sexta-feira, 3 de agosto de 2018

➤Universidade pública

Alckmin quer acabar com gratuidade para ricos 


O candidato à presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, afirmou que não descarta a possibilidade de acabar com a total gratuidade nas universidades públicas. Em sabatina promovida pela Globonews nessa quinta-feira, o tucano disse que a questão, em especial a alternativa de cobrar mensalidade de alunos mais ricos, está sendo estudada por sua equipe. Ele ainda defendeu a cobrança nos cursos de pós graduação.

— O primeiro caminho é cobrar a pós-graduação, a não ser para quem precise de bolsa. O Brasil não investe pouco, é 6% do PIB em educação, o que precisa é ter uma melhor gestão. Pode ser discutido o pagamento por alunos mais ricos. Não temos nada fechado sobre isso, há um grupo estudando essa questão, você pode estabelecer uma faixa de alunos mais ricos que paguem mensalidade. Acho que é um tema a ser aprofundado, não descarto não — explicou Alckmin.

Na sabatina, a jornalista Miriam Leitão lembrou que São Paulo, apesar de liderar o IDEB, não alcançou as metas estabelecidas pelo Ministério da Educação. Para se defender, Alckmin citou medidas como triplicar as vagas em escolas de tempo integral e a construção da "maior rede de escolas técnicas da América Latina".

O tucano disse que, se for eleito presidente, vai investir na Educação Básica e na valorização dos professores.

— Ainda não atingimos toda meta na educação infantil do país. Acho que a reforma do ensino médio foi boa, mas a Educação básica não é 30% do orçamento do Ministério. Além disso, vou valorizar a formação do professor.

Portal O Globo

➤Blog BR18

Os 6 nichos de Ana Amélia


A entrada de Ana Amélia na chapa de Geraldo Alckmin representa uma guinada razoável à direita, em busca de eleitores que já foram do PSDB, mas estão com Jair Bolsonaro, interpreta Bruno Boghossian na Folha. O colunista lista cinco nichos em que a senadora do PP pode trazer votos para o tucano: “1) no antipetismo; 2) no setor rural; 3) nos movimentos conservadores; 4) no debate anticorrupção; 5) no Sul”.

Eu acrescentaria um sexto à lista do Boghossian: o hoje cobiçado eleitorado feminino, que concentra a indecisão segundo as pesquisas, é maioria, de acordo com as estatísticas, e costuma tomar a decisão de voto mais para o fim da campanha. / V.M

Portal Estadão

➤ANÁLISE

O pensamento do Mola*

Um resumo simples, mas não tão breve...

Ou se vota no capitão Bolsonaro, no seu discurso populista típico e manjado - e na "direita" que nem sabe o que é ser de direita e quer mesmo é ser contra o PT do Lula, o que não condeno... -, ou se vota no novo poste de Lula e na esquerda lulopetista, responsável por um atraso de décadas no país com sua corrupção endêmica, ou se vota na Marina viajandona, ou se vota no Álvaro Dias - que, infelizmente, não tem base e fôlego... - ou se vota na Manuella, a comunista caviar que queria ser sócia do Veleiros do Sul, ou se vota no Coroné Ciro, um autoritário, destemperado e que troca de partido como troca de cueca...ou se vota no Novo do Amoedo, que não terá fôlego ainda, o que vai mudar nas eleições municipais... - devem ter outros por aí... - ou se vota no Alckmin e no Centrão fisiológico, negociador de cargos, que nunca sai do poder. Ou, a pior das piores opções, se vota em branco, nulo ou anula o voto. A omissão disfarçada de manifesto "contra tudo o que está aí". Este é o quadro. Fugir dele é enfiar a cabeça no buraco ou ficar de mimimi. 

Desde hoje, para mim, surge uma esperança: a senadora Ana Amélia Lemos. Esta mulher - que já começou a ser atacada com fotos descontextualizadas, jogo sujo, seja lá de quem for, mas até por pessoas que a elegeram senadora... - pode ser a grande articuladora política de um governo de centro, que seja parte do processo de transição menos traumático para o país. Que é o que precisamos. Diminuindo a influência de figuras canalhas nas duas Casas. Utopia? Talvez! Mas eu acredito que ela fará disto sua grande missão se chegar à vice-presidência. Espero que consiga.

Pessoal, estamos na beira de um abismo institucional, de um confronto que pode descambar pruma situação extremamente perigosa para todos. Para nós, nossos filhos, nossos netos, para o  País. Vocês se deram conta do que seria um confronto desta ordem? Não adianta ficar com raiva, destilar ódio. Há que se olhar mais para frente. Empatar um jogo hoje pode, com outras vitórias a seguir, nos garantir o campeonato...

Outra coisa. Lugar de milico é no quartel! Chamá-los é perda de tempo... Parem com isto! Eles não querem se intrometer. Já os vi nas ruas, naqueles tempos difíceis e delicados, e não gostei... Não uso a expressão ditadura militar, pois aquilo de 64 foi um movimento para evitar outra ditadura - a do "proletariado -, mas vivi aqueles anos - parte deles como jornalista limitado pela censura - e eles foram complicados. Muito complicados. 

Vejo pessoas corretas e sérias se dizendo decepcionadas com a senadora, que tinha a reeleição na mão e resolveu encarar o desafio de tentar ser uma referência ética, honesta e coerente neste lamaçal que tomou conta há décadas da política brasileira. Ela pode vir a ser a articuladora não-fisiológica dentro do Congresso, pois é respeitada por seu passado como jornalista e seu presente como política. É séria, honesta, uma patriota.  Não fecha nem com a direita, tampouco com a esquerda. Com os "radicais", pois tem entre seus admiradores gente de ambos os lados.

