terça-feira, 27 de setembro de 2016

BOA NOITE!


Carmen Sebastiana Silva de Jesus, ou simplesmente Carmen Silva, que nasceu  em Veríssimo (Triângulo Mineiro)  no dia 22 de março de 1945 e faleceu em São Paulo no dia 26 de setembro de 2016., foi uma cantora e compositora brasileira, também conhecida carinhosamente pelos fãs como "A Pérola Negra".

Carmen Iniciou sua carreira ainda jovem. Participou de vários programas de calouros. Venceu o concurso Um Cantor por um Milhão, um Milhão por uma Canção, da Rede Record. Seu primeiro sucesso foi a música "Adeus Solidão", no seu primeiro disco pela gravadora Philips, um compacto duplo. Ganhou diversos prêmios e troféus, como o Roquete Pinto e o Chico Viola.

Em 2001, Carmen assinou com a gravadora Graça Music e lançou três discos no segmento evangélico. Seu último disco lançado foi 'Minhas Canções na Voz de Carmen Silva', em 2008.

Para lembra Carmen Silva, que nos deixou ontem (26), aos 71 anos, vamos ouvir aquele que foi  seu maior sucesso, Adeus Solidão



BLOG DO CAMAROTTI

Ajuste Fiscal
Temer tentará evitar racha na base*

No jantar em que vai estrear no Palácio da Alvorada, o presidente Michel Temer vai pedir unidade dos integrantes de sua base aliada para acelerar a aprovação das medidas de ajuste fiscal propostas pela área econômica, especialmente, a PEC que estabelece um teto para os gastos públicos nas próximas duas décadas.

Nos bastidores, o Palácio do Planalto está preocupado com a disputa precoce pela sucessão na Câmara dos Deputados. Oficialmente, a eleição para escolher o substituto de Rodrigo Maia (DEM-RJ) só ocorrerá em fevereiro, porém, os potenciais candidatos ao comando da Casa já se movimentam nos carpetes verdes.

Temer quer congelar essa disputa para evitar um racha em sua base de apoio no Congresso Nacional.

Outro temor do peemedebista é de evitar o bate-cabeça entre ministros em relação a temas polêmicos. A avaliação interna é de que declarações desencontradas de integrantes do primeiro escalão têm arranhado a imagem do governo. O episódio mais recente foi a fala do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, antecipando a última fase da Operação Lava Jato, fato que contrariou Temer.

No encontro desta terça na residência oficial da Presidência, o peemedebista vai receber ministros e líderes governistas na Câmara e no Senado.

Os deputados Danilo Forte (PSB-CE) e Darcísio Perondi (PMDB-RS), respectivamente presidente e relator da comissão especial criada na Câmara para analisar a PEC do Teto de Gastos, também foram chamados ao jantar no Alvorada. Forte e Perondi, inclusive, almoçaram com Temer nesta terça no Palácio do Planalto.

"Temer pediu foco na votação da PEC dos gastos públicos e deixou claro que se o governo afundar, afunda todo mundo", relatou Danilo Forte ao Blog, em uma referência à disposição do presidente da República de evitar essa disputa na base aliada.

*Publicado no Portal G1 em 27/09/2016

Esquema de propinas

Gleisi e Bernardo viram réus na Lava Jato


Por unanimidade, 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal recebe denúncia do Procurador-geral da República contra senadora petista acusada de receber R$ 1 milhão do esquema de propinas da Petrobrás para campanha de 2010

A 2ª Turma de ministros do Supremo Tribunal Federal recebeu, por unanimidade, na tarde desta terça-feira, 27, denúncia criminal contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), acusada de receber R$ 1 milhão do esquema de propinas da Petrobrás para sua campanha em 2010. O ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento/Governo Lula), marido de Gleisi, também virou réu.

A acusação contra Gleisi, no STF, tem base nas delações premiadas do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Yousseff. Eles revelaram que, em 2010, R$ 1 milhão do esquema de propinas da Petrobrás foi destinado à campanha eleitoral da petista ao Senado.

Paulo Bernardo já é réu em uma ação penal em curso na 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, por envolvimento no suposto esquema Consist – desvios de R$ 102 milhões em contratos de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento em sua gestão. O ex-ministro chegou a ser preso pela Polícia Federal, mas o ministro Dias Toffoli, do Supremo, mandou soltá-lo.

