quinta-feira, 31 de outubro de 2019






Gilmar Mendes manda soltar
 Garotinho e Rosinha
O ministro Gilmar Mendes, do STF, mandou soltar os ex-governadores do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho e Rosinha Matheus. O casal foi preso na manhã desta quarta-feira (30), em cumprimento de ordem da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, que cassou um habeas corpus concedido ao casal pelo desembargador Siro Darlan. Trata-se da quinta prisão de Garotinho e da terceira de Rosinha. Em sua decisão, o ministro impôs medidas cautelares alternativas à prisão. Entre elas, a proibição de deixar o País, de contatos com testemunhas e outros investigados, e o comparecimento mensal à Justiça. Garotinho e Rosinha são acusados pelo MP-RJ pelo superfaturamento de R$ 62 milhões em contratos celebrados entre a Prefeitura de Campos dos Goytacazes e a construtora Odebrecht.

Consumidor em Pauta - 30. 10. 2019 - Direito Imobiliário - Dr. Taisir El Hindi



Vendas em shoppings crescem 8% no 
acumulado do ano, impulsionadas pelo crédito


As vendas nos shopping centers do país subiram 7,2% no terceiro trimestre de 2019 na comparação com o mesmo período de 2018. No acumulado do ano até setembro, as vendas aumentaram 8% contra os mesmos meses do ano anterior. Os dados são de pesquisa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).

O crescimento de vendas ficou acima do esperado pela entidade, que havia estimado uma alta de 7% para o setor em 2019. Na avaliação da entidade, o bom desempenho está relacionado à expansão do volume de crédito e à redução da inflação, fatores que contribuíram para aumentar o poder de compra das famílias. A redução do desemprego, ainda que pequena, também contribuiu, acredita a Abrasce. Apesar dos números positivos, a associação preferiu adotar uma postura cautelosa e não elevar as projeções para o restante do ano, uma vez que o ritmo de recuperação da economia brasileira ainda é lento.


Bradesco pretende fechar 
450 agências até 2020


O Bradesco anunciou que, entre 2019 e 2020, vai fechar pelo menos 450 agências, o correspondente a 10% de sua base total. É o maior fechamento promovido pelo banco desde a aquisição do HSBC, em 2016. Das 450 agências anunciadas, 50 unidades já foram encerradas até setembro e outras 100 deixarão de operar até dezembro. Para 2020, haverá o fechamento de pelo menos 300 unidades.

O presidente do banco, Octavio de Lazari Jr., afirmou que o principal motivador para os fechamentos é a redução de despesas. Ele ainda disse que os critérios de fechamento das agências não são geográficos e não estão relacionados apenas à rentabilidade das unidades.

O Bradesco registrou nos nove primeiros meses deste ano um total de R$ 31,895 bilhões em despesas administrativas e com pessoal. Trata-se de uma alta de 7,5% ante o mesmo intervalo de 2018


Novo juro da Caixa pode reduzir financiamento
da casa própria em mais de R$ 100 mil


A redução das taxas de juros para crédito imobiliário anunciada pela Caixa Econômica Federal na quarta-feira leva a taxa máxima de 9,5% para 8,5% ao ano, enquanto a mínima sai de 7,5% para 6,75% ao ano, a menor praticada no mercado. Simulações mostram que a queda pode, em alguns casos, reduzir em mais de R$ 100 mil o preço final de um financiamento.

A medida abrange contratos de financiamento atualizados pela Taxa Referencial (TR), que atualmente está zerada, mas não atinge as modalidades corrigidas pela variação do IPCA.

A mudança vale para imóveis residenciais enquadrados no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI). No primeiro, o valor do imóvel é limitado a R$ 1,5 milhão. No segundo, não há limite de valor.

Quem já tem crédito da Caixa não pode mudar

As novas taxas serão aplicadas apenas em novas operações, contratadas a partir de 6 de novembro. Para quem já tem financiamento na Caixa, os valores continuarão com os mesmos da época da contratação. Não é possível migrar para um crédito mais barato.

Fonte: O Globo



Botijão explode dentro de trem no
Paquistão e 71 passageiros morrem


Nesta quinta-feira (31) 71 pessoas morreram após um botijão de gás explodir dentro de um trem que passava pela cidade de Rahim Yar Jan, no Paquistão. O incêndio começou na cozinha quando os passageiros tomavam o café da manhã e se espalhou rapidamente por três vagões. Mais 44 ficaram feridos.
Segundo o ministro das Ferrovias, Sheikh Rasheed Ahmed, a maioria morreu quando tentou saltar do trem em movimento. O destino da viagem era um festival religioso próximo à cidade de Lahore.




