sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Tá na hora de dormir!



Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

Fernando Pessoa



Opinião

A moral do empreiteiro

Gazeta do Povo
04/09/2015
Está certo que o caso do petrolão, investigado pela Operação Lava Jato, deveria ocupar as páginas policiais, mas, até por uma questão de dignidade própria, o presidente da empreiteira Odebrecht, Marcelo Odebrecht, poderia ter evitado o jargão das delegacias e das organizações criminosas. Ao prestar depoimento à CPI da Petrobras – em audiência realizada quarta-feira em Curitiba, onde se encontra preso desde junho –, o empresário afirmou não ser “dedo-duro” e que, por ser esta uma questão moral, não aceitará fazer acordo de delação premiada.
Odebrecht pode dar o nome que quiser à colaboração nas investigações. “Dedurar” até seria um bom sinônimo se o verbo for entendido como um ato de alguém disposto a desnudar as entranhas da corrupção na Petrobras e indicar os nomes de quem participava do esquema de propinas. Ressalve-se, porém, que o empreiteiro diz que não se prestará a dedurar ou a abraçar a delação premiada, visto que nem ele nem suas empresas ou funcionários tiveram qualquer participação delinquente nas relações contratuais com a Petrobras, seus servidores ou, indiretamente, com políticos.
Dê-se ao réu o benefício da dúvida. Ainda não julgado nem condenado pela Justiça, admita-se a possibilidade de ser inocente e desconhecer os fatos arrolados nas investigações que envolvem o cartel de empresas do qual a Odebrecht faria parte – item que ele também nega. Sendo assim, de fato nem teria a quem “dedurar” e nem motivos para aderir ao instituto da delação premiada.
Entretanto, é no mínimo questionável a analogia que faz entre “dedurismo” e colaboração premiada, invocando supostos valores morais para não compactuar com nenhuma das duas formas. Ao fazer uma comparação com uma briga entre suas filhas, na qual o empreiteiro puniria com mais rigor aquela que entregou a irmã e não aquela que efetivamente fez algo errado, Odebrecht mostra valorizar o comportamento típico da omertà, aquele código de honra que obriga ao silêncio absoluto os membros jurados das organizações mafiosas. Já a delação é um instrumento legal que garante aos acusados de crimes a redução das penas a que estariam sujeitos caso suas denúncias sejam úteis e comprovadas. Mas, enquanto se dá ao silêncio uma avaliação moral positiva nas organizações criminosas, punindo-se rigorosamente o membro que o transgrida, a recusa à delação pode se constituir num ato de imoralidade na medida em que serve à proteção de outros criminosos.
Marcelo Odebrecht está bem acompanhado neste entendimento primitivo. É de autoria da presidente Dilma Rousseff – quando sua biografia foi tisnada por citações de investigados na Lava Jato – uma frase que ganhou manchetes: “não respeito delatores”. Tratou-se da mesma e proposital confusão mental, uma comparação descabida. Quando prisioneira sob tortura durante o regime militar, não delatar companheiros era (e é) um elogiável ato de altruísmo; já a delação premiada provém de um ato legal por ela mesma sancionado como forma de dar mais eficiência ao combate à corrupção e à criminalidade. Uma situação e outra devem ser medidas por réguas morais diferentes.
Não é o caso do empreiteiro encrencado na Lava Jato. Delatar ou “dedurar” – como queira entender Marcelo Odebrecht – são sinônimos que ganham o mesmo sentido moral, isto é, o de contribuir para a elucidação de fatos supostamente delituosos e a identificação de agentes públicos ou privados que eventualmente neles tenham tido participação ativa ou passiva. Uma ética em que ajudar a descobrir a verdade é moralmente pior que cometer crimes ou silenciar sobre eles é uma ética torta.
Conhecido entre os seus como “o príncipe”, o empreiteiro Odebrecht comportou-se como tal durante a sessão da CPI. Seus tortuosos conceitos sobre moralidade não causaram nenhum constrangimento aos deputados que o ouviram – pois mais convincente que seus argumentos talvez seja a generosidade com que sua empresa costuma premiar campanhas eleitorais, com doações que chegaram a R$ 100 milhões apenas no ano de 2014.

04/09/2015


Temer: será difícil Dilma resistir três anos e meio 
com popularidade em 7% (Correio Braziliense)
Também falou que Dilma é "guerreira", e não é "de renunciar". 

PT recua na convocação para militantes usarem 
verde e amarelo (O Globo)
Partido queria fazer ato de apoio a Dilma e Lula no dia 7 de setembro

ONU pede que Europa permita a entrada de 
200 mil refugiados (Estadão)
Ministros de Relações Exteriores europeus se reúnem nesta 6ª para desenhar soluções para crise migratória

Vitrine de campanha de Dilma ensino técnico 
terá só 50% de vagas (Folha de S. Paulo)
O governo criará pouco mais da metade das vagas prometidas pela presidente Dilma Rousseff (PT) para a segunda etapa do Pronatec

Rombo no Orçamento põe Brasil na 
“zona de rebaixamento” (Gazeta do Povo)
Previsão de déficit de R$ 30,5 bilhões em 2016 deixou o país mais perto de perder o grau de investimento, dizem economistas

Publicado decreto que garante adiantamento de parte do 
13º salário a aposentados (Diário de Pernambuco)
O Diário Oficial da União publica nesta sexta-feira o decreto que garante o adiantamento de parte do décimo terceiro salário dos aposentados e pensionistas do INSS


