quinta-feira, 16 de agosto de 2018

➤BOA NOITE!

SEMANA DAS ITALIANAS
LAURA PAUSINI
LA SOLITUDINE




➤Ricardo Noblat

Contagem regressiva para o fim de uma farsa

Foto: VEJA/Reprodução
Embora não admita, e muito menos possa fazê-lo, a essa altura só resta ao PT torcer para que a Justiça Eleitoral recuse o mais rápido possível o pedido de registro da candidatura de Lula a presidente da República. Assim Fernando Haddad poderá tirar a falsa máscara de vice e tentar recuperar o tempo perdido como o candidato a presidente que é, e que por enquanto está impedido de ser para não afrontar os superiores interesses do seu partido.

Consumou-se, ontem, o último significativo ato da farsa “Lula presidente”, em cartaz desde a queda da ex-presidente Dilma Rousseff há quase dois anos. Na conta inflada do PT, entre 30 mil e 50 mil pessoas de todos os cantos do país marcharam sobre Brasília para exigir da Justiça que aceite o pedido de registro da candidatura de Lula. Desinflado, o número dos que marcharam não passaria de 20 mil, e a origem deles seria o Centro-Oeste.

Bons tempos àqueles onde o PT pôde anunciar sem contestação que reunira 100 mil pessoas em Brasília para pedir o impeachment do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Na época, o impeachment não era golpe, era um simples artigo da Constituição. Continua sendo, mas mudou de nome na boca dos petistas para ser usado como munição pesada contra seus adversários de ocasião. Os inimigos de ontem poderão ser os amigos de amanhã.

Quando quer ser rápida, a Justiça consegue. Na maioria das vezes é lenta porque simplesmente prefere ser, não por excesso de trabalho. Em momento algum de sua história, salvo os períodos ditatoriais de triste memória vividos pelo país, a Justiça foi tão desafiada, tão agredida, tão confrontada por um partido e o seu líder como tem sido desde que Lula se viu a um passo da prisão, e o PT na iminência de perder seu guia imortal.

Se coubesse à Justiça alimentar em certas horas o sentimento de vingança, esta seria a melhor para dar o troco em Lula e no PT. E sem que se pudesse culpá-la por coisa alguma. Bastaria que demorasse em negar o pedido de registro da candidatura de Lula. E que deixasse preguiçosamente para fazê-lo em data próxima a 17 de setembro, de modo a evitar que a foto dele Lula fosse como se diz “inseminada” na urna eletrônica.

Até lá, de vice Haddad não passaria e como vice obrigatoriamente seria tratado por seus devotos. Um vice à falta de uma cabeça – mas fazer o quê? Somente nessa condição ele poderia protagonizar a propaganda eleitoral do PT no rádio e na televisão. E o partido, ainda sem um candidato a presidente registrado, correria o risco de perder parte do seu tempo de propaganda. Seria o pior dos mundos para o partido, convenhamos, mas para o país não seria bom.

O melhor é que a Justiça cumpra com o seu dever sem demora, e que impeça prejuízos maiores à realização da eleição marcada para 7 de outubro próximo. Chega de a eleição continuar sequestrada por um condenado e preso há mais de 120 dias em Curitiba, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Basta de trapaças jurídicas que só servem paras pôr em dúvida o que está escrito na lei. Fora com o que possa tumultuar ainda mais o futuro do país.

Portal VEJA

➤Análise:


Um fato que não corresponde aos fatos

Marcelo de Moraes

Já se passaram mais de quatro meses da prisão de Lula, mas o comando do PT, teleguiado pelo ex-presidente, tenta criar uma realidade paralela, onde Lula pode ser candidato ao Planalto, apesar de seu caso claramente se enquadrar na Lei da Ficha Limpa. Ou seja, está inelegível. Mais grave ainda é omitir no registro da candidatura aquilo que todo o mundo já sabe: Lula foi condenado e está preso.

