O jornalista André Machado postou em sua página, no Facebook, o texto do Ricardo Kotscho, publicado ontem (5) e que define o problema sério que estamos vivendo desde que Dilma Rousseff (PT) assumiu,pela segunda vez consecutiva, a presidência da República. Acho que vocês devem ler e pensar.
Tenham todos um Bom Dia!
Governo
Dilma-2 caminha para a autodestruição
Ricardo Kotscho*
O
que já está ruim sempre pode piorar. A Petrobras e o país amanheceram de pernas
para o ar nesta quinta-feira.
Ao mesmo tempo em que a Petrobras ficava sem diretoria, após a
renúncia coletiva da véspera, e sem ninguém saber o que será feito dela
amanhã, a Polícia Federal está fazendo neste momento, nove da manhã, uma nova
operação em quatro Estados, com mandados contra mais de 60 investigados na
Lava-Jato, entre eles o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Pelo ranger da carruagem desgovernada, a oposição nem precisa
perder muito tempo com CPIs e pareceres para detonar o impeachment
da presidente da República, que continua recolhida e calada em seus
palácios, sem mostrar qualquer reação.
O governo Dilma-2 está se acabando sozinho num inimaginável
processo de autodestruição.
A presidente teve todo o tempo do mundo para pensar em soluções
para a Petrobras, desde que esta grande crise estourou no ano passado, mas só
se dedicou à campanha pela reeleição e à montagem do seu novo ministério.
Agora, tem apenas 24 horas para encontrar uma saída, antes da reunião do
Conselho de Administração, que precisa nomear a nova diretoria amanhã para
não deixar a empresa acéfala.
Pois não é que, em meio aos enormes desafios que seu governo
enfrenta em todas as áreas da vida nacional, apenas 36 dias após o início no
segundo mandato, Dilma encontrou tempo para promover a primeira mudança em seu
ministério trazendo de volta o inacreditável Mangabeira Unger, folclórico
ideólogo que queria construir aquedutos para transportar água da Amazônia para
o sertão do nordeste, como lembrou Bernardo Mello Franco?
Isolada, atônita, encurralada, sem rumo e sem base parlamentar
sólida nem apoio social, contestada até dentro do seu próprio partido, como
estará se sentindo neste momento a cidadã Dilma Rousseff, que faz apenas três
meses foi reeleita presidente por mais quatro anos?
Ou, o que seria ainda mais grave, será que ela ainda não se deu
conta do tamanho da encrenca em que se meteu?
É duro e triste ter que escrever isso sobre um governo que
ajudei a eleger com meu voto, mas é a realidade. É preciso que Dilma caia nesta
realidade e mude radicalmente sua forma de governar, buscando e não arrostando
apoios, ouvindo pessoas fora do seu núcleo palaciano, como prometeu no discurso
da vitória, antes que seja tarde demais.
Por um desses achaques do destino, foi marcada para amanhã, em
Belo Horizonte, a abertura das comemorações dos 35 anos da fundação do PT, um
partido que vi nascer e que vive hoje a pior crise da sua história, 12 anos
depois de ter chegado ao poder central.
Está previsto um encontro reservado do ex-presidente Lula com a
presidente Dilma. Cada vez mais distantes nos últimos meses, o que um terá
para falar ao outro? Pode ser que a conversa comece com esta pergunta, que
todos os petistas estão se fazendo: "Pois é, chegamos até aqui. E agora,
camarada?"
Vida que segue.
*Jornalista-
Editor do blog Balaio do Kotscho