A criminalista Verônica Sterman tem reiterado que a senadora Gleisi e Paulo Bernardo não receberam valores ilícitos nem na campanha de 2010 e nem no Esquema Consist.
Agência Estado

OPINIÃO

O exército do 'Fora, Temer'*

Arnaldo Jabor

Eu também quero ser feliz. Fico com inveja dos manifestantes que berram “Fora, Temer”, orgulhosos, iluminados pela certeza de que lutam pelo bem do Brasil. Tenho inveja deles. Nada é mais cobiçado do que a chamada “boa consciência”, a sensação de estar do lado certo da história ou da justiça. Tenho inveja de famosos artistas e intelectuais que aderiram à causa do “Fora, Temer”, se bem que ainda não consegui entender o labirinto ideológico dentro de suas cabeças que desemboca nesses protestos. Fico inquieto, mas logo me tranquilizo, porque eles, pessoas especiais, têm um fino saber e se tivessem tempo (ou saco) me elucidariam sobre suas profundas razões. Esforço-me, mas ainda não alcanço essa profundidade. Acho que tenho de me rever, fazer uma autocrítica. Talvez eu seja levado por minha cruel personalidade que, como eles dizem, não deseja o progresso do País. Eu sei que, ai de mim, talvez eu não passe mesmo de um fascista neoliberal, mas também sou um ser humano. Por isso, me entendam – eu quero ser salvo, doutrinado, catequizado pelo saber histórico dos manifestantes. Peço, por favor, que me ajudem a entender suas teses, para que eu saia das trevas da ignorância. Eu sou um pobre homem alienado, mas quero me atualizar. Por isso, trago algumas perguntas para me livrar dessas dúvidas pequeno-burguesas.

Por exemplo:
Me expliquem porque a palavra de ordem é “golpe, golpe”. Como assim? – pensei, na minha treva: se a Suprema Corte, o Congresso, o Ministério Publico, a PGR, a Ordem dos Advogados, a Associação dos Magistrados do Brasil levaram nove meses para cumprir o ritual constitucional e legitimaram o impeachment, por que é golpe? A turma do “Fora, Temer” deve saber. Talvez, alguém da direita tenha envenenado a mente desses juízes, congressistas, advogados e procuradores. Quem, na calada da noite, se reuniu com eles e juntos planejaram um golpe contra a Dilma? Imagino a cena, tarde da noite num bar de hotel: ministros e juízes bebem e celebram, às gargalhadas, um plano para arrasar o PT. Me expliquem esse mistério, pelo amor de Deus.

Vejo, com assombro de inocente inútil, que ignorei a estratégia bolivariana quando Dilma declarou em campanha que, na economia, estávamos bem. Frívolo que sou, achei que o Dilma estava mentindo; mas, logo lembrei que era “mentira revolucionária” para ser eleita – hoje, entendo que Dilma fez bem em encobrir um rombo de 170 bilhões de reais com dinheiro dos bancos públicos.
Quebrou-se a Petrobrás, mas já posso ouvir nossa “intelligentsia”: “os fins justificam os meios e, se a Petrobrás era do povo, seu dinheiro podia ser expropriado para o bem do povo”. Na mosca. Espantei-me com a visão de mundo que justificou a compra da refinaria de Pasadena por um preço 30 vezes maior; pagamos por uma lata velha um bilhão e meio de dólares. Mas eu, um idiota da objetividade, tenho a convicção de que vocês me revelarão a límpida verdade: Dilma sabia da venda, mas fez vista grossa em nome de nossa salvação. Afinal, o que são um bilhão de dólares diante do socialismo triunfante que virá?

Às vezes, em minha hesitante mediocridade, temi que os 50 mil petistas empregados no governo estivessem trabalhando para o PT e não para a sociedade, mas já ouço a voz de grandes artistas explicando-me, com doce benevolência, que a sociedade não é confiável e que os petistas não eram infiltrados, mas vigilantes de sua missão no futuro.

