Procuradora-geral afirmou
que Lula 'não apenas orquestrou
todo o esquema de arrecadação de propinas
oriundas da
Petrobrás por diversos partidos, como também atuou para
que seus
efeitos se perpetuassem'
Foto: Estadão/Reprodução |
Em manifestação de 80
páginas encaminhada ao Supremo
Tribunal Federal(STF), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se
posicionou contra um recurso apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) para suspender a sua prisão no caso do
triplex do Guarujá. Condenado no âmbito da Operação Lava Jato, Lula está preso
desde o dia 7 de abril na superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
“Luiz Inácio Lula da Silva
foi eleito para o mais alto cargo do Executivo Federal com um ferrenho discurso
anticorrupção, alardeando sua honestidade e prometendo combate aos
dilapidadores dos cofres públicos. Elegeu-se em virtude de sua retórica de
probidade e retidão. Tais fatos elevam sobremaneira o grau de censurabilidade
da conduta do recorrente e devem ser punidos à altura”, escreveu Raquel Dodge.
Para a procuradora-geral
da República, Lula “não apenas orquestrou todo o esquema de arrecadação de
propinas oriundas da Petrobrás por diversos partidos, como também atuou para que
seus efeitos se perpetuassem”, por meio da nomeação e manutenção em cargos de
pessoas “comprometidas com atos de corrupção”.
Raquel Dodge também
sustenta que os desvios praticados pelo ocupante do cargo de presidente da
República não devem ser punidos do mesmo modo que infrações cometidas por
“qualquer outro agente público”. “A responsabilidade e o poder associados à
figura do presidente da República não apenas sugerem, mas impõem que eventuais
crimes de corrupção por ele praticados sejam punidos com um rigor acima da
média”, argumenta.
Para a procuradora, os
crimes praticados por Lula tinham a motivação de manter em funcionamento o
esquema de cartel e corrupção instalado na Petrobrás.
“A danosidade decorrente
dos crimes perpetrados por Luiz Inácio Lula da Silva extrapolam os contornos
típicos, bem como alarmam sobremaneira a sociedade, irradiando resultados
significativos. Trata-se de crimes que contribuíram sobremaneira para o
descrédito da sociedade em relação a licitações públicas e ao sistema democrático,
ainda mais considerando o envolvimento do dirigente máximo da nação”, afirmou.
Agência Estado