segunda-feira, 25 de julho de 2016

Operação Lava Jato

Berzoini pediu 1% sobre contratos da AG

Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT - Foto: Reprodução
O executivo Flávio Machado, ligado à Andrade Gutierrez, afirmou ao juiz federal Sérgio Moro em depoimento nesta segunda-feira, 25, que, em 2008, o então presidente do PT Ricardo Berzoini pediu 1% de propina sobre ‘todo e qualquer contrato da Andrade Gutierrez junto ao governo federal’.

Flávio Machado prestou depoimento em ação penal na Operação Lava Jato. Ele é um dos ex-dirigentes da empreiteira que fecharam delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. O ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, também é delator.

O executivo citou os ex-tesoureiros do PT João Vaccari Neto e Paulo Ferreira. João Vaccari está preso na Lava Jato desde abril de 2015 e Paulo Ferreira está custodiado na Operação Custo Brasil – esta, uma investigação sobre desvios de R$ 100 milhões de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento, gestão Paulo Bernardo.

“O João Vaccari não era o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores àquela época. O tesoureiro, se eu não estou enganado, era o Paulo Ferreira. Fui apresentado ao João Vaccari que era um assessor direto do presidente do Partido dos Trabalhadores, o Berzoini, Ricardo Berozini, quando então o João Vaccari me solicitou que eu conseguisse agendar uma reunião com o presidente Otávio Azevedo com a presença do presidente Ricardo Berzoini. Essa reunião, eu não sei precisar exatamente a data, ocorreu em 2008 no nosso escritório que era a sede da Andrade na época, em São Paulo”, declarou o executivo.

Paulo Ferreira e João Vaccari Neto
Perante o juiz Moro, o ex-dirigente da Andrade Gutierrez afirmou. “Nessa reunião, participaram pela Andrade, Otávio e eu, pelo Partido dos Trabalhadores, o presidente Berzoini, o João Vaccari e o Paulo Ferreira. Nesta reunião, o presidente do PT à época, Ricardo Berzoini fez essa colocação que gostaria de todo e qualquer contrato da Andrade Gutierrez junto ao governo federal tivesse o pagamento de vantagens indevidas no valor de 1%. Isso foi uma conversa entre eles, nós outros 3 ficamos praticamente calados.”

Flávio Machado declarou que a conversa foi ‘muito desagradável’.
“Senti claramente a reação do Otávio Azevedo. Ele, inclusive, se resguardou para que desse uma posição final mais à frente em outra reunião, alguma coisa nesse sentido. Ele tinha que internalizar essa colocação. Essa reunião realmente ocorreu, e eu estava presente”, disse.

“Os desdobramentos, até onde eu sei, o próprio Otávio Azevedo procurou o presidente à época, Rogério Nora de Sá, da construtora, para colocar essa colocação. Foi uma reação muito desagradável dentro da empresa. Não se achava, os executivos envolvidos em diversas áreas não achavam que isso seria devido, porque não tinha nenhuma ajuda especial, não tinha nada. O que até onde meu conhecimento que isso aí foi “aceito” no processo daí pra frente, porque a ideia era retroagir os efeitos para outros contratos que ainda não tivesse recolhido. Foi uma conversa entre Rogério Nora e Otávio Azevedo, não participei dessa conversa.”
Agência Estado

BRASILEIRÃO 2016

16ª RODADA

SÁBADO – 23/07
16:00
Corinthians 1 X 1 Figueirense  – Arena Corinthians

18:30
Santa cruz 0 X Coritiba – Arruda

DOMINGO –24/07
11:00
Ponte Preta 2 X 2 Internacional – Moises Lucarelli
Palmeiras 0 X 1 Atlético MG – Arena Palmeiras

16:00
Grêmio 1 X 0 São Paulo – Arena Grêmio
Cruzeiro 1 X 2 Sport – Mineirão
Atlético PR 1 X 0 Fluminense – Arena Baixada
Chapecoense 2 X 1 Botafogo – Arena Condá

18:30
Vitória 2 X 3 Santos – Barradão

SEGUNDA – 25/07
20:00
Flamengo 2 X 1 América MG – Kleber Andrade

CLASSIFICAÇÃO


BOA NOITE!


