"Amigos Para Siempre (Friends for Life)" é uma canção que foi escrita para os Jogos Olímpicos de Verão de 1992 em Barcelona, composta por Andrew Lloyd Webber com letra por Don Black.
domingo, 21 de agosto de 2016
BOA NOITE!
Operação Lava Jato
Delação atinge Dias Toffoli
Em proposta de colaboração com a Justiça, Léo Pinheiro
fala de suas relações com o magistrado e de uma obra em sua “mansão de revista”
Era um encontro de trabalho como muitos que acontecem em
Brasília. O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, e o empreiteiro
José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, então presidente da
construtora OAS, já se conheciam, mas não eram amigos nem tinham intimidade. No
meio da conversa, o ministro falou sobre um tema que lhe causava dor de cabeça.
Sua casa, localizada num bairro nobre de Brasília, apresentava infiltrações e
problemas na estrutura de alvenaria. De temperamento afável e voluntarioso, o
empreiteiro não hesitou. Dias depois, mandou uma equipe de engenheiros da OAS
até a residência de Toffoli para fazer uma vistoria. Os técnicos constataram as
avarias, relataram a Léo Pinheiro que havia falhas na impermeabilização da cobertura
e sugeriram a solução. É um serviço complicado e, em geral, de custo salgado. O
empreiteiro indicou uma empresa especializada para executar o trabalho.
Terminada a obra, os engenheiros da OAS fizeram uma nova vistoria para se
certificarem de que tudo estava de acordo. Estava. O ministro não teria mais
problemas com as infiltrações — mas só com as infiltrações.
A história descrita está relatada em um dos capítulos da
proposta de delação do empreiteiro Léo Pinheiro, apresentada recentemente à
Procuradoria-Geral da República e à qual VEJA teve acesso. Condenado a
dezesseis anos e quatro meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e
organização criminosa no escândalo do petrolão, Léo Pinheiro decidiu confessar
seus crimes para não passar o resto dos seus dias na cadeia. Para ganhar uma
redução de pena, o executivo está disposto a sacrificar a fidelidade de longa
data a alguns figurões da República com os quais conviveu de perto na última
década. As histórias que se dispõe a contar, segundo os investigadores, só são
comparáveis às do empreiteiro Marcelo Odebrecht em poder destrutivo. No anexo a
que VEJA teve acesso, pela primeira vez uma delação no âmbito da Lava-Jato
chega a um ministro do Supremo Tribunal Federal.
No documento, VEJA constatou que Léo Pinheiro, como é
próprio nas propostas de delação, não fornece detalhes sobre o encontro entre
ele e Dias Toffoli. Onde? Quando? Como? Por quê? Essas são perguntas a que o
candidato a delator responde apenas numa segunda etapa, caso a colaboração seja
aceita. Nessa primeira fase, ele apresenta apenas um cardápio de eventos que
podem ajudar os investigadores a solucionar crimes, rastrear dinheiro,
localizar contas secretas ou identificar personagens novos. É nesse contexto
que se insere o capítulo que trata da obra na casa do ministro do STF.
Tal como está, a narrativa de Léo Pinheiro deixa uma
dúvida central: existe algum problema em um ministro do STF pedir um favor
despretensioso a um empreiteiro da OAS? Há um impedimento moral, pois esse tipo
de pedido abre brecha para situações altamente indesejadas, mas qual é o crime?
Léo Pinheiro conta que a empresa de impermeabilização que indicou para o
serviço é de Brasília e diz mais: que a correção da tal impermeabilização foi
integralmente custeada pelo ministro Toffoli. Então, onde está o crime? A
questão é que ninguém se propõe a fazer uma delação para contar frivolidades.
Portanto, se Léo Pinheiro, depois de meses e meses de negociação, propôs um
anexo em que menciona uma obra na casa do ministro Toffoli, isso é um sinal de
que algo subterrâneo está para vir à luz no momento em que a delação for
homologada e os detalhes começarem a aparecer.
Fonte: veja.com/conteúdo
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