terça-feira, 6 de dezembro de 2016

➤Lula desabafa entre petistas

“Só eu posso enfrentar essa euforia da insanidade judicial”



Réu da Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva investiu destemidamente contra a histórica Operação que lhe atribui corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de propinas da Petrobrás. Durante jantar com petistas e correligionários, semana passada, o ex-presidente classificou os procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal de ‘moleques que falam bobagem’ e afirmou ser ele a pessoa que ‘pode resistir à essa euforia da insanidade judicial’.

“É você ter em Curitiba (base da Lava Jato), sabe, um agrupamento especial de pessoas ungidas por Deus prá salvar o mundo”, disse Lula.

Referindo-se expressamente aos procuradores da República e aos delegados da Polícia Federal que fecham o cerco a ele, Lula jogou sobre os ombros de seus algozes a grave crise econômica do País. “Eles têm noção de quanto a Operação Lava Jato já causou de prejuízo na economia desse País?, ao PIB desse País? Eles têm noção de quanto desemprego (a Lava Jato) já causou?”

Outra vez, como já havia dito no grampo da PF em março, o petista atirou para todos os lados e Poderes. “Um Congresso desmoralizado, Suprema Corte, sabe, com problemas, o Superior Tribunal de Justiça com problemas, o Ministério Público então virou, sabe, um bando de ungidos que vão salvar a humanidade.”

“O que aqueles moleques falam de bobagem é muito grande”, disse.

Dirigiu-se a um dos procuradores da força-tarefa, Deltan Dallagnoll, que o acusou de ser o ‘comandante máximo da organização criminosa’ do esquema de propinas na Petrobrás.

“Ora, o cidadão tem a petulância de dizer: o Lula é chefe de uma organização criminosa que é o PT. Eu já abri proceso contra o delegado (Filipe Pace, da Polícia Federal), já abri contra o Moro (juiz da Lava Jato), tô abrindo agora contra o Dallagnol e vou abrir contra todos.”

Lula ganhou aplausos da sua platéia.

“Preciso brigar com eles porque alguém tem que reagir. Alguém tem que reagir.”

“Com muita humildade se tem alguém que pode resistir à essa euforia da insanidade judicial sou eu. Estou disposto a fazer o que for necessário.”

Ao final, um recado a seus rivais. “E se isto é prá me prejudicar prá não ser candidato em 2018 você se prepare que eu posso ser candidato em 2018.”
Agência Estado

➤BOA NOITE


Daniela Mercury,  (Salvador, 28 de julho de 1965), 
é uma cantora, compositora, dançarina, produtora, atriz e apresentadora de televisão.  Em sua carreira solo, vendeu mais de 20 milhões de discos em todo o mundo.Vencedora de um Grammy Latino, por seu álbum Balé Mulato - Ao Vivo, recebeu também seis Prêmio da Música Brasileira, um prêmio pela APCA, três prêmios Multishow e dois prêmios pelo VMB, de melhor videoclipe e fotografia.

Em 1992 Daniela Mercury gravou aquele que seria seu primeiro grande sucesso, A Cor da Cidade


➤Sergio Cabral vira réu

Juiz manda prender a mulher dele

O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, determinou na tarde desta terça-feira (6) a prisão de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral. A decisão saiu após ele aceitar a denúncia da Operação Calicute do Ministério Público Federal. Por volta das 15h53, agentes da Polícia Federal chegaram ao apartamento onde Adriana morava com Cabral, no Leblon. Na mesma decisão que determinou a prisão de Adriana, o ex-governador virou réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e organização criminosa.

"A requerida, advogada de grande prestígio no meio forense, não está sendo investigada pela prática de atos que ela teria cometido no exercício de função pública, e sim por participar de uma grande Organização Criminosa que, como apontam as investigações, teria se instalado na sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro, a partir do então Governador do Estado Sérgio Cabral, seu marido", diz o juiz, em sua decisão.

Ele também comenta a possibilidade da advogada estar ocultando joias que teriam sido usadas para lavar dinheiro. "Embora as investigações tenham identificado registros nas joalherias investigadas de que Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo adquiriram pelo menos 189 joias desde o ano 2000, somente 40 peças foram apreendidas pela Polícia Federal por ocasião das buscas e apreensões, as quais foram encontradas no cofre do quarto da residência do casal. Tal constatação, como afirma o MPF, permite a conclusão de que a investigada Adriana Ancelmo permanece ocultando tais valiosos ativos, criminosamente adquiridos, eis que ainda não apreendidos pela Polícia Federal no cumprimento da ordem cautelar emanada deste Juízo, demonstrando a necessidade de renovação da medida cautelar anteriormente deferida", diz o texto da decisão.
Agência Globo

➤Aguardando decisão do plenário do STF

Senado decide não cumprir liminar sobre Renan



A Mesa Diretora do Senado decidiu nesta terça-feira (6) que irá aguardar a deliberação do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) para cumprir a decisão liminar do ministro Marco Aurélio Mello de afastar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do comando da Casa.