Senadores vão entregar ao STF lista a favor
da prisão em 2.ª instância; veja os nomes


Uma lista com assinaturas de 37 senadores a favor da prisão após condenação em segunda instância será entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo é levar os nomes ao presidente do Supremo, Dias Toffoli, antes da retomada do julgamento sobre o tema na Corte, no dia 7 de novembro. Veja os nomes:
Lasier Martins (Podemos); Izalci Lucas (PSDB); Marcos Rogério (DEM); Zequinha Marinho (PSC); Esperidião Amin (PP); Lucas Barreto (PSD); Leila Barros (PSB); Arolde de Oliveira (PSD); Fabiano Contarato (Rede); Major Olímpio (PSL); Randolfe Rodrigues (Rede); Rodrigo Cunha (PSDB); Jorginho Mello (PL); Jarbas Vasconcelos (MDB); Flávio Arns (Rede); Confúcio Moura (MDB); Reguffe (Podemos); Carlos Viana (PSD); Soraya Thronicke (PSL); Eduardo Girão (Podemos); Oriovisto Guimarães (Podemos); Alessandro Vieira (Cidadania); Eliziane Gama (Cidadania); Simone Tebet (MDB); Luis Carlos Heinze (PP); Plínio Valério (PSDB); Alvaro Dias (Podemos); Mecias de Jesus (Republicanos); Styvenson Valentim (Podemos); Marcos do Val (Podemos); Romário (Podemos); Juíza Selma (Podemos); Elmano Férrer (Podemos); Jorge Kajuru (Cidadania); Mara Gabrilli (PSDB); Mailza Gomes (PP); Marcio Bittar (MDB).



AGU cita crime contra Bolsonaro e
quer apurar vazamento no caso Marielle
O presidente Jair Bolsonaro publicou, na quarta-feira (30), nas redes sociais, uma imagem do despacho do advogado-geral da União (AGU), André Mendonça, junto com um texto que considera o porteiro "o menos culpado". No documento, o AGU cita a Lei de Segurança Nacional, os crimes de difamação e calúnia contra o presidente da República e determina, ao procurador-geral da União, que apure o vazamento de informações que tenta ligar o nome do presidente Jair Bolsonaro a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O texto ainda menciona improbidade administrativa de servidores públicos que tiveram acesso ao processo sigiloso. O pedido ocorre após reportagem da TV Globo revelar que o porteiro do condomínio, onde o presidente possui uma casa, afirmou em depoimento à Polícia Civil que Élcio Queiroz, um dos suspeitos de cometer o crime, foi à casa de Bolsonaro.

Queiroz negou à polícia ter ido
na casa de Bolsonaro, diz defesa
Élcio Queiroz, ex-PM acusado de participar da morte de Marielle Franco, já havia informado à polícia que não citou a casa número 58, do presidente Jair Bolsonaro, quando entrou no condomínio. Queiroz foi à casa de Ronnie Lessa, que mora no mesmo condomínio e é acusado de efetuar os disparos contra o carro da vereadora, informa a colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo. “O porteiro anotou o número errado da casa. O problema é dele”, explicou o advogado. Ainda segundo a defesa, diz o jornal, quando os investigadores mostraram os registros do porteiro o próprio Queiroz afirmou que estava errada a anotação com a casa 58, de Bolsonaro.

Spotify testa versão com músicas
e histórias para crianças
O Spotify está testando um aplicativo com músicas e histórias voltadas a crianças a partir de 3 anos. Chamado de Spotify Kids, já possui uma versão beta para Android e iOS, e está disponível apenas na Irlanda. Se aprovado no país, o app será expandido para todas as regiões em que o serviço Premium Familiar é disponibilizado.
A ideia é que os responsáveis criem um perfil para a criança e façam a liberação do conteúdo desejado. A partir disso, as crianças podem encontrar músicas de um modo mais prático do que no aplicativo tradicional.

Trabalho sem carteira bate recorde e
impulsiona queda na taxa de desocupação
A taxa de desocupação no Brasil ficou em 11,8% no trimestre encerrado em setembro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No trimestre anterior, a taxa havia sido de 12%. Segundo o IBGE, o período entre julho e setembro trouxe um aumento de 459 mil postos de trabalho, totalizando 93,8 milhões, um recorde na série histórica que teve início em 2012.
O aumento é explicado, principalmente, por um recorde na oferta de vagas sem carteira assinada no setor privado, que mostra alta de 2,9% de trabalhadores. São 11,8 milhões de empregados nessa situação.
Já os trabalhadores por conta própria, outra categoria que foi responsável pelo aumento na ocupação, subiu 1,2%, com o total de 24,4 milhões de pessoas, também um recorde.

Projeto sobre porte de armas vai ter
novas regras para caçadores e atiradores
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu adiar para a próxima terça-feira (5) a análise do projeto que torna menos rigorosas as regras para porte e posse de armas de fogo. Haverá um novo texto do relator, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), com regras para caçadores, atiradores e colecionadores (CACs). Maia afirmou que, se os deputados insistissem em votar toda a proposta nesta quarta-feira (30), haveria risco de derrota do texto. O líder da oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), disse que o adiamento permite a construção de um acordo. “Vamos trabalhar para encontrar uma maneira de tratar essa matéria com proteção da vida e o debate dos CACs”, declarou.



