quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Já é hora de dormir!



       “Caminante, no hay camino, se hace camino al andar.

Antonio Machado



Dinheiro na Suiça

Cunha diz que é fruto da venda de carne moída

Acusado pela Procuradoria-Geral da República de ter recebido pelo menos US$ 5 milhões em propina do esquema de corrupção na Petrobrás, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai alegar em sua defesa no Conselho de Ética da Casa que desconhecia a origem do depósito de 1,3 milhão de francos suíços feitos em 2011 em um fundo que o deputado mantém na Suíça. 

Em linhas gerais, a defesa de Cunha tentará provar que ele nunca recebeu dinheiro público.  O deputado reconhecerá, entretanto,  que não declarou seus recursos. Segundo sua defesa, todo o recurso no exterior é fruto de atividade de comércio exterior e operações financeiras feitas nos anos 80 e no início da década de 90, quando ele vendia carne moída para a África, e que suas aplicações estavam em dois "trusts" (administrações de terceiros), e não em contas bancárias. 

Ele tem afirmado reservadamente, que "não reconhece" como seu o dinheiro e que o montante teria sido depositado à sua revelia pelo lobista João Henriques, que era ligado ao PMDB e foi preso na Operação Lava Jato. Segundo a versão do deputado, o pagamento não tem relação com corrupção na estatal e seria fruto do pagamento de um empréstimo feito por ele ao ex-deputado Fernando Diniz, do PMDB, que morreu em 2009.

Em depoimento à Polícia Federal, Henriques disse que fez o depósito a pedido do economista Felipe Diniz, filho do ex-deputado, e que não sabia quem era o beneficiário. Ainda segundo Henriques, somente depois ele veio a saber que a conta pertencia a Cunha. O deputado relatou a interlocutores que Fernando Diniz devia dinheiro e a ele, Cunha, e que essa dívida pode ter motivado o depósito. (Agência Estado)

Opinião

Salvados da enchente


Estropiado por denúncias de corrupção e pelo desgoverno da presidente Dilma Rousseff, o PT pretende usar os palanques municipais em 2016 para tentar salvar o pouco que resta da outrora glamourosa imagem do partido. Nesse cenário de terra arrasada, os petistas acham que uma vitória em São Paulo, com a reeleição de Fernando Haddad, é crucial. “Se ganharmos em São Paulo, ganhamos a eleição”, resumiu o ex-presidente Lula num encontro do partido em setembro passado. Com isso, o chefão petista quer dizer que um eventual triunfo de Haddad, dadas as condições muito adversas que o partido e o prefeito enfrentam, será suficiente para compensar as previsíveis derrotas País afora.

Para que essa estratégia funcione, o Politburo lulista espera que Haddad seja mais petista do que nunca, isto é, que ele suba no palanque vestindo figurino completo de militante – com estrelinha e tudo – para dizer, contra todas as evidências, que o PT ainda merece a confiança dos eleitores. É isso, aliás, o que a direção do partido espera de todos os seus candidatos em 2016. O PT terá o maior número possível de postulantes para que participem dos debates eleitorais e, neles, defendam a legenda com unhas e dentes, mesmo que isso reduza ainda mais as já escassas chances de vitória. O que interessa, de acordo com essa visão, é combater o sentimento antipetista para tentar melhorar o cenário para a disputa presidencial em 2018.

O caso de Haddad, no entanto, constitui um desafio e tanto para o plano petista de salvação da lavoura. Em primeiro lugar, é preciso constatar o óbvio: poucas vezes São Paulo foi administrada por alguém que trata uma parte da população tão acintosamente como inimiga. Ele considera rematados selvagens aqueles que ousam discordar de sua política destrambelhada de pintar faixas para ônibus e bicicletas sem nenhum planejamento. Para Haddad, o transporte coletivo e os ciclistas seriam símbolos de uma certa “modernidade”, enquanto os carros e seus motoristas representariam o atraso. Mais de uma vez, o prefeito declarou-se um “agente da civilização contra a barbárie”.

Não bastasse a sua arrogância, Haddad é também um mau administrador. Vivendo à base de factoides, o prefeito, que se apresentou na campanha eleitoral como “um homem novo para um tempo novo” e que prometia “um projeto revolucionário para o futuro”, deixou especialmente desatendida a população mais pobre. Com sua atenção voltada basicamente para a Avenida Paulista, Haddad esqueceu-se ou foi incapaz de dar conta de inúmeras outras demandas da cidade, e isso se reflete nas pesquisas de opinião: segundo o Datafolha, o prefeito é reprovado por nada menos que 49% dos paulistanos. Entre os mais pobres, Haddad é aprovado por apenas 12%, ante 23% entre os mais ricos. Tal diferença explica quais são as prioridades do prefeito.