Raimundo Fagner nasceu em 13 de outubro de 1949  na cidade de Orós, no interior do estado do Ceará

A carreira nacional deste nordestino começou de forma bastante imprevisível. Mudou-se para Brasília em 1970 para estudar arquitetura na Universidade de Brasília, participou do Festival de Música Popular do Centro de Estudos Universitários de Brasília com "Mucuripe" (parceria com Belchior), e classificou-se em primeiro lugar

Considerado um dos mais importantes músicos, letrista e cantor brasileiro, Fagner vem colecionando sucessos até hoje. De uma parceria com o poeta Ferreira Gular, selecionei para hoje a versão de Borbujas de Amor, na voz inconfundível de Raimundo Fagner.



E os jogos nem começaram

Atleta neozelandês sequestrado no Rio

Jason Lee - Foto: Reprodução
A estadia do neozelandês Jason Lee no Brasil não será recordada da melhor forma. Treinando no Rio de Janeiro, o atleta do jujitsu divulgou em uma rede social ter sido sequestrado neste último fim de semana. Segundo o lutador, ele foi abordado por um suposto policial, que o obrigou a entrar em um carro não identificado e levado até um local para sacar dinheiro antes de ser liberado.

- Ele disse que eu não poderia dirigir no Brasil sem passaporte. O que agora eu sei que não é o caso. A empresa que eu aluguei o carro não havia mencionado este fato para mim. Então, o homem abriu um livreto para me mostrar as regras, que estavam escritas em português - afirmou Lee, em entrevista ao 'Stuff.co.NZ', um portal de notícias da Nova Zelândia.

Nesta segunda, Lee voltou a comentar o caso. No Twitter, o atleta disse que comunicou a embaixada da Nova Zelândia. 

- A Polícia Militar apareceu no meu apartamento de forma inesperada. Eu recusei a entrada deles, liguei para a embaixada e estou aguardando pela Polícia Civil. Estamos trancados no meu apartamento esperando as coordenadas do embaixador da Nova Zelândia. A Polícia Militar foi embora. Agora, estou aguardando pela chegada da Polícia Civil - escreveu em sua conta no Twitter. 

Jason Lee não participará dos Jogos Olímpicos do Rio, mas está treinando no Brasil há dez meses.
Fonte: Terra

Previdência

Governo quer regime único

Ministro Eliseu Padilha - Casa Civil - Foto: Reprodução
O governo do presidente interino Michel Temer estuda a criação de um regime único para a Previdência Social e pretende incluir a proposta na reforma que deve enviar ainda neste ano ao Congresso Nacional, disse nesta segunda-feira o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Em entrevista a jornalistas após participar de um evento da Aeronáutica, Padilha disse que o regime único é um “desejo” de Temer, mesmo que seja necessário um período longo de transição para se chegar ao mesmo modelo para os trabalhadores do setor público, setor privado e os militares.

“Nós vamos ver quais seriam as variáveis e qual seria o tempo de transição para esse regime único e quais seriam as disparidades”, explicou Padilha aos jornalistas, afirmando que o regime único de Previdência já é adotado, segundo ele, por muitos países.

“O certo é que a voz foi do presidente. Ele pediu um estudo, ainda não está feito”, disse o ministro, acrescentando que o regime único deverá ser incluído na proposta de reforma da Previdência que o governo pretende enviar ainda neste ano ao Congresso Nacional.

Padilha também foi indagado sobre as declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que será necessário aumentar impostos caso o Legislativo não aprove uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que impõe um limite ao crescimento dos gastos públicos.

