sexta-feira, 10 de agosto de 2018

➤BOA NOITE!

SEMANA DOS SERESTEIROS
LUPICÍNIO RODRIGUES
LOUCURA


➤OPINIÃO

Ela é ‘sua’, pode matar

Eliane Cantanhêde


Uma das cenas mais chocantes, e revoltantes, dos últimos tempos foi aquele assassino do Paraná espancando a própria mulher dentro do elevador do prédio onde moravam. Ele agredia a moça, uma advogada jovem e linda, sem ao menos franzir a testa. A expressão dele não era de ódio, era de poder. Como se esmurrasse uma coisa, um saco de batatas.

Trata-se de um casal de classe média alta, bonito, com curso superior, e o crime foi com requintes de crueldade, terminando com a queda da moça pela janela. Assim, a história ganhou enorme repercussão. Mas foi só mais uma, numa rotina de violência que atinge as mulheres de todas as classes sociais, em todas as regiões.

Segundo o anuário da violência, divulgado ontem, 2017 registrou um recorde de assassinatos no País, com impressionantes sete mortes de homens e mulheres por hora. Por hora! Mas os dados sobre as vítimas mulheres têm um lado particularmente assustador.

Foram 221 mil casos de violência doméstica no ano, 60 mil estupros e 4,5 mil assassinatos. O que que é isso, minha gente? Estão tratando as mulheres como coisa para usufruir e jogar fora a qualquer hora! E justamente quando a Lei Maria da Penha – um marco no combate à violência contra a mulher – completa 12 anos. Como “comemoração”, vimos, além do crime bárbaro e nojento do Paraná, uma onda de feminicídios e o cotidiano de mortandade de mulheres no Rio, nas demais capitais e no interior do País afora. Eles espancam, estupram, esfaqueiam e atiram em mulheres por serem mulheres. Em Brasília, um policial matou a mulher com um tiro na cara na casa da mãe dela, deixando órfãs duas filhas, de 11 e 8 anos. Outro assassino atirou a companheira pela janela. É como se esses homens se sentissem no direito de decidir sobre a vida e a morte da “sua” mulher. Logo, é uma doença não de um indivíduo, mas de uma sociedade inteira, com o Estado impassível – ou simplesmente impotente. Não se sabe o que é pior.

Mas, duro mesmo, é a complacência da própria sociedade. Não sai da minha cabeça como nenhum vizinho, vizinha, porteiro, ninguém ouviu os gritos de desespero da Tatiane Spitzner? Ela apanhou no carro, entrando no prédio, dentro do elevador, tentou escapar num andar, foi empurrada no seu próprio andar. E ninguém percebeu ou ouviu em nenhum minuto?

Há poucos anos, eu estava no salão quando a cabeleireira chamou a secretária: “Olha! Ele está dando nela de novo!”. A sequência de sopapos e chutes, num quarto do outro lado da rua, era acompanhada com uma espécie de torcida: “Ih! Agora foi na cara”, “Caiu, ela caiu!”. Ficaram as duas se distraindo com a cena, enquanto as clientes olhavam placidamente, lavavam as mãos.

Diante da minha perplexidade, reagiram com duas máximas que rondam a sociedade: 1) “Eu não vou me meter em briga da marido e mulher”; 2) “Se ela vive apanhando e continua com ele é porque gosta”.

E o Disque Mulher do DF e nacional? Não serviram para nada. Um simplesmente não atendeu, apesar de mais de uma hora de tentativas. No outro, a atendente queria saber o nome do agressor, o nome da vítima... que ninguém tinha. A má vontade era evidente, gritante.

Lá pelas tantas, apareceram dois policiais com ar de enfado, como se aquilo não fosse nada demais. Subiram, ninguém atendeu e eles foram embora. Simples assim. No dia seguinte, o casal sumiu. E aquela moça certamente vai engrossar as estatísticas de assassinatos. Se é que já não engrossa, como indigente.

Bem, em época de eleições, é urgente discutir economia, governabilidade, princípios. Mas não discutir a guerra urbana, a violência, a saúde, a educação e a mortandade das mulheres é jogar fora uma grande oportunidade. E manter tudo como está.