Absurdo! Tentaram incriminar Bolsonaro
com algo que já estava arquivado

Vocês lembram de Marco Maia, ex-presidente da Câmara, do PT? Pois agora ele é réu. A Justiça em primeira instância – porque ele não é mais deputado e por isso não foi para o Supremo – aceitou denúncia contra ele.

Marco Maia está sendo acusado de ter recebido dinheiro como relator daquela CPI mista da Petrobras, que não deu em nada, para não sugerir o indiciamento de dirigentes da OAS e da Toyo Setal, duas empreiteiras. O ex-presidente da Câmara recebeu um milhão de reais de uma empreiteira e meio milhão de outra. Isso aconteceu em 2014.

A CPI da Petrobras era vergonhosa. Teve o ex-senador Gim Argello que recebia propina para que empresas não fossem convocadas e nem indiciadas. Aquilo era uma indústria, uma CPI que se tornou indústria.

O primeiro condenado no Supremo Tribunal Federal foi preso. Nelson Meurer, do Partido Progressista do Paraná, que nasceu no Rio Grande do Sul, também foi condenado pela Lava Jato a 13 anos e 9 meses.

Faz um ano e meio que ele foi condenado. Mas ele estava solto por causa de embargos de declaração. É aquilo que eu tenho falado aqui. Embargo é só para protelar e foi isso que o ministro Edson Fachin concluiu.

Crime de difamação

Eu vi o presidente Jair Bolsonaro irritado e indignado como nunca durante 20 minutos.  Aquilo foi uma explosão, eu até pensei que ele ia ter um treco. Ele se indignou com o noticiário enquanto estava na Arábia Saudita.

Bolsonaro teve conhecimento da reportagem do Jornal Nacional às 2:30 da manhã – por causa do fuso horário. O conteúdo dessa notícia mostra que o porteiro do condomínio, onde Bolsonaro tem casa, disse que chegou um suspeito no dia da morte de Marielle Franco, Elcio Queiroz, pedindo para falar com a casa do presidente e que alguém com a mesma voz de Bolsonaro autorizou a entrada de Queiroz.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que isso é um factóide, ou seja, uma invenção para prejudicar o presidente. Essa questão já estava resolvida porque não se sustentava.

Já estava muito provado que naquele dia Bolsonaro estava votando no plenário da Câmara  e por isso o Ministério Público já havia anunciado ao PGR, e depois ao Supremo, como é de praxe, porque envolvia o nome do presidente da República embora na época ele fosse deputado, que aquilo era invenção.

As gravações que foram enviadas ao Supremo não registram o nome de Bolsonaro e sim que o porteiro fala que um senhor Elcio estava na portaria e uma voz, que não tem nada a  ver com a voz de Bolsonaro, diz “tá, pode liberar”.

Elcio Queiroz, suspeito da morte de Marielle e do motorista, foi para a casa 65 de Roni Lessa, que é um outro suspeito, no dia 14 de março de 2018. Segundo o que Aras disse ao repórter da Folha de São Paulo, essa situação gerou um crime de difamação contra o  presidente.

Ao mesmo tempo, a Procuradoria está investigando o porteiro do condomínio Vivendas da Barra por crimes de denunciação caluniosa e falso testemunho. Tudo isso resultou em uma indignação muito grande do presidente.

Segundo o procurador-geral da República, essa história tinha o intuito de atingi-lo por algo que já estava arquivado. Aras disse que está arquivado na Procuradoria e no STF porque as provas, as gravações e as evidências são fracas.

A pessoa não pode estar no plenário da Câmara e no condomínio Vivendas da Barra ao mesmo tempo, ao menos que seja Santo Antônio. Exceção de Adélio Bispo que estava na Câmara e enfiando a faca na barriga de Bolsonaro, em Juiz de Fora. Ainda não se conseguiu apurar quem foi que registrou a presença de Adélio Bispo na Câmara já que ele não é Santo Antônio.

Alexandre Garcia

quarta-feira, 30 de outubro de 2019






Porteiro mentiu ao citar Bolsonaro em 
depoimento sobre morte de Marielle

A procuradora Simone Sibilio, chefe do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio, disse que o porteiro que envolveu o nome do presidente Jair Bolsonaro na morte da vereadora Marielle Franco mentiu em depoimento à Polícia Civil. De acordo com ela, pelas provas técnicas coletadas, quem autoriza a entrada de Élcio Queiroz no condomínio do presidente é Ronnie Lessa, suspeito de ter feito os disparos que mataram a vereadora do Psol.
Segundo a revista Veja, foram prestados dois depoimentos. No primeiro, o porteiro relatou que ligou para casa de Jair Bolsonaro. No segundo, confrontado com o áudio de sua conversa, ele manteve a versão, mas deixou dúvidas nos investigadores em relação a veracidade das informações prestadas. O Ministério Público disse que o porteiro pode ter anotado que Élcio foi para a casa de Bolsonaro por vários motivos e que eles serão apurados. "Todas as pessoas que prestam falso testemunho podem ser processadas", disse a promotora Sibilio.

