segunda-feira, 29 de outubro de 2018

➤Ministérios

O time de Bolsonaro


Jair Bolsonaro confirmou até agora apenas três futuros ministros: o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-DF), articulador político da candidatura, na Casa Civil; o economista Paulo Guedes, na Fazenda; e o general da reserva do Exército Augusto Heleno, no Ministério da Defesa. O presidente eleito se comprometeu a ocupar o alto escalão de sua administração com nomes técnicos e sem compromisso de agradar partidos aliados. Por outro lado, se cercou de aliados e consultores em diversas áreas que passaram, automaticamente, a serem cotados para ministros.

ONYX LORENZONI
O deputado gaúcho, futuro ministro da Casa Civil, foi o responsável por construir a estrutura de apoio político à campanha. Rígido e pouco aberto a concessões, enfrenta resistências no Congresso após ter sido criticado ao relatar projeto de medidas contra a corrupção em 2016. Depois, confessou a prática de caixa dois e submergiu.

AUGUSTO HELENO
General da reserva, será ministro da Defesa. Respeitado nas Forças Armadas, foi o primeiro comandante das tropas brasileiras no Haiti e é conselheiro de Bolsonaro sobre segurança pública. Heleno é próximo dos principais líderes da caserna e, na campanha, foi o responsável pela atração de técnicos que tocaram as propostas do plano de governo.

PAULO GUEDES
Ciente das limitações de seu conhecimento sobre economia, Jair Bolsonaro destacou durante a campanha que consultaria Paulo Guedes, seu "posto Ipiranga", para tomar decisões na área. O economista foi anunciado como a escolha do político do PSL para assumir o ministério da Fazenda. Em entrevista após a confirmação da eleição, Guedes ressaltou que o Mercosul "não será prioridade". Ele ressaltou, durante a campanha, que o projeto econômico do governo passará pelo comércio "sem viés ideológico" e por uma agenda de privatizações.

GUSTAVO BEBIANO
Presidente do PSL, o advogado carioca é cotado para o Ministério da Justiça, porém a relação de confiança com Bolsonaro pode levá-lo à Secretaria-Geral da Presidência. Bebianno articulou as negociações para a ida do presidente eleito para o PSL. O estilo controlador lhe rendeu desafetos entre aliados e até ciúme por parte dos filhos de Bolsonaro.

OSVALDO FERREIRA
General da reserva, comandou a área de Engenharia no Exército e foi levado por Heleno para o círculo de Bolsonaro. Esteve à frente do trabalho realizado pelo grupo de Brasília para o plano de governo. É apontado como provável titular de uma pasta na área de Infraestrutura. Ferreira, porém, diz não ter desejo de ocupar um ministério.

MAGNO MALTA
Recusou a vaga de vice-presidente para tentar reeleição ao Senado no Espírito Santo. Sua derrota foi em parte atribuída à dedicação à campanha de Bolsonaro, com viagens até as vésperas da eleição. Um dos poucos com acesso livre à casa de Bolsonaro e ao hospital durante a internação, tem a confiança do presidente eleito e terá espaço no governo.

MARCOS PONTES
Único brasileiro a participar de uma missão aeroespacial, em 2006, o tenente-coronel da reserva Marcos Pontes é o provável ministro de Ciência e Tecnologia. Filiado ao PSL, foi eleito suplente do senador Major Olímpio (PSL). Pontes deixou a Aeronáutica após a missão espacial, chegou a ir para o PSB e tentar sem sucesso vaga na Câmara em 2014.

NELSON TEICH
Consultor da campanha na área de Saúde, é um dos assessores mais discretos. Oncologista e empresário do setor de saúde, chegou à campanha por meio do economista Paulo Guedes e ganhou espaço. Além de Teich, o diretor do hospital de Câncer de Barretos, Henrique Prata, é outro nome cogitado para ser ministro da Saúde.

STRAVOS XANTOPHOYLOS
Ex-diretor da área de cursos on-line da FGV, o professor defende a educação à distância (EAD) até mesmo para o ensino fundamental. É contra o sistema de cotas. Outro cotado para a Educação é o general Aléssio Ribeiro Souto, que defende a revisão bibliográfica e curricular, segundo ele, para evitar o ensino partidarizado.

