quarta-feira, 25 de março de 2015

Crônica

Mais gordo,  nu e sem pele

Cesar Cabral*

Ainda meio zonzo com a informação que a corrupção é uma velha senhora, fui dormir. 
Virando de um lado para outro o sono não vinha e enquanto me debatia na cama via a imagem de um gringo imbecil dizer que o povo protestando nas ruas do Brasil não eram eleitores da Dilma Vana ao lado de outro imbecil que antes havia falado abobrinhas, balangandãs e merda. Muita merda. Assistia um coronelete matuto, ministro da educação, metendo o cacete em cachorro grande, achando que na capital da República ele pode escoicear quem quer como faz no feudinho chinfrim dele.

Saí da cama e fui me servir de um trago; pensei num Jack Daniel’s, mas devido ao adiantado da hora e da circunstância optei por uma boa dose de Ardbeg 19 anos, por ser um single malte das ilhas escocesas e um dos mais complexos dessa região com intenso sabor defumado e aromas marinhos. Seu teor alcoólico elevado de 46% assim como seu preço - R$ 270 a garrafa – me faria dormir. Adormeci. E sonhei.

Sonhei que eu tinha 14 anos e fomos todos mandados do Colégio Rosário para casa. 

Getulio morreu! Atrevido e curioso com dois ou três colegas descemos a Rua da Praia e vimos o povo quebrando lojas, saqueando todas as que tivessem um nome estrangeiro. E a maioria tinha um nome estrangeiro. Foi a primeira crise política que assisti. Depois vieram outras sendo que de algumas delas participei diretamente; como estudante ou como profissional. Ao todo, contando com essa de agora, foram 5 ou 6.

 Um sono inquieto me fazia sentir por todo o corpo uma estranha sensação. Alguma coisa – ou tudo – estava se transformando em mim; por dentro e por fora. Acordei cansado e o sol mal clareava a cortina do quarto. Eu estava maior. Mais gordo, nu, sem pele; coberto apenas com uma espécie de pelo. Não tinha braços; tinha pernas. Quatro pernas com patas. Girei o corpo e minha boca com dentes graúdos bateu na mesa de cabeceira; não tinha rosto, tinha um focinho numa cabeça com olhos grande postos aos lados e com eles via enormes orelhas.

Lembrei-me de Gregor Samsa, que, dormindo, metamorfoseou-se numa barata. Não era meu caso. Eu tinha sido autotransformado num asno. Não gosto dessa coisa de si mesmo e autorretrato, autobiografia, pois como FHC também acho isso muita pretensão; ou autoajuda, uma impossibilidade, e autodidata que é o mesmo que um ignorante ensinando outro.

Minha autotransformação num asno, entretanto, foi por indução voluntária; de 
espontânea vontade, provocada para não enlouquecer ou me tornar um palhaço, no sentido ofensivo da palavra. Sei que com isso encerro o desejo de um dia voar e me tornar invisível. Mas meu último desejo, assim como foi o de Noel Rosa, digam que me viram voando por aí e que, de repente, desapareci e reapareci, pois me tornei invisível.

Sempre achei que a melhor saída do Brasil fosse o aeroporto. Mas hoje nem isso é mais possível porque, como disse Millôr Fernandes – ou teria sido Nelson Rodrigues? – “Brasil: se cercar vira hospício. Se cobrir vira circo!” Agora, enfim, cercado e coberto, sem céu, nem avião sai daqui. Sendo assim, tornei-me um asno. Uma subespécie de mamífero. Mas também podem me chamar de burro, jumento, jegue, jerico; menos de Dilma, pois não aceitamos ofensas e nem comparações “apequenadas”. Temos muito mais do que apenas um neurônio.

Somos dóceis, prestativos, trabalhadores, comemos apenas capim, bebemos pouca água, ouvimos tudo em silêncio, não mentimos nem enganamos os humanos e somos mitológicos, fabulosos, personagens literários e iconográficos. Estou orgulhoso, satisfeito e, sinceramente, vaidoso sem nenhuma modéstia à parte.

Soube a pouco por um velho asno que pastava alegremente que sou ancestral de asnos históricos e que nossa espécie existe a mais de 5 mil anos. Que maravilha! Um asno carregou Sancho Pança e ajudou Dom Quixote a enfrentar moinhos de vento que lhes pareciam ser monstros.

