quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Opinião

Mil faces de Lula

Dora Kramer

Acuado, ex-presidente se faz de vítima e joga em Dilma a pecha de 'desleal' O ex-presidente Luiz Inácio da Silva é um bom ator. Bem melhor que político, conforme demonstrado pelo erro de avaliação na escolha de Dilma Rousseff para o papel de criatura que seria capaz de suceder-lhe e garantir, mediante o espetáculo da competência, permanência longa para o PT no poder.

No ofício da atuação é um personagem de mil caras. Uma para cada ocasião. Pode ser o fortão que a todos enfrenta porque com ele ninguém pode, como pode ser o fraquinho a quem a elite tenta permanentemente derrubar por sua origem e identificação com os oprimidos.

Entre os papéis que costuma desempenhar, o preferido para os momentos de dificuldade é o de vítima. Não por acaso nem de modo surpreendente faz agora essa performance, nesta hora em que as circunstâncias nunca lhe foram tão desfavoráveis: alvo de investigação do Ministério Público por tráfico de influência, pai do dono de empresas revistadas pela Polícia Federal, amigo de um empresário apontado por um "delator premiado" como receptor de propina destinada a cobrir despesas de uma de suas quatro noras.

Afora isso, as más notícias alcançam também o patrimônio político eleitoral de Lula, até pouco tempo atrás sua principal e mais forte cidadela. A última pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT) aponta e atesta a decadência. Confirma números anteriores segundo os quais Lula já não é um ativo eleitoral.

Hoje, numa eleição, perderia de lavada para o tucano Aécio Neves (32% a 21%) e em eventual disputa de segundo turno seria derrotado também por Geraldo Alckmin e José Serra, políticos do PSDB que em outros tempos derrotou. Para quem já foi considerado pelo adversário (Serra) em plena campanha como uma pessoa "acima do bem e do mal" a situação é periclitante, convenhamos.
Lula não tem capital para si nem para emprestar ao PT ou à presidente Dilma Rousseff. Nesta condição quase que extrema (ou próxima disso), o ex-presidente faz o que sabe: tenta jogar a culpa no alheio. E a eleita, desta vez, é a presidente Dilma Rousseff em quem seu criador tenta imprimir a pecha de "desleal" ao deixar que prosperem versões de que atribui a ela a responsabilidade sobre o avanço das investigações em direção a ele, família e amigos.

Oficialmente o Instituto Lula desmente. Muito cômodo. Extraoficialmente todos os jornais publicam a conveniente versão disseminada por "amigos" e "interlocutores" de que o ex-presidente se sente "traído" pela sucessora que, segundo ele, não foi capaz de interromper investigações que o atingissem e à sua família.

Transferir a culpa para Dilma é uma tentativa. De difícil execução, dada a dificuldade de se obter resultado, diante da posição extremamente difícil em que se encontra a presidente. Mas o problema maior para Lula é a credibilidade. Ele já não tem aquela da qual desfrutou. E esta, no presente, não conseguiu conquistar quem no futuro poderia ter junto de si.

Em suma, Lula procura se desvincular de Dilma, acusando a presidente de ser desleal pelo fato de não atuar para impedir investigações. Isso quer dizer que, por experiência própria, ele considera não apenas possível como factível a indevida interferência nos processos legais.

Com isso, confirma que em seu governo interferiu indevidamente. E, por linhas tortas, confessa que prevaricou. Indignado está pelo fato de outrem não prevaricar em seu nome para salvá-lo de evidências que o aproximam do confronto com a verdade.

Publicado no jornal O Estado de São Paulo em 29/10/2015

Funcionalismo estadual

Sartori anuncia pagamento integral do salário



O governador do Estado, José Ivo Sartori, anunciou na manhã desta quinta-feira que os salários do funcionalismo público serão pagos integralmente nesta sexta-feira. A informação foi divulgada pelo próprio Sartori via perfil no Twitter.  "Acabo de falar com o secretário (Giovani) Feltes e estamos confirmando o pagamento integral da folha de outubro nesta sexta", escreveu. 

Apesar do anúncio, Sartori afirmou que o pagamento integral representa um novo atraso da dívida do Estado com a União. "A escolha atrasa a dívida com a União, além de cerca de R$ 600 milhões em outros compromissos. Precisamos buscar o equilíbrio fiscal", postou. 

Este é o oitavo mês consecutivo em que o Estado não consegue quitar a dívida com a União. De acordo com o governo, todo o ingresso de receita federal no Rio Grande do Sul foi retido até que seja saldado o valor da parcela da dívida, que em outubro é de R$ 268 milhões.  

Bom Dia!

Operação book rosa!

Ouvi no rádio, hoje pela manhã, os detalhes de uma nova operação efetivada pela Polícia Civil, mais precisamente pela Delegacia de Narcóticos, para combater uma fraude que envolve garotas e garotos de programa e o tráfico de drogas.

O que mais chamou minha atenção, é que os comandantes do esquema, em sua maioria, eram universitários, jovens de classe média alta, alguns extremamente violentos e perigosos. Eles comandavam cerca de 60 jovens, quase todos universitários também, que juntavam programa sexual com a distribuição de drogas.

Quase toda a movimentação era feita na região metropolitana e os programas, quase sempre envolvendo pessoas de alto poder aquisitivo, custavam entre R$ 500 e R$ 1 mil, incluindo a garota ou o garoto e a droga. Eram distribuídos comprimidos de Ecstasy e cocaína de alta qualidade. Cada gerente do esquema tinha um fornecedor próprio.

A polícia iniciou a busca pelos delinquentes, depois que uma garota de programa denunciou o gerente de seu grupo que fez ameaças de todo o tipo quando ela resolveu sair do esquema. Divulgação de vídeos e até ameaça de morte, fizeram parte da estratégia usada pelo homem que aliciava e comandava os componentes do grupo.

Até o momento em que escutei a notícia, três pessoas, todas consideradas gerentes do esquema, estavam presos, e a polícia pretendia prender mais três, no mínimo. O delegado responsável pela operação, disse que o esquema de prostituição não fazia parte do seu trabalho, mas que tudo faria parte do inquérito e poderia ser anexado ao processo.

O esquema, segundo informações da policia, rendia, em média, cerca de R$ 15 mil por mês a cada um dos chefes dos grupos, os chamados gerentes, que conseguiam a droga, aliciavam jovens que eram abastecidos na hora de atender a algum cliente.

Fico pensando no quanto este tipo de crime deve estar difundido no meio universitário e entre pessoas de alto poder aquisitivo. Quem pode pagar até mil reais para fazer um programa, com um jovem ou com uma jovem, em troca de sexo e droga, sabe muito bem que está cometendo um crime. Eles são tão, ou mais culpados já que, com o dinheiro que possuem, financiam uma atividade altamente ilícita.

Que bom que a polícia está de olho nessa gente que só envergonha a sociedade comprando pessoas e financiando o vício.

Tenham todos um Bom Dia!