LUIZ ANTONIO NABHAN GARCIA
Presidente da União Democrática Ruralista, é um dos conselheiros do presidente eleito para o agronegócio. É o autor da proposta de unir os ministérios da Agricultura com o do Meio Ambiente. Bolsonaro encampou a ideia, mas, após críticas, voltou atrás. Disputa com indicações da Frente Parlamentar da Agropecuária o Ministério da Agricultura.

PAULO MARINHO
O empresário ajudou na interlocução da campanha com jornalistas e empresários. Sua casa virou escritório para a produção dos programas de TV e cenário para entrevistas do candidato. Nega que ocupará cargo no governo, mas poderá atuar como conselheiro na área de comunicação. É suplente do senador eleito Flávio Bolsonaro.

HUMBERTO MOURÃO
Vice-presidente eleito, o general da reserva contornou resistências a Bolsonaro nas Forças Armadas e manteve a interlocução privilegiada mesmo diante das seguidas polêmicas em que se envolveu, como a crítica ao 13º salário. Mourão garante que não será um vice decorativo e pediu a instalação de uma sala próxima ao gabinete presidencial.

O Globo

➤ELEIÇÕES

Relação dos governadores  eleitos no Brasil:

1º TURNO

ACRE - GLADSON CAVELI – PP

ALAGOAS  - RENAN FILHO – MDB

BAHIA – RUI COSTA – PT

CEARÁ – CAMILO SANTANA – PT

ESPÍRITO SANTO – RENATO CASAGRANDE – PSB

GOIÁS – RONALDO CAIADO – DEM

MARANHÃO – FLÁVIO DINO – PCdoB

MATO GROSSO – MAURO MENDES – DEM

PARAÍBA – JOÃO AZEV EDO – PSB

PERNAMBUCO – PAULO CÂMARA – PSB

PIAUI – WELLINGTON DIAS – PT

PARANÁ – RATINHO  JÚNIOR – PSD

TOCANTINS – MAURO CARLESE – PHS

2º TURNO

AMAZONAS – WILSON LIMA – PSC

AMAPÁ – WALDEZ GOÉS – PDT

DISTRITO FEDERAL – IBANEIS ROCHA – MDB

MINAS GERAIS – ROMEU ZEMA – NOVO

MATO GROSSO DO SUL – REINALDO AZAMBUJA – PSDB

PARÁ – HELDER BARBALHO – MDB

RIO DE JANEIRO – WILSON WITZEL – PSC

RIO GRANDE DO NORTE – FÁTIMA BEZERRA – PT

RIO GRANDE DO SUL – EDUARDO LEITE – PSDB

RONDÔNIA – CORONEL MARCOS ROCHA – PSL

RORAIMA – ANTÔNIO DENARION – PSL

SANTA CATARINA – COMANDANTE MOISÉS – PSL

SÃO PAULO – JOÃO DÓRIA – PSDB

SERGIPE – BELIVALDO CHAGAS - PSD

➤ANÁLISE

No mano a mano, Bolsonaro supera Lula


Luiz Inácio Lula da Silva foi suplantado por Jair Bolsonaro neste domingo. Esta é a grande fotografia que fica do resultado do segundo turno. Fernando Haddad sempre foi um dublê de corpo numa eleição que desde cedo se tornou plebiscitária entre o lulismo e o antilulismo.

Condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, preso desde abril, Lula achou que ditaria, da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o resultado da eleição. Seu peso na política brasileira foi suficiente para levar Haddad ao segundo turno, contra o adversário que ele escolheu lá atrás e que achou que era inelegível, dada a alta rejeição que tinha.

Bolsonaro fez aposta semelhante, com sinal trocado. Enxergou o fastio com o PT ainda antes do impeachment de Dilma Rousseff, e soube semear este campo com discurso radical que escanteou o PSDB e tirou do partido o papel de polo opositor ao petismo, que ocupava havia mais de duas décadas.

A maioria do eleitorado brasileiro comprou o discurso de Bolsonaro, o mesmo que choca a outra quase metade que não o sufragou. O resultado dessa guinada é a eleição do primeiro presidente assumidamente de direita desde Fernando Collor – que, embora tenha feito campanha prometendo abertura econômica, não tinha cores tão acentuadas de conservadorismo nos costumes, nem uma contraposição ideológica tão nítida.