A decisão foi tomada durante uma reunião entre os integrantes da Mesa com Renan. Senadores que participaram do encontro disseram que o peemedebista acredita que tem respaldo jurídico para não assinar a notificação sobre a decisão de Marco Aurélio Mello, que ordenou o afastamento do senador do PMDB do comando do Senado.

Dez minutos depois de divulgar o documento, a Mesa Diretora divulgou uma segunda versão, com uma alteração na decisão. O segundo texto é assinado por todos os integrantes da cúpula do Senado, inclusive pelo senador Jorge Vianna (PT-AC), primeiro-vice-presidente da Casa, e que assumirá o comando do Senado caso Renan venha a ser afastado definitivamente da presidência.
Enquanto no primeiro texto, o artigo 1º dizia: "Art. 1º: Aguardar a deliberação final do Pleno do Supremo Tribunal Federal, anteriormente a tomada de qualquer providência relativa ao cumprimento da decisão monocrática em referência", o segundo documento diz apenas: "Art. 1º: Aguardar a deliberação final do Pleno do Supremo Tribunal Federal".

A decisão de não cumprir a liminar faria parte de uma estratégia do peemedebista para se manter na presidência do Senado até o STF julgar seu recurso contra a decisão de Marco Aurélio, o que está previsto para acontecer nesta quarta-feira (7).

Senadores que participaram do encontro com o peemedebista afirmaram que o aconselharam a cancelar a sessão de votações desta terça-feira e aguardar a decisão do Supremo sobre o recurso para retomar as votações.

A sessão do Senado já foi cancelada, bem como a sessão conjunta do Congresso Nacional e um tradicional jantar de confraternização natalina da Casa que estava marcado para esta noite na residência oficial do peemedebista.

Desde 9h desta terça, um oficial de Justiça aguardava em uma antessala da Presidência do Senado para entregar a notificação ao peemedebista. Ele deixou o Senado seis horas depois, por volta das 15h, sem entregar o documento ao senador. Nesta segunda-feira (5), à noite, Renan também não recebeu o oficial para assinar o documento.

Além da decisão de não cumprir a liminar, a Mesa Diretora também decidiu conceder prazo para que Renan apresente defesa, a fim de viabilizar a deliberação da Mesa sobre as providências necessárias ao cumprimento da decisão monocrática em referência.

O Senado entrou nesta terça com um recurso contra a decisão de Marco Aurélio Mello e com ação para pedir a suspensão da liminar.

Após decidir afastar Renan Calheiros da presidência do Senado, o ministro Marco Aurélio Mello decidiu submeter a decisão ao plenário do STF.
O caso agora deve ser pautado para a sessão do Supremo desta quarta-feira (7), uma vez que a presidente do STF, Cármen Lúcia, afirmou que, assim que fosse liberado para julgamento, ela pautaria o tema "com urgência".
Com G1/Conteúdo


➤RAPIDINHAS

 

Trabalhador terá de contribuir 49 anos para receber 100% da aposentadoria
Na proposta do governo para a reforma da Previdência, o trabalhador precisará contribuir 49 anos para assegurar o recebimento de 100% do benefício, afirmou nesta terça-feira o secretário de Previdência, Marcelo Caetano. O tempo mínimo de contribuição é 25 anos mas, com o cumprimento desse período, o trabalhador tem direito a 76% da aposentadoria. Isso acontece porque a reforma da Previdência propõe que a regra de cálculo do benefício seja um piso de 51% da média de salários de contribuição do trabalhador acrescido de 1 ponto porcentual por ano de contribuição. O valor também continuará limitado ao teto do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), hoje em R$ 5.189,82. Com a nova regra, tanto o fator previdenciário quanto a fórmula 85/95 deixarão de existir. "Alguém que tenha 26 anos de contribuição vai ter 77% do valor médio de contribuição", exemplificou Caetano. "É bem mais simples que o fator previdenciário. Digamos que tenha 40 anos de contribuição. Sobre a média, aplicaria 91%."

