quinta-feira, 8 de março de 2018

➤BOA NOITE!


O carioca Benito di Paula é um cantor, compositor e músico brasileiro que fez tanto sucesso com suas músicas que acabou se tornando o quarto maior vendedor de discos do Brasil.


Como hoje é Dia Internacional da Mulher, vamos recordar, em homenagem a todas elas, Benito Di Paula cantando Mulher Brasileira.



➤Lillian Witte Fibe

Antônio Carlos, 39, e Rodrigo, 47*


Antônio Carlos, 39 anos, e Rodrigo, 47, resolveram arregaçar as mangas neste dia internacional da mulher.

O primeiro, prefeito de Salvador, mais conhecido como ACM Neto, acaba de se tornar presidente do DEM, em convenção nacional do partido em Brasília.

É, de longe, o prefeito com maiores notas de aprovação popular.
O segundo, presidente da Câmara dos Deputados, quer ser candidato a presidente. Hoje, aparece com 1% de intenção de votos nas pesquisas, mas abraçou o discurso que 10 entre 10 brasileiros querem ouvir, o da “nova política”.

Rodrigo Maia está há tempos se articulando com o empresariado.
Trabalhou como doido a favor da reforma da previdência, exatamente como o “mercado” queria e desejava, incluídas aí as agências de risco.

Há pouco tempo, fez palestra no México a convite do banco Santander.

ACM Neto e Rodrigo Maia entram hoje com tudo na disputa pelo eleitorado que gostaria de ter um Estado mais enxuto e menos intervencionista.

O alvo deles são as muitas pessoas que repelem o populismo e andam enojadas com os coronéis que diziam representar a direita, mas se dedicavam mesmo a saquear os cofres públicos, em alianças espúrias com o PT.

Parênteses: o presidente do partido até hoje era o senador Agripino Maia (RN), 72 anos, e réu no processo sobre corrupção nas obras do estádio Arena Nova, em Natal.

O DEM não tem candidato a presidente desde 1989.

A dupla ACM/Maia tem máquina partidária e vai à caça do inédito percentual de (mais de) 30% dos eleitores que se dizem sem candidato.

De cara, já avisaram: só não conversam com o PT.

Um problemão para Geraldo Alckmin e a fatia do PSDB que o apóia.

Com essa eles não contavam.

*Publicado no portal da revista VEJA em 08/03/2017

➤Quadrilhão do PT

Lula e Dilma são denunciados na primeira instância

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin enviou para a Justiça Federal de Brasília a denúncia contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff pelo ‘quadrilhão do PT’. A acusação, por organização criminosa, foi oferecida pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em 2017, contra 16 pessoas.

Por decisão do ministro do STF, apenas a senadora Gleisi Hoffmann e o ex-ministro Paulo Bernardo. Apesar de apenas a senadora ter prerrogativa de foro, Fachin explicou que as condutas dos dois acusados estão “umbilicalmente” ligadas.

Entre os denunciados que vão passar a responder na primeira instância estão ainda Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda), Edinho Silva (Comunicação), e ainda o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.


A parte da denúncia contra Edinho Silva, que hoje é prefeito de Araraquara (SP), deve ser encaminhada ao Tribunal Regional Federal da 3° Região.

“Dessarte, ao serem acusados de promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa, a eles foi imputada a responsabilidade de compor, segundo definição da acusação, o “subnúcleo político” (fl. 288) da agremiação do Partido dos Trabalhadores (PT), atuando de forma concertada nas atividades desenvolvidas pelo grupo criminoso, sendo que, em mais de uma oportunidade, foram responsabilizados pelo recebimento, em conjunto, de vantagem indevida”, cita Fachin na decisão em que desmembrou o inquérito, assinada nesta terça-feira, dia 6.

A denúncia acusa recebimento de R$ 1,48 bilhão em propinas pelos petistas, no esquema de desvios na Petrobrás.

“Pelo menos desde meados de 2002 até 12 de maio de 2016, os denunciados, integraram e estruturaram uma organização criminosa com atuação durante o período em que Lula e Dilma Rousseff sucessivamente titularizaram a Presidência da República, para cometimento de uma miríade de delitos, em especial contra a administração pública em geral”, afirmou Janot.

Agência Estado

➤Armados de facões

MST invade parque gráfico do Globo



Cerca de 400 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), a maioria mulheres, invadiram o parque gráfico do GLOBO na manhã desta quinta-feira. 

Entre os manifestantes, que chegaram em dez ônibus, havia pessoas armadas com facões. O grupo parou no estacionamento para visitantes, de acesso livre, e invadiu o prédio. Os seguranças da empresa não impediram a invasão, devido à quantidade de pessoas.