O chefe da Casa Civil afirmou que a palavra de Meirelles sobre a área econômica do governo “é lei”, mas afirmou que, como um ministro que atua na área política, ele tem confiança na aprovação da PEC.

Ele reiterou também que o governo Temer quer evitar ter de elevar tributos, ao mesmo tempo que disse que cabe à Fazenda, comandada por Meirelles, observar o comportamento das receitas e das despesas.

Fonte: Agência Reuters

RAPIDINHAS


Sete nadadores russos são excluídos da Olimpíada

Nikita Lobintsew já está no Brasil para os Jogos Olímpicos do Rio,  treinando diariamente em São Caetano do Sul (SP), mas não poderá participar da competição. O nadador é um dos sete russos vetados nesta segunda-feira pela Federação Internacional de Natação (Fina). Quatro deles, incluindo a medalhista olímpica Yulia Efimova, foram barrados por terem histórico de doping. Outros três, entre eles Lobintsev e o velocista Vladmir Morozov, forte rival de Bruno Fratus, foram punidos por seus nomes constarem no chamado Relatório McLaren. No domingo, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu barrar do Rio-20116 todos os atletas russos que foram suspensos por doping ao longo da carreira. Além disso, jogou para cada federação internacional esportiva a decisão sobre vetar a participação de atletas russos individualmente.

Metade do 13º dos aposentados será paga em agosto

O governo federal editou decreto que formaliza o pagamento antecipado da primeira metade do 13º dos aposentados e pensionistas do INSS em agosto. O decreto está publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira. De acordo com o texto, o abono anual será efetuado em duas parcelas: a primeira corresponderá a até 50% do valor do benefício do mês de agosto e será paga juntamente com os benefícios do mês; e a segunda corresponderá à diferença entre o valor total do abono anual e o valor da parcela antecipada e será paga juntamente com os benefícios do mês de novembro.

Sem dinheiro, tribunais do trabalho adotam medidas para não fechar

Um corte no orçamento deste ano de 90% no investimento e de 30% no custeio, segundo o Tribunal Superior do Trabalho (TST), obrigou tribunais regionais e varas da Justiça Trabalhista em todo o país a adotarem medidas emergenciais de contenção de gastos para evitar o fechamento. As medidas afetaram o funcionamento desses órgãos e fizeram aumentar o número de processos à espera de julgamento. Entre elas, estão dispensa de estagiários; alteração do horário de abertura e fechamento dos prédios; desligamento forçado de equipamentos de informática e telefonia a partir de determinado horário; supressão de contratos de serviços terceirizados; revisão de contratos de segurança; e redução de despesas com serviços postais, consumo de energia e material de uso administrativo. No caso da Justiça Trabalhista de Mato Grosso, por exemplo, todas as varas itinerantes do estado foram suspensas e também as viagens de juízes para substituir os que estão de folga ou férias. Em São Paulo e Goiás, os TRTs afirmam que o desafio é conseguir funcionar até o fim do ano.


Convenção Democrata inicia em meio à polêmica de e-mails

A convenção nacional do Partido Democrata começa nesta segunda-feira e deve confirmar a ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, como rival de Donald Trump na corrida pela Casa Branca. O comício na Filadélfia parece diferente de anos anteriores, já que deve mostrar mais protestos e polêmicas do que união partidária. As forças de segurança locais preveem que mais de 35.000 manifestantes tomem as ruas da primeira capital dos EUA nos próximos quatro dias, enquanto os delegados democratas de todo o país se reúnem no centro de convenções Wells Fargo. Grande parte dos protestos esperados são em defesa do pré-candidato derrotado nas primárias, o senador Bernie Sanders. A tensão entre os democratas se intensificou após a renúncia da presidente do partido Debbie Wasserman Schultz, que se envolveu em uma polêmica causada por um vazamento de e-mails pelo Wikileaks.

