Disputa está aberta em ao menos 11 capitais*
Pesquisas mostram empate em cinco e diferença
de até dez
pontos em outras seis
Das 18 capitais que terão votação no segundo turno
amanhã, em no mínimo 11 delas a disputa deve ser definida com uma margem
pequena de votos, segundo apontam pesquisas divulgadas pelo Ibope até ontem. O
instituto realizou pelo menos um levantamento em cada uma das cidades.
Em cinco das capitais – Aracaju, Belém, Belo Horizonte,
São Luís e Curitiba – as pesquisas mais recentes indicam situação de empate
técnico entre os dois candidatos. Em outras sete, a diferença entre os
adversários supera a margem de erro, mas ainda mostra disputa acirrada, com
vantagens de até dez pontos porcentuais. É o caso de Campo Grande, Fortaleza,
Manaus, Porto Alegre, Vitória e Florianópolis.
No outro extremo, candidatos aparecem com ampla vantagem
em relação aos adversários em seis cidades. No Rio de Janeiro, por exemplo,
Marcelo Crivella (PRB), desponta com 61% das intenções de votos válidos –
quando são excluídos os brancos, nulos e indecisos –, tendo 22 pontos
porcentuais de diferença para Marcelo Freixo (PSOL), que aparece com 39%.
Em Recife, a vantagem é do atual prefeito e candidato à
reeleição, Geraldo Júlio (PSB), que tem 60% das intenções de voto válido,
contra 40% do petista João Paulo. Situações semelhantes ocorrem em Porto Velho,
Maceió, Goiânia, Macapá e Cuiabá.
Em Campo Grande, a diferença de
Marquinhos Trad (PSD), que era de 26 pontos porcentuais no levantamento
divulgado no dia 14, caiu para dez pontos na pesquisa publicada ontem. Ele
aparece com 55% das intenções de voto, ante 45% da sua adversária na disputa, a
tucana Rose Modesto.
O mesmo ocorreu em Florianópolis, em que Ângela Amin (PP)
conseguiu se aproximar de Gean Loureiro (PMDB) e também ficar a dez pontos
porcentuais (55% a 45%) na pesquisa divulgada ontem. Antes, a vantagem do
peemedebista era de 34 pontos.
O levantamento é semelhante ao cenário da disputa em
Porto Alegre, onde o Ibope mostrou ontem vantagem de Nelson Marchezan (PSDB),
com 56% das intenções de voto, 12 a mais do que Sebastião Melo (PMDB), que tem
44%. A distância chegou a ser de 16 pontos.
Equilíbrio. Para o cientista político José Paulo
Martins Júnior, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio),
esse equilíbrio de forças é uma sinalização positiva dentro do sistema
democrático. “Se tem segundo turno, a tendência é que existam dois grupos
fortes com potencial eleitoral equivalente”, diz.
Para Humberto Dantas, cientista político do Insper, não é
possível generalizar o cenário político das capitais, pois a realidade de cada
uma deve ser levada em consideração. “A gente tem visto eleições com
características muito diferentes. No Rio de Janeiro, os polos da esquerda e da
direita foram para o segundo turno. Mas, ao mesmo tempo, é estranho que, em
Porto Alegre, a eleição tenha começado com a liderança de dois candidatos da
esquerda e ela tenha ficado fora da disputa agora”, afirma.
Dantas cita Recife e Fortaleza como capitais em que a
situação é mais similar, uma vez que ambas têm seus atuais prefeitos na disputa
do segundo turno.
Para ele, a quantidade significativa de votos brancos e
nulos do primeiro turno pode se repetir no domingo, assim como o chamado “voto
útil”. “No Rio, com a esquerda e a direita mais definidas, o eleitor do centro
pode ficar sem opção, e aí muitas pessoas não iriam à urna pelo voto, mas pelo
veto.”
“Se tem segundo turno, a tendência é que existam dois
grupos fortes com potencial eleitoral equivalente.”
*Publicado no Portal Estadão em 29/10/2016