É certo que também nos maltratam muito. Shakespeare nos usou como símbolo de ignorância. O menino que andava com Pinóquio, por ser muito mau, foi transformado num jumento. No nordeste, só porque somos muitos, nos abandonam e ingênuos que somos atravessamos estradas sem olhar pros lados e morremos atropelados por enormes caminhões; do tamanho de um Palácio do Planalto. Ou de um prédio daqueles alinhados na Esplanada dos Ministérios. Bem que parecem!

Fora isso, somos muito ocupados; nós carregamos pesados barris com água, um de cada lado do lombo, sertão adentro, todos os dias o dia todo. Não nos importamos; estamos fazendo nosso trabalho a séculos, levando a água que os “coroné promete” que um dia “vai moiá o sertão tudim cabano coessa secura”.

Jumento, jegue, burro ou asno são todos a “mema coisica” – ói só! já tô falano inté com jeitim dels. Foi um asno, que chamam de burrinho, que levou Maria, grávida, pra Belém, na Palestina sob o domínio do Império Romano e que hoje, depois de invadida pelo judaísmo sionista do leste europeu, com o “aval” da ONU e de nosso gaúcho Oswaldo Aranha, pretendem eliminar do território e do mapa, árabes muçulmanos ou cristãos. Netanyahu quer a extinção deles e tomar para Israel toda a Palestina.

E lá, em Belém, numa cocheira, assistiu o nascimento de Yeshua e a ele cedeu seu cocho, luxuosamente também chamado de manjedoura, para que nele fosse acomodado. Viu três reis ditos magos e depois levou em seu lombo Maria e Yeshua, seu filho, guri recém nascido, até o Egito a quilômetros de lá. E foi um asno que 33 anos depois levou Yeshua, homem feito, no lombo a entrar triunfalmente em Jerusalém. Faz tempo isso. Se essa história é mito, lenda ou verdade histórica e teológica não me importa. Já pensava assim quando eu ainda era um ser racional; mas agora sendo asno sou parte do que seja.

Como asno recente que sou, guardo ainda algumas experiências humanas e estou pronto para ser presidente do Brasil. Não será caso inédito, pois não serei o primeiro. 

Mas o que me atrai é o gramado da frente do Palácio da Alvorada. Já sinto o aroma da grama fresca e bem cuidada e uma vontade incontrolável de pastar e depois dar zurros de alegria.

Sinto também, queridos leitores, uma acentuada difificuldade de esquecrever já que não tenho mais dedos. Minhas pataas esttao ccad vez maisss tlecand letãs eud nffffjj rldkif  rmjruhslkldh bjhijrk kfjnikj  ekdun cunulmn  trx’

*Jornalista e escritor

Ajuste fiscal

Lula diz para Paim votar contra o governo


Na esteira de Marta Suplicy (PT-SP), outro senador petista, Paulo Paim (RS), está ameaçando deixar o partido. Paim se reuniu segunda-feira, em São Paulo, com o ex-presidente Lula e disse que não tem condições de votar a favor das MPs 664 e 665, do ajuste fiscal, que restringem a concessão de benefícios trabalhistas. Ouviu de Lula que não deve trair sua consciência e que “em nenhum lugar está escrito que ele tem que votar como quer o governo”. Na reunião, da qual participou também o presidente da CUT, Vagner Freitas, foi feita avaliação de que a presidente Dilma precisa ceder e flexibilizar as mudanças nas regras do seguro-desemprego e do abono salarial.

Paim disse que a iminente saída de Marta Suplicy do PT não é um movimento isolado e que há “mais ruídos do que o partido imagina”. Segundo ele, Lula defendeu que o governo se abra a um grande acordo em torno das MPs, unindo posições da equipe econômica, dos sindicalistas e do Congresso.

Paim disse que se não houver alterações, votará contra o ajuste e sairá do PT.

— Não tenho como votar a favor dessas medidas, o governo está propondo um arrocho social. Há muito descontentamento interno, outros senadores também estão reclamando. A situação é de constrangimento, não sou só eu que penso assim. Decidi que entre votar contra o trabalhador e o aposentado, prefiro voltar para casa — disse Paim, há 29 anos no Parlamento.