Os manifestantes fizeram pichações de mensagens políticas em vidraças, sofás, paredes e no piso. Também atearam fogo em pneus ao redor de um totem com o nome do jornal, que é de metal e não chegou a ser danificado. Os invasores gravaram toda a ação e divulgaram em redes sociais. Meia hora depois da invasão, o grupo deixou o local. Não houve feridos.

A polícia vai investigar o caso. Uma perícia foi enviada ao local.

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiaram, com veemência, a invasão MST ao parque gráfico do GLOBO.

Em nota conjunta, as entidades afirmaram que "é inadmissível que um grupo, que se diz defensor das causas sociais, ameace e ataque profissionais e meios de comunicação que cumprem a missão de informar a sociedade sobre assuntos de interesse público".

O texto diz ainda que "atos criminosos como este são próprios de grupos extremistas, incapazes de conviver em ambiente democrático, e não pautarão os veículos de comunicação brasileiros".

A Abert, a Aner e a ANJ pedem apuração dos fatos, "com a punição dos responsáveis, para que vandalismos como este não voltem a se repetir".

Agência Globo

➤DIA DA MULHER

Margarida, uma sobrevivente*

Eliane Cantanhêde


Geralmente você lê sobre política aqui, mas hoje vou emprestar minha coluna para a Margarida*, de 48 anos. Ela é uma das mulheres vítimas de violência diariamente no Brasil. É uma das milhares de mulheres que ao buscar ajuda não encontram acolhida - se deparam com ainda mais violência. Entender a dimensão da violência contra a mulher é urgente e diz respeito a todos - homens e mulheres.

Meu nome é Margarida *, sou empregada doméstica, tenho 48 anos, cinco filhos e uma história para contar. Eu era pouco mais que uma menina, tinha 16 anos, quando levei o primeiro tapa na cara, ainda no terceiro mês de namoro. Era um aviso, mas eu era muito jovem, muito ingênua, estava apaixonada. Perdoei. Sabe como são essas coisas... 

Casamos dois anos depois e só aí vi o que me esperava.

Quando eu estava grávida de sete meses do meu primeiro filho, eu encontrei o meu marido com outra. Chorei muito, fui tomar satisfações. Ele gritou, me deu tapas, socos e empurrões. Depois, sempre arranjava um jeito de me bater e chegou a me jogar pedra na rua, na frente dos vizinhos.

Um dia, ele parou de trabalhar, passava o dia inteiro sem fazer nada e começou a comprar bebidas e fazer festas em casa. Eu trabalhava o dia inteiro, numa fábrica de tecidos, e ainda cuidava da casa, da roupa, do meu filho. Chegava tarde e ia fazer a comida, senão, ninguém comia.

A minha família sabia de tudo, mas todo mundo dizia: “Você não quis casar com ele? Agora aguenta!”. Eu me sentia muito só, sem saída, mas só decidi tomar uma atitude quando caiu a ficha de que ele ia acabar me matando.

Foi quando a minha segunda filha estava com um ano, acho até que nem tinha um ano ainda. Eu cheguei e ele estava com uma mulher dentro da minha própria casa. Eu botei ela pra fora, começou uma briga e ele partiu pra cima de mim com socos, empurrões, pontapés. Tudo na frente das crianças.

Aí, não deu mais. Eu pensei: “Meu Deus! O que que eu vou fazer? Quem vai me ajudar?” Foi assim que eu procurei a Delegacia da Mulher, mas foi a maior decepção da minha vida. Nunca mais acreditei na Justiça. Em vez de me ajudar, a delegada mandou chamar o meu marido. Eu morrendo de medo, e ele mentindo pra ela. Disse que eu não cuidava da casa, não queria saber de nada, deixava os filhos jogados. E o pior é que ele disse que a casa em que a gente morava era da família dele.

Sabem o que a delegada fez? Olhou na minha cara e disse: “Se você se separar dele, você é que vai ter de sair de casa”. Eu  me apavorei e respondi: “Mas pra onde eu vou com meus filhos? Eu não tenho pra onde ir!”.

A delegada parecia nem ouvir o que eu falava. Eu comecei a gritar, desesperada, que ele ia me matar, que ninguém queria saber de mim. Aí piorou tudo, porque a delegada disse que era desacato à autoridade e que ia me prender. Eu chorava muito. Eu era a vítima, mas ela me tratava como se eu fosse a culpada.