Brasil está entre os piores do mundo em avaliação de educação
O Brasil ocupa as últimas posições entre 70 países avaliados em relação ao ensino de Matemática, Leitura e Ciências. Os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) foram divulgados nesta terça-feira, 6, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A melhor posição do Brasil - 59º lugar entre os 70 países - foi alcançada em Leitura. Estão atrás apenas Albânia, Qatar, Geórgia, Peru, Indonésia, Tunísia, República Dominicana, Macedônia, Argélia, Líbano e Kosovo. Em Ciências, o ensino brasileiro ficou na 63ª posição, na frente de Peru, Líbano, Tunísia, Macedônia, Kosovo, Argélia e República Dominicana. Mas é em Matemática que o Brasil alcançou o pior resultado: 65ª posição. Estão atrás somente Macedônia, Tunísia, Kosovo, Argélia e República Dominicana. Os dados do Pisa mostram que 70% dos alunos brasileiros de 15 anos não sabem o básico de Matemática.

'A cidade é um lixo vivo, parece um filme escabroso', diz Doria
O prefeito eleito João Doria (PSDB) disse nesta segunda-feira, 5, em evento na sede da Federação do Comércio em São Paulo (Fecomércio), no centro de São Paulo, que “a cidade é um lixo vivo” e o pancadão (os bailes que funk) que acontecem nas ruas da capital são “uma atividade criminosa financiada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital)”. “Qualquer parte da cidade, qualquer área que você isole, a cidade é um lixo, é um lixo vivo, parece um filme escabroso. Inacreditável. Tem 16 mil pessoas nas ruas”, disse o prefeito eleito. “No inicio desta gestão, eram 6 mil (moradores de rua)”, disse Doria que, para uma plateia formada em sua maioria por presidentes de sindicatos patronais, subiu o tom em relação à gestão petista, como ainda não havia sido visto no período de transição.

Força-tarefa da Operação Lava Jato ganha Prêmio Innovare
A Força-tarefa formada por procuradores da Operação Lava Jato, no Paraná, ganhou o Prêmio Innovare na categoria Ministério Público na edição deste ano. A premiação reconhece práticas eficientes que contribuem para a solução de problemas da Justiça no país. Na categoria Ministério Público, se inscreveram 52 práticas em todo o país. A força-tarefa da Lava Jato chegou à final apontando novas técnicas de investigação, como análise informatizada de grande volume dados, uso da colaboração premiada e cooperação internacional. Os integrantes da força-tarefa também destacaram o trabalho conjunto com diversos outros órgãos, como a Polícia Federal, Receita, Tribunal de Contas, Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Controladoria Geral da União (CGU) e Advocacia Geral da União (AGU).

Marco Aurélio Mello decide levar ao plenário do STF liminar que afastou Renan
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, decidiu nesta terça-feira (6) submeter ao plenário do STF a liminar que afastou o Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado. Na liminar (decisão de caráter provisório), o ministro atendeu a pedido do partido Rede Sustentabilidade e considerou que, na condição de réu por peculato, Renan Calheiros não poderia ocupar um cargo que esteja na linha sucessória da Presidência da República. Sem um vice-presidente da República, na hipótese de ausência do presidente Michel Temer, Renan é o segundo na linha sucessória – o primeiro é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Ao pleno, com urgência, para referendo da decisão liminar, nos termos do artigo 5º, § 1º, da Lei nº 9.882/1999", decidiu Marco Aurélio Mello. O caso agora deve ser pautado para a sessão do Supremo desta quarta-feira (7), uma vez que a presidente do STF, Cármen Lúcia, afirmou que, assim que fosse liberado para julgamento, ela pautaria "com urgência". O Senado entrou nesta terça com um recurso contra a decisão de Marco Aurélio Mello e com ação para pedir a suspensão da liminar.

➤Afastamento de Renan

Senado recorre da decisão do ministro


O Senado Federal apresentou nesta terça-feira (6) um recurso contra a decisão do ministro Marco Aurélio que afastou da presidência da Casa o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

Caberá agora ao próprio ministro reverter sua decisão ou levar o pedido ao plenário da Corte, composto por 11 ministros, para uma deliberação colegiada. Ainda não há data marcada para o caso ser pautado no plenário.

Assinado pelo advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, o recurso argumenta que o afastamento de Renan Calheiros traz “enorme risco para a manutenção do andamento normal dos trabalhos legislativos”, destacando a votação da proposta de emenda à Constituição que estabelece um teto de gastos para a União.