Portal Estadão, em 10/08/2018

➤Ricardo Noblat

Por que não te calas, Gleisi?


Lula mandou Gleisi Hoffmann, presidente do PT, calar a boca. Ela já falou demais por ele desde que Lula foi preso há mais de 120 dias. Passou os recados mandados pelo chefe, mas também disse grossas besteiras. Lula aproveitou as visitas que recebeu ontem para avisar: doravante, Fernando Haddad, seu vice, é o porta-voz dele, a voz dele, as pernas dele, falará em nome dele e o representará em viagens pelo país obedecendo às suas ordens.

A paciência de Haddad com Gleisi estava quase se esgotando. Segundo o que ele contou a amigos, Gleisi manobrou o que pode para ganhar a vice de Lula. Fez intrigas, dificultou sua aceitação pelo PT e manipulou as vontades expressas por Lula. Mesmo depois de Haddad ter sido oficialmente indicado para vice, Gleisi continuou procedendo assim. Lula soube. E não gostou. Haddad não descarta a hipótese de que ela siga lhe criando problemas.

Portal VEJA

➤BR 290 e BR 116

Concepa consegue liminar para retomar concessões


Em decisão liminar, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, deferiu pedido realizado pela concessionária Triunfo Concepa para restabelecer o contrato de concessão para operação dos trechos das BR-290 e BR-116 (RS). A decisão é válida até que sejam apreciados administrativamente os pleitos de reequilíbrio econômico-financeiro em análise pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A decisão foi tomada em 8 de agosto, mas veio a público nesta quinta-feira.

DNIT e EGR estão em discussões sobre a gestão das rodovias até que nova licitação seja feita para assumir o lugar da Concepa.

Em comunicado a acionistas na quinta-feira, a Concepa destacou a necessidade de remuneração pelos investimentos realizados na modernização do vão móvel da Ponte do Guaíba e na operação especial para uso do acostamento como faixa adicional de tráfego. Na ação, a empresa exigiu "recomposição do efeito da supressão dos valores de receitas comerciais alternativas da tarifa de pedágio".

O comunicado observou ainda que a Concepa tem desequilíbrios pendentes desde 2003 e ressalta que o "valor de tais desequilíbrios e a forma de reequilibrá-los serão determinados e implantados após serem apreciados pela ANTT.

No informe, a concessionária salientou que, caso não concorde com a avaliação, poderá recorrer judicialmente a fim de ver garantidos seus direitos.

Portal Correio do Povo

➤ANÁLISE:

Só Bolsonaro teve estratégia 

Marcelo de Moraes


Com os candidatos disputando migalhas de tempo para falar, é quase um devaneio achar ser possível aprofundar discussões nesse tipo de debate a ponto de mudar o voto de algum eleitor. Mesmo veteranos em eleições presidenciais como Marina Silva, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin não conseguiram superar a superficialidade nos temas tratados.

Apenas um candidato mostrou ter uma tática definida para usar no debate da Band. Jair Bolsonaro aproveitou a ocasião para exibir um figurino diferente. Sem gritar (muito), fugindo de provocações e fazendo observações ponderadas, Bolsonaro foi para o programa claramente tentando transmitir o recado que não é um desequilibrado, sem condições de governar o País.

O candidato do PSL foi até mais longe, fazendo surpreendente tabelinhas com o senador Alvaro Dias, elogiando sua preocupação em abrir “a caixa preta” do BNDES, e com Cabo Daciolo, do Patriota. Bolsonaro parece, inclusive, já estar mirando numa potencial aliança para o segundo turno. Chegou ainda a trocar ideias de forma civilizada e bem humorada com Ciro Gomes, outro candidato famoso pelo pavio curto.

Em vantagem nas pesquisas nos cenários em que Lula não é incluído, Bolsonaro saiu do debate sem desgastar esse patrimônio. Uma recompensa para o único candidato que parece ter entendido que tipo de vantagem poderia tirar desse modelo de discussão.

