sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Tá na hora de dormir!



                                 "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."


Antoine de Saint-Exupéry




Opinião

"Eu quero sumir daqui"

Eliane Cantanhêde

A cena mais lancinante da semana não partiu do Planalto, nem do Congresso, nem das Bolsas, nem do mercado de câmbio, mas de um hospital público da Capital da República, onde um médico negou atendimento a um moribundo, recebeu voz de prisão de um bombeiro e entrou em surto, gritando desesperadamente: “Estou estressado. Tá faltando tudo, tá faltando tudo. Eu quero sumir daqui!”.

Pois foi nesta mesma semana que a presidente Dilma Rousseff jogou o Ministério da Saúde para as hienas do PMDB na Câmara. O vice-presidente Michel Temer, o deputado Eduardo Cunha e o senador Renan Calheiros vazaram para a imprensa a versão de que tinham se recusado a sugerir nomes para a reforma ministerial de Dilma. Ato contínuo, o partido se jogou de corpo e alma no festim para devorar nacos de poder enquanto o governo ainda respira.

O ex-presidente Lula tenta negar, mas ele defendeu esse troca-troca numa reunião com Dilma e o núcleo duro petista do governo e usou até uma versão mais objetiva do conhecido “vão-se os anéis, salvam-se os dedos”. Segundo Lula, “é melhor perder ministérios do que a Presidência”. Mas logo o Ministério da Saúde?!

Para piorar, os nomes apresentados pelo PMDB à presidente são chocantes. O deputado Manoel Júnior votou em Aécio Neves em 2014 e acaba de defender a renúncia de Dilma. O deputado Celso Pansera é aquele que o doleiro Alberto Yousseff chama de “pau mandado do Eduardo Cunha”. E vai por aí afora.

Sem contar a intrigante escolha do ministério que, no butim, vai caber ao PMDB do Senado. Dilma ofereceu a cabeça do ministro Armando Monteiro, ops!, ofereceu o Desenvolvimento, mas a bancada do partido preferiu Integração Nacional, que distribui verbas para os governadores. E quem é governador? O filho do presidente do Senado, Renan Calheiros, aquele que “se recusou a indicar nomes...”

Nada poderia ser mais dramaticamente sintomático da perda de poder político de Dilma Rousseff, que não consegue nem o básico: fechar o Orçamento, equilibrar as contas, aprovar o coração do ajuste fiscal, concluir a reforma ministerial e anunciar o tão prometido corte de pastas. Ela está totalmente nas mãos do PMDB. E que PMDB!

No programa que foi ao ar ontem à noite na TV, o principal partido da base aliada usou imagens quase sombrias e um tom de oposição em campanha eleitoral. O recado foi claro: o fim do “estrelismo”. E o foco foi em cima de Temer, o substituto natural e constitucional de Dilma em caso de vacância de poder.

Tem-se, assim, que Dilma entrega anéis e ministérios, mas nem por isso garante que vá salvar os dedos e a Presidência. O Congresso lhe deu uma vitória ao manter 26 dos 32 vetos presidenciais e está a caminho de aprovar os restantes, mas essas votações têm uma dinâmica própria, pois evitam implodir de vez as contas públicas. E agora? Dilma vai de fato conquistar os votos do PMDB? Ela tem condições de aprovar a criação da CPMF, coração do pacote fiscal? Consegue impedir a abertura do processo de impeachment?

E mais: a presidente só tem 7% a 8% de aprovação, as greves pipocam por toda a parte, o MTST põe as manguinhas de fora e lê-se que até o líder do PT já grita como oposição. Dar a Saúde para o “baixo clero” do PMDB não assegura a lealdade do partido nas decisões de vida ou morte e, ainda por cima, tende a tirar ainda mais apoio de Dilma na opinião pública e na sua base social.

