sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Tá na hora de dormir



"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo"

José Saramago



Opinião

Infinita capacidade de errar

Eliane Cantanhêde
11 Setembro 2015

O rebaixamento da nota do Brasil pela agência Standard & Poor’s é daquelas coisas que todo mundo e todo o mundo já esperavam, mas, na hora que acontecem, viram um deus nos acuda. O mercado reage, o Planalto finge que foi surpreendido e a oposição alardeia que “o governo acabou”, como praticamente comemorou o senador Aécio Neves.

Entre esses polos, desenrola-se o jogo puramente político, em que os atores decoram o script que lhes convém e não o que combina melhor com os interesses do País. Acuada e impotente, a área econômica registra o golpe dentro dos gabinetes e tenta providenciar explicações e novas medidas diante dos microfones.

Numa reunião de emergência, a presidente Dilma Rousseff subestimou (mais uma vez) o tamanho da encrenca: “Não é catastrófico”. O ex-presidente Lula deu de ombros: “Não significa nada”. O ministro Joaquim Levy tirou o corpo fora: “Foi uma avaliação política”.

Do outro lado, as ações da renúncia e do impeachment dispararam na Bolsa política. O ex-ministro de FHC Luiz Carlos Mendonça de Barros prevê uma “pressão insuportável” dos empresários e a renúncia de Dilma. Os líderes do assanhadíssimo grupo suprapartidário pró-impeachment já contabilizavam ontem à tarde 280 dos 347 votos necessários na Câmara para afastar a presidente.

É ou não de tirar o fôlego? Dilma parece empurrar seu governo ladeira abaixo, esforçando-se ao máximo para errar: Orçamento de 2016 com rombo de bilhões de reais, o balão de ensaio da CPMF, a tentativa de subir o IPI, o IOF e a Cide via decreto, Levy admitindo mexer no Imposto de Renda. Com o controle da montanha-russa nas mãos, o PMDB avisa: sem corte de gastos antes, nada de aumento de imposto. Faz sentido...

Com políticos, empresários, estudantes, donas de casa, profissionais liberais e todo o resto tendo ataques de perplexidade ou de cólera, só faltava cutucar a área militar com vara curta. Como revelou a repórter Tânia Monteiro, não falta mais. Certamente guiado por algum gênio do mal, o Ministério da Defesa fez publicar no Diário Oficial da União uma portaria tirando poder dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica sobre o pessoal militar para transferi-lo ao ministro Jaques Wagner, do PT.

O, ou a, gênio do mal caprichou na dose. A iniciativa é atribuída à secretária executiva da Defesa, casada com o segundo homem do MST, o “exército do Stédile”. A publicação no DO foi três dias antes da maior festa militar do ano, a parada de Sete de Setembro. E a assinatura eletrônica foi do comandante da Marinha, na condição de ministro interino, mas ele diz que nem sequer foi consultado. Um desastre.

É assim que Dilma vai se isolando mais e mais, sem apoio popular e cercada por um PMDB guloso, um Lula assustado, um Congresso hostil e o setor privado se desgarrando. E, além do desgaste da imagem do Brasil no exterior, ainda cria encrenca desnecessária justamente com as Forças Armadas.

Trancada no Planalto com Aloizio Mercadante e Edinho Silva, a presidente parece sentada nos escombros da economia, da política, da cúpula histórica do PT – e com a Lava Jato a mil por hora. Sem querer cortar gastos e sem força política para aumentar a receita, vai ter de fazer as duas coisas e pode até enxugar o Minha Casa, Minha Vida, que é o que restou do maravilhoso mundo das campanhas e vem justificando as viagens dela pelo País.

Goste-se ou não do deputado Eduardo Cunha, é dele a definição perfeita e acabada do governo Dilma Rousseff: “É o Maquiavel às avessas”. Maquiavel ensinava que o mal se faz de uma vez e o bem, a conta-gotas. Dilma faz o mal a conta-gotas e o País continua aguardando para saber qual o bem que ela é capaz de fazer. Inclusive, ou principalmente, a ela própria.