Por fim, mas não menos importante, Haddad é mal avaliado porque é petista. Vincular-se ao PT, hoje, é receita certa para fracassar nas urnas, razão pela qual o partido vem registrando uma crescente debandada de políticos que pretendem ter alguma chance na eleição do ano que vem. Haddad mesmo cogitou da possibilidade de migrar para o Rede, de Marina Silva, mas parece que, por ora, decidiu ficar onde está – afinal, ele tem uma dívida com Lula, que o inventou como “poste” em 2012.

Isso não significa que Haddad pretende subir no palanque como petista. Ao contrário: consta que o prefeito planeja esconder o PT e Dilma durante a campanha, pois em São Paulo a rejeição a ambos é imensa. Assim, o PT e Haddad encontram-se numa sinuca de bico: o partido vai jogar todas as suas fichas numa vitória do prefeito na esperança de dar algum sinal de vida, mas a única chance de Haddad de superar a hostilidade dos paulistanos e se reeleger é repelir a legenda à qual está filiado desde 1983. É uma embrulhada e tanto, que resume a falta de perspectivas de um partido cujos líderes julgavam-se capazes até de fazer chover, mas que, hoje, se limitam a tentar salvar o sofá e a geladeira da enchente.
Editorial do jornal O Estado de São Paulo de 05/11/2015

Rapídinhas


Lava Jato – PF pede mais tempo para concluir inquérito contra 4 políticos
A Polícia Federal encaminhou ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), pedido para que sejam prorrogados mais uma vez os inquéritos que investigam o envolvimento dos senadores Humberto Costa (PT-PE), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Valdir Raupp (PMDB-RO) e do deputado José Mentor (PT-SP) com o esquema de corrupção e fraude em contratos da Petrobras. A fase de inquérito serve para os investigadores recolherem elementos e depoimentos que possam comprovar se os parlamentares receberam ou não dinheiro do escândalo do petrolão. Se houver indícios suficientes da participação deles no esquema tornado público pela Operação Lava Jato, como disseram delatores, cabe ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar denúncia ao STF. Todos eles negam envolvimento com o esquema criminoso.

Brasil cai 5 posições em ranking mundial de prosperidade
O Brasil é, hoje, o 54º país mais próspero do mundo, o que o deixa cinco degraus abaixo da posição ocupada em 2014, segundo a nova edição do Legatum Prosperity Index, do centro de estudos britânico Legatum Institute. O ranking, elaborado anualmente desde 2009, leva em consideração não apenas dados econômicos, mas também indicadores de educação, saúde, segurança, liberdade individual e gestão pública, entre outros. A Noruega está no topo do ranking desde sua primeira edição. Com a 54ª colocação, o Brasil fica atrás do Uruguai, que aparece em 32º e é o país latino-americano mais bem colocado no ranking. Entre os Brics, grupo de países formado por China, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul, o Brasil está em segundo. A China, na 52ª posição, foi o país desse grupo mais bem avaliado pelo instituto.

Leonardo Picciani se movimenta para suceder Cunha
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro,  Jorge Picciani, se encontrou com a presidente Dilma Roussef em Brasília, nesta quarta-feira (4). Segundo relatos obtidos pelo jornal O Globo, a reunião – que contou também com a presença do ministro Ricardo Berzoini (governo) e do assessor especial Giles Azevedo – aconteceu para tratar da sucessão na presidência da Câmara. Com a abertura do processo de cassação de Eduardo Cunha, o filho de Jorge, Leonardo Picciani, é visto pelo Planalto como um aliado fiel, e melhor nome para substituir o peemedebista.

Cunha diz que Picciani terá que esperar até 2017 para ocupar seu lugar
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), respondeu às articulações do líder do PMDB, Leonardo Piccini (RJ), para ocupar seu lugar no comando da Casa dizendo que o correligionário terá que esperar até 2017, quando termina seu prazo de dois anos na presidência. "Em 2017 que se candidate", respondeu Cunha às tratativas de seu correligionário. Cunha e Picciani eram aliados próximos, mas a relação entre os dois azedou depois que o líder da bancada do PMDB na Câmara começou a se aproximar do governo.  Picciani foi contemplado na reforma ministerial do mês passado com duas pastas para a bancada que comanda.

Greve pode afetar abastecimento de combustível na semana que vem
Problemas mais graves de abastecimento de combustíveis como consequência da greve dos petroleiros da Petrobras, iniciada na quinta-feira passada (29/10) deverão ser sentidos nos postos de gasolina apenas em meados da próxima semana. A previsão é do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom). Nesta quarta-feira (4/11) no fim do dia, a entidade fez um levantamento com as empresas associadas e não verificou "nenhum impacto perceptível", informou o diretor de Abastecimento, Luciano Libório. Não temos preocupações para hoje, amanhã e sábado. Agora, a greve está afetando a produção nas refinarias e podemos ter problemas em meados na semana que vem", disse Libório ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