Houve um momento em que achei, ingenuamente, que a nova matriz econômica de Dilma e Mantega era o rumo certo para a catástrofe. Ou para o brejo. Mas, sei que os sapientes comunistas dirão que esse será um brejo iluminista que acordará as mentes para a verdade. Assim, respiro aliviado. Entendi-os: “mesmo a ruína poderá ser didática”. Eles dirão, imagino, que um poder popular não podia se ater a normas econômicas neoliberais e tinha de estimular o consumo. Isso criou 12 milhões de desempregados? Sim, mas, nossos teóricos rebaterão que, mesmo quebrando o País e provocando inflação, esses 12 milhões sentiram o gostinho das geladeiras e TVs e que isso é a criação de um desejo para o socialismo. Na mosca.

Confesso também que fiquei desanimado com o atraso de todas as obras prometidas, que o PAC não andou, que não devíamos financiar portos e pontes em Venezuela, Angola e Cuba, mas eles me ensinarão que a solidariedade internacional bolivariana é fundamental para a vitória de seu projeto. Quero me penitenciar também por ter me entusiasmado com a Lava Jato, que considerei uma mutação histórica. Depois, lendo os jornais e as explicações de gente lúcida como a barbie-bolivariana Gleisi Hoffman e Lindenberg Farias, o homem que salvou Nova Iguaçú, voltei atrás e vejo que Moro e seus homens não passam de fascistas que querem impedir o avanço das forças do progresso. A Lava Jato, hoje o sei, é de direita.

Às vezes, reacionários criticam o governo Dilma por gastar muito em publicidade, porque desde o início do governo do PT foram gastos 16 bilhões de reais. Eu achava isso errado, mas sábias palavras me provarão que a população é uma grande “massa atrasada” e que há que lhes ensinar a verdade do capitalismo assassino.

Também achei pouco elegante a difusão pelo mundo da tese de que um golpe terrível tinha se passado no Brasil, achei que uma presidenta não podia espalhar uma difamação sobre o próprio país. Mas, artistas e intelectuais vão sorrir com superioridade e me ensinar (já os vejo...) que a adesão internacional é mais importante que velhas fronteiras nacionais.

Por isso, creio que estou pronto para minha reforma mental. Estou pronto para renegar minhas dúvidas pequeno-burguesas. E logo poderei fazer parte daqueles que invejo por seus rostos iluminados de certeza, por sua sabedoria acima da história e do obvio.

Assim, poderei participar desses protestos, me sentir um revolucionário e gritar, de punho erguido e fronte alta: “Fora, Temer!!”.

*Publicado no Portal Estadão em 27/09/2016

Cursos de medicina

MEC autoriza mais quatro para o RS

Erechim, Ijuí, Novo Hamburgo e São Leopoldo receberão graduações

O Diário Oficial da União publicou hoje (27) portaria do Ministério da Educação (MEC) autorizando o funcionamento de quatro cursos de medicina no Rio Grande do Sul. Os cursos serão nas cidades de Novo Hamburgo, São Leopoldo, Erechim e Ijui

Os cursos funcionarão nas mantenedoras Fundação regional Integrada (responsável pela Universidade Integrada do Alto Uruguai daas Missões), Associação Antonio Vieira (UNISINOS), União dos Cursos Superiores (Faculdade Estácio de Ijui) e Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo (Universidade Feevale)

Em outubro as mantenedoras serão convocadas para a entrega da garantia da execução e assinatura do termo de compromisso. De acordo com as propostas apresentadas, a implantação do processo poderá ser realizada entre três e 18 meses.
Agência Brasil

Operação Lava jato

Palocci, o ‘chefe’ do poderoso Odebrecht

Além do pai, Emílio Odebrecht, e do avô, Norberto Odebrecht, poucas pessoas devem ter sido tratadas ou vistas como “chefes” durante a carreira do “príncipe dos empreiteiros”, Marcelo Odebrecht. O ex-ministro Antonio Palocci, preso nesta segunda-feira na 35ª fase da Lava Jato, é uma delas.  Em mensagem enviada ao então homem forte do primeiro mandato de Dilma Rousseff, em dezembro de 2010, Odebrecht se dirige a Palocci como “chefe” e lamenta um desencontro após a diplomação de Dilma como presidente: “não consegui lhe ver 6ª na recepção pós-diplomação”.

