Voto aberto, pela transparência!
Quando cheguei em casa, no final da tarde de
ontem, minha mulher estava assistindo a Globo News que transmitia a sessão do
Senado. Os senadores decidiam se o voto sobre a prisão de Delcídio do Amaral,
detido por planejar uma rota de fuga e por oferecer um mensalinho para Nestor Cerveró,
seria aberto ou secreto.
Fiquei mais de duas horas assistindo ao
programa e confesso que me impressionou o pronunciamento de alguns
parlamentares defendendo o voto secreto. Em compensação, a grande maioria
defendia o voto aberto, principalmente em nome da transparência e da vontade
dos eleitores de tomarem conhecimento do que seus eleitos estavam decidindo.
O presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), que
também está enredado nas delações de presos em Curitiba, tentava impor sua
vontade de tornar a votação secreta. Ao final, num ‘gesto de grandeza’,
elogiado por vários senadores, entregou ao plenário a decisão sobre o método a
ser aplicado na votação. Os senadores, por maioria, decidiram que a votação
seria aberta. O resultado, todos sabem: 59 senadores votaram pela manutenção da
prisão, 13 contra e um se absteve.
Quero ressaltar que os três senadores gaúchos
votaram pela transparência da votação aberta e pela manutenção da prisão de
Delcídio. Ana Amélia Lemos (PP), Lasier Martins (PDT) e Paulo Paim (PT),
defenderam o voto aberto e ficaram ao lado do STF que, por unanimidade de uma
de suas Turmas, decidiu confirmar a decisão do ministro Teori Zavascki.
Os gaúchos foram unânimes em destacar a
importância de votar abertamente, em nome de uma transparência necessária no
momento em que o povo quer saber o que está acontecendo nas votações em
plenário. A posição de cada um, é importante para o eleitor, que se sente alijado
do processo toda vez que o voto é secreto.
Mesmo que a grande maioria dos senadores que
ocuparam os microfones do senado tenham elogiado a pessoa do senador Delcídio
do Amaral, ‘uma pessoa amiga, prestativa e educada’ 59 dos 74 presentes, optou
por votar ao lado do STF, mantendo a prisão dele.
Houve uma abstenção, a do senador Édison Lobão,
do PMDB do Maranhão.
Entre os 13 que votaram contra a manutenção da
prisão, 9 são do PT, um do PTB, Fernando Collor, um do PMDB, João Alberto
Souza, Roberto Rocha, do PSB e Telmário Mota, do PDT.
Encerrada a votação, desliguei a TV e fiquei
pensando no que se passa na cabeça de alguém que chega ao Senado e acaba se
envolvendo em tramas criminosas que podem acabar com sua carreira. Delcídio do
Amaral tramou a fuga, envolveu nomes de ministros do STF, do vice-presidente da
República e acabou, ao lado do bilionário presidente do Banco Pactual, preso
pela Polícia Federal.
Sua situação, no meu entender, se complica
ainda mais por ter acusado ministros do STF que, de alguma forma, não terão
como justificar qualquer atitude favorável ao senador preso.
Ao mesmo tempo, o presidente de seu partido, o
PT, distribuiu uma nota covarde, isentando o PT de tudo e anunciando que ‘não
se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade em relação a Delcídio’.
Sem querer justificar o que foi feito pelo
senador, é bom não esquecer que, quando se tratou se João Vaccari Neto, preso e
condenado por desvio e lavagem de dinheiro, o mesmo presidente do PT saiu em sua
defesa. Vaccari é considerado um dos “guerreiros do Brasil”. Pelos petistas, é
claro.
Tenham todos um Bom Dia!