Saudades do Dilamar!
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Dilamar Machado |
Meus irmãos, parece que combinaram para partir mais cedo.
Foram saindo aos poucos e deixando, em cada partida, a saudade impossível de
ser entendida até hoje. Um vazio que a gente não consegue preencher a não ser
com lembranças e saudade.
Hoje, dia 27 de outubro, o Dilamar estaria de
aniversário. Certamente faria um churrasco, teria cervejas estupidamente geladas
e seria pleno de sorrisos para todos, especialmente para a sua Léa, sua
namorada, sua companheira, sua amada de toda a vida. E dividiria com os filhos,
noras e netos, a alegria de uma família que soube construir como poucos.
Sempre tivemos uma relação muito mais do que de simples
irmãos. O Dilamar era meu amigo e exemplo. Foi inspirado nele que comecei a
trilhar o caminho do rádio e do jornalismo. Depois veio a política e nos
tornamos mais unidos ainda.
Faz pouco, parei diante da minha biblioteca e fiquei olhando para os livros do Dilamar. Tenho todos os que ele
editou. Fiquei pensando, ao olhar para as capas dos livros dele, em como
traduzir o que sinto neste dia 27, aniversário dele.
Decidi, então, buscar um dos sonetos dele, quem sabe o
que mais me faz lembrar de sua alma de poeta e que foi publicado em seu primeiro
livro – Inquietação – em 1957.
Divido com vocês um soneto dele, quem sabe a melhor das
homenagens que eu poderia prestar ao Dilamar Machado, meu inesquecível irmão,
amigo e parceiro.
Foste
Foste o amor intenso e
inesperado,
Que nasceu em meu peito de
repente;
Foste a ilusão serena do
passado,
E a triste realidade do
presente.
Foste o olhar estranho e
amargurado
Que em meu olhar pousou
serenamente,
Foste o desejo suave de pecado
Que a gente, sem querer, às
vezes sente.
Foste dois braços que não me
abraçaram,
Foste ilusões que nunca mais
voltaram,
Foste a boca que nunca
beijarei.
Foste tudo que eu quero, e não
consigo,
Foste a tristeza que trago
comigo,
E a saudade que sempre levarei.
Acho que assim, consigo matar
um pouco a saudade que sinto do Dilamar!
Tenham todos um Bom Dia!