sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Bom Dia!

Meu colega de profissão, mas muito mais meu amigo e companheiro de grandes e inesquecíveis jornadas, Flávio Dutra, com quem tive o prazer de trabalhar na TVE, publica na ZH de hoje um artigo sobre a Fundação Cultural Piratini.

Com seu profundo conhecimento do assunto, por experiências próprias, o Flávio diz muito bem sobre o que são a TVE e a FM Cultura e a quem devem servir. Diferentemente dos que se julgam únicos como comandantes da Fundação, as emissoras são dos e para os gaúchos, não de ou para um partido político.

Mesmo depois de cinco anos, até agora encontro pessoas que me perguntam se o Consumidor em Pauta voltará ao ar. Era um programa de utilidade pública, como deve ser a Fundação Cultural Piratini.

O artigo do Flávio Dutra merece ser lido, principalmente pelos que se julgam donos da TVE e da FM Cultura. Não são.

Tenham todos um Bom Dia!

Nossa TVE

Flávio Dutra*

Entre tantos assuntos candentes deste tórrido janeiro surpreende que a TVE figure como fonte de debates e polêmica.  De um lado questiona-se a suspensão do edital para a produção de séries para TV, devido à falta de previsão de recursos para as contrapartidas; de outro critica-se a drástica redução orçamentária da Fundação Cultural Piratini, o que inviabilizaria boa parte das produções das suas emissoras, a TVE e a FM Cultura.  Na raiz dos problemas está a precária situação financeira do Estado, a exigir sacrifícios de todos os seus órgãos.

Entretanto, o debate não se esgota  na dificuldade financeira, que é episódica, nem envolve o uso político dos canais, como em passado recente.  Questiona-se agora a própria vinculação das emissoras à estrutura estatal, sob a alegação de que  não é função do Estado manter veículos de comunicação. Uma posição que não leva em conta experiências bem sucedidas de canais públicos, como a PBS nos EUA, a BBC inglesa, a TVE espanhola e mesmo a TV Cultura-SP.

Diferente do amigo e confrade David Coimbra, acredito firmemente que as emissoras públicas têm papel relevante a desempenhar. No caso da TVE e da FM Cultura, o de expressar  toda a diversidade e riqueza  da cultura gaúcha, dos concertos da Ospa aos eventos tradicionalistas, da literatura às produções audiovisuais e de dramaturgia, do Carnaval ao Hip Hop, com espaço para a cidadania, a educação,  programas infantis, e até para a  informação e o debate, por que não?   O Rio Grande precisa se ver e ser visto na TVE, a quem cabe exibir o que as emissoras comerciais não mostram porque estão focadas no entretenimento para as grandes audiências.

Foi o que busquei construir nas minhas três passagens pela Fundação, duas delas como presidente. E é na condição de quem se sente comprometido com o futuro da instituição que confesso o quanto me dói cada vez que ouço que só os governos do PT valorizaram os dois veículos, enquanto as outras administrações só querem sucateá-los e forçar sua privatização, mais uma besteira recorrente.  A verdade é que cada dirigente que por ali passou  deu o melhor de seus esforços, mesmo diante das adversidades,  para que se consolidassem como inalienáveis emissoras públicas dos gaúchos.

Conhecendo  a atual presidente, a jornalista Isara Marques, profissional experiente,  com liderança e comprometimento diante dos desafios propostos, tenho absoluta certeza de que ela  conseguirá dar a volta por cima e fazer da TVE e da 107,7 verdadeiras expressões da nossa cultura e patrimônios de todos nós. Especialmente se contar com a mobilização dos servidores e o apoio do Conselho e de seu público – que não é massivo, mas é fidelíssimo.

* Jornalista – Artigo publicado em ZH de hoje,dia 30/01/14