Delação de Odebrecht ainda não convenceu investigadores da Lava-Jato

Um dos pontos que está travando o fechamento do acordo de delação premiada de Marcelo Odebrecht é a narrativa que o empreiteiro quer dar aos fatos investigados pela Lava-Jato. Quem está acompanhando as negociações diz que Odebrecht tenta ficar no limite entre malfeitos e o crime propriamente dito, admitindo somente pequenos delitos. Como os investigadores detém informações de outras pontas da história, a delação pode não se concretizar caso Odebrecht insista em ser uma espécie de ‘quase inocente’ em sua versão dos fatos.

25/07/2016



Estadão - Decreto formaliza antecipação de metade do 13º dos aposentados em agosto
Abono anual será efetuado em duas parcelas e a primeira corresponderá a até 50% do valor do benefício do mês de agosto

Folha de São Paulo - PF invade prédio da Funarte para encerrar ocupação contra Temer
Manifestação dura mais de dois meses; cerca de 30 manifestantes permanecem no Palácio Capanema, no Rio

O Globo - Wada critica liberação da Rússia e veto a delatora de doping na Rio-2016
Dirigentes afirmam que decisão do COI compromete os direitos de atletas limpos

Estado de Minas - BHTrans abre hoje propostas de empresas em licitação para novos táxis
Valor mínimo a ser ofertado para operar 15 permissões é de R$ 425 mil. Edital prevê a escolha de 40 companhias, totalizando 600 placas

Tribuna da Bahia - Volume de ações dificulta meta de Moro na Lava Jato
Em dois anos e quatro meses de operação - a Lava Jato foi deflagrada em 17 de março de 2014 - o magistrado federal proferiu 20 sentenças; outros sete processos estão suspensos e 12 foram desmembrados

Correio Braziliense - Após prisão, último suspeito de terrorismo será levado a presídio federal
No local, já estão as outras 11 pessoas suspeitas de planejar ataques terroristas na Olimpíada do Rio de Janeiro

Revista ÉPOCA - Delegação australiana decide não se hospedar na Vila Olímpica
Reino Unido e Nova Zelândia também demonstraram preocupação; COB admite ajustes

Revista ISTOÉ - O risco Trump
Populista e xenófobo, Donald Trump é o perigoso retrato de um mundo cada vez mais intolerante

Revista VEJA - Mercado reduz previsão de inflação e aumenta queda de PIB
Estimativa de retração da economia passou de 3,25% para 3,27%, segundo o boletim Focus. Para o ano que vem, analistas apostam em alta de 1,10%

Portal G1 - Sem dinheiro, tribunais do trabalho adotam medidas para não fechar
TRTs mudam horário de atendimento, suspendem serviços e cortam gastos. Governo liberou verba extra; para TST, isso deve assegurar funcionamento

Portal IG - TCU dá mais 30 dias para Dilma se defender sobre contas de 2015
Ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que atua como advogado de Dilma no Senado, disse que a prorrogação não "muda em nada" a estratégia da defesa

Agência Brasil - Testes com a pílula do câncer começam hoje em São Paulo
Os testes clínicos com a fosfoetanolamina sintética para tratamento do câncer começam hoje (25) na capital paulista. Nesta primeira fase, dez pacientes receberão a medicação

O Sul é meu País

Grupo quer separar o Sul do resto do Brasil


A gaúcha Anidria Rocha, 46, administra 20 grupos de Whatsapp e acompanha centenas de outros. O requisito para fazer parte é simpatizar com a causa "O Sul é Meu País", que deseja separar Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul do Brasil.

Moradora de São Jerônimo (a 70 km de Porto Alegre), a empresária lidera o movimento que organiza um plebiscito informal marcado para outubro, com 4.000 "urnas" nos três Estados.
A votação ocorrerá no dia 2 de outubro, simultaneamente às eleições municipais, das 8h às 17h. As urnas estarão a pelo menos cem metros dos colégios eleitorais. A cédula fará a pergunta: "Você quer que o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente?". A meta é alcançar 1 milhão de pessoas, o equivalente a 5% dos eleitores do Sul. Voluntários irão bancar custos de urnas e cédulas.

