Coisa de Dilma*
Presidente cassada continua gastando o dinheiro do
contribuinte para divulgar mentiras no exterior
Deliberadamente ignorando o fato de que a economia
brasileira começa a reconquistar a confiança dos investidores nacionais e
estrangeiros e, consequentemente, a dar sinais claros de recuperação, a
presidente cassada Dilma Rousseff continua gastando o dinheiro do contribuinte
para divulgar no exterior mentiras sobre o Brasil. Em Berlim, em entrevista
à Deutsche Welle, Dilma perseverou na tentativa de denunciar o “golpe” de
que foi vítima e despejou mais um amontoado de inverdades, como a de que por
aqui “as crises só se aprofundam”, e de sandices, como a de que a elite
brasileira está empenhada em inviabilizar a candidatura presidencial de Lula
para, “aí, vender o pré-sal”.
Todo ex-presidente da República tem direito de manter, à
custa dos cofres públicos, uma equipe de assessores e seguranças, bem como os
deslocamentos da equipe no País ou no exterior. No primeiro semestre deste ano,
com viagens à Suíça, França, Estados Unidos, Espanha, Itália, Argentina e
México – às quais se soma, agora, a visita a Berlim –, a equipe de Dilma já
havia custado ao Tesouro mais de meio milhão de reais, o triplo do que
gastaram, juntos, no mesmo período, todos os outros ex-chefes de governo.
Questionada, a assessoria da ex-presidente informou que “nenhuma pressão fará
com que a presidenta eleita Dilma Rousseff deixe de viajar, interrompa as
denúncias sobre o golpe de Estado ocorrido em 2016 e as perversas e nefastas
consequências que se abatem sobre a população brasileira”. Se em seu país Dilma
tem o caradurismo de sustentar essa versão deturpada da realidade, não
surpreende que ela propague escandalosas mentiras no exterior, para um público
que acompanha – quando acompanha – a distância os acontecimentos no Brasil. É
mais um desserviço que, agora por revanchismo, a presidente cassada presta a
seu país.
Confrontada, na entrevista, com questões duras sobre seu
comportamento na Presidência da República e após o impeachment, Dilma
perseverou na velha tática lulopetista de usar o ataque como defesa: “Alegaram
que o impeachment ia resolver a crise econômica, mas essas crises só se
aprofundam. O atual presidente usurpador já foi denunciado duas vezes, e o
senador Aécio Neves também, ambos enfrentam provas cabais e gravações. Mas
essas duas pessoas continuam em seus cargos, enquanto outras duas (ela própria
e Lula) são acusadas apenas por terem sido presidentes”. Vale destacar: “Apenas
por terem sido presidentes”.
Dilma aproveitou a entrevista também para revelar-se
magnânima em relação a uma questão que classificou de “relevante”: “Não acho
que perdoar golpista é perdoar o PMDB e o PSDB. Acho que perdoar golpista é
perdoar aquela pessoa que bateu panela achando que estava salvando o Brasil, e
que depois se deu conta de que não estava. Uma hora nós vamos ter que nos
reencontrar. Uma parte do Brasil se equivocou. Agora, isso não significa perdão
àqueles que planejaram e executaram o golpe. Você tem uma porção de pessoas que
foram às ruas e que estavam completamente equivocadas. Mas você não vai chegar
para elas e falar ‘nós vamos te perseguir’. Precisamos criar um clima de
reencontro, entende? Não vai ser um clima vingativo, não pode ser isso”.
Com uma sonora gargalhada, Dilma rebateu na entrevista a
pergunta sobre se não seria o momento de abrir espaço para novas lideranças,
especialmente de esquerda: “Isso se chama ‘como tirar o Lula da parada’. Tá
entendendo?”. E após desqualificar todos os nomes que, à exceção de Lula,
surgem como candidatos potenciais à Presidência da República, a senhora
Rousseff pretendeu liquidar o assunto com uma tirada de graça menos que
duvidosa: “Sabe o que eu acho que é novo? Esse foi um pensamento que tive
depois do caso do William Waack. Você sabe o que é coisa de preto? O PT é coisa
de preto. O Lula é coisa de preto. Nós somos coisa de preto. Eu sou uma coisa
de preto”. O que se pode dizer é que um despautério desses é, definitivamente,
coisa de Dilma.
*Publicado no Portal Estadão em 18/11/2017