Moro planeja
choque contra criminalidade
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Foto: Agência Brasil/Reprodução |
O futuro ministro da
Justiça, Sergio Moro, disse que pretende enviar um projeto de lei contra
corrupção, crime organizado e crimes violentos já no início do próximo ano
legislativo. Segundo ele, o projeto “está em gestação” e será uma espécie de
Plano Real contra a violência no Brasil.
“O que se quer a partir de
fevereiro é uma espécie de Plano Real contra a alta criminalidade no Brasil”,
disse, em palestra no encerramento do Simpósio Nacional de Combate à Corrupção,
realizado pela FGV Direito, no Rio, nesta sexta-feira (23).
Moro explicou que as
ideias ainda precisam ser colocadas no papel para que as possibilidades de
aprovação das propostas sejam discutidas, mas defendeu alguns pontos.
Além da proposta de
replicar o modelo de forças-tarefas focadas em combate à corrupção que, segundo
ele, precisa ser perseguido e depende de autorização legislativa, defendeu
mudanças pontuais no processo de investigação criminal.
“Muitas vezes, na
investigação criminal, no processo penal, existem pontos de estrangulamento.
Pequenas alterações podem fazer grande diferença”, afirmou.
O futuro ministro do
governo Jair Bolsonaro também defendeu a proibição da progressão de regime de
penas para presos que pertencem a organizações criminosas. Ele lembrou que a
progressão visa ressocialização, que dificilmente acontece com os apenados
ligados a essas facções. “Isso vai servir como desestímulo ao ingresso nessas
organizações”, disse.
Para Moro, essa é uma
mudança “simples”. Ele pretende ainda vincular a progressão ao tipo de crime e
regular melhor a comunicação de presos nas cadeias federais. Defendeu ainda
regular as operações de policiais disfarçados, como acontece em outros países.
“Quem sabe iniciamos um
círculo virtuoso? Temos a crença de que alguns problemas são permanentes do
País, quase como doenças tropicais, e que não podemos fazer nada. Isso tudo é
falso”, completou.
O futuro ministro da
Justiça afirmou que a corrupção é uma “tradição que sempre pode retornar”,
apesar de figuras importantes hoje responderem por seus atos em um contexto sem
precedentes na história. “Aparentemente há um rompimento de impunidade, mas é
uma tradição que sempre pode retornar”, disse.
O ex-juiz da Lava Jato
defendeu que os órgãos de controle e os órgãos de investigação que
eventualmente assumem esse papel “atuem com independência” e garantiu que não
irá interferir.
“Qualquer ideia de interferência indevida não virá do
ministério”, afirmou. “O papel do Estado é dar a esses órgãos as condições de
realizar essas investigações”, completou.
Ao responder a última
pergunta do evento, Moro prometeu dar prioridade aos bancos de perfil genético
que, segundo ele, não vinham sendo desenvolvidos por razões ideológicas. “É um
sistema que existe em vários lugares, mas que não vinha sendo adequadamente
tratado com base na suposição de que violava direitos fundamentais dos presos”,
explicou.
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Moro e Witzel - Foto:Reprodução |
Sergio Moro afirmou que
“não parece” que a proposta do governador eleito do Rio, Wilson Witzel, seja
matar suspeitos de crimes sem o devido processo legal. Durante a campanha,
Witzel defendeu a morte de pessoas que portem fuzis pelas forças policiais.
O ex-juiz da Lava Jato
chegou ao evento no Rio ao lado de Witzel. Questionado por um jornalista sobre
sua opinião sobre a proposta de se criar uma “lei do abate”, Moro, após sorrir
para Witzel, respondeu: “não parece que a proposta seja essa, mas nem existe
lei com esse nome.”
Depois de eleito, Witzel
reafirmou as promessas feitas durante a campanha. “Se for um ato em confronto,
em que o policial está acobertado por uma excludente de ilicitude, não é
homicídio, é morte em combate”, disse ele, que também é ex-juiz, eximindo-se de
eventual responsabilidade caso um desses atirador seja processado por
homicídio. “Não vai cair no meu colo nada. Vai cair no colo do Estado. O Estado
tem de entender que tipo de segurança pública quer.”
Gazeta do Povo