Consumidor em Pauta - 29. 10. 2019 - Direito do Trabalho - Dr. Marcelo A. de Jesus e Dr. Rodrigo Wohlgemuth

Consumidor em Pauta - 25. 10. 2019 - Direito Previdenciário - Dr. Dirceu Vendramine

Consumidor em Pauta 24. 10. 2019 - Direito de Família - Dr. Ernesto Netto



Mais de 20 mortos e 9 mil 
pessoas presas no Chile


O surto social no Chile deixou um resultado triste de 20 mortos, centenas de feridos e 9.203 presos, de acordo com um relatório oficial divulgado ontem (29) pelo Ministério da Justiça e Direitos Humanos chileno.

O balanço inclui dados de mortes e feridos contabilizados a partir de 19 de outubro, quando começaram os protestos e os tumultos, e segunda-feira (28) de manhã, ou seja, não inclui os incidentes graves registrados na segunda-feira à tarde em Santiago, Concepción, Valparaíso e Antofagasta.

Nesse contexto, multiplicaram-se as queixas sobre violações de direitos humanos e violência institucional, o que levou as Nações Unidas a enviar uma missão especial ao Chile para investigá-las.

O Instituto Nacional de Direitos Humanos (NHRI) apresentou queixas para investigar os casos de cinco mortes causadas pela ação de agentes do Estado, além de outras 18 por violência sexual, 54 por tortura e mais der 50 por supostas detenções ilegais. 

Fonte: Agência Brasil



Aras diz que vai pedir investigação sobre
depoimento de porteiro: “Bolsonaro é vítima”

O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que pedirá uma investigação sobre o depoimento que citou Jair Bolsonaro (PSL) no caso Marielle Franco. Segundo ele, a apuração deve ser realizada pelo Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro, e pela Polícia Federal no estado.
De acordo com Aras, Bolsonaro "é vítima" no caso. "Ele não é investigado, não é réu, nem nada", completou. Mais cedo nesta quarta-feira (30), o ministro da Justiça, Sergio Moro, enviou um ofício a Aras, pedindo que fosse instaurado um inquérito para apurar o depoimento.






Bolsonaro acusa delegado de inventar 
depoimento de porteiro no caso Marielle


O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, nesta quarta-feira (30), que o delegado responsável pelo inquérito que investiga a morte da vereadora Marielle Franco "inventou" o depoimento do porteiro do condomínio Vivendas da Barra. "Me surpreende o delegado da Polícia Civil inventar o depoimento por ordem e determinação do senhor governador [Wilson] Witzel para tentar me prejudicar", afirmou em conversa com jornalistas.

No depoimento, o porteiro disse que Élcio de Queiroz, acusado de participar do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes, teria pedido para ir à casa de número 58, de propriedade de Bolsonaro, no dia do assassinato. No mesmo condomínio mora Ronnie Lessa, acusado de proferir os disparos que mataram Marielle e Gomes. As informações foram reveladas pelo Jornal Nacional, da TV Globo.

De acordo com Bolsonaro, Witzel "conduziu o inquérito para onde queria", em uma tentativa de prejudicá-lo. "É um ato criminoso do governador do Rio de Janeiro, que tem ambições políticas. Mas, como não tem competência para aparecer para o Brasil, acaba atacando o atual presidente da República", completou.

Na manhã desta quarta (30), Witzel rebateu o que Bolsonaro afirmou mais cedo e negou ter vazado qualquer informação envolvendo a investigação do assassinato de Marielle.

Vídeo dos registros de voz do condomínio

Bolsonaro também disse que pediu ao filho Carlos que fosse até o condomínio e acessasse os registros das ligações feitas pela portaria do condomínio. Mais cedo, Carlos publicou, em sua conta no Twitter, um vídeo em que apareceriam as ligações feitas – sem nenhuma para a casa de Bolsonaro no horário em que Queiroz foi até o condomínio.

"O meu filho foi na portaria, pegou os registros de voz para aquele horário e viu para onde foi feita a ligação. Não foi para a minha casa, e a voz está muito longe de ser a minha", afirmou.

Moro pede investigação

O presidente comentou, ainda, o pedido ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para que um novo depoimento fosse tomado. "Conversei com o ministro e vamos tomar as providências, passando pela Procuradoria-Geral da República, para que sejam investigadas as pessoas que fizeram que em depoimentos constassem afirmações que visavam incriminar o presidente", afirmou Bolsonaro.

Mais cedo, Moro encaminhou um ofício ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras, solicitando a instauração de um inquérito para apurar o depoimento.



No final de setembro, recebi um telefonema de um amigo e marcamos um encontro na Diretoria de Direitos Humanos, onde trabalho. 

Meu amigo, Carlos Redel, quando eu conheci, era estagiário da Comunicação da Prefeitura. Era meu colega no setor de rádio e foi uma amizade que nasceu, cresceu e se tornou grande. Hoje, jornalista dos melhores, o Redel trabalha no coletiva.net e me ligou para saber se eu aceitava ser entrevistado por ele.Claro que aceitei.