Publicado no jornal O Estado de São Paulo


Rapidinhas


A política externa das centrais sindicais
As principais centrais sindicais brasileiras estão preocupadas com os trabalhadores... da Índia. É que lá, próxima sede da cúpula do Brics, onde, por tradição, também sedia reuniões paralelas dos sindicatos dos países-membros, não se reconhece as centrais sindicais como representes dos trabalhadores. Na próxima semana, CUT, Força Sindical e UGT vão se reunir em São Paulo para definir ações para diminuir os conflitos. Pensam em pedir aos governos de Rússia, China e África do Sul, além do brasileiro, que pressionem a Índia a melhorar sua relação com os sindicatos.

Greve na segurança pública termina, mas atendimento segue restrito
Representantes dos sindicatos da área da segurança pública decidiram encerrar nesta sexta-feira a paralisação que era realizada desde o dia 31 de agosto no Rio Grande do Sul. Porém, na prática, os serviços à população seguem restritos. A Brigada Militar continua em operação-padrão, a Polícia Civil não fará grandes operações e investigações fora do expediente, e os concursados do Instituto-Geral de Perícias (IGP) prometem não estender o trabalho para colocar em dia as perícias atrasadas. Na última quinta-feira, o governo depositou R$ 800 nas contas, a segunda parcela de agosto.

Governo busca R$ 40 bi em impostos
A estratégia do governo para reagir à perda do grau de investimento na Standard & Poor’s é propor novo corte de gastos suficiente para tapar o rombo no Orçamento da União de 2016 e elevação de impostos suficiente para cumprir a meta de superávit primário do ano que vem.
Para atingir a meta de superávit primário de 0,7% do PIB, cerca de R$ 42 bilhões, haveria aumento temporário de tributos. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, acha pouco um ano de vigência emergencial. E sabe que haverá resistência, porque tributos foram criados temporariamente e se tornaram permanentes. Um horizonte de dois anos seria o ideal, na visão de outro ministro.

Presidência nega que Dilma procure nome de fora do PT para Casa Civil
A Presidência divulgou nota buscando negar a manchete da Folha de São Paulo, segundo a qual Dilma Rousseff busca nomes de fora do PT para substituir o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. O texto da Presidência faz elogios a Mercadante, afirmando que ele faz um "trabalho fundamental para a gestão", que "tem colaborado para a construção da estabilidade política". Segundo a nota, a reportagem "serve apenas para fomentar especulações desnecessárias"

Temer vai visitar a Rússia e Polônia com 8 ministros, 6 do PMDB
O vice-presidente da República, Michel Temer, viaja neste fim de semana para visita oficial a Moscou (Rússia) e Varsóvia (Polônia) e leva com ele oito ministros, dos quais seis do PMDB, partido do qual é presidente. A informação está publicada no "Diário Oficial da União" (DOU). Acompanham Temer na viagem os ministros da sigla Eduardo Braga (Minas e Energia), Kátia Abreu (Agricultura), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Helder Barbalho (Pesca e Aquicultura), Edinho Araújo (Portos) e Eliseu Padilha (Aviação Civil), além do petista Jaques Wagner (Defesa) e de Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), do PTB.

Petrolão

PF pede ao STF para ouvir Lula

A Operação Lava Jato da Polícia Federal nunca esteve tão perto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Documento assinado pelo delegado Josélio Azevedo Sousa solicita ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente seja ouvido nas investigações do propinoduto armado para assaltar a Petrobras.

Conforme o documento, o ex-presidente pode ter sido "beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo". O pedido da Polícia Federal é em parte amparado nos depoimentos do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do ex-gerente de Engenharia da estatal Pedro Barusco. O primeiro passo do Supremo agora será submeter o pedido à análise do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Além de Lula, a Polícia Federal pede para que sejam ouvidos, entre outros, os ex-presidentes da Petrobras José Sergio Gabrielli e José Eduardo Dutra, o ex-tesoureiro da campanha de Dilma em 2010 José de Filippi Junior, os ex-ministros Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, ele próprio um dos presos pela Operação Lava Jato. No caso de Gabrielli, a PF chega a dizer que "é improvável que um esquema dessa envergadura funcionasse sem o conhecimento e a anuência do responsável máximo da companhia".

O pedido para que o petista seja ouvido faz parte de um dos inquéritos da Operação Lava Jato em que são investigados, entre outros, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Ciro Nogueira (PP-PI), o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e parlamentares.

"Atenta ao aspecto político dos acontecimentos, a presente investigação não pode se furtar de trazer à luz da apuração dos fatos a pessoa do então presidente da Republica Luiz Inácio Lula da Silva, que, na condição de mandatário máximo do país, pode ter sido beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal", diz a PF.

