segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Editorial

A meia-verdade do pedágio

O ESTADO DE S.PAULO
24 Novembro 2014

No afã de defender um cliente, principalmente quando as suspeitas levantadas contra ele não parecem descartáveis, às vezes um advogado cede à tentação de diluir perante a opinião pública a presumível responsabilidade por ilícitos penais de quem o contratou com o argumento de que ele, se não fosse inocente, de forma alguma seria o único a merecer as atenções da Justiça. Em português corrente, equivale a dizer, com ar de desafio: "Sou, sim, mas quem não é?". Tome-se o caso do patrono do cidadão Fernando Soares, o lobista profissional mais conhecido como Fernando Baiano.

Ele foi apontado nas delações premiadas do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e de seu comparsa, o doleiro Alberto Youssef, como intermediário no esquema de pagamento de propinas por empresas interessadas em negócios com a Petrobrás.

Trabalharia para o PMDB, o que o partido negou enfaticamente. Um dos 24 suspeitos de participar do escândalo, cuja prisão foi decretada pelo juiz federal Sérgio Moro, estava foragido desde o dia 14. Terça-feira, entregou-se à Polícia Federal no Paraná. O criminalista que o representa, Mário de Oliveira Filho, alega ter outra avaliação do "empresário".

Os atos de seu cliente seriam os de alguém "que descobre um problema de infraestrutura e vai atrás da empresa que tem a solução, recebendo uma porcentagem absolutamente legítima disso", afirma. Mas não exclui por definição a possibilidade de Soares ter feito uma "composição ilícita" com um político "para pagar alguma coisa". E aí Oliveira Filho desandou a dissertar sobre "a cultura política do País", da qual os empreiteiros encarcerados seriam vítimas. Isso porque, se o candidato a um negócio com a área pública não pagar pedágio aos políticos que fazem a ponte com a Administração, "não tem obra".

Caso alguém ainda não tivesse captado o espírito da coisa, aprofundou a sua teoria. "Pode pegar qualquer empreiterinha e prefeitura do interior do País", sugeriu. "Se não fizer acerto, não coloca um paralelepípedo no chão." A cobrança e o pagamento de pedágio seriam, portanto, verso e anverso da moeda única das relações entre o Estado e o setor privado. (Na mesma linha, o vice-presidente da construtora Mendes Júnior, Sérgio Mendes, disse à Polícia Federal que em 2011 teve de pagar R$ 8 milhões à dupla Costa & Youssef para conservar o contrato da obra da quinta maior refinaria brasileira, a Repar.)

Dito de outro modo, se a corrupção fosse inexorável como sustenta o advogado, associando-se a todos quantos supõem que o Brasil "não tem jeito", ou porque os brasileiros são assim mesmo ou assim é o Poder Civil, a sociedade já teria se desmanchado sob a força desagregadora da bandalheira endêmica. A corrupção, evidentemente, não é pouca nem concentrada. Mas tampouco se pode perder o senso de proporção. Leituras, ainda que infrequentes, do noticiário internacional bastariam para enxergar o Brasil em posição menos vexaminosa, por exemplo, do que a África do Sul, a China, a Índia e a Rússia - para citar, em ordem alfabética, nossos parceiros do Brics, deixando de lado os regimes cleptocráticos pelo mundo afora.

E o mais importante não é nem isso. Todos os dias úteis, dezenas de milhões de brasileiros voltam para as suas famílias depois de extenuante jornada de trabalho, sem que em algum momento durante os seus afazeres tenham se abrigado na fantasia pervertida de serem comprados para cometer um ilícito contra o patrão ou o governo.

Não é por inveja que o homem da rua abomina quem corrompe e quem acede de bom grado a ser corrompido. E seria fazer pouco-caso de sua inteligência presumir que ele se deixa enrolar por alegações de grandes empresários como os alcançados pela Operação Lava Jato.

Afirmam em sua defesa, como o advogado Oliveira Filho em relação ao universo de seu cliente Fernando Soares, que são extorquidos pelos políticos e à extorsão se submetem, do contrário não sobreviveriam no mercado. É um caso antológico de meia-verdade. O pedágio de que eles não têm escapatória voltará aos seus cofres, com robustos acréscimos, mediante o superfaturamento dos contratos, em conluio com o contratante. Perdedor mesmo só há um: o contribuinte.

