É muito difícil acreditar!
Quem tiver o cuidado de ler atentamente, sem paixões, sem
partidarismo, sem análise pré-concebida, as matérias sobre a delação do ex-diretor
de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, terá uma
dificuldade muito grande em acreditar que tudo realmente aconteceu. Será
difícil, muito difícil mesmo, imaginar que tanta gente, tantos políticos,
alguns até respeitáveis no cenário nacional, estejam envolvidos em recebimento
de propinas, ou caixa 2, como preferem chamar.
Logo após a divulgação do texto da delação, quase todos
os envolvidos correram para dizer que nem sabem quem é Cláudio Melo Filho, que
nunca estiveram envolvidos em negociatas, que jamais receberam um único centavo
de dinheiro sujo. Esquecem, por conveniência, é claro, que os delatores só
perdem se não falarem a verdade. Caso estejam mentido, eles perdem todos os
benefícios do acordo. Ainda mais que, como se sabe, o ex-diretor da Odebrecht
afirmou que tem provas do que falou.
O relato do delator passou como um verdadeiro tsunami por
Brasília, mais precisamente pelo Congresso e pelo Palácio do Planalto. As
principais figuras do parlamento e do executivo, aí incluindo seus presidentes,
foram devastadoramente atingidas. Não sobrou ninguém. Alguns mais, outros
menos, todos foram beneficiários de uma ajuda da Odebrecht e, é claro,
prestaram algum tipo de favor posteriormente.
Tem um aspecto que se destaca em tudo o que envolve este
verdadeiro mar de sujeira, de lama e de corrupção. Jamais se fala em milhares
de reais. Só se escuta e vê números estratosféricos envolvendo doações,
superfaturamento, ajuda de custo e caixa 2. Falar em R$ 100 mil, R$ 300 mil
passa a ser insignificante diante dos milhões que foram distribuídos pela
Odebrecht. E olhem que é só o primeiro delator. Vem muito mais por aí.
A gente que batalha o dia inteiro para receber um salário
digno para conseguir manter a família dentro de um padrão de vida normal, no
máximo, fica espantado quando fica sabendo que políticos, muitos dos quais
devem ter recebido nossos votos, falam em milhões e milhões de dinheiro roubado
da gente, tirado da mesa dos miseráveis para engordar os cofres de quem
veste uma capa de político sério para esconder quem realmente está debaixo
dela.
Se falou, ou se tentou provar, que apenas um partido era
vítima de perseguição da Lava Jato, que só queriam atingir alguém que, não diferente
dos demais, se diz vítima de perseguição, de mentiras e que ameaça voltar nas
próximas eleições. Aliás, muitos deles nos ameaçam. Agora, depois da delação
envolvendo gente do partido do governo, principalmente, passando por aliados da
presidência, não há mais que falar em A ou B. Todos, literalmente todos, estão
envolvidos de alguma forma.
Logo ali, em 2018, teremos que escolher o presidente da
República, novos senadores, deputados estaduais e federais. Sabendo-se que as
opções serão as mesmas de sempre, fico me perguntado o que fazer? Em quem
votar, em quem acreditar? Não consigo descobrir. Ou surge alguém realmente
decente, confiável, ou estaremos perdidos.
Hoje li que algumas pessoas que se destacam em outras
áreas que não a política, pensam em disputar a presidência. Se tiverem chance,
pode ser que contribuam ou, pelo menos, nos darão a oportunidade de pensar um
pouco mais.
Até lá, vamos nos preparar para, a todo o momento, ouvir
falar em milhões distribuídos entre os mesmos. Até aqui, pelo menos, nenhum
partido está livre e ninguém tem moral para criticar quem quer que seja.
Evidentemente que uns mais, outros menos, mas não se salva ninguém.
Tenham todos um Bom Dia!