Paim disse que as conversas com ministros não avançam, mostrando que o governo está ouvindo as ponderações, mas não as atenderá. Paim afirmou que se soma às MPs sua frustração com os escândalos de corrupção envolvendo petistas e governos do partido. Paim disse que ainda vai esperar as votações das MPs, mas que já está conversando com outras legendas, entre elas PMDB, PDT e PSB, e se aconselhando sobre ação para não perder o mandato.

Comunicação Social

Ministro pede demissão


A Secretaria de Imprensa da Presidência da República informou nesta quarta-feira (25) que o ministro Thomas Traumann (Comunicação Social) entregou pedido de demissão à presidente Dilma Rousseff, que aceitou.

Nota divulgada pelo Palácio do Planalto não informa o motivo nem diz quem assumirá a pasta.

Traumann é o terceiro ministro a deixar o cargo no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Além dele, saíram Cid Gomes (Educação), substituído interinamente por Luiz Cláudio Costa; e Marcelo Néri (Secretaria de Assuntos Estratégicos), substituído por Roberto Mangabeira Unger.
Conforme a Secretaria de Imprensa, o atual secretário-executivo da Secom, Roberto Messias, assumirá o comando da pasta de forma interina, até que a presidente Dilma nomeie um sucessor de forma definitiva.

Rotativo no Cartão de crédito

Juro sobe para 342,2% ao ano

 
O juro cobrado por instituições financeiras no rotativo no cartão de crédito sobe para 342,2% ao ano em fevereiro, segundo dados do Banco Central. Com isso, a taxa atingiu o maior patamar desde o início da série histórica, em março de 2011. Na prática, isso significa cobrar juro de 0,4138% ao dia. Se um consumidor estivesse devendo R$ 1 mil no começo do mês, ao final já deveria R$ 1.127.

O juro médio total cobrado no cartão de crédito subiu 7,8 pontos porcentuais de janeiro para fevereiro. Em janeiro, a instituição passou a incorporar dados sobre esse segmento, que regula desde maio de 2013. Com a alta na margem, a taxa passou de 70,9% ao ano em janeiro para 78,7% ao ano no mês passado. No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro aumentou 6,3 pontos de janeiro para fevereiro, passando de 106,3% ao ano para 112,6% ao ano.

Entre as principais linhas de crédito livre para pessoa física, o destaque vai para o cheque especial, cuja taxa subiu de 209,0% em janeiro para 214,2% no mês passado. Para o crédito pessoal, a taxa total subiu de 46,6% em janeiro para 47% em fevereiro. No caso de consignado, a taxa passou de 26,4% para 26,8% de janeiro para fevereiro e, nas demais linhas, de 107,5% para 108,1%. (Agência Estado)

Aniversário de Porto Alegre

Gal Costa canta Lupicínio Rodrigues


A turnê do espetáculo de Gal Costa "Ela disse-me assim" terá estreia nacional nesta quarta-feira, às 21 horas, no Auditório Araújo Vianna, integrando as comemorações do aniversário da Capital. Depois, percorre Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belém, Curitiba e São Paulo e dá origem a CD ao vivo, em projeto patrocinado pelo programa Natura Musical. Os ingressos para o espetáculo estão esgotados. 
 
Após as apresentações de seu último disco, Recanto (2011), e do show intimista “Espelho d’Água”, Gal Costa resgata a obra de uma das maiores personalidades da música brasileira, interpretando canções do grande cantor e compositor Lupicínio Rodrigues (1914-1974). O espetáculo tem estreia nacional em Porto Alegre, cidade natal do compositor de “Vingança” (1951) e “Volta” (1957).


Área do Estaleiro Só

Projeto prevê parque e torre comercial


 
Audiências públicas debaterão a viabilização do chamado Parque do Pontal, nos dias 8 e 9 de abril. Equivalente a um décimo do Parque Farroupilha, o projeto prevê um parque público com cerca de 3,6 hectares, mais uma torre comercial e um shopping center.