“Há algum tempo conversamos sobre o momento/oportunidade de um reforço na área de E&P (Estrela)”, segue o empreiteiro, em uma referência ao então diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella. “Acho que a oportunidade chegou”, introduz Marcelo Odebrecht, antes de pedir que Palocci analise um texto com as pretensões da empreiteira para a área de equipamentos e instalações embaixo da lâmina d’água, “uma grande concorrência (aprox. US$ 1,3 bi)”, como salienta. Após se colocar à disposição para ir “sem problemas” a São Paulo ou Brasília “pois acho uma importante uma ação/recomendação urgente”, Odebrecht ainda sugere a Antonio Palocci a nomeação do “excelente quadro” Luiz Navarro, então secretário-executivo da Controladoria-Geral da União (CGU), “para avaliar como ele poderia se ajustar em espaços do novo governo”.

Leia abaixo a íntegra da mensagem a Palocci:

Chefe,
Não consegui lhe ver 6ª na recepção pós diplomação.
A [sic] algum tempo conversamos sobre o momento/oportunidade de um reforço na área de E&P (Estrela).
Acho que a oportunidade chegou. Trata-se de uma grande concorrência (aprox. US$ 1,3 bi) para o mercado de projetos subsea (equipamentos e instalações embaixo da lâmina d’água), que tende a crescer exponencialmente no pré-sal. Este mercado é totalmente dominado por estrangeiras, e nós estamos a ponto de colocar um pé nele. Se perdemos esta oportunidade, as novas serão cada vez mais complicadas.
Peço que avalie o texto em anexo e qualquer dúvida nos falamos. Estou em Salvador nesta semana, mas posso sem problemas ir para SP ou BSB caso necessário, pois acho importante uma ação/recomendação urgente.
Um outro tema: não sei se você conhece Luis Navarro, Secretário Executivo da CGU. A pessoa dele comandou de forma efetiva a CGU, e penso que isso é reconhecido dentro e fora do órgão. Acho que vale a pena você recebê-lo para avaliar como ele poderia se ajustar em espaços no novo governo. É um excelente quadro.
Forte abraço e Obrigado
Marcelo
Fonte: Portal VEJA

Pesquisa Datafolha

ELEIÇÕES 2016

O Datafolha divulgou na noite de ontem (26), o resultado de pesquisas feitas em 4 capitais brasileiras. Confira aqui como estão os candidatos em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e recife.

SÃO PAULO

- João Doria (PSDB): 30%
- Celso Russomanno (PRB): 22%
- Marta (PMDB): 15%
- Fernando Haddad (PT): 11%
- Luiza Erundina (PSOL): 5%
- Major Olimpio (SD): 1%
- Levy Fidelix (PRTB): 1%
- João Bico (PSDC): 0%
- Ricardo Young (REDE): 0%
- Altino (PSTU): 0%
- Henrique Áreas (PCO): 0%
- Branco/nulo: 12%
- Não sabe: 4%

Doria vence em todas as simulações de segundo turno

RIO DE JANEIRO 

- Marcelo Crivella (PRB) - 29%
- Pedro Paulo (PMDB): 11%
- Marcelo Freixo (PSOL) - 10%
- Jandira Feghali (PC do B): 7%
- Flávio Bolsonaro (PSC): 7%
- Osorio (PSDB): 6%
- Indio da Costa (PSD): 5%
- Alessandro Molon (Rede): 1%
- Cyro Garcia (PSTU): 1%
- Carmen Migueles (Novo): 1%
- Thelma Bastos (PCO): 0% (foi citada, mas não alcançou 1%)
- Branco/nulo: 15%
- Não sabe/não respondeu: 7%

Crivela vence em todas as simulações de segundo turno

BELO HORIZONTE

- 
João Leite (PSDB) - 32%
- 
Alexandre Kalil (PHS) - 18%
- 
Délio Malheiros (PSD) - 6%
- 
Rodrigo Pacheco (PMDB) - 5%
- 
Reginaldo Lopes (PT) - 4%
- 
Luis Tibé (PTdoB) - 3%
- 
Eros Biondini (PROS) - 3%
- 
Maria da Consolação (PSOL) - 3%
- 
Sargento Rodrigues (PDT) - 2%
- 
Marcelo Álvaro Antônio (PR) - 2%
- 
Vanessa Portugal (PSTU) - 1%
- Branco/nulo - 15%
- Não sabe/não respondeu - 7%

João Leite vence em todas as simulações de segundo turno


RECIFE

- Geraldo Julio (PSB) – 38%
- João Paulo (PT) – 26%
- Daniel Coelho (
PSDB) – 14%
- 
Priscila Krause (DEM) – 4%
- 
Edilson Silva (PSOL) – 2%
- Branco/nulo – 11%
- Não sabe – 5%

Geraldo Júlio vence na simulação de segundo turno

BOM DIA!

