quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

➤US$ 6 milhões

Cuba dá calote no Brasil, diz fonte do governo

Porto de Muriel - Foto: Reprodução
Uma parte da dívida de Cuba com o Brasil, principal fornecedor de alimentos da ilha, entrou em "default" (calote) esta semana. Em junho deste ano, o país pagou apenas US$ 2 milhões dos US$ 8 milhões de um financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com o Programa de Exportação (Proex), do governo Federal. De acordo com uma fonte diplomática do Brasil, como a dívida de junho acaba de completar 180 dias, Cuba é considerada "inadimplente".

Segundo integrantes da missão brasileira que visitou Cuba em outubro, o total de atrasados ao fim deste ano está calculado em US$ 100 milhões.  Os valores se referem a financiamentos contraídos por Cuba para a construção do Porto de Mariel (BNDES) e para a compra de alimentos (no âmbito do Proex).   Recentemente, o presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, disse que os empréstimos para Cuba e Venezuela foram um erro.

A situação de "calote" de Cuba impede o país de acessar novos empréstimos e obriga o Itamaraty a relatar a situação a organizações internacionais.  A dívida total de Cuba com o BNDES é de US$ 597 milhões e tem prazo 25 anos. Com o Proex, é de 100 milhões de euros.

➤João de Deus

Indiciado por crime de violência sexual mediante fraude


A Polícia Civil de Goiás decidiu indiciar, nesta quinta-feira, o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, pelo crime de violência sexual mediante fraude, artigo 215 do Código Penal. A pena prevista para este crime é de dois a seis anos de cadeia, em regime fechado.

Os delegados responsáveis pelo caso estão a caminho de 
Abadiânia (GO), para protocolar inquérito policial finalizado junto 
ao fórum da cidade. Agora, o Ministério Público de Goiás irá decidir, 
a partir deste inquérito, se denuncia o médium à Justiça ou não.

O inquérito leva em conta o caso de uma vítima, de aproximadamente 40 anos, que sofreu abuso sexual em outubro deste ano. Segundo o relatório final, o líder religioso ofereceu presentes, como uma pedra de valor e dois quadros religiosos, depois de tentar atos libidinosos com a mulher, com o objetivo de silenciar a vítima.

Inicialmente, a investigação tinha 15 casos, mas apenas um deles aconteceu depois de junho de 2018, pois, até setembro, o código penal determinava prazo máximo de seis meses para a denúncia após o crime. 

Agência Estado

➤ATENÇÃO



PF faz buscas em endereços ligados à família de Aécio em BH

A Polícia Federal cumpre três mandados de busca e apreensão em endereços ligados à família do senador Aécio Neves (PSDB), nesta quinta-feira (20), em Belo Horizonte. Os locais são a casa da mãe do parlamentar, além de uma empresa de comunicação, que seria da jornalista Andrea Neves, irmã de Aécio, e do primo Frederico Pacheco, além da casa deste. Esta é segunda fase da Operação Ross, que investiga o recebimento de vantagens indevidas do grupo J&F, entre os anos de 2014 e 2017. As buscas desta quinta-feira (20) foram determinadas pelo ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF). Devem ser recolhidos documentos em papel e arquivos digitais. Atualmente senador, Aécio termina o mandato neste ano e, no próximo, assume uma vaga na Câmara dos Deputados.

Acaba hoje o prazo para pagamento da 2ª parcela do 13º
Termina nesta quinta-feira (20) o prazo para que as empresas paguem aos seus funcionários a segunda parcela do 13º salário. A primeira parcela teve de ser paga até o dia 30 de novembro. Cada parcela representa metade do salário que o funcionário ganha. O pagamento do 13º salário é feito com base no salário de dezembro, exceto no caso de empregados que recebem salários variáveis, por meio de comissões ou porcentagens – nesse caso, o 13º deve perfazer a média anual de salários. Cabe ao empregador a decisão de pagar em uma ou duas parcelas. No caso de ser apenas em uma única vez, o pagamento deveria ter sido feito até o dia 30 de novembro. Empregadores que pagam a gratificação em uma única parcela em dezembro estão sujeitos a multa.

