Os ativos do Brasil
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Foto:Facebook/Reprodução |
Amanhecer no Brasil é
sentir o peso da crise prolongada e se perguntar: o Brasil tem jeito? Dá para
apostar no futuro do Brasil?
Uma percepção mais clara
exige ir além da conjuntura e olhar o Brasil em perspectiva ao longo das sete
últimas décadas. Às vésperas das eleições, é possível contrapor ativos aos
passivos que tanto nos angustiam.
O primeiro ativo completa
trinta anos – a Constituição Federal de 1988 – que estabeleceu os marcos legais
e institucionais de democracia política. Na superfície, os defeitos da
democracia saltam aos olhos; na profundidade, as virtudes da democracia
respondem com flexibilidade, resiliência, capacidade de adaptação e garantem a
emergência da autonomia individual inserida no espaço público da cidadania.
Testada em vários momentos, a democracia brasileira será submetida à tentação
populista e autocrática.
De outra parte, o país fez
uma opção pela economia de mercado. Lamentavelmente, o capitalismo de laços e o
patrimonialismo capturaram o estado brasileiro. Estamos pagando um preço alto.
Ainda assim, há um Brasil que dá certo: é o que trabalha mais do que pode
frente a um que pode mais do que trabalha. A economia de mercado e a livre
iniciativa são ativos que precisam de mais Brasil e menos Brasília.
Segue-se o paradoxo da
décima economia mundial: uma economia grande e um país injusto. Transformar
este passivo em ativo requer a convergência de políticas públicas permeadas por
uma educação de qualidade em todos níveis e com os olhos voltados para as
transformações do século XXI.
Outro ativo é fazer valer
o primado da igualdade de todos perante a lei. Estamos no caminho. Passos
largos foram dados na construção de uma ética pública que vai além da ética na
política; que não se constitui, apenas por meio regras e sentenças judiciais no
combate à corrupção e à impunidade, mas que se consolida numa cultura punitiva
a toda e qualquer transgressão.
Cabe, por fim, uma palavra
sobre o protagonismo brasileiro na perspectiva ambiental. Os fatores que
respondem por uma economia de baixo carbono fazem parte dos nossos recursos
naturais. É preciso um grande esforço de incompetência governamental para não
assegurar sustentabilidade ao desenvolvimento econômico. Sem descambar para o
ufanismo dos “risonhos e lindos campos”, basta olhar para o sol e os ventos de
um nordeste renovável pelo conceito de uma matriz energética limpa.
Democracia, livre
iniciativa, equidade social, ética e sustentabilidade são os pilares das nações
desenvolvidas.
*Gustavo Krause é
ex-ministro da Fazenda