‘Mundo de sombras’*


O céu era o limite para Antonio Palocci Filho, mas, na versão do juiz Sérgio Moro, ele preferiu esgueirar-se por um “mundo de sombras que encobre sua atividade”, atirar-se no colo da empreiteira Odebrecht, fazer as maiores tramoias e reunir somas inimagináveis sob o pretexto da eternização do PT no poder. Palocci poderia ser tudo, mas acaba como um triste troféu de luxo entre os presos da Lava Jato.

Tivesse mantido a aura de médico sanitarista, prefeito bem-sucedido de Ribeirão Preto (SP) e ás do diálogo e da composição, Palocci teria todas as condições para disputar a sucessão de Lula em 2010. Tinha um patrimônio pessoal: sólidas relações em três mundos cada vez mais embolados, o político, o empresarial e o financeiro. E tinha um patrimônio herdado de Lula: o crescimento econômico de 7,5% naquele ano.

Seria imbatível dentro do governo, da base aliada e do próprio PT, já que José Dirceu tinha a máquina do partido, mas jamais foi próximo o suficiente de Lula para ser lançado por ele à Presidência e começou a balançar já no início da era petista, quando seu braço direito, Waldomiro Diniz, foi flagrado pedindo propina... a um bicheiro. Dirceu foi afundando até ser tragado pelo mensalão. Quanto mais ele submergia, mais Palocci emergia.

Dirceu caiu da Casa Civil de Lula em junho de 2005 e Palocci caiu da Fazenda menos de um ano depois, metido numa casa suspeita no bairro mais rico de Brasília e em figurinos bem diferentes do jaleco do médico do bem, cara bonachão, maridão exemplar, político acima de qualquer suspeita. Segundo o caseiro Francenildo Pereira, a tal casa era usada para orgias à noite e para acomodar pastas de dinheiro durante o dia.

O destino ainda deu uma segunda chance a Palocci. Por intermédio de Lula, virou o cérebro da campanha de Dilma Rousseff, caiu nas graças dela e voltou por cima a Brasília: do antigo Ministério da Fazenda, subiu para a chefia da Casa Civil, no Planalto. Mas ele desabou de novo, agora sob o peso de contas milionárias, empresas mal explicadas e negócios esquisitos que, tantos anos depois, continuam vagando como fantasmas – dele e do PT.

O “Italiano”, como Palocci é chamado nos e-mails da Odebrecht, deveria ser o guardião da economia nacional, mas cuidava era das contas milionárias do PT e era pau para toda obra da maior empreiteira do País. É suspeito de dar jeitinhos para ajustar regras de IPI numa medida provisória, favorecer a empresa no nebuloso negócio dos navios-sonda e mergulhar até no projeto de submarinos da Marinha, o Prosub. Como “é dando que se recebe”, Palocci é acusado pelos investigadores de dar uma força para a Odebrecht com uma das mãos e embolsar uma gorda porcentagem com a outra.

Lá atrás, com a queda de Dirceu e de Palocci em 2005 e 2006, Lula chegou a namorar a tese de um terceiro mandato, mas os amigos e o bom senso entraram em campo para dissuadi-lo dessa saída “bolivariana” e só restou para sua sucessão em 2010 o nome de Dilma, que não tinha a liderança política de Dirceu nem a habilidade pessoal e o trânsito de Palocci. Uma tragédia.

A vida não é feita de “se”, mas impossível não derivar para uma reflexão quando Palocci é preso pela Lava Jato: se fosse realmente grande, como se imaginava, ele poderia ter sido o candidato do PT à Presidência em 2010 e toda a história poderia ter sido muito diferente. Mas Palocci, segundo o despacho de Moro, preferiu usar as campanhas e os mais altos cargos da República para achacar empresários, fazer negócios escusos e amealhar a bagatela de R$ 128 milhões (fora os R$ 70 milhões ainda em investigação) para o PT. Moral da história: ao tentar eternizar o partido no poder, ele se transformou no oposto – em agente decisivo para ameaçar o PT de extermínio.

*Publicado no Portal Estadão em 27/09/2016