Só não sabia que o Carlos Redel, depois de uma longa conversa e muitas risadas, faria um texto tão brilhante e que me deixaria tão orgulhoso de ser jornalista, de ter vivido o que vivi, e de ter sido entrevistado por ele.

Obrigado jornalista Carlos Redel.

Machado Filho


João Carlos Machado Filho:
Sem tempo para ficar velho

Jornalista há 60 anos, Machadinho esbanja simpatia e histórias interessantes sobre a sua trajetória

É praticamente impossível não simpatizar com João Carlos Machado Filho. Em poucos minutos de conversa, o nome do jornalista se transforma em Machadinho e a sensação é a de que ele é um amigo de muito tempo. O próprio reconhece que sua principal qualidade é a simpatia - e não há como discordar. Ele é, realmente, gente boa.
Animado e comunicativo, conta que, em função da televisão - apresenta o programa Consumidor em Pauta, na TVE -, muitas pessoas o param na rua para conversar. "Quando acontece, eu faço questão de dar uma atenção especial. Gosto de falar com todo mundo, atender bem às pessoas", explica.

No entanto, no que diz respeito a datas, Machadinho não pode ser referência. Apesar de lembrar de toda sua trajetória, com riqueza de detalhes, não consegue colocar em ordem cronológica os empregos. Mas é justificável, pois não foram poucos: Rádio São Gabriel, Rádio e TV Gaúcha, Farroupilha, Assembleia Legislativa, Prefeitura de Porto Alegre, TVE, Rádio e TV Difusora, Jornal do Comércio, Zero Hora, Diário de Notícias... E por aí vai.
Cabeça sempre funcionando
Aos 78 anos, além de comandar a atração na TV Educativa, o jornalista trabalha na prefeitura de Porto Alegre, mais especificamente na Diretoria de Direitos Humanos. Sim, ele tem dois empregos. Na TVE, contudo, conta com um contrato de voluntariado, tamanho é o prazer que sente de estar em frente às câmeras - aliás, o programa é ao vivo e diário, vale ressaltar:
"Não ganho nada, mas tenho a alegria de fazer algo que é de utilidade pública". O amor que sente pela profissão é um dos motivos para que siga na ativa. E não consegue se imaginar em outra atividade: "É só Jornalismo. Gosto tanto de ser jornalista, do público, que nunca me passou outra coisa pela cabeça".
Machadinho até se aproximou de outro caminho, quando passou em um concurso da Viação Férrea, em segundo lugar. Entretanto, deu-se conta que aquela não era a sua vocação, mesmo tendo a possibilidade de ganhar um bom salário e ter uma vida mais tranquila. "Não era eu. Ser jornalista é algo que está no sangue do cara", enfatiza.