“É notório o esforço do Poder Executivo que solicitou à sua base a votação de matérias de enorme relevo institucional, como, por exemplo, a PEC do Teto de Gastos (PEC n. 55, de 2016), que poderia restaurar a credibilidade econômica e das finanças do governo. Nesse sentido, a medida impugnada causa enormes prejuízos ao já combalido equilíbrio institucional e político da República”, diz o recurso.

Em conversa com jornalistas pela manhã, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, diz que poderá levar o caso ao plenário assim que Marco Aurélio liberar o processo de seu gabinete.

“Não sei [quando o plenário julgará]. Depende do relator”, afirmou a ministra, questionada sobre uma data, acrescentando que ainda não havia conversado com o colega sobre o caso.

Marco Aurélio deve pedir ainda manifestação de todas as partes envolvidas (como o partido Rede, autor da ação) e a Advocacia Geral da União (AGU) antes de decidir o que fazer com o recurso.

Como há prazos para o envio de tais manifestações, é difícil que o caso seja levado ao plenário ainda nesta semana, a depender do ministro. A única sessão marcada será nesta quarta-feira (7), já que quinta o Judiciário estará em feriado do dia da Justiça.

Existe, no entanto, outra possibilidade de o caso ser levado a plenário antes: se o ministro Dias Toffoli trouxer seu voto, já que havia pedido vista do processo em  novembro.

Na ocasião, já havia maioria formada de 6 ministros para impedir que um réu em ação penal ocupe a linha sucessória da Presidência. Mas com o pedido de vista (mais tempo para analisar o assunto), a decisão final foi adiada.
Fonte: Portal G1

➤Gasolina

Preço deve aumentar

Mesmo que os postos ainda não tenham reajustado os preços dos combustíveis, é certo que um novo aumento deverá acontecer nas próximas horas em Porto Alegre. Depois do anúncio da elevação do preço nas refinarias, feito pela Petrobras no final da tarde desta segunda-feira, é certo que o índice será repassado ao consumidor final. Os postos aguardam apenas o fim dos estoques nos tanques.

De acordo com a Petrobras, o impacto do aumento nas refinarias no preço final do combustível, será de R$ 0,12 na gasolina e R$ 0,17 no litro do óleo diesel. Atualmente, os postos de combustíveis em Porto Alegre, cobram entre R$ 3,79 e R$3,89 o litro da gasolina. 

➤Parque Olímpico

Prefeitura do Rio omite contrato milionário

Omitido do Diário Oficial do Rio na última semana, o extrato do contrato de manutenção do Parque Olímpico foi publicado nesta segunda (5) e traz peculiaridades. A empresa contemplada com o contrato emergencial de R$ 3,3 milhões é a M. Rocha Engenharia Ltda.

A empresa, que só começou a atuar no Rio esse ano, já tem outros três contratos com a Prefeitura. E todos três igualmente por dispensa emergencial, que permite que o serviço seja feito sem licitação.

Juntos, os quatro contratos somam R$ 8,9 milhões. “Nada mal para uma uma empresa que atua no município há apenas oito meses”, comentou a vereadora Teresa Bergher (PSDB), ao saber da publicação.

➤Análise:

Viana sozinho não vai atrasar PEC do Teto*

Vera Magalhães

Quando pediu vista do julgamento da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) impetrada pela Rede Sustentabilidade, que questionava se um réu em ação penal pode ocupar um cargo que o coloque na linha sucessória da Presidência da República, o ministro Dias Toffoli argumentou que não havia um caso concreto que justificasse a ação.

Agora há: na semana passada, o próprio STF tornou Renan Calheiros réu. A liminar concedida pelo relator, Marco Aurélio Mello, parte desse princípio — e leva em conta a maioria que já estava formada quando Toffoli adiou o desfecho do julgamento — para afastar o presidente do Senado do cargo.

Assim, por caminhos diversos, Renan vai repetindo o destino de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ambos são investigados em múltiplas frentes da Lava Jato. E ambos, em algum momento, acharam que poderiam usar seus postos de comando para atuar em benefício próprio, perseguir adversários e embaraçar investigações. A novidade institucional é essa: não podem.

Ao confrontar o Judiciário e o Ministério Público Federal de maneira tão explícita, contrária até a seu estilo — mais melífluo e menos “figadal” que o de Cunha — Renan ficou exposto. Virou o principal alvo dos protestos em todo o país no domingo, à frente até dos deputados. E entrou num cabo de guerra com o Judiciário, que agora se manifesta.