Não é preciso ser gênio para ver que o PT segue roteiro elaborado para tentar estabelecer, até quando der, a dúvida na cabeça dos eleitores e levar adiante a tese da perseguição política. Querem transformar em fato algo que não corresponde aos fatos. O fato que existe é que Lula está preso, depois de ser condenado em 2.ª instância.

O ato político desta quarta-feira, 15, em Brasília, foi apenas mais um lance no oba-oba que o PT vem mantendo para preservar a força política de Lula. Como estratégia tem servido para mobilizar o partido. O problema é que poderá custar o preço de inviabilizar a candidatura de um substituto. Afinal, haverá tempo suficiente para tornar Fernando Haddad conhecido dos eleitores e captar a transferência de quem votaria em Lula?

Dirigentes petistas transformaram uma formalidade eleitoral – o registro de uma candidatura que deverá ser barrada – numa cortina de fumaça política. É o mesmo script que vêm cumprindo desde que perceberam que Lula não conseguiria escapar da condenação na Lava Jato

Portal Estadão, em 16/08/2018

➤OPINIÃO

Futuro jogado fora


É muito oportuna a pesquisa do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) segundo a qual seis em cada dez crianças e adolescentes brasileiros até 17 anos vivem na pobreza. A vergonhosa estatística, com base em dados de 2015, escancara o tamanho da falácia lulopetista, repetida exaustivamente pelo departamento de agitação e propaganda do PT, segundo a qual no tempo em que Lula da Silva e Dilma Rousseff presidiram o Brasil trinta e tantos milhões de pessoas deixaram de ser miseráveis, por obra e graça do “pai dos pobres” ora recolhido à carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

O critério usado pelo Unicef para mensurar o alcance da pobreza entre crianças e adolescentes no Brasil leva em conta não somente a renda, mas também a qualidade do acesso dessas pessoas à infraestrutura e aos serviços públicos necessários para seu desenvolvimento, como educação e saneamento básico, além de moradia decente, proteção contra o trabalho infantil e acesso à informação.

Assim, o quadro apresentado pelo levantamento mostra o quanto é questionável a propaganda de Lula da Silva a respeito de seus feitos na Presidência. Levando-se em consideração apenas a renda, o estudo mostra que de fato houve melhora na última década, provavelmente como resultado da política de distribuição forçada de renda – da qual o Bolsa Família é o exemplo mais vistoso nos palanques petistas. No entanto, corretamente, o Unicef considera que não basta atingir um certo nível de renda para que se possa considerar satisfatório o combate à pobreza. “Os resultados mostram que a pobreza monetária na infância e na adolescência foi reduzida no Brasil na última década, mas as múltiplas privações a que meninas e meninos estão sujeitos não diminuíram na mesma proporção”, diz a pesquisa.

Utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2015, o Unicef concluiu que 61% das crianças e adolescentes do País são pobres, quer porque estejam em famílias com renda insuficiente, quer porque sofrem diversas privações – ou uma combinação entre as duas situações, o que é ainda mais dramático.

São 18 milhões de crianças e adolescentes que vivem em famílias com renda insuficiente, dos quais 12 milhões também não têm acesso à infraestrutura e aos serviços sem os quais terão enorme dificuldade para se desenvolver. Outros 14 milhões até dispõem de renda considerada suficiente, mas sofrem privações múltiplas em outros aspectos essenciais.

A privação que mais afeta as crianças pobres brasileiras é a de saneamento básico, que atinge 13,3 milhões de pessoas. Em seguida vêm educação (8,8 milhões), água tratada (7,6 milhões), acesso à informação (6,8 milhões), moradia adequada (5,9 milhões) e proteção contra o trabalho infantil (2,5 milhões).

Há gradações em cada um desses aspectos. No caso de educação, por exemplo, é considerada “sem privação” a criança em idade escolar que frequenta escola sem atraso e sabe ler e escrever. Já a “privação intermediária” é aquela em que a criança acima de 7 anos de idade frequenta a escola com atraso e é analfabeta. E a “privação extrema” é aquela em que a criança acima de 7 anos não vai à escola nem é alfabetizada. Passa de 20% o total de crianças que estão em alguma dessas categorias de privação.