São Gabriel, 1941
Nascido em São Gabriel, em 17 de junho de 1941, Machadinho é filho de João Carlos Machado, militar, e Célia Valls Machado, que decidiu ficar em casa para cuidar dos filhos - no total, foram nove. O patriarca da família começou no Exército como soldado e, quando morreu, era coronel. "Ele batalhava muito, acordando muito cedo para ir trabalhar. Então, talvez por isso, eu batalho até hoje, aprendi assim", explica.
Um fato curioso sobre os irmãos é que o seu pai decidiu colocar os nomes de todos começando com 'Di': Dilma, Dilmar, Dilmair, Dilamar, Diúma e Dielma, que faleceu com um ano - na época, dona Célia estava grávida de Machadinho. Assim, por acharem que seria o último, decidiram colocar o nome do pai, João Carlos Machado, com o Filho no final. "Mas a minha mãe engravidou de novo, porque naquela época não tinha televisão e nem cinema, aí tinha que aproveitar de outras maneiras", conta, aos risos. Assim, nasceu Dilair. Mais tarde, dona Célia ficou grávida novamente - agora, sim, pela última vez. A filha, então, chamou-se Célia Maria, em homenagem à mãe e, ao lado de Machadinho, conseguiu fugir do Di.
Relatando ter tido uma infância feliz, lembra-se que o pai precisava viajar muito e, por isso, vivia se mudando. Nessas andanças pelo interior do Estado, Rosário do Sul foi a cidade que mais o marcou. Recorda-se com carinho que o trem passava na frente de casa e o maquinista da Maria Fumaça jogava rachas de lenha para ele e seus irmãos, que as recolhiam e as levavam para fazer fogo. Ainda nesta época, lembra-se que a mãe criava galinhas. De noite, ela pegava latinhas de marmelada, enchia de água e deixava para os bichos. Quando a família acordava de manhã, no inverno, aquela água estava congelada: "Era duro de gelo, pois fazia muito frio lá. Foi um negócio que me marcou muito".
Já em Porto Alegre, entrando na adolescência, começou a cursar o ginásio no antigo Nossa Senhora da Assunção que, agora, é Marista. Quando se formou, saiu da escola tendo sido presidente do Grêmio Estudantil e da comissão de formatura, orador da turma e, como se não bastasse, ainda desenhou a placa de bronze que ia na parede com os nomes dos formandos. "Sempre fui um cara comunicativo e que gostava de falar com as pessoas, de me relacionar bem. Então, acho que isso me levou a ser uma referência naquela época", avalia.
Jornalista no Dia do Trabalhador
Aos 18 anos, retornando para a sua cidade natal, teve o primeiro contato com a Comunicação: foi até a Rádio São Gabriel, a ZYO-2, para participar do programa 'Um tango, um bolero e uma poesia para você', onde leu um soneto escrito por seu irmão Dilamar. Após, ouviu do radialista: "Fica por aí". Então, quando acabou a atração, recebeu o convite que iria mudar tudo: "Tu não queres ser locutor da rádio?". Isso foi no final dos anos 1950. E Machadinho aceitou, é claro. "Agora, em maio de 2020, eu completo 60 anos de jornalismo", fala, orgulhoso. Porém, não deixa de citar algo curioso de sua contratação: "Minha carteira foi assinada em 1º de maio, no feriado. Não dá para entender como isso aconteceu, mas acho engraçado".
Jornalista provisionado, destaca que aprendeu tudo o que sabe na prática e, também, com as orientações de seu irmão mais velho, Dilamar, radialista, político e sua maior referência. Inclusive, no Diário de Notícias, o aprendiz substituía o professor: a coluna Vozes da Cidade, que levava a assinatura de Dilamar, na verdade, era escrita por Machadinho, pois o irmão mais velho não tinha tempo para se dedicar ao espaço no jornal.
Naquela época, não imaginava o tanto de experiência que teria na Comunicação - com passagem por boa parte dos veículos da Capital - e muito menos que receberia uma homenagem na frente de alguns dos maiores nomes do Jornalismo do Estado. Quando estava completando 50 anos de profissão, foi chamado ao palco do Prêmio Press e ganhou um quadro, recebendo o carinho de todos os convidados. "Foi muito emocionante", conta.
De olho no lance
Boa parte da trajetória de Machadinho no Jornalismo se deu nos campos de futebol - esporte do qual é fã - e não faltam histórias da época em que era repórter. Colorado, um dos momentos mais marcantes de suas jornadas aconteceu justamente na inauguração do Beira-Rio, em 1969. Trabalhando pela TV Gaúcha, estava à beira do campo quando Claudiomiro, que fez o gol inaugural do estádio, lhe deu a camisa que usou na primeira etapa da partida histórica. Era a camiseta do primeiro gol no Beira-Rio. "Eu sempre ajudava o Claudiomiro nas matérias, dando força e refazendo as passagens sempre que era preciso, pois ele tinha muita dificuldade para falar", explica, justificando o presente. No entanto, a alegria não durou muito.
Indo para as cabines de imprensa, nas escadas, encontrou-se com Maurício Sirotsky Sobrinho, nada menos que o dono da RBS na época. Após elogiar o trabalho do jornalista, questionou: "E essa camisa aí?". Machadinho, inocente, mostrou, todo orgulhoso o presente. O chefe, então, disse: "Muito legal essa camisa. Vamos sortear no programa de fim de ano da TV Gaúcha". Pegou o item e levou. "Foi um azar encontrar com ele naquele momento", lamenta, relembrando dos poucos minutos que foi dono da peça.
Com 60 anos de Jornalismo, acompanhou de perto alguns grandes nomes da Comunicação gaúcha surgirem. Em uma de suas passagens pela Farroupilha, por exemplo, na época em que Marne Barcelos era diretor da rádio, chegou na emissora um rapaz que queria ser locutor esportivo. Na época, a dupla pensou, fazendo pouco caso: "Pelo menos, vamos nos divertir um pouco vendo esse teste". Entrou pela porta o candidato que Machadinho descreve como baixinho e gordinho. O pretendente à vaga, então, narrou um gol do Grêmio e um do Inter. Surpreendeu aos dois. O nome do jovem? Pedro Ernesto Denardin, que acabou entrando para o time da emissora.