Ficar reclamando, repetindo choradeiras e "e se..." de nada adianta. Este é o quadro. Estas são as opções. O resto são divagações infrutíferas e correr o risco de nos deixarmos empurrar ainda mais pro fundo do buraco. Vou ouvir a todos que quiserem se manifestar, mas com respeito e alto nível.

Certamente vou aprender com bons argumentos. Não sou, nunca fui, um sectário. Mas, peço desculpas antecipadamente, não irei discutir as minhas opiniões, pois sei que a coisa está fervendo e o pessoal precisa esfriar a cabeça... Contudo, vou deletar comentários desrespeitosos e grosseiros. Eles levam a nada!

*Nelson Matzenbacher Ferrão (Mola)
Jornalista

Obs: Estou publicando o texto que o Mola postou no Facebook. Não pedi licença, mas sei que, democraticamente, ele aceitará que sua análise correta, simples, cheia de verdades, seja dividida entre todos os meus leitores, embora os dele sejam muitos.
Grande abraço, Mola, meu ídolo!

➤OPINIÃO

O diabo está solto!

Eliane Cantanhêde

Em 2004, com Lula a todo vapor na Presidência da República, a cúpula nacional do PT ignorou, desprezou e, de certa forma, humilhou a jovem petista Luizianne Lins para favorecer Inácio Arruda, do PCdoB, na eleição para a prefeitura de Fortaleza. Galega arretada e atrevida, ela empinou o nariz, enfrentou tudo e todos e venceu a eleição. No segundo turno, até ganhou uns adesivos do PT – mas teve de pagar o frete.

Quatorze anos depois, com Lula imobilizado numa cela em Curitiba, a cúpula do PT repete a primeira parte da história, atingindo em cheio Marília Arraes, neta do mito Miguel Arraes e candidata favorita ao governo de Pernambuco contra a reeleição do governador Paulo Câmara, do PSB. 

Não por uma causa, mas por um projeto de poder, Lula e o PT decidiram rifar Marília em troca da neutralidade do PSB na disputa presidencial. Em outras palavras, cortaram a cabeça da petista para matar a candidatura de Ciro Gomes, do PDT. Sem PT, sem DEM, sem PSB e muito provavelmente sem a Rede, Ciro perde fôlego, míngua.

A tal Marília, porém, não parece muito diferente daquela Luizianne atrevida. Primeiro, ela desmentiu tudo num vídeo, atribuindo a versão a um “ataque especulativo”. Confirmado que tal ataque era real e partira da própria Comissão Executiva do PT, também empinou o nariz e avisou que não vai engolir em seco, nem chorar num canto. Como Luizianne, vai à luta, vai bater chapa na convenção do PT.

Bem longe dali o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda, do PSB, era também vítima do acordão entre o seu partido e o PT para desidratar Ciro Gomes, que se lança como opção das esquerdas após a crise do PT e a prisão de Lula – a quem sempre defendeu e agora acusa. Mas, se não é nordestino, nem mulher, nem valente e atrevido como Luizianne Lins e Marília Arraes, Lacerda igualmente não vai baixar a cabeça e morrer calado. Até porque, como ele alegou ontem para o partido, quem bancou todas as despesas da pré-campanha foi ele, do próprio bolso. Quem vai ressarci-lo?

Assim como tenta fazer com Marília Arraes, o PT também rifa candidatos próprios no Amazonas, no Amapá, no Piauí, no mesmo Ceará de Luizianne e no Maranhão, onde os petistas tentam resistir bravamente à hegemonia de décadas dos Sarney e há 12 anos são incapazes de disputar eleições. Viraram saco de pancada do próprio partido. Tudo pelo pragmatismo, pela neutralidade do PSB, do apoio do PCdoB e até do PP e do MDB de Eunício Oliveira (CE) e de Renan Calheiros (AL). 

A ex-vereadora, ex-deputada federal e atual deputada estadual Manuela d’Ávila (RS), outra jovem política com garra, vontade própria e princípios, que se cuide. Ela foi lançada para a Presidência na convenção do PCdoB na quarta-feira. Mas, pelo andar da carruagem, parece só estar esquentando a cadeira enquanto vai se fechando o cerco da Justiça a Lula. 

A procuradora-geral, Raquel Dodge, deu parecer a favor de mantê-lo preso e ainda acusou o ex-presidente de frustrar milhões de eleitores. O ministro Luiz Fux (STF e TSE) foi taxativo ao falar na “inelegibilidade chapada” dele. O relator da Lava Jato no Supremo, Edson Fachin, já se manifestou a favor de decidir esse solta-não-solta Lula ainda em agosto. E tem razão. Enquanto Lula insistir em ser uma (falsa) peça para outubro, o tabuleiro não se mexe.

Aliás, por que o PT rifa todo mundo e atira em Ciro? Por ordem direta de Lula. Sua distração na cadeia é traçar a estratégia, manter o controle total sobre o PT e esticar e relaxar a corda de Fernando Haddad.

Dilma Rousseff é uma fábrica de produzir declarações hilárias, mas estava coberta de razão ao dizer que, “em eleições, faz-se o diabo”. Em todos os partidos, inclusive no PT. E o diabo está solto!

Portal Estadão, em 03/08/2018