Justiça Federal de
Brasília torna Michel Temer
réu no inquérito dos portos
O juiz federal Marcus
Vinicius Reis Bastos aceitou nesta segunda-feira (29) denúncia contra o
ex-presidente Michel Temer no chamado inquérito dos portos.
A denúncia
original, feita pela Procuradoria-Geral da República em dezembro do ano
passado, foi enviada
para a primeira instância pelo ministro do Supremo Tribunal Federal
Luis Roberto Barroso.
Em nota a defesa de Temer
afirma que a acusação é "absurda, sem amparo na prova dos autos".
No último dia 15, o
Ministério Público Federal em Brasília confirmou a denúncia da PGR e pediu que
o ex-presidente se tornasse réu no caso.
A decisão torna réus, além
de Temer, o ex-deputado federal e ex-assessor da Presidência da República
Rodrigo Rocha Loures, o amigo pessoal do ex-presidente João Baptista Lima
Filho, o Coronel Lima, um sócio de Lima e executivos da empresa Rodrimar,
envolvida no inquérito.
Entenda o caso
O inquérito foi aberto em
2017, a partir de delações premiadas de executivos da empresa J&F. Para o
Ministério Público Federal, o ex-presidente cometeu os crimes de corrupção
ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao editar o Decreto 9.048/2017,
que tratava do setor portuário.
Os procuradores argumentam
que Temer recebeu vantagem indevida de Ricardo Mesquita e Antônio Grecco, da
Rodrimar, em troca da edição do decreto que beneficiaria a empresa.
"Houve sucessivas
tratativas entre os denunciados por um longo período de tempo e que mantiveram
estável vínculo existente com Michel Temer ao longo de sua carreira pública em
diversos cargos e que renovaram a promessa de vantagem indevida do agente
privado corruptor em troca da atuação funcional do agente público corrupto,
neste nicho específico do setor portuário.", dizia a denúncia.
Entre as provas incluídas
pelo MPF e citadas pelo juiz na decisão em que aceitou a denúncia e tornou os
suspeitos réus estão as delações da J&F, contratos da Rodrimar com a
empresa Argeplan, do Coronel Lima, e mensagens trocadas entre Rocha Loures e
Ricardo Mesquita.
O juiz concedeu prazo para
que as defesas dos agora réus respondam à denúncia e autorizou o
compartilhamento das informações do caso com outros inquéritos em investigação
na Justiça Federal.
Quando a denúncia foi
apresentada pela PGR, Temer afirmou em nota que provará, nos autos judiciais,
que "não houve nenhuma irregularidade no decreto dos portos, nem benefício
ilícito a nenhuma empresa".
O ex-presidente já é réu
em quatro ações penais, denunciado em três inquéritos e investigado em mais
cinco casos – ao todo, são 12 procedimentos em São Paulo, no Rio de Janeiro e
em Brasília.
Blog da Andréia Sadi
Portal G1