A boa notícia para o Planalto é que, se as cenas dantescas dos peemedebistas devorando a carniça no Planalto são péssimas para Dilma, não se pode dizer que sejam animadoras para o PMDB. Elas não apenas destroem o que resta de popularidade do atual governo como esgarçam de véspera a esperança num eventual governo de transição com Michel Temer. Com esse PMDB? Com Cunha? Com Renan? Com um Manoel Júnior na Saúde?

Publicado no Jornal Estado de São Paulo em 25/09/15

Corrupção

Fundação Bill Gates processa Petrobras

A Fundação Bill & Melinda Gates entrou com um processo contra a Petrobras para recuperar perdas com ações da petroleira decorrentes do escândalo bilionário de corrupção na estatal de petróleo, investigado pela operação Lava Jato, informou a agência Reuters nesta sexta-feira (25).

Segundo a queixa, registrada na quinta-feira à noite na corte federal de Manhattan, "o esquema de suborno e lavagem de dinheiro" causou à Fundação Gates e a outro autor, WGI Emerging Markets Fund LLC, uma perda de dezenas de milhões de dólares, investidos da petroleira.

"Na verdade, o escândalo ainda parece aumentar a cada dia – à medida que mais criminosos, mais prisões e mais contas bancárias secretas são descobertos", disse a ação.

A Petrobras está enfrentando uma enorme quantidade de processos nos Estados, que alegam anos de corrupção, incluindo subornos, que teriam inflado o valor de suas ações e títulos em mais de US$ 98 bilhões.

Criada em 2000 pela Microsoft Corp, a fundação tem como foco a melhoria da educação e da saúde e a redução da pobreza. A fundação está processando a Petrobras por conta própria, sugerindo acreditar que poderá ser a melhor maneira de recuperar mais de suas perdas em recibos de ações da Petrobras negociadas nos EUA (ADRs). A filial brasileira da auditora da petroleira PricewaterhouseCoopers (PwC) também é ré.(AE)

Salário de US$ 7,4

Marido de Ideli ganha cargo nos EUA

O segundo-tenente músico do Exército, Jeferson da Silva Figueiredo, casado com a petista, assume as novas funções no dia 1º de outubro. Ele vai exercer o cargo por dois anos e terá remuneração de U$ 7,4 mil, correspondente a mais de R$ 30 mil mensais. Figueiredo também recebeu ajuda de custo para sua ida para os Estados Unidos de cerca de US$ 10 mil, mais de R$ 40 mil.

Bom Dia!

Programa do PMDB


Foi ao ar na noite de ontem, o programa do PMDB, partido do vice-presidente da República, Michel Temer e aliado do governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

O que se viu e ouviu, foi uma, nem tão sutil assim, mensagem de crítica ao atual governo e um  discurso de todos os participantes, inclusive alguns ministros, afirmando a capacidade do partido para enfrentar a atual crise.

Reproduzo matéria publicada no portal da Revista Veja, ontem (24), incluindo o vídeo do programa, para que todos tenham a oportunidade de assistir.

Tenham todos um Bom Dia!

Em meio a uma complicada negociação pelo comando de ministérios, o PMDB leva ao ar em cadeia de rádio e televisão, na noite desta quinta-feira, um duro programa de dez minutos contra o governo Dilma Rousseff. O programa começa com uma apresentadora num cenário de escuridão citando a crise política e econômica que assola o país. "O Brasil enfrenta uma grave econômica que já resulta em recessão e desemprego, e uma crise política que retarda uma mudança desse cenário. Os efeitos dessa combinação: uma sociedade angustiada à espera de soluções, cansada de sempre pagar a conta e pessimista diante do nós que não se desfaz. É hora de deixar estrelismos de lado, de virar o jogo e reunificar os sonhos", diz a apresentadora.

Em seguida, um mosaico com as figuras de cinquenta integrantes do partido, entre eles senadores, governadores, deputados e prefeitos, formam a imagem do rosto do vice-presidente da República, Michel Temer. O principal líder da sigla explora a frase que causou alvoroço em Brasília no mês passado, de que "é preciso alguém para reunificar o país". Após a declaração, Temer deixou a articulação política do governo.