domingo, 24 de junho de 2018

➤97% das urnas apuradas

Erdogan é reeleito presidente da Turquia


Recep Tayyip Erdogan foi reeleito presidente da Turquia nas eleições que ocorreram neste domingo, 24. Com 97% das urnas apuradas, Erdogan tinha 52,5% dos votos, segundo a agência de notícias oficial local, Anadolu. Em segundo lugar estava o social-democrata Muharrem Ince, candidato do Partido Republicano do Povo (CHP), com 30,7%. 

“O povo turco elegeu Erdogan como o primeiro presidente/presidente executivo da Turquia sob o novo sistema. O povo turco disse ‘em frente’ com o presidente Erdogan”, afirmou o porta-voz do governo turco, Bekir Bozdag, no Twitter.

A oposição, por sua vez, contesta o resultado da apuração alegando que foi manipulado e aponta que ao final Erdogan ficará abaixo dos 50%, o que levaria à realização do segundo turno no dia 8 de julho.

De fato, há acusações de que em eleições anteriores a Anadolu teria manipulado os resultados preliminares. Segundo o jornal britânico The Guardian, o objetivo é desencorajar os ativistas da oposição, de modo que eles abandonem seus postos de observação nas seções eleitorais.

As eleições presidenciais e legislativas na Turquia neste domingo foram, provavelmente, as mais importantes para o país neste século. Não decidiram apenas o mapa político para os próximos cinco anos, como também podem vir a definir uma mudança substancial na forma de governo.

Como esperava Erdogan, o país eliminará a figura do primeiro-ministro, e o poder será concentrado na figura do presidente.

O partido de Erdogan, Justiça e Desenvolvimento (AKP), governa o país desde 2002 e promete remodelar profundamente o sistema de governo para criar uma “nova Turquia”, que resgataria a glória dos tempos do Império Otomano. Esse novo sistema foi esboçado em reforma constitucional do ano passado, mas ainda não está plenamente em vigor.

As eleições estavam previstas para novembro de 2019, mas foram antecipadas por decisão de Erdogan em abril passado, pegando os opositores de surpresa.

Portal VEJA

➤Lillian Witte Fibe

Cadê o candidato contra corrupção, e não contra os velhinhos?


Cheguei. De volta à realidade brasileira.Há uns 15 ou 20 dias meio desligada do nosso noticiário, olho mais de perto as recentes notícias sobre o Brasil.

Delação de Palocci homologada, assessores vip de tucanos de São Paulo presos, e um mar de habeas corpus no banco de espera do Supremo.

Daqui a pouco acaba a Copa e começa a campanha eleitoral.

Eu queria muito ver um, só um, dos nossos economistas fazer uma conta simples.

Para apenas estimar o aumento da renda per capita se a roubalheira que mina os cofres públicos fosse reduzida a padrões – digamos – dos 50 países com menor índice de corrupção. Dá pra pegar os rankings da Transparência Internacional, por exemplo.

Os mesmos profissionais que tão fervorosamente defendem a reforma da previdência, por exemplo, saberiam calcular também as privações por que todos nós passamos porque União, Estados e municípios alegam falta de dinheiro.

Estradas, educação, saúde e segurança.

Não tem dinheiro pra nada, as pessoas morrem em proporções equivalentes à de uma guerra civil por falta de serviços básicos, e a prioridade, segundo nossos matemáticos, é mexer na previdência.

Sim, aumentar a idade com que as pessoas podem se aposentar está em discussão no mundo todo.

É fato que vivemos mais.

É fato que há menos crianças nascendo e menos jovens economicamente ativos pagando impostos para sustentar as aposentadorias.

É fato que as aposentadorias do setor público, bem como os salários de alguns setores, são maiores do que na iniciativa privada.

Tudo isso precisa ser revisado e mudado.

Mas a prioridade não é essa por uma questão simples.

Governo que rouba e Congresso inundado de corruptos e investigados não têm legitimidade para mexer em direitos do contribuinte.

Ponto.

As eleições vêm aí.

Tudo o que péssimos governantes querem é desviar a atenção do eleitor das espantosas notícias sobre corrupção, para abraçar bravatas outras.

E convencer a turba (nós) de que candidato bom é candidato que defende reformas estruturais.

A reforma estrutural zero de que o Brasil precisa é mais decência na administração da coisa pública, e não mais tungada nos velhinhos.

Vejo a mídia embarcando nessa corrente, e me sinto no dever de registrar que não é nas contas visíveis que precisamos mexer primeiro.

O conserto só vai dar certo quando e se começarmos a mexer no mundo invisível dos propinodutos que reinam impunes desde que a gente se conhece por gente.

Os bilionários Maluf e Marin – para mencionar só dois dos velhinhos presos recentemente – roubaram a rodo durante meio século com a certeza de que a lei não valia pra eles.

Não fosse o mensalão, a pertinácia de Joaquim Barbosa, e depois a metástase da Lava Jato com todos os seus desdobramentos, jamais estaríamos vendo esse começo de resgate da cidadania.

E ainda vem aí outro cancro: o dos doleiros.

Não podemos nos dar ao luxo de abrir mão disso.

E entre os candidatos que, segundo as pesquisas, parecem viáveis à presidência, só vejo gente abanando propostas de reformas tributária e previdenciária, acompanhadas de metas de redução de déficit tão lindas quanto inviáveis.

Nenhum deles abraça a bandeira de reforço das instituições que combatem o crime organizado, ou a do fim do foro privilegiado amplo e praticamente geral.

Vejo frases de efeito pontuais aqui e acolá.

E muitos, inclusive os que vão se reeleger nos contaminados parlamentos, deliberados a manter o status quo das malas de dinheiro.

Tudo errado.

Publicado no portal da Revista Veja em 24/06/2018