Não é pouca coisa, considerando o elevado número de eleitores indecisos que não sabem sequer se votarão em alguém. Mas Bolsonaro sabe que ainda precisa melhorar muito sua imagem. Ele é constantemente acusado de ser racista, machista e homofóbico, como Guilherme Boulos, do PSOL, lhe jogou na cara logo na abertura do debate.

Para os outros candidatos, sobrou a lição de que precisam chegar aos debates com algum tipo de plano. Falar por falar se torna mero ruído para quem está do outro lado da tela acompanhando o programa. Sempre é bom lembrar que a corrida presidencial é curta. Faltam menos de dois meses para a eleição. Chances desperdiçadas não reaparecerão.

Portal Estadão, em 10/08/2018

➤Debate presidencial

Temas: Corrupção, economia e contas públicas


Após quatro anos marcados pela Operação Lava Jato e pela crise econômica no Brasil, o primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República nas eleições de 2018 foi marcado por discussões, entre outros temas, sobre corrupção, economia e a gestão das contas públicas.

Candidato mais escolhido pelos adversários para responder perguntas, Geraldo Alckmin (PSDB) foi criticado pela aliança com o grupo de partidos conhecido como Centrão e respondeu alegando a necessidade de buscar “governabilidade”. Um dos menos acionados, Ciro Gomes (PDT) reclamou de sofrer “bullying” dos adversários.

Enquanto os postulantes com mais experiência no Executivo, casos de Alckmin, Ciro, Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB) procuraram exaltar seus feitos e passagens de destaque, outros, casos de Cabo Daciolo (Patriota) e Jair Bolsonaro (PSL), se concentraram em criticar a “velha política” e defender a substituição dos atuais políticos.

Marina Silva (Rede), apesar de ter sido ministra do Meio Ambiente e senadora, não falou muito sobre suas passagens anteriores. Também sem experiência política, Guilherme Boulos (PSOL), que pediu a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não falou tanto sobre mudanças radicais na política, se limitando a defender medidas duras contra excessos que enxerga no setor financeiro e na falta de cobrança de impostos sobre os mais ricos.


Atual presidente, Michel Temer (MDB) apareceu no debate apenas como uma “batata quente”. Candidato do seu partido, Henrique Meirelles disse novamente ser o candidato do seu histórico e, sempre que relacionado ao governo, lembrava de ter também comandado o Banco Central no governo Lula. Tentando relacionar candidatos de outros partidos que participaram do governo ao presidente impopular, em especial Alckmin, Boulos disse haver “cinquenta tons de Temer” no debate.

Os candidatos recorreram, algumas vezes, a figuras externas que imaginaram ter potencial para impulsionar as suas candidaturas. Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro mencionaram diversas vezes seus candidatos a vice. O tucano mencionando diretamente a senadora Ana Amélia (PP-RS), enquanto o candidato do PSL exaltava a posição de general da reserva do seu parceiro de chapa, Hamilton Mourão (PRTB). Em outras quatro oportunidades, Alvaro Dias prometeu nomear o juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato, para o Ministério da Justiça.

Em um debate sem grandes novidades por parte dos candidatos, Cabo Daciolo, o controverso ex-bombeiro que se lançou candidato à Presidência pelo Patriota depois que o partido não conseguiu um acordo com Bolsonaro, chamou a atenção nos mecanismos de busca e redes sociais com suas frases de efeito e críticas aos adversários.

Entre as propostas apresentadas pela primeira vez em nível nacional, surgem a promessa de Ciro Gomes de retirar 63 milhões de brasileiros da lista de quem tem “nome sujo” a partir de uma intervenção do estado nas negociações com os credores e a incorporação, por parte de Alckmin, da proposta do Solidariedade e da Força Sindical de permitir que os sindicatos aprovem contribuições que substituam o antigo imposto sindical nas convenções de trabalhadores.


Mediado pelo jornalista Ricardo Boechat, o encontro ocorreu na TV Bandeirantes e teve duração de cerca de três horas, com a participação de oito candidatos: Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), 
Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles(MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede). O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT, não pôde participar porque não conseguiu autorização judicial para deixar a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso desde o dia 7 de abril em razão de sua condenação na Lava Jato.

Portal VEJA
Fotos: Reuters/VEJA