Propina na Petrobras

Empreiteira prova pagamento de R$ 8,8 milhões

A empreiteira Galvão Engenharia apresentou na tarde desta segunda-feira (24) no inquérito da Operação Lava Jato, na Justiça Federal do Paraná, comprovantes de que pagou R$ 8,8 milhões em propina para uma empresa de consultoria do engenheiro Shinko Nakandakari. Segundo a empresa, Shinko era encarregado de recolher o dinheiro como "emissário" da diretoria de Serviços da Petrobras, então comandada por Renato de Souza Duque.

Conforme a Folha revelou nesta segunda, o nome de Shinko, novo personagem no escândalo da Petrobras, foi informado à Polícia Federal pelo chefe da divisão industrial da Galvão, Erton Medeiros Fonseca. Em depoimento concedido à PF no último dia 17, Fonseca disse que estimava em R$ 5 milhões o total pago a Shinko para que a empreiteira obtivesse contratos na Petrobras. (folhapress)

Transporte coletivo público

Fortunati anuncia mudanças em novo edital

Como a própria prefeitura previa, falhou mais uma tentativa de licitar o transporte público na Capital. Nenhuma das empresas que operam em Porto Alegre apresentou proposta nesta segunda-feira. As 12 empresas permissionárias já tinham antecipado que não participariam do edital, o que se confirmou na tarde de hoje.
Sabedor de que, mais uma vez, as empresas não manifestariam interesse na licitação, o prefeito José Fortunati, logo após a abertura da sessão para entrega das propostas, decidiu adotar o plano B.
- Nós poderíamos fazer o terceiro, o quarto, o décimo ou o milésimo edital, a licitação seria deserta. Vamos mudar o escopo da licitação, afirmou.
Pelo novo edital que deverá ser lançado nos próximos seis seis meses, serão licitadas as linhas, não mais as bacias. Com isso, pequenas e médias empresas poderão concorrer sem que seja necessária a formação de consórcios. “Essa formação de consórcios acaba oligopolizando o processo. Vamos abrir para que pequenas empresas possam participar, disse Fortunati.
O prefeito anunciou que, com o presidente da EPTC, Vanderlei Capellari, visitará pessoalmente empresas de ônibus. “Minha função é buscar novas empresas, seja no interior do Rio Grande do Sul ou até mesmo no âmbito internacional”, concluiu.
Mesmo com mudança na terceira licitação, Fortunati garantiu que os ônibus da Capital seguirão com tarifa única. O prefeito revelou ainda que as linhas sem interessados serão migradas para a Carris, empresa pública de transporte de Porto Alegre. 

Contas externas

Outubro tem deficit de R$ 8,1 bilhões

As contas externas tiveram o maior déficit da história em meses de outubro: US$ 8,1 bilhões. É o pior desempenho desde quando o Banco Central passou a registrar os dados em 1947. 
Nos dez primeiros meses deste ano, as transações correntes ( resultado de todas as trocas de serviços e comércio do Brasil com o resto do mundo) acumulam um rombo de nada menos que US$ 70,7 bilhões: também o mais alto já visto no período.
No mesmo período do ano passado, o déficit estava em US$ 67,4 bilhões. Essa piora foi causada pelo maior gasto de serviços, já que o déficit da balança comercial ficou praticamente estável de um ano para outro.
Em setembro o rombo foi de US$ 7,9 bilhões, também recorde. Naquele mês, o salto se deveu, entre outros fatores, ao déficit na balança comercial do país.

Operação Lava Jato


Último foragido se entrega
Adarico Negromonte Filho - Foto: Ag. Estado
O último foragido da sétima fase da operação Lava Jato da Polícia Federal (PF), Adarico Negromonte Filho se entregou na manhã desta segunda-feira (24) na sede da PF em Curitiba.
Negromonte chegou pouco depois das 11h da manhã à sede da PF no Santa Cândida acompanhado de sua advogada. Ele chegou a pé ao local e se recusou a responder às perguntas dos jornalistas.
A advogada Joyce Roysen já fez um pedido de revogação da prisão temporária.
Adarico Negromonte é irmão do ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP-BA) e é suspeito de ligação com o doleiro Alberto Youssef. De acordo com as investigações, ele entregava o dinheiro da propina de Youssef aos agentes públicos e aos partidos políticos.

Telefonia

Operadoras dificultam acesso à informações

Empresas descumprem ou dificultam o acesso dos clientes às tabelas de preços cobrados pelos diferentes serviços prestados nas páginas virtuais. A exigência, constante de regulamento aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações, entrou em vigor 15 dias atrás.