Brasil piora mais que o esperado em meio 
à crise política, diz FMI (Jornal do Comércio)
Riscos de curto prazo para a deterioração do crescimento da economia aumentou nas últimas semanas

Petrobras corta festas, cursos e viagens para 
poupar US$ 12 bi (Veja.com)
Estatal aumenta arrocho financeiro, mas nega relação entre os cortes e a dificuldade na venda de ativos

O chavismo sem lastro (Carta Capital)
A crise econômica e política mina a base social do bolivarianismo

Greve de servidores do INSS completa dois meses (Portal G1)
Mais de 1 mil agências estão fechadas, segundo grevistas

Primeira catedral gay do Brasil será inaugurada 
no Rio de Janeiro (Portal IG)
A igreja será inaugurada na segunda-feira, Dia da Pátria, em Madureira, tradicional templo do samba carioca

Impeachment é apoiado por metade dos deputados 
federais do PMDB (Portal UOL)
Em conversas ainda mantidas nos subterrâneos, os partidários do impeachment começaram a contar votos


Bom Dia

Resposta do Governador Sartori


O jornalista David Coimbra publicou um comentário criticando a postura do governador José Ivo Sartori,
na edição de ontem (3) de ZH. Como também tenho feito alguns comentários sobre o que está acontecendo em relação ao parcelamento de salários dos funcionários públicos, publico a resposta que o governador enviou ao jornalista, para que todos tenham conhecimento dos dois lados. Boa leitura e tenham todos um Bom Dia!


Caro David
Em 38 anos de vida pública, é a primeira vez que escrevo para comentar o texto de um jornalista, mas quero contribuir com a reflexão que fizeste sobre a situação de emergência financeira em que se encontra o Estado.
É verdade que, desde o primeiro dia, procuramos agir com transparência. Abrimos os números das finanças detalhadamente, como nunca ocorreu na história. Em vez de jogar pedras no passado, decidimos comunicar a crise com verdade – sem falso otimismo, nem falso pessimismo. Foi uma decisão política que tomei, mesmo que muitos quisessem uma postura mais crítica. Pedras funcionam melhor para construir do que para destruir, eu acredito nisso.
Mas, diferente do que escreveste, não é decisão minha fazer com que as pessoas vivam qualquer espécie de drama. Não é questão de escolha. Quem impôs o drama foi a situação do Estado, não a minha vontade. Ninguém jamais faria a insensatez de causar sofrimento aos seus irmãos, muito menos eu.
David, a ampliação do uso dos depósitos judiciais está sendo negociada desde o primeiro dia do governo. Mas não é verdade que isso resolve o problema. Não é mesmo! Esse dinheiro não é do Estado, e sim de pessoas que estão com ações na Justiça. Além disso, o juro que se paga por ele é exorbitante. Para teres uma ideia: neste ano, pagaremos quase o valor referente a uma folha do funcionalismo, cerca de R$ 1 bilhão, por causa dos juros dos saques feitos anteriormente.
Quanto ao relacionamento com a União, lembro que estamos na luta federativa em favor do Rio Grande do Sul desde o primeiro dia do nosso mandato. Procuramos agir com equilíbrio político e jurídico, tanto que ingressamos com uma ação no STF. Ser duro nem sempre é fazer espetáculo ou jogar para a torcida. Os que escolheram esse caminho não chegaram a lugar algum em termos de resultado.
Não podemos pensar em governar o Estado como se isso fosse uma corrida de 100 metros. Temos uma longa maratona pela frente, e sabemos que os primeiros passos são os mais pesados. Fazer o equilíbrio financeiro não é obra para um homem só, tampouco para um governo só. Mas nós vamos fazer a nossa parte, estejas certo.
Para mim, política e pessoalmente, teria sido mais simples repetir algumas fórmulas já adotadas. Mas foi essa repetição de erros que levou o Estado ao esgotamento financeiro em que se encontra. Sei o preço das escolhas que fizemos, mas prefiro plantar uma semente de mudança no Estado a entrar para história como um falso herói.
Na campanha, me comprometi a fazer o que precisa ser feito. Já temos mais de 40 iniciativas apresentadas, entre projetos de lei, emendas constitucionais, decretos e medidas administrativas. Elas contêm mudanças de curto, médio e longo prazo. E serão seguidas por muitas outras propostas que ainda apresentaremos à sociedade gaúcha.
O salário do governador, do vice e de todas as pessoas vinculadas ao Executivo também está parcelado. O parcelamento da folha dos servidores não é um ato de vontade. O nosso ato de vontade, isto sim, é fazer com que tal situação nunca mais precise ocorrer.
Nosso projeto de futuro é recuperar o setor público e sua capacidade de investimento, o que vai beneficiar especialmente os pobres, quem mais precisa do Estado. O Rio Grande do Sul tem grandes potencialidades, um povo empreendedor e trabalhador. O que nos falta é tornar o governo um agente a favor do desenvolvimento, e não um obstáculo. Vamos permanecer ao lado do setor produtivo, atrair empresas, destravar a burocracia, tornar as estruturas mais eficientes, modernizar a gestão.
Por isso eu espero, sinceramente, que a solidariedade vença a rivalidade. Somos uma família, estamos do mesmo lado. Juntos, vamos vencer as dificuldades. Sempre pensando em todos. O bem comum é a esperança que nos move. Todos pelo Rio Grande.
Fraterno abraço,
José Ivo Sartori