Mas nem só de futebol foi construída a carreira do profissional. Também teve música. Estava trabalhando na Rádio Difusora no ano em que foi transmitido o primeiro Carnaval a cores do Estado pela televisão do mesmo grupo midiático. Francisco Carlos, que era diretor da emissora na época, o chamou para quebrar um galho para o jornalístico Câmera 10. A sua missão? Colocar uma roupa colorida e entrar ao vivo no programa para falar da festa. Mesmo contrariado, e inexperiente na televisão, foi para a Avenida João Pessoa, onde acontecia o desfile, na época. Munido de toda a informação que conseguiu obter sobre o Carnaval, falou por um minuto para a câmera. Recebeu vários elogios, além de fazer parte de uma transmissão histórica. E deu tão certo, que seguiu cobrindo a festa, atuando tanto na rádio quanto na TV Difusora - hoje, Grupo Bandeirantes.
Família, praia e uma cervejinha
Casado pela segunda vez, Machadinho está com Ana Helena há 27 anos. Do relacionamento, nasceu Gabriela. Com 19, a filha estuda Relações Internacionais. Da primeira união, teve Marcelo, que é cineasta, tem 52 anos e vive em São Paulo; e João Carlos Neto, de 35, profissional de TI e residente de São Leopoldo. E a dupla de primogênitos já teve os seus respectivos filhos: Pedro, de 25, e Lívia, de sete. Completando a família, tem o gato Alpha - "é com PH", enfatiza -, protagonista de várias fotos publicadas nas redes sociais de Machadinho.
A sua história com Ana começou de maneira curiosa: ele estava apresentando um show no Leopoldina Juvenil e, após o término, foi colocada uma música. Com o carro estragado, ficou pensando se chamava um táxi para ir embora. Ela, então, tomou a iniciativa e foi falar com ele: "Por que tu estás tão sozinho?". Após responder que estava pensando, foi convidado para ir dançar. "Azar é o dela de querer dançar comigo", pensou na hora. Foram para a pista e estão juntos até hoje.
Envolvido com os dois trabalhos de segunda a sexta-feira, um de seus programas de folga favoritos é ir para a casa na praia, em Tramandaí Sul. E adora mexer com os amigos sobre os privilégios do seu refúgio no Litoral: mora a uma quadra da praia e a sua churrasqueira tem vista para o mar. Quando está no segundo lar, gosta de esvaziar a mente do barulho de Porto Alegre e relaxar.
Fã de Gabriel García Marquez, Machadinho é apaixonado por ler e, também, por colecionar canecas. E ele tem mais de 80 peças, de várias partes do mundo, seja de suas viagens ou das dos outros: "Quando o André [Machado, seu sobrinho] foi para a China, já pedi: me traz uma caneca de lá", disse. Em Porto Alegre, não abre mão de sair para tomar uma cervejinha e comer um bauru com Ana, sua "parceira", como denomina.

Pouco exigente e feliz
"A minha história é legal, porque nunca fui de exigir muito das coisas", admite. Hoje aposentado do INSS, revela que não é rico, mas que vive bem. Um dos principais motivos de alegria é a família, a que se refere como sendo maravilhosa. Diverte-se ao dizer que, hoje em dia, adora 'deseducar' os netos e curtir os pequenos prazeres da vida, como uma bela caminhada na beira da praia ou ir a um bar com a esposa.
O seu prato favorito também é simples: galinha com ervilha. Inclusive, quando prepara a iguaria, dá um jeito de comer bastante. Da última vez que fez, por exemplo, pediu a vianda da filha Gabriela emprestada para poder levar a comida para o trabalho. E sua rotina começa ao nascer do sol, por volta das 6h, quando acorda para fazer o café e começar a preparar o dia. Contudo, essa mania de despertar cedo, às vezes, irrita Ana, pois nem nos finais de semana consegue ficar até tarde na cama: "A gente vai ficando velho e vai perdendo o sono. Acho que é porque dormimos muito durante a vida".
Até o final do ano, pretende parar de trabalhar. Pelo menos, pela metade. Quer deixar a prefeitura e se dedicar apenas ao seu programa na TVE - inclusive, não ter feito mais televisão é um dos poucos arrependimentos da vida, juntamente com o fato de não ter viajado mais. Mas, para 2020, Machadinho deseja apenas uma vida mais sossegada, sem o compromisso de acordar todos os dias de manhã para ir ao serviço. Sobre se planejar, diz que, com a idade, vai ficando mais difícil de fazer esse exercício: "A gente nunca sabe quanto tempo ainda vai ficar por aqui. Não quero ficar por muito mais tempo, não, mais uns 78 anos, para mim, está ótimo", brinca ele.





Autor:
CARLOS REDEL

terça-feira, 29 de outubro de 2019



Financiamento imobiliário 
cresce 54,5% em agosto

A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) divulgou os dados de financiamento de imóveis com recursos da poupança no mês de setembro. O volume chegou a R$ 7,59 bilhões, maior valor mensal desde maio de 2015. O valor é 13,2% maior que o de agosto e 54,5% maior que o de setembro de 2018.
No acumulado deste ano, já foram aplicados R$ 54,7 bilhões no financiamento para aquisição e construção de imóveis, segundo a Abecip, crescimento de 34,1% na comparação com o ano passado. Em 12 meses, o valor chega a R$ 71,3%, alta de 39% na comparação com o período anterior.
Em setembro, foram financiados 27,2 mil imóveis, 3% a mais que em agosto e 31,5% acima do número de setembro de 2018. De acordo com a Abecip, foi o melhor resultado mensal desde setembro de 2015, e o melhor de 2019. No acumulado desde o início do ano, são 207,7 mil imóveis financiados, alta de 28,1%.