Quinze dias depois da vigência da norma que obriga as operadoras de telefonia a disponibilizar de forma fácil e padronizada as ofertas e preços dos serviços, muitas empresas ainda patinam no cumprimento da regra. De acordo com as determinações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), as prestadoras devem divulgar nas páginas eletrônicas uma tabela unificada com os preços cobrados e as condições de oferta. O objetivo é que o cliente saiba comparar os valores pagos na contratação. Porém, embora haja a exigência formal, o Correio, com a ajuda de especialistas da área de direito do consumidor, constatou que, em muitos sites as informações estão incorretas e o acesso a elas é muito complicado.

As regras para facilitar a comparação de preços dos serviços compõem o Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações (RGC). Parte dele está em vigor desde julho deste ano, mas a exigência da tabela padronizada começou a valer no último dia 10. Essa norma obriga as operadoras colocarem as informações dos preços e das ofertas em um único formato na seção Institucional ou B2B (Business to Business) em seus sites. As lojas físicas estão dispensadas dessa obrigação.

Bom Dia!

Começando a semana!

Nesta segunda-feira, dia 24, estou iniciando um período de, no meu entender, justas e merecidas férias.  Depois de um ano inteiro envolvido com os trabalhos da Copa do Mundo, com uma passagem de dois meses pela Rádio Web, do Gabinete de Comunicação da Prefeitura, dou uma parada para recarregar as baterias. Prometo, dentro do possível, manter meu blog atualizado e, para não fugir muito de meu compromisso diário com os que me honram com a leitura do que publico todos os dias, começo com um resumo daquilo que li nos jornais e portais de notícias.

O senador e líder do PT, Humberto Costa, acusado pelo ex-diretor da Petrobras e delator, Paulo Roberto Costa, de ter recebido R$ 1 milhão do esquema de corrupção na estatal, distribuiu nota oficial em que diz nunca ter recebido qualquer tipo de repasse como o que foi sugerido pelo delator. O petista, inclusive, colocou seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, à disposição de quem desejar investigar.
Lendo a notícia, fiquei pensando, sem querer duvidar da palavra do senador, que seria muita ingenuidade de sua parte, receber um dinheiro suspeito e depositar em sua conta pessoal. Evidente que, se o dinheiro existe, o único lugar por onde não passou foi pela conta bancaria do senador.

Quem não lembra  da campanha intensa que precedeu o lançamento do programa do álcool como combustível no Brasil? Surgido como a salvação para os problemas de abastecimento, e muito mais barato do que a gasolina, o programa foi responsável pelo surgimento de usineiros e plantadores de cana por todo o lado. Aqui, tivemos o lamentável episódio da AGASA, usina erguida em Santo Antônio da Patrulha e que desapareceu pouco tempo depois de ser levantada.
Pois agora, leio que os postos de combustíveis no Estado, estão desistindo de vender etanol.  A grande maioria (80%) já não vende o produto. Basta passar por um posto e ver que o preço do álcool já anda bem perto do preço da gasolina. Programado para ser 70% mais barato, o etanol hoje não compensa mais.

Condenado a 7 anos e 11 meses de prisão, o ex-ministro José Dirceu ficou muito pouco tempo preso. Logo saiu para serviço externo e hoje desfruta de prisão domiciliar. Diz a lei, aquela que rege a vida das pessoas normais, que a prisão domiciliar deve ser cumprida em Brasilia, onde o condenado trabalha. Pois Zé Dirceu, alegando necessidade de trabalho, pediu para viajar a São Paulo, onde casualmente moram seus familiares. Um juiz de Brasília autorizou, mas o ministro Luis Barroso, do STF, cancelou a autorização e determinou o retorno imediato de Dirceu para Brasília. Alegando não ter sido notificado da decisão do STF, o mensaleiro permaneceu em sua casa em Vinhedo, no interior paulista, onde passou o final de semana.
Será que um preso comum teria as mesmas regalias? Será que o petista estava trabalhando em casa ou simplesmente desfrutando dos benefícios que a falta total de obrigação para com a lei concede a ele e alguns outros companheiros de mensalão? Ou será que não existe mais lei no Brasil, pelo menos para alguns?

Para descontrair um pouco, gostei muito de uma frase que li nas redes sociais sobre certo clube de futebol do Rio Grande do Sul. “Ele ganha, empata ou é roubado”.

Tenham todos um Bom Dia!