quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Relatório da CPMI

Agora virou palhaçada

Deputado Marco Maia (PT-RS)

Acabo de ler, e reproduzo, a notícia publicada no Estadão sobre nova decisão do deputado petista Marco Maia, do RS, reformando seu relatório apresentado no dia 10. Leiam o que foi publicado na Estado de São Paulo:

Na última sessão da CPI Mista da Petrobrás, o relator Marco Maia (PT-RS) retificou seu relatório final para incluir em seu parecer o pedido de indiciamento de 52 pessoas, entre eles os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque. A primeira versão do documento, apresentada na quarta-feira passada, 10, não continha pedido de indiciamento.
Maia informou que incluiu os pedidos de indiciamento após receber, nesta terça-feira, 16, os dados finais da investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre a compra da refinaria de Pasadena. O documento, segundo ele, aponta um prejuízo US$ 561,5 milhões aos cofres da Petrobrás.
Pouco antes do início da sessão, Maia afirmou ser a favor do afastamento de toda a diretoria da Petrobrás, inclusive a presidente Graça Foster. Segundo ele, essa recomendação não foi incluída no relatório porque é uma decisão que cabe à presidente Dilma.

Mas não é uma palhaçada? Será que este petista pensa que todos nós somos um bando de idiotas? Ou ele vai querer dizer que só ficou sabendo de tudo o que estava ocorrendo na Petrobras depois que apresentou seu surrealista relatório?

Eu já sabia que o petista Marco Maia era um ser subserviente, que fazia tudo o que fosse determinado por seus líderes maiores. Só não sabia, confesso, que era tanto. Ou alguém duvida que ele tenha escutado poucas e boas, inclusive de seus companheiros e tenha sido obrigado a retificar aquilo que afirmou antes?

A atitude do petista Marco Maia, sem qualquer dúvida, é o caso mais vergonhoso do ano. O relator de uma CPMI, criada para investigar o maior escândalo da história brasileira e que culminou com um rombo de bilhões de dólares na Petrobras, que concluiu que nada aconteceu e, uma semana depois retifica seu relatório para afirmar que todo o escândalo estava confirmado, pode ser levado à sério? Que ele tenha sido escalado para fazer mais uma parte do serviço sujo, pode ser, mas transformar tudo nesta palhaçada é demais!

Certamente, depois de tudo, Marco Maia, deputado do PT, deve passar as festas de final de ano na mansão de R$ 3,5 milhões que comprou em Canoas.

Não virou palhaçada?

Editorial

No PT, acredita quem quer
O ESTADO DE S.PAULO
17 Dezembro 2014

O Partido dos Trabalhadores (PT), envolvido nos maiores escândalos de corrupção do Brasil na última década, está preocupado com sua imagem. Conforme dirigentes do partido discutiram em recente reunião da corrente majoritária da legenda "Partido que Muda o Brasil", o PT precisa agir para resgatar a aura "ética" que criou e cultivou nos primeiros anos de sua existência. Mais uma vez, os petistas apostam tudo na propaganda como forma de construção da realidade. No entanto, está cada vez mais claro que a imagem de partido que abriga corruptos não está associada ao PT à toa - e será preciso muito mais do que golpes de marketing para alterar essa percepção.

"É preciso passar o PT a limpo", disse Jorge Coelho, um dos vice-presidentes do partido, durante o encontro. A recomendação é pertinente, mas é difícil de acreditar que haverá qualquer esforço autêntico para que essa limpeza seja realmente realizada. Não se trata de ceticismo, mas de constatação: basta lembrar que os principais dirigentes do partido envolvidos no escândalo do mensalão, por exemplo, foram tratados pela militância e pelos líderes petistas como "presos políticos" e "guerreiros do povo brasileiro".

Agora, com a roubalheira na Petrobrás sendo exposta em detalhes sórdidos, para dar a impressão de que não tolera corrupção, o PT aprovou uma resolução segundo a qual os filiados envolvidos em falcatruas serão expulsos. Tal disposição para lidar com os malfeitores como se deve, dizem os dirigentes petistas, ficou comprovada pela posição adotada pelo partido no processo contra o deputado André Vargas na Câmara. A bancada do PT foi orientada a votar a favor da cassação do ex-petista, denunciado por sua ligação com o doleiro Alberto Youssef, pivô do escândalo da Petrobrás. "Quando o PT pede a cassação do André, dá um exemplo concreto", disse o presidente nacional do partido, Rui Falcão.

A singela narrativa petista, contudo, tem falhas de roteiro. A principal é que Vargas estava havia mais de 20 anos no partido, sendo uma de suas principais lideranças. Por essa razão, é preciso muito esforço para crer que, na cúpula petista, ninguém soubesse de suas traquinagens. O fato é que Vargas perdeu apoio no PT somente quando o escândalo que o envolvia começou a ameaçar os planos eleitorais do partido - e então ele foi pressionado a abandonar a legenda à qual prestou tantos serviços, entre os quais desqualificar os ministros do Supremo Tribunal Federal que condenaram os caciques petistas à prisão no caso do mensalão.

Como o resgate da imagem "ética" do PT não pode ter contradições como essa, o partido decidiu criar uma TV na internet para dar a sua versão dos fatos. O projeto se alinha à tese segundo a qual foi a imprensa que criou o mito da corrupção petista e que é necessário mostrar ao País que, ao contrário do que sugere o noticiário diário, o PT não é conivente com as fraudes e os desvios de dinheiro público. A esse propósito - e fica aqui a sugestão de pauta para a TV petista -, seria interessante conhecer a versão do partido para a manutenção de João Vaccari Neto como seu tesoureiro, a despeito das inúmeras denúncias de seu envolvimento com o escândalo da Petrobrás.

Toda essa mobilização marqueteira tem um único propósito: salvar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2018. O recurso à nostalgia petista em relação a seu passado imaginário, no qual o partido se apresentava como uma forma de ruptura em relação a "tudo o que está aí", é articulado diretamente pelo ex-presidente. No 5.º Congresso do PT, por exemplo, Lula disse que os que não têm "compromisso ético" devem sair do partido.

Na mesma ocasião, o ex-presidente reconheceu que o PT "comete erros", mas isso é resultado de seu gigantismo, pois, segundo suas palavras, "não existe no mundo nenhuma experiência política mais bem-sucedida do que o PT". Foi esse portento, segundo o ex-presidente, que criou os instrumentos para acabar com a roubalheira no Brasil - até a delação premiada, que está na legislação desde 1990, foi citada por ele como obra petista. É assim, com esse nível de mistificação, que Lula e seus correligionários querem fazer o País acreditar que o PT, ao contrário das evidências, é um campeão da luta contra a corrupção.