Tirem o cavalinho da
chuva.
Mudar a estrutura não muda nada
Esta vai ser uma semana
muito importante. Na semana passada vimos uma espécie de conspiração que fez
com que as propostas do governo fossem modificadas. Aquela medida provisória
que fez a estrutura dos ministérios mudou porque estavam com medo do ministro
da Justiça, Sergio Moro.
Ainda é aquela síndrome de
juiz Sergio Moro, com o temor, por exemplo, de que grandes transferências de
dinheiro entre bancos e outras instituições financeiras pudessem ser
controladas pelas investigações contra corrupção e lavagem dinheiro. Então, na
comissão especial do tema, transferiram o Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras) de volta ao ministério da Economia. Só tem uma coisa:
não vai adiantar nada, então tirem o cavalinho da chuva.
É muito melhor que fique
no ministério da Justiça e Segurança Pública porque eles tremem e têm
urticária. Se for realmente para o ministério da Economia podem ter certeza que
o ministro Paulo Guedes está atento, assim como o presidente. Vai continuar o
mesmo rigor de investigação, e provavelmente vão colocar por lá o Ministério
Público para acompanhar as mudanças daqueles que são corruptos por natureza e
fazem lavagem de dinheiro. Só não estão na cadeia, mas alguns já estão.
Agora a votação é no
plenário
Tudo isso vai para o
plenário. Vejam só: foram 14 a 11 na comissão. O PSL, partido do presidente,
estava unido. Mas votaram contra pessoas que estão sendo investigadas. Como o
senhor Ciro Nogueira (PP-PI), por exemplo.
Do lado de Sergio Moro
para investigar e colocar o Coaf no ministério da Justiça votou até o senador
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que é contra o governo. Ele é oposição, mas não é
contra a honestidade, não é contra investigar corruptos e a lavagem de dinheiro.
Provavelmente, na
quinta-feira desta semana, dia 16, isso vai ser votado junto com outras
questões que dá nova estrutura ao governo. Se ela não for aprovada, volta ao
que estava antes, e a gente terá um monte de ministérios.
O número de ministérios
foi reduzido para 22, embora se aceite dividir novamente o ministério do
Desenvolvimento Regional em dois ministérios, da Integração e das Cidades. Por
outro lado, vão tirar o status de ministro do presidente do Banco Central
porque felizmente vai chegar o dia em que o Banco Central vai ser
autônomo."
"E tem a Funai
também. A Funai vai tratar de demarcação de áreas indígenas. Eu já disse aqui
que os agricultores querem que fique no Ministério da Agricultura, muita gente
quer no Ministério da Justiça, outros no da Economia. Mas tem que ficar no de
Direitos Humanos: direito dos índios é direitos humanos na questão da
demarcação de terras.
O líder do governo na
Câmara, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), está desconfiado do presidente da Câmara,
Rodrigo Maia. Ele está se queixando que Rodrigo Maia não está entendendo bem o
que foi decidido em outubro e que a decisão do povo brasileiro é de mudar. E
ninguém mais aguenta corrupção, mentira, engodo, falsificação, favores para os
amigos apaniguados, os cabos eleitorais. Ninguém aguenta isso, e o deputado
Vitor Hugo acha que Rodrigo Maia não está entendendo muito bem isso.
Viagens da semana
Enfim, é o que se espera
para essa semana, em que haverá duas viagens. Em uma o presidente vai ao Texas
receber o prêmio da Câmara Brasil-Estados Unidos. E o vice-presidente vai à
China quando o presidente voltar para uma reunião da Câmara de Comércio
Brasil-China.
Só para lembrar: a China é
o país mais capitalista do mundo. Comunista é só uma marca de fantasia. O
embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, disse que o Brasil é um líder da
América Latina e, portanto, é um ator importante dos investimentos chineses em
infraestrutura. E é isso que o vice Mourão vai tratar lá.
Alexandre Garcia
Gazeta do Povo