sexta-feira, 19 de abril de 2019






Muzema: Justiça decreta prisão de três


A polícia está na rua para cumprir mandados de prisão temporária contra três suspeitos de serem os responsáveis pelo desabamento de dois prédios na comunidade da Muzema, na zona oeste do Rio de Janeiro, há uma semana, que deixou pelo menos 20 mortos.

Já são considerados foragidos José Bezerra de Lima, conhecido como Zé do Rolo, responsável pela construção dos edifícios, e Renato Siqueira Ribeiro e Rafael Gomes da Costa, que atuavam como vendedores. Eles respondem por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.

A delegada Adriana Belém, da 16ª Delegacia de Polícia (Barra da Tijuca) confirmou que os mandados foram expedidos pelo plantão judiciário. Os mandados de prisão temporária valem por 30 dias, mas podem ser prorrogados por mais 30, caso os acusados não sejam encontrados.

"As pessoas construíram sonhos e entregaram a elas tragédias", afirmou a delegada.

Participação da milícia

Na tarde de quinta-feira, 18, a delegada tomou o depoimento de diversas testemunhas. Pelo menos duas confirmaram que Zé do Rolo seria o responsável pela construção dos prédios. A polícia investiga a participação da milícia na construção e comercialização de empreendimentos imobiliários na região da zona oeste.

"Nós tínhamos a informação de que seriam eles", disse a delegada. "Ontem (quinta) foi nosso primeiro contato com as vítimas que, em princípio, resistiam, por motivos óbvios, mas confiaram no nosso apelo, foram lá e reconheceram. Nós pedimos a prisão desses três que foram efetivamente reconhecidos como o construtor e dois vendedores."

O desabamento dos prédios ocorreu três dias depois de um forte temporal atingir a cidade, castigando, especialmente, a zona oeste. A área onde estavam já tinha sido interditada em fevereiro justamente pelo risco de desabarem. Dez pessoas ficaram feridas. Três moradores dos prédios continuam desaparecidos. Os bombeiros seguem trabalhando nos escombros, sete dias depois do desabamento.

Com Gazeta do Povo





Era só jornalismo, senhores ministros

A arbitrariedade se estendeu por quatro dias. De segunda a quinta-feira. Mas felizmente caiu. Mas deixou no ar a marca do autoritarismo. E foi a prova de que, quando querem, os poderosos podem retorcer a realidade para atingir aqueles que os incomodam.

A decidir censurar Crusoé, o ministro Alexandre Moraes recorreu a uma nota da Procuradoria Geral da República para nos acusar de publicar fake news. Tudo porque Raquel Dodge afirmara que não havia recebido ainda o documento que embasava a reportagem.

Na cabeça do ministro, se a Procuradora disse que não havia recebido ainda o papel, nada mais era preciso para concluir que a informação era falsa. Uma evidente pirueta jurídica, como publicamos aqui, para atingir o objetivo de tirar do ar um texto que havia desagradado o presidente da Corte, Dias Toffoli.

Ao voltar atrás de sua decisão, nesta quinta, Alexandre Moraes teve de reconhecer que, sim, o documento existe. Faltou desculpar-se pela acusação indevida e injusta.

Para além disso, o ministro deixou claro que a perseguição continuará. Evidente está que a ideia, é construir a narrativa de que a reportagem era parte de uma maquinação, em parceria com integrantes da Lava Jato, para emparedar o Supremo. Outro absurdo.

O documento que revelamos está disponível, para quem quisesse acessá-lo, no sistema de processos eletrônicos da própria Justiça. Chegamos primeiro e publicamos. Simples assim.

Era só jornalismo, senhores ministros.

Rodrigo Rangel
Diretor de Redação

Obs.: Nota publicada na Revista Crusoé de hoje, 19.