05/11/2015


Folha de São Paulo – Cunha admite para colegas que controla contas secretas na Suiça
Alvo do Conselho de Ética e acusado de ligação com desvios na Petrobras, presidente da Câmara diz a aliados que recursos de suas empresas são lícitos

Gazeta do Povo – Governo age para impedir greve dos caminhoneiros dia 9
Planalto reforça conversas com a categoria para evitar paralisação e “agenda negativa” contra a presidente

Estadão – Vereadores faltam, mas recebem salário em SP
Levantamento do ‘Estado’ mostra que, apesar disso, listas de presença são cheias e só 8 vereadores tiveram o salário descontado

Correio Braziliense – Governo Dilma atua para blindar autoridades de novas decisões do TCU
O risco de responsabilização de autoridades-chave da atual gestão aumentou após a decisão do TCU que recomendou, no mês passado, a reprovação das contas de Dilma de 2014 de forma unânime

O Globo – Dilma sanciona nova regra de cálculo da aposentadoria
Regra varia conforme a expectativa de vida da população; artigo que permitia 'desaposentação', no entanto, foi vetado 

Diário do Nordeste – Cuba quer atrair investimentos de empresas do Ceará
As oportunidades de negócios entre o Estado e o país caribenho foram apresentadas em evento na Fiec

Estado de Minas – Assembleia aprova projeto que coíbe ato eleitoreiro
Aquela velha e conhecida prática de inaugurar obras inacabadas ou que não apresentam condições mínimas de uso só para angariar votos, principalmente perto de anos eleitorais, pode ser proibida

Agência Brasil – Número de mulheres presas cresceu mais de 500% nos últimos anos no Brasil
A população penitenciária feminina no Brasil apresentou crescimento de 567,4% entre 2000 e 2014, enquanto a dos homens, no mesmo período, foi 220,20%.

Veja.Com – Senado aprova direito de resposta – ou censura à imprensa
Políticos que se sentirem ofendidos por denúncias poderão requerer espaço para resposta, independentemente da veracidade da reportagem

Revista Época – Filho de Lula diz que recebeu valores por serviços contratados
O filho de Lula disse ao delegado que sua empresa prestou serviços de marketing à Marcondes & Marconi  entre 2014 e 2015, e recebeu R$ 1,5 milhão pelo trabalho

Portal UOL – CPI do CARF rejeita convocação e quebra de sigilo de filho de Lula
Também foram rejeitadas as convocações dos ex-ministros Gilberto Carvalho e Erenice Guerra

Portal G1 – Estado Islâmico pode ter derrubado avião, diz Inglaterra
Queda de aeronave russa matou 224 no Egito. Suspeita é de ataque a bomba

Bom Dia!

Mais um grande fiasco!

O Brasil participou, nos últimos dias, de mais um grande fiasco patrocinado pelo governo federal. Patrocinado, sim, pois saíram dos cofres públicos R$ 6,6 milhões para pagar a criação de um site que permitisse a impressão de recibos para pagamentos do Simples dos Domésticos.

Durante quatro dias, milhões de contribuintes tentaram, sem sucesso, fazer o pagamento das dívidas. Não conseguiram pois o site de mais de R$ 6 milhões, não funcionou. Paralelamente, os diretores da Receita Federal afirmavam, alguns com cara de maus amigos, que era tudo uma questão de tempo e de ajuste, mas que não haveria prolongamento do prazo para o pagamento. Quem não pagasse até sexta-feira, dia 6, teria que pagar multa pelo atraso.

Ontem, quase no final da tarde, assisti um grandão da Receita, visivelmente irritado, afirmar que não haveria adiamento e que as pessoas teriam, sim, que pagar.

Não sei onde ele se meteu, mas pouco tempo depois o governo, diante da impossibilidade de fazer funcionar o que custou R$ 6,6 milhões, anunciou que o pagamento poderá ser feito até o dia 30 de novembro, ou seja, mais de vinte dias depois da data limite prevista.

O que todos devem estar querendo saber é de quem foi a ideia genial de criar um dispositivo via internet para atender milhões de pessoas, que não funcionou? Não seria mais fácil, por exemplo, utilizar algo parecido com o que a própria Receita Federal usa para o recebimento das declarações de Imposto de Renda?

Num momento em que o governo tenta tapar o sol com a peneira afirmando que está cortando despesas e economizando para enfrentar a crise que ele mesmo criou, explicar um gasto de R$ 6,6 milhões para a criação de um site que não funciona, vamos combinar que é debochar demais da cara do contribuinte que, no final das contas, vai pagar a despesa.

A arrogância dos representantes da Receita Federal, enfrentando aos que passavam o dia inteiro diante do computador tentando imprimir boletos de pagamento, jurando que não haveria adiamento de prazo, trata-se de um deboche imperdoável além de uma incapacidade sem limites.

Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que este foi mais um grande fiasco do governo federal. Como se não estivéssemos saturados de tantos erros e mentiras.

Tenham, todos um Bom Dia!