Depois de ter recebido a classificação de "afeito" da prefeitura municipal, o Parque do Pontal deverá atender algumas modificações estabelecidas desde que o projeto foi vetado por uma consulta popular em 2009. Naquele época, estavam previstas construções para comercio e moradia, além de uma torre com 26 andares.

O Parque deverá ter somente comércio e serviços, a torre comercial será reduzida para 22 andares, além de ciclovia, praças, recantos, fontes e atrações como jatos de água soncronizados e um relógio de sol.

Antes, o projeto passará por audiências públicas, deverá apresentar Estudo de Viabilidade Urbanística e receber autorização definitiva da Comissão de Análise Urbanística e Gerencimaneto (Cauge).

Um centro comercial com bares, restaurantes, lojas, cinema, 1721 vagas de estacionamento, divididas em três pavimentos, fazem parte do projeto que, segundo os empreendedores, deverá ter obras iniciadas em janeiro de 2016, com previsão de inauguração do shopping center em junho de 2018 e o restante do Pontal em setembro do mesmo ano.

Embora a expectativa favorável de quem bancará o empreendimento, existem opiniões divergentes. A vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) pretende estudar os relatórios ambientais e verificar se há meio de barrar a iniciativa.

— É um novo ataque à concepção de uma orla pública e com objetivos culturais, de lazer e esporte. O projeto coloca novamente espigões na orla — argumenta.

Já os responsáveis afirmaram apenas ter a "expectativa de que o projeto seja aprovado". No texto de apresentação do Pontal, argumentam que "Historicamente, e diferentemente do restante da orla do Guaíba, a área do empreendimento não permitia o acesso da população à orla. E essa é a grande premissa da localização do Parque do Pontal: retomar a relação entre a cidade e o Lago Guaíba através da criação de um parque com espaços de convívio e contemplação. Dessa forma, a localização do empreendimento se justifica por si só."

Bom Dia!

Central Única dos Trabalhadores


Faz muito tempo que venho pensando sobre as reais finalidades da CUT. Desde sua fundação, ela foi esticando seus tentáculos sobre todos os sindicatos, transformando entidades que deveriam lutar pelos direitos trabalhistas de cada categoria, em braços do PT. Dificilmente a gente encontra alguma diretoria de sindicato que não seja ligada, de alguma forma, ao Partido dos Trabalhadores. E estão lá faz muitos anos.

Falo com algum conhecimento, pois pertenci ao Sindicato dos Jornalistas, como associado, e me decepcionei a partir do momento em que, quando trabalhava na Câmara de Vereadores, recebemos a visita da direção do sindicato pedindo que cada jornalista se manifestasse sobre se a entidade no RS deveria apoiar a candidatura de Lula. Na época, considerei o fato um absurdo já que, mesmo quem apoiasse a candidatura petista, tinha o direito de não se manifestar. Depois, um sindicato querendo que a categoria apoiasse politicamente A ou B? A justificativa era a de que a categoria deveria ter um posicionamento político. De lá para cá, poucos sindicatos conseguiram manter uma neutralidade em relação ao engajamento político.

Agora, depois de muitos anos, leio que há um movimento de associados ao Cpers querendo desfiliação da CUT. Vinte e sete, dos 42 núcleos da entidade, estão aprovando a desfiliação. E justificam sua posição no fato de que, há muito tempo, a CUT está atrelada aos governos no RS e federal, em detrimento do que realmente interessa aos professores.

Um texto assinado pela ex-presidente, Rejane de Oliveira, informa que o Cpers contribui, mensalmente, com R$ 128 mil para a CUT. Alega a ex-presidente, que este dinheiro tem servido para pagar o salário de Delúbio Soares, “mensaleiro condenado por compra de votos no Congresso durante o governo Lula”

Será que não está na hora de todas as categorias revisarem suas posições sindicais e exigirem que o sindicato volte a ser a entidade defensora dos direitos dos trabalhadores? Será que o dinheiro que cada sindicato envia mensalmente para a CUT, é empregado na defesa das diversas categorias? Ou serve apenas para que uma entidade forte e rica trabalhe pela manutenção de um único partido no poder?

Acho que está bem caracterizado o motivo pelo qual a cor vermelha é predominante nas bandeiras, faixas e camisetas da Central Única dos Trabalhadores.

Tenham todos um Bom Dia!