Defesa recorre de decisão de Toffoli e pede ao STF que Lula seja solto
A defesa do ex-presidente Lula recorreu na noite desta quarta-feira da decisão do presidente do STF Dias Toffoli que revogou a liminar do ministro Marco Aurélio Mello que havia determinado a soltura de condenados em segunda instância que ainda tem recursos pendentes, como é o caso de Lula. No pedido, os advogados do ex-presidente pedem ainda que a decisão de Marco Aurélio seja utilizada como alvará de soltura do ex-presidente.  Como argumento, os advogados do petista citam precedentes do STF que apontam que não cabe decisão do presidente do Tribunal para suspender decisões dos demais ministros da Corte. Dentre os precedentes, os defensores do ex-presidente citam uma decisão do ministro Gilmar Mendes na época em que foi presidente do STF e negou um pedido para suspender uma decisão de outro colega da Corte. 

Futuro ministro do Meio Ambiente tem direitos políticos suspensos
O Juízo da 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo condenou o futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles, por atos de improbidade administrativa quando era secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.  A sentença do juiz Fausto José Martins Seabra impõe "a suspensão dos direitos políticos por três anos" e uma multa equivalente a dez salários recebidos quando exercia o cargo de secretário. Cabe recurso da decisão.



Golpe na entrega de casas pré-fabricadas
Mais uma fraude da casa pré-fabricada é alvo da Polícia Civil. Dois golpistas, de 50 e de 30 anos, foram presos nesta quinta-feira em operação deflagrada pela Delegacia Especializada na Defesa do Consumidor (Decon) do Departamento Estadual de Investigações Criminais com o objetivo de desarticular um esquema de estelionato. O crime era aplicada contra vítimas residentes em diversas cidades gaúchas, como Porto Alegre, Viamão, Santa Maria, Igrejinha, Torres, Capão da Canoa, Gravataí, Joia e Bossoroca.

➤Inquérito dos portos

Raquel denuncia Temer por corrupção e lavagem
 

Procuradora-geral da República formaliza, perante o Supremo Tribunal Federal, acusação contra o presidente da República, o coronel Lima, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, o 'homem da mala', os empresários Ricardo Mesquita e Antonio Celso Grecco e o arquiteto Carlos Alberto Costa

Na véspera do recesso do Judiciário e a 12 dias de terminar o mandato de Michel Temer, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou nesta quarta-feira, 19, denúncia contra o presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito do inquérito dos Portos, que apura se houve favorecimento a empresas do setor portuário na edição de um decreto de 2017. Esta é a terceira denúncia apresentada contra Temer pela Procuradoria desde que ele assumiu o cargo, em 2016.


Além do presidente, foram denunciados João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, amigo pessoal do presidente, Carlos Alberto Costa, sócio de Lima, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures e os empresários Antônio Grecco e Ricardo Mesquita, ambos da Rodrimar.

Para Raquel, Temer vem recebendo vantagens indevidas “há mais de 20 anos” e a “edição do Decreto dos Portos (Decreto n.º 9.048/2017) é o ato de ofício mais recente identificado, na sequência de tratativas ilícitas que perduram há décadas”.

“As investigações revelaram que as tratativas entre Michel Temer e os executivos do Grupo Rodrimar não eram pontuais nem recentes. Havia já uma relação de confiança, própria da prática sistêmica de esquemas sofisticados de corrupção, resultando daí que a função pública estava sempre à disposição, sendo que os delitos se renovavam ao longo do tempo a cada contato (promessa de vantagem, com a correlata aceitação: sinalagma delituoso)”, diz a denúncia.

De acordo com a procuradora-geral, a investigação comprovou que Temer, o coronel reformado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho e Carlos Alberto Costa (que foi sócio do coronel), “atuando de modo concertado e em unidade de desígnios desde 31/8/2016 até o momento, ocultaram valores de pelo menos R$ 32 milhões provenientes diretamente de crimes contra a administração pública praticados por membros de organização criminosa por meio de empresas de fachada”.

“Michel Temer está no epicentro deste sistema criminoso, porque é o agente político com poderio suficiente para obter benefícios para os empresários do setor portuário”, afirmou Raquel.

