrático.

Se o Brasil realmente não é para principiantes, 
tampouco é ingovernável sem ceder às corporações

Existem interesses e métodos espúrios? Sem dúvida que há. Quando políticos vendem sua consciência e seus votos em troca de cargos e privilégios, quando empresários se unem em esquemas de corrupção, estamos diante do quadro pintado pelo autor anônimo do texto compartilhado por Bolsonaro. Mas, quando servidores públicos se opõem a reformas que julgam prejudiciais, quando setores do empresariado pleiteiam determinada medida que os beneficie, até mesmo quando estudantes invadem uma escola para protestar contra alguma mudança no sistema educacional, as ideias podem estar equivocadas, as medidas que beneficiam alguns podem acabar prejudicando a maioria, os métodos podem ser profundamente condenáveis e antidemocráticos, mas não se pode, de forma alguma, igualar suas motivações às do primeiro grupo, como se todos agissem movidos apenas por razões inconfessáveis.

Ao colocar todos os grupos e interesses em um mesmo balaio, Bolsonaro desmente a própria trajetória e antagoniza até mesmo aqueles que o ajudaram a fazer dele o presidente do país. Quando buscou o apoio de bancadas temáticas para construir apoio parlamentar, logo depois da eleição, não estava lidando com pessoas unidas por uma plataforma? Quando assina importantes e necessárias medidas que tiram a carga estatal dos ombros do empreendedor, não está também respondendo a um pleito da parte de quem produz? E não são esses interesses totalmente legítimos, e até meritórios?

Mas não é apenas sobre a própria natureza dos interesses que movem a política que o desabafo compartilhado por Bolsonaro se equivoca. O presidente também parece ter subestimado a reação que ele despertaria. Bolsonaro se elegeu com uma série de plataformas necessárias ao país – as reformas econômicas, a redução do tamanho do Estado e de sua interferência sobre a vida do cidadão e do empreendedor, a proteção da vida e da família, o combate à criminalidade. Prometeu também levar esse ideário adiante sem recorrer ao toma-lá-dá-cá que marcou os governos de seus antecessores. A própria campanha eleitoral já havia mostrado que haveria resistências vindas de todos os lados – da imprensa, da intelectualidade, de grupos políticos, ideológicos e identitários – a esse projeto. Uma oposição legítima, baseadas em ideias e reivindicações próprias da democracia, e também a resistência espúria de quem perderia privilégios. Porventura Bolsonaro não imaginava que os setores contrários ao seu programa não usariam todas as armas à disposição? Se agora ele se queixa, como o texto parece fazer, do tamanho do desafio, é porque o subestimou grosseiramente, mesmo quando tudo já indicava que sua tarefa não seria nada simples e apesar de Bolsonaro ter passado boa parte de sua vida no mesmo Congresso que agora lhe impõe dificuldades.

E, diante disso, o que fazer? Como, então, manter a coerência com o programa assumido nas urnas – algo que o texto de Portinho alega não ser possível, usando exemplos de FHC, Lula e Dilma? Menos mal que o autor rejeite a opção da ruptura institucional, com “o Brasil sendo zerado”. Isso nos levaria a um destino como o de vizinhos falidos, citando a Argentina e a Venezuela. O autor poderia ter citado o próprio caso brasileiro, em que Jânio Quadros quis contornar as instituições confiando nos “braços do povo”, e acabou lançando o país na confusão que resultou no golpe militar de 1964. Mas Portinho também não vê saída. Segundo o texto, se a ruptura não é um caminho possível nem desejável, restaria apenas conformar-se com governar contentando os grupos de pressão de sempre, passando reformas cosméticas que manterão o país respirando por aparelhos, mas sem de fato mudar o Brasil.

Ora, isso é de uma pequenez impressionante. Se o Brasil realmente não é para principiantes, como na famosa frase atribuída a Tom Jobim, tampouco é ingovernável sem ceder às corporações, como defende Portinho. É possível, sim, governar sem recorrer aos conchavos e ao toma-lá-dá-cá. Para isso, o que o Brasil exige de um governante é sabedoria para compreender que uma democracia é movida por interesses legítimos, mesmo que opostos; sagacidade para identificar quais são os interesses e métodos espúrios; coragem para enfrentar os interesseiros e fisiológicos; e liderança para conversar e negociar com todos os demais, aqueles que se movem de boa vontade no tabuleiro político e ideológico. São características que ainda não se manifestaram plenamente em Bolsonaro, que tem se guiado pelo pensamento binário em que as únicas opções são ceder ou buscar o enfrentamento com todas as forças contrárias. Tampouco seus ministros responsáveis pela articulação política e suas lideranças no Congresso parecem capazes de cumprir suas tarefas a contento, suprindo o que falta em seu chefe.

O ideário que elegeu Bolsonaro tem o potencial de mudar o Brasil. E pode ser colocado em prática, desde que o presidente pare de reclamar das dificuldades e resistências – que são grandes, sim, mas nunca foram desconhecidas de ninguém – e comece a agir com a liderança que a população espera dele.

Gazeta do Povo
Editorial 20/05/2019