domingo, 26 de março de 2017

➤BOA NOITE!



Kleiton & Kledir é uma dupla de músicos brasileira. Formado pelos irmãos Kleiton Alves Ramil e Kledir Alves Ramil, são cantores e compositores de música popular brasileira. Ambos são irmãos do também músico Vítor Ramil e primos do músico Pery Souza.

Um dos grandes sucessos da dupla é a música Deu Prá Ti, que fala das coisas da nossa Porto Alegre, que hoje completa 245 anos.


➤OPINIÃO - 2

Gilmar, o Quixote*

Em sua cruzada, o ministro enfrenta o senso 
comum nos vazamentos e no caixa 2

Eliane Cantanhêde

Os políticos estão no olho do furacão, mas o caso do ministro Gilmar Mendes é particularíssimo, neste momento que ele mesmo chama de “tempestade perfeita” e de “crise sem precedentes”: ninguém jogou Gilmar no olho do furacão, ele mesmo é que se jogou de corpo, alma, mente, com um espantoso desdém às críticas e alertas.

Ministro do STF e presidente do TSE, Gilmar resolveu agir tal qual um Quixote, de armadura e lança em punho, lutando contra o senso comum e todos os moinhos de vento e de notícias. Se sopram para um lado, ele sopra para o outro, abrindo flancos na opinião pública, na Justiça, na PGR, na PF, na Receita e, agora, na sua própria casa, o Supremo. No cafezinho que antecedeu a posse do ministro Alexandre de Moraes, Gilmar circulava mais à vontade entre os políticos do que entre seus pares de toga.

O problema não são as ideias, porque muitos defendem o mesmo que Gilmar: é preciso depurar as práticas políticas, combater a corrupção e preparar o País para novos tempos, mas sem explodir os três Poderes. O problema é a forma.

Antigamente, “juízes não falavam fora dos autos”. Atualmente, falam sobre tudo, o tempo todo, mas não devem tomar partido tão apaixonadamente.

Gilmar Mendes não precisava ir dormir com o ataque do procurador-geral Rodrigo Janot, condenando a “disenteria verbal”, a “decrepitude moral” e o “cortejar desavergonhadamente o poder” (referência às frequentes visitas de Gilmar a Temer). Com sua coragem pessoal e autoridade jurídica, o ministro não deveria gastar sua energia no treino, correndo o risco de entrar em campo capenga, ou estropiado, para os julgamentos da Lava Jato. Precisa se preservar.

Em sua cruzada, Gilmar defende que o foro privilegiado não é sinônimo de impunidade e autoridades não podem nem devem ser jogadas para instâncias inferiores suscetíveis a paixões eleitorais e interesses locais. Faz sentido, é uma contribuição a um debate crescente, que pode chegar a um meio-termo: manter o foro, mas criando instâncias específicas para aliviar o atual peso no Supremo.

Ele também se irrita com os vazamentos. Já ameaçou “descartar” as delações da Lava Jato que foram divulgadas e mandou abrir sindicância sobre o vazamento dos depoimentos da Odebrecht ao TSE. Diz que quebra de sigilo é crime e não admite, sobretudo, a exposição de nomes sem que nem eles nem a sociedade saibam exatamente como, onde e por que entram na história. O ministro, porém, sabe que vazamentos sempre ocorreram e sempre ocorrerão. E, como diz o juiz Sérgio Moro, a imprensa está no seu papel de divulgar.

A polêmica mais complexa em que Gilmar Mendes se meteu, porém, é a do caixa 2. Ele não apenas defende uma anistia “no momento oportuno” como a compara à repatriação de valores enviados ao exterior e não declarados oficialmente. Na anistia ao caixa 2 de campanha, como na repatriação, seriam excluídos os recursos ilícitos na origem, obtidos por corrupção, por exemplo, e sujeitos a punição penal.

É exatamente isso o que a esquerda, o centro e a direita discutem freneticamente no Congresso, para separar o “joio” (os corruptos, os que desviaram dinheiro público) e o “trigo” (os que “só” receberam dinheiro de caixa 2, inclusive porque o doador não aceitava ser publicamente identificado).

Mas é preciso combinar com “os russos”: a opinião pública, que nem sempre leu, nem sempre viu, nem sempre ouviu, mas já tirou suas conclusões e quer sangue, torcendo o nariz para qualquer negociação. Se ainda não está, logo essa mesma opinião pública ficará ressabiada com a valentia de um ministro tão particular do STF e do TSE, que pode até ter razão no conteúdo, mas é um contumaz descuidado com a forma.

*Publicado no Portal Estadão em 26?03/2017

➤245 anos

Conheça Porto Alegre em números*

Fotos: PMPA
Fundada em 1772 por casais portugueses açorianos, Porto Alegre, a capital brasileira situada mais ao Sul do país, completa 245 anos neste domingo (26). Desde então, acumula histórias e curiosidades.