Para a procuradora-geral da República, ficou comprovada na apuração a longa relação estabelecida entre Temer e Antônio Grecco “sob a forma de sistema de corrupção, no padrão conta-corrente, tendo como nicho de atuação o setor portuário, especialmente o Porto de Santos, que culminou na edição do Decreto n.º 9.048/2017”.

Agência Estado

➤19/12/2018

Um dia extraordinário no mundo do crime

Percival Puggina*

Quando alguém escrever a história do submundo brasileiro, fatalmente algumas linhas serão reservadas para o ocorrido nesta quarta-feira, 19 de dezembro de 2018. Duvido que em qualquer outro momento, desde o início da ocupação e povoamento do território nacional, tenha acontecido uma decisão judicial, do tipo cumpre e não bufa, mandando soltar mais de cem mil criminosos condenados com elegância de um canetaço e magnanimidade que sequer Jesus, na cruz, sinalizou a seus discípulos através dos séculos.

 De tamanha largueza foi o gesto de Marco Aurélio Mello, conforme visto por... Marco Aurélio Mello. Um novo redentor! O resto do Brasil teve outras interpretações, sendo difícil saber qual a mais escabrosa. Revendo os fatos. Apagavam-se as luzes para o recesso judiciário e o ministro assinou a ordem que imediatamente explodiu em celebrações nos corredores de todas as penitenciárias brasileiras. Comemorações fantásticas! Abraçavam-se homicidas, barões do tráfico, chefes de quadrilha de roubo de cargas, estupradores, corruptos e corruptores, políticos e empresários da pior espécie. Todos condenados por atos criminosos com culpa reconhecida em condenações de segunda instância. No meio da tarde, parecia coisa de filme de terror. As ruas seriam invadidas pela fina flor da bandidagem. Distopia à brasileira, servida com gotas de Rivotril. Foi muito breve, mas épica, a festa da crême de la crême da criminalidade nacional.

 Indagado sobre as reações de sua decisão, o ministro afirmou que seria “um teste para a democracia e para saber se as instituições ainda são respeitadas”. É a tal coisa. Marco Aurélio Mello desrespeita três ou quatro votações e deliberações consecutivas do colegiado a que pertence e se apresenta como quem propôs um democraciômetro. Tipo pegadinha. A efetiva soberania popular e o respeito às instituições, na perspectiva de Marco Aurélio dependeriam do acatamento à ordem que ele havia exarado. “La democracia soy yo!”, talvez ponderasse, na mesma situação, aquele argentino vigarista, de bigodinho, personagem do Jô Soares. Disse mais o ministro. Afirmou que não queria encerrar o ano judiciário sem deixar resolvida a pendenga da prisão após condenação em segunda instância. Pois é. Questão com elevado interesse à mais lucrativa criminalidade nacional. Foi como se a escrivaninha do ministro estivesse encerada, polida e fechando o ano limpa como mesa de convento; as gavetas vazias, as prateleiras nuas, nenhum processo pendente de decisão, exceto essa incômoda questão que, impropriamente, obrigava às inconveniências do xadrez bandidos cujos crimes sequer estão mais em discussão.

Então, o ministro limpou a pauta e sujou a barra. Nem clorofila reabilita mais o branco de sua consciência.

Alegria de bandido rico, por vezes, dura menos do que o dinheiro pode comprar e, nem Toffoli aderiu à gandaia geral pretendida pelo ministro que arqueja sabedoria quando prodigaliza suas frases ao colegiado. A apreensiva sociedade brasileira, nesta madrugada em que escrevo, pode dormir com menos sobressaltos. Estupradores, homicidas, corruptos e corruptores, traficantes e chefões de quadrilhas de tráfico e roubo de cargas continuarão recolhidos ao xadrez. Algumas sentenças de morte, apesar de há muito juradas, não serão cumpridas. Certos crimes não serão cometidos porque seus potenciais executores continuam detidos. E iremos todos dormir devendo esta conta, justamente, ao companheiro Toffoli. Quem haveria de dizer? Quem haveria de dizer, Zé Dirceu?
  
* Percival Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.