Para embasar o pedido, o delegado cita a delação premiada em que o doleiro Alberto Youssef confirma que Lula e integrantes do Palácio do Planalto tinham conhecimento do esquema criminoso do petrolão. "A presente investigação não pode estar dissociada da realidade fática que ela busca elucidar e, no presente caso, os fatos evidenciam que o esquema que por ora se apura é, antes de tudo, um esquema de poder político alimentado com vultosos recursos da maior empresa do Brasil", completa a polícia.

O nome do ex-presidente também foi relacionado ao petrolão pelo fato de duas empresas ligadas a ele terem recebido, entre 2011 e 2013, 4,53 milhões de reais da empreiteira Camargo Corrêa, gigante da construção e um dos alvos da Operação Lava Jato. Laudo da Polícia Federal registra que a empreiteira pagou três parcelas de 1 milhão de reais cada ao Instituto Lula entre dezembro de 2011 e dezembro de 2013 e mais 1,527 milhão de reais para a LILS Palestras Eventos e Publicidade, também do petista, entre setembro de 2011 e julho de 2013.(Com Veja.com/conteúdo)

Crise na Petrobras

Redução de jornada e salários

A Petrobrás considera reduzir a jornada de trabalho e o salário dos seus empregados concursados. A Agência Estado, teve acesso à proposta de acordo coletivo defendida pela estatal para o período de 2015 a 2017. No documento, a petroleira abre espaço para que os funcionários da área administrativa passem a trabalhar 30 horas semanais, em vez das atuais 40 horas. A adesão seria voluntária, mas acarretaria corte de 25% nos ganhos mensais e nos pagamentos por férias e décimo terceiro.

Para sair do papel, o acordo coletivo, divulgado na intranet da empresa, depende de negociação com a Federação Única dos Petroleiros (FUP). 

Além de propor redução salarial e das horas trabalhadas nos escritórios, a petroleira quer reduzir a carga de trabalho de dez para oito horas diárias em unidades operacionais, como plataformas e refinarias. 

No dia 26 de agosto, a nova direção da empresa havia anunciado que promoveria um corte de “gastos operacionais gerenciáveis” de US$ 12 bilhões até 2019. Na prática, a petroleira vai suspender direitos até então garantidos aos seus trabalhadores - 80,9 mil funcionários próprios e 200 mil terceirizados.

Para o representante dos funcionários no conselho de administração, Deyvid Bacelar, a retirada de benefícios e direitos dos trabalhadores é um retrocesso. “Isso é gasolina que a companhia jogou sobre a categoria, agora basta acender um fósforo”, ironizou. “Se a categoria brincar, a empresa pode retirar outros direitos. O governo federal, como acionista controlador, tem responsabilidade sobre esse processo. Não tenho dúvida que vamos ter grande adesão para uma greve forte na categoria.” (Agência Estado)

11/09/2015


'Tem deputado que está na Câmara apenas para defender 
construtoras e bancos', afirma Argôlo (Estadão)
À PF, ex-deputado também disse que fez negócios com Youssef e que tinha de 'chorar para receber dele'

Lideranças petistas já consideram provável a queda de Dilma em 2015 (Folha de S. Paulo)
Clima entre ministros, deputados e senadores do partido é de abatimento

Governo reage com improviso a perda de selo de 
bom pagador (O Globo)
Dilma convocou ministros para discutir efeitos da reclassificação do Brasil pela agência S&P, mas nenhuma medida foi apresentada 

Opositor Leopoldo López é condenado a 13 anos de prisão 
na Venezuela (Correio Braziliense)
Ele deverá cumprir a sentença na prisão militar de Ramo Verde, na região de Caracas, onde está detido desde 18 de fevereiro de 2014

Tropeços em série do governo recriam cenário de 
impeachment (Gazeta do Povo)
Perda do selo de bom pagador do país dá novo fôlego para o pedido de cassação de Dilma. Com o apoio de partidos da base, oposição lança movimento para tirar a presidente do cargo

Levy diz que brasileiro terá que "aceitar um pouquinho mais de imposto" (Estado de Minas)
Um dia depois de o Brasil ter sua nota de crédito rebaixada, ministro da Fazenda diz acreditar que a população entenderá se tiver de pagar para a economia voltar a crescer

