Os protozoários do Estado
Um procurador pediu ao
Tribunal de Contas da União a abertura de investigação sobre prejuízos causados
à economia nacional pelo ministro Paulo Guedes – por conta de sua fala que
mencionou o AI-5 (mencionou como algo indesejável, mas claro que isso sumiu no
noticiário). O referido procurador disse que o ministro da Economia fez o dólar
disparar. Cumpre fazer de saída um esclarecimento ao leitor: isto não é uma
piada. Ou melhor: é, mas foi sem querer.
Você tem todo o direito de
estar otimista com a agenda positiva de Paulo Guedes, que entregou em 2019
todas as metas fixadas por sua equipe – inclusive metas ousadas, como a
lendária reforma da Previdência. Mas o seu otimismo, em se tratando de Brasil,
não pode ficar cego para certos choques de realidade paleozoica como a descrita
acima. Sim, o país ainda tem em seu serviço público, em áreas de alta
responsabilidade – e com excelente remuneração – figuras carnavalescas como
esse tal procurador.
Não o citaremos
nominalmente apenas pelo singelo detalhe de que o objetivo de um procurador
carnavalesco é procurar carnaval, como o nome já diz, e aí o melhor a fazer é
economizar confete e serpentina para deixá-lo requebrando sozinho, sem música,
sob as manchetes amigas.
A pirueta ridícula desse
personagem nem mereceria qualquer comentário – por ser ridícula – mas, ainda
que desprezível, ela tem sua importância: é uma representação alegórica do
Brasil fisiológico que lutará com todas as suas forças contra a libertação do
país. A agenda liberal em curso fará sumir do mapa boa parte desses parasitas
de boa aparência apadrinhados pelos populistas simpáticos que arrancam as
calças do povo, que ninguém é de ferro. A prova disso é que o primeiro-ministro
Rodrigo Maia – aquele grande brasileiro que passa a vida tentando sabotar Paulo
Guedes e depois vira pai das reformas dele – adotou o mesmíssimo discurso. Maia
é hoje um dos despachantes dessa casta perfumada e reacionária que dorme e
acorda pensando naquilo: sabotar o governo.
Rodrigo Maia disse – em
sua enésima tentativa de estigmatizar Paulo Guedes – que a fala do ministro era
um fator de insegurança para o país e negativa para a confiança dos
investidores. Pare de ler este texto, dê uma rápida volta ao mundo e pergunte
em todos os continentes quem poria seu dinheiro sob a responsabilidade de Paulo
Guedes e quem o poria aos cuidados de Rodrigo Maia.
Perguntou? Pois é.
Conclusão: Rodrigo Maia dizer que Paulo Guedes afasta investimento é mais ou
menos como o capim declarar que o sol ameaça a vegetação. Ficou claro? Admita
que nunca foi tão fácil entender a fotossíntese.
O procurador
semianalfabeto que resolveu usar o TCU para fazer sua panfletagem colegial
contra o fascismo imaginário deveria ser punido. Um servidor público pago por
você não pode fabricar uma premissa vagabunda – o AI-5 como fator de pressão
cambial não serve nem para samba-enredo – com o intuito de transformar a
obrigação de fiscalizar as contas públicas num arroubo de politicagem. O nome
disso é contrabando. Não tem ninguém vendo? Quem é que cuida da birosca?
Esse negócio de tráfico
institucional já deu cadeia no Brasil – Lula está condenado a mais de um quarto
de século de prisão justamente por usar as instituições para enriquecer o seu
bando – e vem mais por aí. A decisão do TRF-4 condenando o ex-presidente em
segunda instância no processo de Atibaia (e aumentando a pena em 5 anos) foi um
recado claríssimo ao Supremo Tribunal Federal – que estava tentando melar esse
processo na mão grande, com tramoias como aquela do caso Bendine. O sonho do
STF é fazer os crimes da Lava Jato desaparecerem com uma varinha de condão.
O problema é que o Brasil
real acordou e já avisou nas ruas que a grana do cartel fez o diabo pelos seus
prepostos – menos lhes dar uma varinha de condão. Entendam de uma vez por
todas, prezados protozoários de butique: o truque não funciona mais.
Guilherme Fiuza