É claro que eu não podia voltar pra casa com ele. Ele ia me bater, ia me matar, sei lá. Então, eu fugi. Deixei meus filhos com ele e passei três dias debaixo de uma ponte, até que decidi procurar uma casa que ajudava mães solteiras. Foi a minha sorte. Eles me arranjaram um emprego de empregada doméstica. Eu tinha emprego, tinha onde dormir e onde comer. Só tive de largar os meus filhos.

Fiquei anos separada deles, mas nunca deixei de ter contato com eles, cuidar deles. Quando reconstruí minha vida, casei de novo e tive uma casa de novo, os dois já estavam grandes e quiseram ir morar comigo.

Com o novo marido e todos os cinco filhos, eu continuo trabalhando, vivendo a minha vida e acho que preciso contar a minha história, porque tem muita mulher apanhando do marido e achando que não tem saída, que está presa naquela situação e nunca vai conseguir sair dela. Vai, sim. Tem que enfrentar, tem que ter coragem, mas dá certo, sim.

E o primeiro marido? Nunca aconteceu nada com ele. Continuou na casa, bebendo, fazendo festas e todo mundo sabe que ele bate na nova mulher. Acho que vai bater sempre. Deus queira que não mate ela.”

Entender o tamanho do problema é urgente e diz respeito a todos nós. Informe-se, apoie e denuncie. Outras colunistas do Estadão também cederam seus espaços.

*Publicado no Portal do jornal Estadão em 08/03/2018

➤OPINIÃO

Cresce o risco para o combate à corrupção*

A clássica e bem fundamentada incredulidade na eficácia do Judiciário, quando se tratava de punir poderosos, a começar pelos políticos, recebeu um primeiro impacto forte no julgamento do mensalão do PT, iniciado em 2012 e concluído um ano e meio depois.

Foi histórica novidade, mesmo com todos os percalços, a punição, inclusive com cadeia, de políticos da aliança no poder, inclusive petistas ditos históricos (José Dirceu, João Paulo Cunha, José Genoíno, Delúbio Soares etc.).

Ajudou bastante o fato de, no início do julgamento no Supremo, sob a presidência de Ayres Britto e com a relatoria de Joaquim Barbosa, ter sido decidido que o grupo de mensaleiros, tanto os beneficiados por foro quanto os sem a prerrogativa, seria julgado junto.

Confirmou-se a correção da tese vencedora de que, para garantir a eficácia penal de um processo que envolvia ampla articulação no governo Lula, no Congresso e em pelo menos uma estatal, Banco do Brasil, políticos com mandato ou não deveriam ser julgados em grupo. Assim, os espaços para chicanas protelatórias foram muito reduzidos. Houve alguma demora no julgamento de embargos, únicos recursos possíveis, mas o julgamento foi um raro êxito republicano do Judiciário brasileiro, no sentido de fazer a lei valer para todos.

A Lava-Jato, operação lançada em março de 2014 para investigar doleiros lavadores de dinheiro, e que chegaria a condenar um ex-presidente da República, teve o respaldo da Lei das Organizações Criminosas, de um ano antes, devido à consolidação do instrumento da delação premiada. De eficácia comprovada em qualquer país em que é aplicado — Estados Unidos, Itália etc. Como a toda ação corresponde uma reação em sentido contrário, a delação premiada tem sido combatida, sem descanso, no Legislativo e no Judiciário.

Para reforçar de forma decisiva o arsenal anticorrupção que instituições do Estado construíram nos últimos anos, o julgamento, no Supremo, em 2016, de um habeas corpus, restabeleceu o correto entendimento, seguido até 2009, de que sentenças confirmadas em segunda instância podem começar a ser cumpridas, sem prejuízo dos recursos e do princípio constitucional da presunção da inocência. Nada a estranhar, porque é na primeira e segunda instâncias que se avaliam fatos e provas. Depois, apenas questões legais, não havendo reexame da matéria.

A condenação de Lula é uma oportunidade que grupos incomodados com a eficácia do Ministério Público e do Judiciário no combate à corrupção têm para, no Supremo, tentar rever a jurisprudência da segunda instância.

Há grande pressão para que a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, paute a questão, o que não deseja fazer. Como ela mesma diz, porque “apequenará” o Supremo. Sem dúvida. Mas o assunto deverá chegar ao STF, nem que seja por meio de um pedido de soltura de Lula (habeas corpus).

Se assim for, cada um dos 11 ministros não dará apenas um voto nesse julgamento, mas, na verdade, marcará sua posição contra ou a favor do mais sério enfrentamento da corrupção que o Estado brasileiro fez na República.

*Publicado no Portal do jornal O Globo em 08/02/2018