No Ceará, prefeitos demitem e parcelam salários dos funcionários (Diário do Nordeste)
Repasses de setembro desapontam gestores e aumentam a apreensão com o futuro do emprego nas cidades

Reação do governo ao rebaixamento fica abaixo 
da expectativa (Diário de Pernambuco)
Ministro da Fazenda não anunciou novos cortes de despesa para que orçamento virasse superavitário

Um desastre humanitário na Europa (Carta Capital)
O êxodo de milhares de migrantes representa o evento mais grave desde a 2ª Guerra Mundial

Após decisão da S&P, Dilma volta a estudar o aumento 
da Cide (Veja.com)
Presidente passou a ver com outros olhos a ideia de Temer de elevar o imposto, que incorre sobre os combustíveis

Dilma Rousseff estuda trocar ministro da Casa Civil (Portal UOL)
A presidente Dilma Rousseff estuda substituir o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) por um nome que atue como uma espécie de "primeiro-ministro" e que não seja filiado a seu partido, o PT

Cuba decide soltar 3,5 mil presos antes de visita do Papa (Portal G1)
Número é o maior desde a revolução de 1959. Papa irá ao país ainda neste mês.

Bom Dia!

Incoerente? Não. Oportunista? Sim.

O dia de ontem foi muito complicado. Fora os compromissos profissionais, tive um problema com o computador e fiquei impedido, durante todo o dia, de atualizar as informações do blog. Espero que hoje tudo funcione normalmente.

Além de rebaixar o Brasil, a Standard & Poor’s, ontem (10) tirou o grau de investimento da Petrobras e de 11 bancos brasileiros, entre eles o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Itaú que perderam o selo de bons pagadores.

A notícia, que por si só já impressiona e preocupa, mereceu comentários do ex-presidente Lula, que está na Argentina fazendo campanha para o candidato de Cristina Kirchner.

Logo depois de postar o que disse Lula sobre o rebaixamento do Brasil, vou destacar o que ele disse em 2008, quando a mesma S&P classificou o Brasil como grau de investimentos.

Leia o que Lula disse agora:

BUENOS AIRES - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira, 10, em Buenos Aires, que o corte da nota brasileira pela agência Standard & Poor's "não significa nada". "Isso não significa nada. Significa que apenas a gente não pode fazer o que eles querem. A gente tem que fazer o que a gente quer", destacou.
O ex-presidente, que participa do 3º Congresso Internacional de Responsabilidade, disse "achar muito engraçado" que a agência de risco tenha tomado essa decisão e criticou que essas agências não usam os mesmos critérios para "países quebrados da Europa". 

Agora leia o que Lula disse em 2008:

Em 2008, quando o Brasil foi classificado como grau de investimento pela S&P, o então presidente disse que isso era uma conquista do povo brasileiro. "Eu acho que houve uma combinação de esforços feita por todos os brasileiros que permitiu que nós pudéssemos, hoje, estarmos felizes porque é uma coisa importante para o Brasil (o grau de investimento), é uma vantagem extraordinária nesse mundo globalizado", disse Lula, à época.
O ex-presidente recorreu ainda a uma de suas tradicionais metáforas, comparando a figura de dois trabalhadores. Um deles é um homem comportado, que cuida da família, paga o aluguel e não tem vícios. "Esse é o investment grade", explicou Lula. O outro recebe o dinheiro, torra tudo em mesa de jogo ou bebe demais e está quebrado. "Então, era assim que era o Brasil. O Brasil estava quebrado, não tinha credibilidade. Todo mundo lembra quanta faixa tinha aqui, da dívida externa. Cada vez que ia em um lugar era: 'Fora FMI', Acabou isso. Acabou!".

Ao ler a matéria publicada no Estadão, e que reproduzi aqui, fiquei pensando sobre o que pensar de uma pessoa que emite opiniões diferentes, em dois momentos diferentes, sobre o mesmo assunto.

Lula, na minha opinião, não é o sujeito incoerente como muitos querem afirmar. Para mim, Lula é um tremendo oportunista, um aproveitador do momento que usa fatos em seu favor para esconder as mentiras que vive contando ao povo brasileiro.

Minha esperança é de que o brasileiro esteja se dando conta do quanto vem sendo iludido por esta mente doentia e insana que usa os palanques para tentar manter seu projeto de poder.


Tenham todos um Bom Dia!