A guinada é mais ampla que a eleição de Bolsonaro: o novo Congresso e o comando dos principais Estados também penderam para a direita. Isso terá reflexos nas principais decisões econômicas e na pauta de segurança e dos costumes que o futuro presidente vai endereçar.

Por fim, se coloca a dúvida quanto ao respeito do eleito à democracia e às instituições. Em seu primeiro discurso escrito depois de eleito, Bolsonaro fez um aceno à conciliação ao dizer que governará para todos os brasileiros, mencionou inúmeras vezes a palavra “liberdade” e falou com todas as letras que fará reformas para recuperar a grave situação fiscal que encontrará. É um começo auspicioso, pois o candidato, ao longo da campanha, deu margem para dúvida quanto a esses compromissos – que ele categorizou como “promessa”.

Vera Magalhães - Estadão

➤É COMO EU PENSO!

Entre o ódio e a arrogância!


Foram muitos dias ouvindo e lendo comentários sobre o ódio. Alguns definiram que a eleição no Brasil estava pautada pelo ódio ao PT e o fascismo de Bolsonaro. Criou-se a ideia de que desejar mudar, tirando do poder uma forma populista de governar sob o domínio da corrupção e da mentira, da roubalheira, do uso da máquina e do dinheiro público, era demonstração de fascismo e nazismo.

Durante toda a campanha do segundo turno, o que se viu, leu e ouviu, foi um discurso de guerra, de intolerância, de ameaças. Não votar em Haddad era ódio ao seu partido. Votar em Bolsonaro era apoiar a truculência, o racismo, a homofobia, a tortura e o fim da democracia.

Instalou-se um quadro de guerra entre amigos, familiares, pessoas inteligentes, algumas, outras nem tanto, que resultaram em conflitos, discussões ferrenhas, cada um tentando impor sua maneira de pensar e acreditando em suas próprias palavras e maneira de ser.

Por mais de uma vez escrevi que jamais tive ódio de alguém ou de alguma coisa. Que ódio é uma palavra muito forte e que não cabe no coração da maioria das pessoas, a não ser daquelas que tentam transferir seus problemas, suas decepções, para terceiros, seja lá quem for.  É bem mais fácil jogar a culpa nos outros quando, na verdade, somos os verdadeiros culpados. Repito que nunca tive ódio de ninguém, mesmo daqueles que, de alguma forma, me prejudicaram, me trouxeram problemas. Como diria Mário Quintana, “eles passarão, eu passarinho”.

O que se estabeleceu no segundo turno da eleição, foi o desejo da maioria de mudar o que está ocorrendo no Brasil. Depois de quase 15 anos de um único partido no poder, o brasileiro cansou de tanta corrupção, de tanta promessa não cumprida, de tanta mentira, de tanto apoio a regimes ditatoriais, inclusive com o dinheiro suado da gente, tudo pela ânsia de manter nas mãos o governo, a qualquer custo.

A arrogância de quem se considerava dono do Brasil, acabou criando a figura de Bolsonaro que, de uma hora para outra, passou a ser a bandeira da esperança para alguns. Desde que se lançou candidato, Bolsonaro foi se transformando no calcanhar de Aquiles dos que, sem outros argumentos, desesperados com a intransigência de um condenado que se julga todo poderoso, criaram a cultura do ódio. Não fosse a insistência de Lula em se manter ‘candidato’ até a última hora, mesmo sabendo que jamais passaria pelo TSE, quem sabe o resultado fosse diferente. Demorou para lançar Haddad e acabou derrotando seu próprio projeto.

Ontem, depois da eleição de Bolsonaro, assisti ao discurso do candidato derrotado. Ao lado dos mesmos de sempre, Haddad foi o próprio representante da arrogância, da intransigência que caracteriza seu partido. Falou em ser oposição, criticou o que pensa que vai acontecer e, para culminar, não teve a educação, o bom senso de fazer o que todo o derrotado faz, ou seja, cumprimentar o vencedor. Haddad, naquele momento, representou o que fez com que o brasileiro decidisse tomar outro rumo. O ódio pregado por quem defendeu a candidatura petista foi destilado com toda a força por Fernando Haddad. Ali ele mostrou quem é. Um político rancoroso,  triste e magoado enquanto o Brasil comemorava a vitória de Bolsonaro.

É como eu penso!

Machado Filho