Você sabe, por exemplo, qual é o bairro mais populoso da cidade? E quantos habitantes vivem somente naquela região?

Você deve saber que Porto Alegre é uma das cidades mais arborizadas do país, mas consegue calcular quantas praças e parques existem espalhados pelos 496,684 km² de área total? É bastante.

Foto: G1/Reprodução
Morada de cerca de 1.409.351 pessoas, sendo 755.564 mulheres e 653.787 homens, a capital gaúcha tem 81 bairros oficiais e 574.001 domicílios particulares.

A expectativa de vida de quem mora na cidade é de 71,59 anos, e apesar do apelido de “Forno Alegre” no verão, a temperatura média anual é 19,5ºC.

Com Portal G1/Conteúdo

➤OPINIÃO

O capitalismo dos amigos*

No mundo lulista, aos amigos tudo é facultado 
e com eles se vai longe

Vera Magalhães

Em mais um dos muitos comícios que tem feito na esperança de convencer a sociedade de que é vítima de perseguição política, e não um réu em cinco ações penais decorrentes de seu exercício da Presidência e das atividades a que se dedicou depois de deixá-la, Luiz Inácio Lula da Silva participou na última sexta de um evento em que o PT, vejam só, se propôs a apresentar o “outro lado” da Lava Jato.

Na versão petista da história não há provas do petrolão, a Lava Jato é mais arbitrária que o regime militar, o governo Lula promoveu o renascimento da indústria naval brasileira e, depois que ele deixou o poder, voltou a predominar no País o “complexo de vira-lata”. Tudo nas palavras roufenhas, intercaladas por assoadas de nariz, de um Lula cada vez mais apagado, uma sombra do orador que já foi.

Pois no mundo real as provas estão à mão de quem se dispuser a consultar os arquivos públicos da Lava Jato, num acervo horripilante da corrupção chamado E-proc. O tal renascimento da indústria naval foi mais um cavalo de Troia para usar o Estado como veículo de propina para partidos aliados, diretores de estatais corruptos e empresários idem. E a volta do complexo de vira-lata talvez se deva ao fato de que os poucos avanços sociais promovidos por Lula foram roubados pelo desmonte que sua afilhada Dilma Rousseff promoveu na economia brasileira.

Ainda no mundo lulista, aos amigos tudo é facultado e com eles se vai longe. Não bastassem as evidências de que, no poder, Lula promoveu um verdadeiro capitalismo dos amigos tendo como plataformas a Petrobrás, o BNDES, a tal política dos campeões nacionais e um aparelhamento sem precedentes da administração federal, ele próprio se pôs a fazer perorações sobre o valor das amizades.

Disse o ex-presidente que, diante da “falta de provas” cabe a cada petista aprender a ter “coragem” e estar “ao lado dos amigos da gente”. Fazia uma referência não só a si próprio, mas também aos companheiros presos, como João Vaccari, Antonio Palocci e José Dirceu.

Também admitiu ter “amigos” em outro setor: o empresariado. Desafiou qualquer um deles, preso ou solto, a dizer se alguma vez ele, Lula, pediu um centavo que fosse.

De fato, esse parece ser um ponto sustentável da defesa do ex-presidente. Afinal, Alexandrino Alencar, o “brother” de Lula na Odebrecht, disse em sua delação que a reforma do sítio de Atibaia foi pedida pela ex-primeira-dama Marisa Letícia, já que a obra corria muito devagar.

Marcelo Odebrecht disse que havia uma conta sigilosa no departamento de propinas da empresa, operada por Palocci, mas preferiu não dizer à Justiça Eleitoral a quem se destinava.

José Carlos Bumlai afirma que intermediou um empréstimo fraudulento junto ao banco Schain, mais tarde pago com um contrato com a Petrobrás, para resolver um incêndio do PT – mas não diz que Lula lhe pediu para fazer isso.

Mas nem todos os amigos são tão benevolentes. E Delcídio do Amaral, que foi líder de Dilma e frequentador assíduo do Instituto Lula nos últimos anos, diz que foi ele, Lula, quem pediu para intermediar o silêncio de Nestor Cerveró. Mas ele não pediu nenhum centavo, Lula tem razão.

O fato é que, a cada dia em que se sucedem revelações escabrosas de como as empreiteiras criaram um Estado paralelo no Brasil, principalmente de 2006 a 2014, soam mais inverossímeis os discursos repetitivos de Lula.

O abatimento do antes mitológico líder popular parece vir menos da suposta “perseguição” de que se diz vítima e mais da certeza, estampada em seus olhos, de que ele é hoje uma caricatura do que foi. E a culpa não é do juiz Sérgio Moro, do Ministério Público ou da imprensa. Quem traçou o caminho de Lula foi o próprio Lula.

*Publicado no Portal Estadão em 26/03/2017