Em relação ao saneamento básico, 21,9% das crianças e adolescentes moram em casas onde há apenas fossas rudimentares ou esgoto sem tratamento. São mais de 13 milhões de brasileiros jovens vivendo em condições insalubres, majoritariamente no Norte e no Nordeste.

Tudo isso poderia ter sido ao menos atenuado nos mais de dez anos em que o PT esteve no poder, mas Lula da Silva preferiu o caminho fácil da demagogia de “dar dinheiro na mão de pobre”, que é como o ex-presidente costuma descrever suas políticas assistencialistas. Como mostrou o estudo do Unicef, essas políticas serviram apenas para mascarar a pobreza, iludir os tolos e render muitos votos ao hoje presidiário de Curitiba. Enquanto isso, o País vê toda uma geração ser condenada ao subdesenvolvimento.

Portal Estadão, em 16/08/2018

➤Registro de Lula

PT omite sua condenação criminal


PT registrou na tarde desta quarta-feira, 15, no último dia do prazo, a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto nas eleições 2018 sem informar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex, imposta pela Justiça Federal no Paraná e confirmada no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). Antes mesmo de o edital com o nome dos candidatos ser publicado pelo TSE, a procuradora-geral eleitoral, Raquel Dodge, entrou com impugnação da candidatura do petista. Ela pede a rejeição liminar do requerimento, o que pode acelerar a decisão sobre o caso.

Sorteado relator, o ministro Luís Roberto Barroso, vice-presidente do TSE, vai analisar o pedido. A inscrição da candidatura é a última formalização na Justiça Eleitoral antes do início da campanha, que começa nesta quinta-feira, 16.

Ao fazer o registro, o candidato tem de apresentar documento da Justiça de seu domicílio eleitoral certificando que ele não tem pendências criminais. Como Lula tem domicílio eleitoral em São Paulo, as quatro certidões criminais apresentadas ao TSE não incluem a condenação em Curitiba, depois confirmada pelo TRF-4 em Porto Alegre, ambas no âmbito da Justiça Federal.

Com a sentença na Lava Jato, Lula, preso desde 7 de abril, está potencialmente enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis condenados por órgão colegiado. Para Raquel, Lula não é elegível, o que “impede que ele seja tratado juridicamente como candidato e que a candidatura seja considerada sub judice ou a pretender o financiamento de sua candidatura com recursos públicos”.

O ex-prefeito Fernando Haddad foi registrado como vice e pode assumir a cabeça da chapa se Lula for impugnado. No registro, o petista declarou patrimônio de R$ 7,9 milhões. A Corte recebeu o registro de 13 presidenciáveis e tem até 17 de setembro para analisá-los.

A insistência do PT em lançar Lula faz com que a disputa comece judicializada. Barroso sinalizou que pretende dar celeridade à análise do registro, frustrando expectativa de petistas que esperavam manter o nome de Lula como candidato pelo menos até o início do horário eleitoral na TV, em 31 de agosto.

Nesta quarta-feira mesmo o PT contestou no TSE a escolha de Barroso para a relatoria do caso. Para dirigentes, o ministro é “linha-dura” e a escolha é “péssima”. Em nota divulgada à noite, porém, advogados de Lula disseram não ter “objeção” ao ministro.

Mais cedo, os candidatos a deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), do Movimento Brasil Livre (MBL), e Alexandre Frota (PSL-SP) também entraram com ação no TSE para barrar a candidatura do ex-presidente. A presidente do TSE, Rosa Weber, e o ministro Admar Gonzaga já disseram que, em tese, o relator pode rejeitar “de ofício” (sem que haja questionamento) o registro de um candidato, indicando celeridade na análise dos pedidos.

A partir desta quinta-feira, o PT deve enviar todos os pedidos de entrevistas, gravações e participações em debates para o TSE, e não mais para a Vara de Execuções de Curitiba, onde Lula está preso, que negou todas as demandas do partido.

Haddad, após protocolar o registro, participou de ato, em frente ao TSE, em que leu uma carta de Lula. 

Agência Estado