Não que a liminar concedida por Marco Aurélio seja uma retaliação. Mas parece evidente que a pressão popular e a forma autoritária com que Renan insistia em avançar com uma pauta claramente retaliatória, alheio a apelos do próprio presidente Michel Temer e da presidente do STF, Cármen Lúcia, por uma discussão mais alentada, contribuíram para que o ministro tomasse essa decisão.

Havia, como se disse, o “caso concreto” alegado pela Rede no pedido de liminar: há um réu na linha sucessória. Havia maioria por esse entendimento. Por isso, ainda que alguns ministros questionem o caráter intempestivo da liminar — uma vez que o processo estava com vista pedida por Toffoli — será difícil que algum deles casse a liminar ao julgar um mérito com o qual concordam.

Diante disso, caso o afastamento de Renan seja confirmado pelo pleno do Supremo, que só se reúne na quarta-feira, o governo se verá diante da circunstância de ter de aprovar a proposta de emenda constitucional que fixa o teto de gastos federais com o petista Jorge Viana (AC) na presidência.

Isso põe a proposta em risco? Não, no entendimento da maioria dos senadores consultados ontem e do Palácio do Planalto, numa primeira análise. O calendário já está fixado e a oposição no Senado é francamente minoritária. Assim como Renan não conseguiu sozinho impor a urgência do pacote de dez medidas de combate (sic) à corrupção, Viana sozinho não conseguirá atrasar a PEC do Teto.

*Publicado no Portal Estadão em 06/12/2016

➤06/12/2016


Estadão - Abuso de autoridade deve sair da pauta no Senado
Senadores avaliam que não há ‘clima’ para levar ao plenário proposta que penaliza juízes e procuradores; para eles, atos em apoio à Lava Jato já eram alerta

Folha de São Paulo - Aliados planejam recorrer a Cármen Lúcia para devolver cargo a Renan
Caciques querem pedir à presidente do STF a suspensão da liminar do ministro Marco Aurélio Mello afastando o peemedebista da presidência do Senado

O Globo - Jorge Viana diz que vai suspender votação de teto de gastos
Petista, que assume interinamente a presidência do Senado com afastamento de Renan Calheiros pela liminar do STF, anuncia que toda a pauta de interesse do governo será suspensa, inclusive lei de licitações e LDO. Planalto está apreensivo com reviravolta política

Correio Braziliense - Afastamento de Calheiros coloca PT no comando do Senado e preocupa governo
Ministro do Supremo concede liminar a pedido da Rede e afasta o peemedebista da presidência do Senado. Substituto no cargo é o petista Jorge Viana, o que preocupa o Palácio do Planalto em votações importantes

Estado de Minas - Renan deverá recorrer, diz líder do PT após encontro com o peemedebista
"Ele deverá apresentar um recurso a essa decisão que foi tomada", afirmou o líder do PT, senador Humberto Costa (PE), ao deixar o encontro com Renan Calheiros

Tribuna da Bahia - Militares, PMs e bombeiros ficam de fora da Reforma da Previdência
Proposta de Reforma da Previdência não vai incluir a aposentadoria dos militares das Forças Armadas

Diário do Nordeste - Governo quer idade mínima de 65 anos e 50 de contribuição
Proposta de reforma da Previdência Social foi apresentada ontem, sem detalhes, e irá hoje para o Congresso

Diário Catarinense - Vereadores rejeitam o projeto que regulamenta Uber em Florianópolis
Parecer contrário na Comissão de Constituição e Justiça foi mantido

Revista VEJA -   Renan não recebe oficial com a notificação do afastamento
Peemedebista estava na residência, mas não atendeu o responsável por informá-lo da decisão do ministro Marco Aurélio, do STF

Revista EXAME - Brasil está entre os piores em ranking de educação
70% dos estudantes brasileiros estão abaixo do mínimo necessário em Matemática, segundo dados do PISA

Revista ÉPOCA - O Supremo se alia às ruas
Ao determinar o afastamento provisório de Renan Calheiros da presidência do Senado, o ministro Marco Aurélio Mello atende ao ronco das ruas – mas se arrisca a precipitar uma crise dentro do Supremo e com o Congresso

Agência BRASIL - Petrobras sobe preço do diesel e da gasolina nas refinarias
Segundo a Petrobras, o impacto nas bombas deverá ser de 5,5% para o diesel, ou mais R$ 0,17 por litro, e de 3,4% para a gasolina, mais R$ 0,12 por litro

Portal G1 - Pacote de austeridade começa a ser votado na Alerj nesta terça-feira
Propostas receberam, ao longo da última semana, mais de 700 emendas

Portal IG - Chape, Lula e Dilma: Duas viagens, dois enterros, duas percepções da realidade
Enquanto os corpos das vítimas da tragédia da Chapecoense chegavam ao Brasil, Lula e Dilma desembarcavam em Cuba

➤BOM DIA!