Justiça determina que Garotinho
e Rosinha voltem para a prisão

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro derrubou a liminar que concedeu habeas corpus ao casal Anthony e Rosinha Garotinho. Com isso, eles devem voltar para a cadeia. Os pedidos de prisão já foram expedidos. Os dois ex-governadores foram presos preventivamente, no começo de setembro, após denúncia a partir de delação de dois executivos da Odebrecht na operação Lava Jato e foram liberados menos de 24 horas depois. Os delatores revelaram superfaturamento em contratos de casas populares celebrados entre a Prefeitura de Campos dos Goytacazes (RJ) e a construtora.



Risco-país do Brasil chega ao
menor patamar em seis anos

O risco-país do Brasil (indicador que mede a confiança dos investidores) chegou ao menor patamar em seis anos, nesta terça-feira (29). Depois de 15 quedas consecutivas, o CDS (Credit Default Swap) de cinco anos - que calcula o custo de proteção contra um calote da dívida soberana brasileira - foi a 117 pontos. O índice não era alcançado desde 13 de maio de 2013 e sinaliza otimismo em relação à capacidade de o país conseguir honrar suas dívidas. O cenário de queda de juros, a aprovação da reforma da Previdência e trégua na guerra comercial entre EUA e China teriam ajudado nesse resultado.



Ação no STF quer suspender 
privatizações de seis estatais

Uma ação protocolada pelo PDT no Supremo Tribunal Federal (STF) pede a suspensão da privatização de seis estatais que consta da lista do governo federal. No pedido, o partido pede que sejam declaradas inconstitucionais as leis federais Leis 9.491/1997 e 13.334/2016 que regulamentam o Programa Nacional de Desestatização. O pedido abrange a Casa da Moeda do Brasil, o Serviço de Processamento de Dados (Serpro), a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S/A (ABGF) e a Empresa Gestora de Ativos (Emgea) e o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S/A (Ceitec).



Entre o samba e o tango

A Argentina que elegeu novo presidente pode ser um país distante para a maioria dos brasileiros, mas não para gaúchos, como eu. Na minha geração, o “Tico-Tico” não chegava à minha cidade, mas o “Billiken” vinha de trem. Ainda criança, eu me deliciava com as aventuras de Ocalito y Tumbita, e da Família Conejín. Ficava mais fácil ouvir a Rádio El Mundo, porque a Rádio Nacional chegava mal. Passei a infância lendo e ouvindo em espanhol as notícias sobre Perón. O “Tico-Tico” já desapareceu, mas o Billiken e a Argentina continuam vivos e atuantes.

Cobri, pelo Jornal do Brasil, a morte de Perón e os anos de governo de sua viúva e vice-presidente, Isabelita – e chegaram a me confundir com o noivo “de la Señora”. Meus novos quadrinhos eram de Mafalda, do genial Quino, e do “Inodoro Pereyra, el renegau”. Todo gaúcho é também um gaucho, o pampa nos une.

Toda essa introdução foi necessária para mostrar que mesmo convivendo bem com a Argentina, é difícil entender os argentinos, porque tampouco eles se entendem. A maior revolução argentina foi no meio do século 19, sob o governo de Sarmiento. Foi um salto no ensino e uma transformação. Não é por nada que eles ganharam cinco prêmios Nobel. Temos nenhum.

Essa é a causa do milagre que é a grandeza do país, a despeito da pequenez de muitos de seus políticos. O caudilho general Perón separou os argentinos em peronistas e não-peronistas. Outro general, Galtieri, ainda conseguiu uni-los na invasão das ilhas Malvinas, mas foi um fiasco.

Aqui no Brasil, os jornais dizem que a esquerda voltou ao poder. O peronismo não é esquerda nem direita; é populismo. Perón e Vargas são ideologicamente parecidos. Nacionalistas e populistas, com ações que podem ser rotuladas ora de direita, ora de esquerda, mas são apenas marcas de fantasia.

O que aconteceu é que Cristina Kirchner, a vice, agora ganhou a imunidade do Senado tal como aqui o Supremo busca imunidade para quem tem dinheiro para continuar apelando depois de confirmada a condenação. Brasil e Argentina foram rivais por quatro séculos. Depois de Sarney e Alfonsín abrirem as respectivas centrais nucleares, foi embora a desconfiança.

Bolsonaro palpitou na campanha argentina apoiando Macri e criticando Fernández. O argentino se meteu em assuntos internos do Brasil apoiando o Lula Livre ao visitar Lula. Agora o brasileiro se recusa a cumprimentar o vitorioso porque o argentino afirmou que a prisão de Lula é injusta, intrometendo-se no Judiciário brasileiro.

Durante a guerra, que cobri, perguntei ao presidente João Figueiredo porque estava ajudando com peças a Força Aérea Argentina contra a Inglaterra. Ele me respondeu que a Argentina jamais deixaria de ser nossa vizinha e que a ilha inglesa está a 10 mil quilômetros. É um determinismo geográfico: estamos destinados a nos relacionar com o vizinho. Também é um determinismo econômico: estamos próximos demais para não negociarmos uns com os outros.

A gente precisa entender o tango e suas tragédias, para entender os argentinos. E eles entender o espírito lúdico do samba, para nos aceitarem. É mais prático acertar.

Alexandre Garcia