Segundo o promotor gaúcho Rodrigo Zilio, do gabinete eleitoral, a votação não tem legalidade, mas é permitida. Para ter algum valor, o plebiscito deveria seguir a lei 9.709, o que exigiria que fosse aprovado pelo Congresso e sob regulação da Justiça Eleitoral.

O grupo argumenta que movimentos separatistas são comuns. "Falam em 400 movimentos por independência no mundo. A cada ano, três ou quatro países se separam", diz Anidria.
O último país a se tornar independente foi o Sudão do Sul, em 2011. Além deste, ela cita Namíbia, Timor-Leste, Eritreia e Palau como frutos de processos de separação.

Apesar de o primeiro artigo da Constituição definir que a república brasileira é "formada pela união indissolúvel dos Estados", o grupo pretende pleitear a ideia junto a órgãos internacionais. Além da ONU, o resultado será levado para a Unpo, organização internacional que defende minorias não reconhecidas e seus territórios.

Os militantes comparam a iniciativa com o desejo separatista da Catalunha, na Espanha. Um jornal catalão publicou em março matéria com o título "El sur de Brasil sigue los pasos de Catalunya".

O movimento sulista, porém, é mais jovem. Foi fundado há 23 anos, em um congresso em Laguna (SC), com o liderança de Adílcio Cadorin, ex-prefeito da cidade.

O historiador Tau Golin, da UPF (Universidade de Passo Fundo), define o ato como "xenófobo". "É um movimento antibrasileiro que mostra a dificuldade certos grupos têm de se integrar à nação".
Os separatistas, diz, "não admitem a ideia de pluralidade" e consideram descendentes de italianos e alemães, comuns no Sul, como "especiais" ou "raça superior".
Fonte: Folha de São Paulo

BOM DIA

Venezuelanos apelam 
grupos humanitários

Organizações de ajuda denunciam incapacidade de governo chavista de lidar com crise que esvazia prateleiras de supermercados e farmácias. (Foto:Reuters/Reprodução)

Organizações humanitárias esforçam-se para ajudar os venezuelanos, que vêm sofrendo com a maior crise econômica das últimas décadas no país, intensificada por um impasse político. Na semana passada, a ONU cogitou de enviar uma missão humanitária ao país – algo inédito em uma nação que não está em guerra. 

De um lado está o governo chavista de Nicolás Maduro, que tenta dissolver a Assembleia Nacional, e de outro estão os opositores da Mesa da Unidade Democrática (MUD), que são a maioria no Parlamento e procuram recolher o número de assinaturas necessárias para revogar, por meio de um referendo, o mandato do presidente.

Diante da acentuada escassez de alimentos e medicamentos, os venezuelanos enfrentam diariamente as consequências da deterioração da capacidade do poder público de fornecer as condições básicas de vida para os cidadãos, diz o ativista Feliciano Reyna, fundador das organizações humanitárias Acción Solidaria e Codevida (Coalizão das Organizações pelo Direito à Saúde e à Vida).

Dependente de produtos importados, a Venezuela registra ampla escassez. Faltam alimentos nos mercados e medicamentos em farmácias e hospitais. Segundo a Federação Farmacêutica venezuelana, os produtos mais escassos são aqueles utilizados para tratamento de câncer, diabetes, epilepsia, doenças cardiovasculares e respiratórias, além de analgésicos e antibióticos. Dentre os alimentos, os mais difíceis de se encontrar são as farinhas de milho e trigo, arroz, café, açúcar e leite.

A precariedade dos atendimentos médicos e a falta de equipamentos e materiais vêm aumentando desde 2014. O país contabilizou 3.719 denúncias de deficiências no sistema de saúde somente em 2015, o que representa um aumento de 40% com relação a 2014, segundo relatórios do Programa Venezuelano de Educação - Ação em Direitos Humanos.