Uma cajadada, três coelhos*

Eliane Cantanhêde

O ministro Marco Aurélio Mello matou não apenas dois, mas três coelhos com uma cajadada – ou canetada – só. Ao conceder liminar a uma petição da Rede Sustentabilidade, Mello tirou Renan Calheiros da presidência do Senado faltando, na prática, 15 dias para o fim de sua gestão; passou uma rasteira no ministro Dias Toffoli, que empurrara para o ano que vem uma decisão sobre Renan; de quebra, ofuscou uma das maiores tacadas do governo Michel Temer: o anúncio da reforma da Previdência.

A alegação da Rede, acatada por Marco Aurélio, tem a lógica de uma equação matemática: se a legislação proíbe réus de ocupar cargos na linha sucessória do presidente da República, e Renan é presidente do Senado e virou réu, logo... ele não poderia mais manter a presidência. Mas ele só vai (ou iria) ocupar a função de fato até o fim do mês, quando começa o recesso parlamentar até fevereiro, quando será eleito seu sucessor.

Deve ter sido por isso, e para evitar maior turbulência política, que Dias Toffoli decidiu pedir vistas no primeiro julgamento que tiraria Renan, apesar de a maioria dos ministros já ter decidido pelo afastamento. Com o pedido de vistas, o novo julgamento ficou para o dia 21, quando o Judiciário entra em recesso e não julga mais nada até fevereiro. Com seu ato, portanto, Toffoli tinha garantido a Renan ficar na presidência até o último dia. Mas a Rede entrou com uma petição adicional e Marco Aurélio acatou rapidinho.

O terceiro “coelho” foi Temer, que reuniu o ministro da Fazenda e a cúpula do Legislativo (ausente Renan...) para anunciar uma proposta para a Previdência que vai enfrentar muita resistência nas centrais sindicais, por exemplo, mas tende a acalmar a ansiedade de analistas e investidores. Era para ser manchete, mas a queda de Renan tornou-se uma forte concorrente.

De quebra, a troca de comando no Senado pode afetar os planos de Temer: sai Renan, entra Jorge Viana. Renan não é propriamente um aliado incondicional, mas é do mesmo PMDB. Viana é um senador responsável e tem visão republicana, mas é do PT. Se você fosse Temer, qual deles preferiria na hora de votar o segundo turno da PEC do Teto de Gastos e no início da tramitação de uma reforma para elevar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos?

O fato é que a liminar sobre Renan Calheiros corrobora o que centenas de milhares de pessoas, em verde e amarelo, reivindicaram nas manifestações de domingo em 25 Estados e no DF. Com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha afastado pelo Supremo, cassado pelos deputados e preso pela Justiça, Renan virou a bola da vez nas ruas lotadas contra a corrupção, o Congresso, a implosão do pacote anticorrupção na Câmara e a tentativa frustrada do Senado de votar urgência para aprovar os cacos do pacote.

Também soando como resposta às manifestações, a Lava Jato amanheceu ontem mirando o ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT) e o ex-senador do PMDB Vital do Rêgo, atual ministro do TCU, deixando um saldo assustador de presidentes da Câmara e do Senado. Na Câmara, Ibsen Pinheiro ( mais tarde absolvido em todos os processos) foi cassado, Severino Cavalcanti renunciou, João Paulo Cunha foi preso pelo mensalão, Eduardo Cunha está preso por múltiplas acusações, Henrique Eduardo Alves saiu de fininho do governo Temer e agora Marco Maia é obrigado a dar (muitas) explicações. 

No Senado, Antonio Carlos Magalhães, Jader Barbalho e Renan Calheiros (na primeira gestão) foram obrigados a renunciar, José Sarney escapou por pouco e Renan, de volta à presidência, é réu e enfrenta outros 11 processos. Tal como Eduardo Cunha, ele disparou na política nacional a bordo do bólido Fernando Collor. Será que a Justiça tarda, mas começa a não falhar?

*Publicado no Portal Estadão em 06/12/2016