Também em 2015, o gasto com o sistema público de saúde – que atende a mais de 80% da população – aumentou somente 13%, sendo que 74% dele foi financiado com créditos adicionais, dependentes dos recursos externos. O relatório aponta que, até março, a dívida com fornecedores de suprimentos do exterior chegava a US$ 6 bilhões.
Nesse cenário, Reyna afirma que é muito comum ouvir testemunhos de pessoas que tiveram de interromper algum tipo de tratamento em razão da falta de remédios. “O que temos feito com a Acción Solidaria é doar medicamentos para pessoas que não podem encontrá-los no sistema público de saúde ou em farmácias”, afirma.

Rosa Laudares, seus filhos Albert, Yeiderlin 
e Abel, e o que resta na despensa da casa.
A escassez é refletida na dificuldade de combater doença como dengue, chikungunya e zika, o que torna a Venezuela um dos países mais vulneráveis da América do Sul. Segundo Boletins Epidemiológicos Semanais do Ministério da Saúde, o país registrou mais de 80 mil casos de dengue entre 2014 e 2015. Em janeiro deste ano havia 4,7 mil casos suspeitos de pessoas com o vírus zika e 90 casos de síndrome de Guillain-Barré (que atinge o sistema nervoso).

O desabastecimento compromete a acessibilidade aos serviços básicos de atendimento. “A situação dos hospitais públicos é desoladora. As pessoas organizam as próprias redes para suprir a falta de medicamentos, que chegam a conta-gotas e de maneira muito irregular aos locais de distribuição”, diz Eleonora Cróquer, uma professora universitária de classe média, separada e com uma filha de 10 anos. “Os produtos nos mercados de luxo têm preços impossíveis para qualquer pessoa que não tenha muito dinheiro. Eu, como professora, não tenho como pagar.”

Desespero. Apesar do trabalho de algumas instituições, Eleonora afirma que a ajuda humanitária não chega a muitas pessoas. A professora de Ciências Políticas e coordenadora de Especialização em Opinião Pública e Comunicação Política da Universidade Simón Bolívar, Yetzy Villarroel, explica que os grupos têm pouca capacidade de organização. “As famílias recorrem a vizinhos e grupos organizados nas redes sociais” para contornar o problema.

Para ela, a situação é “dolorosa” e “alarmante”, agravada pelo fato de que Maduro nega a existência de uma crise. “O problema para aceitar ou não ajuda humanitária está em como se entende a crise, tanto por parte do governo quanto da oposição”, destaca Yetzy.
“As organizações internacionais não podem intervir se o Estado não pedir”, afirma a professora, ressaltando que os partidos políticos “têm demonstrado sua incompetência para enfrentar a situação”.

Para Erika Guevara-Rosas, diretora da Anistia Internacional para Américas, o problema vai além. “Temos visto muitas violações dos direitos humanos por parte do Estado, como limitação da liberdade de expressão e do exercício dos direitos civis e políticos.” A situação se torna ainda mais complexa, pois o país é um dos mais violentos do mundo. O Observatório Venezuelano de Violência aponta que no fim de 2015 foram registradas mais de 27 mil mortes violentas, em uma taxa de 90 mortos para cada 100 mil habitantes.
“De um lado, há pessoas desesperadas para conseguir alimentos básicos e remédios, e, de outro, há violações dos direitos cometidas pelas forças de segurança.” A combinação de todos esses fatores cria uma situação preocupante, destaca Erika.

Nos supermercados, pessoas gastam horas, ou dias, em longas filas para comprar mantimentos. A diretora afirma que a Anistia quer oferecer recomendações e soluções, além de manter aberto o diálogo com Maduro para ajudar o povo venezuelano, pois a dinâmica conflituosa entre um governo que controla a Justiça e uma Assembleia Nacional controlada pela oposição “não está necessariamente ajudando a lidar com a crise que a população enfrenta”.
*Publicado no estadão.com em 25/07/2016