sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Opinião

  • A crise provocada com mais uma ação da Operação Lava Jato, está sendo comentada pelos jornalistas políticos dos principais jornais e portais brasileiros. Vou postar, aqui, alguns comentários sobre a crise que atinge o governo petista. 
Perplexidade em Brasília

Gerson Camarotti*

Um clima de perplexidade tomou conta do mundo político em Brasília com a nova etapa da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Parlamentares da base aliada estão preocupados com o que consideram um avanço rápido das investigações em cima dos corruptores – os executivos de grandes empreiteiras.

No Palácio do Planalto o ambiente é de preocupação. Apesar da ressalva de assessores do governo de que pessoalmente a presidente Dilma Rousseff está blindada, há o reconhecimento interno de que o aprofundamento das investigações vai criar uma crise política sem precedentes, além de fragilizar a imagem da Petrobras, a maior estatal do país.

Um integrante do governo reconhece, porém, que apesar da blindagem de Dilma,  a gestão da estatal durante o período do governo Lula já está atingida. Assessores mais próximos da presidente já defendem internamente que é preciso fazer um discurso preventivo para mostrar que Dilma iniciou mudanças na estatal, com demissão dos ex-diretores. E que, por isso, é preciso estabelecer uma separação entre as administrações da Petrobras no período Lula e no período Dilma.

Se aliados estão em pânico, no PT a situação consegue ser pior, com a prisão do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, ligado diretamente ao partido. Quando foi nomeado para a Diretoria de Serviços da estatal, em 2004, o padrinho político dele era conhecido por todos no Palácio do Planalto: o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que depois foi condenado no processo do mensalão.

A dúvida no PT é sobre a capacidade de resistência de Duque dentro da prisão. No partido, todos citam que a resistência do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foi enorme. Mas que fragilizado psicologicamente depois de meses de prisão num regime rígido, acabou entregando todo mundo. O mesmo aconteceu com o doleiro Alberto Youssef.

Advogados de políticos estão sendo consultados pelos clientes desde que foi noticiada a operação da PF no início da manhã desta sexta (14). Senadores e deputados de partidos aliados foram surpreendidos com a prisão dos diretores e executivos das empreiteiras fornecedoras da Petrobras. Muitos desses executivos têm relação de proximidade com políticos já citados nas delações premiadas.

“Todo mundo está querendo entender a extensão dessa investigação. Ninguém imaginava uma operação dessa dimensão da Polícia Federal. Tudo está andando numa velocidade muito maior do que foi no escândalo do mensalão. Muito em breve, a operação vai atingir a classe política. Já é a maior crise política depois do impeachment de Collor”, avaliou um senador da base aliada, para em seguida completar: “E esse ambiente irá contaminar definitivamente o governo Dilma”.
*Comentarista político da GloboNews

Crônica

Deixo a todos com a sexta e última parte da crônica do jornalista e escritor Cesar Cabral. Quem leu as outras, sabe que se trata de um texto que merece ser lido. Quem ainda não leu, é só procurar nas edições anteriores do blog.

Um pouco do mesmo. Apenas bem diferente. (6)

Cesar Cabral*

Assunto encerrado; leite derramado chama o gato. A questão agora é saber um
pouco mais do nordeste tão apreciado para férias entre os sulistas e os sudestinos e imaginam que nessa parte do Brasil tudo é igual; comidas, sotaques, etc. Não é. 

Quem mora no litoral tem outra estrutura cultural, diversa da de quem mora no
sertão – que os sudestinos e os sulistas, na maioria, apenas têm conhecimento, eventualmente, pelo cinema ou pela literatura. Em 1824 A Confederação do
Equador, um movimento revolucionário de caráter separatista e republicano
Nordeste, reagiu contra a tendência absolutista e a política centralizadora de
D.Pedro I, contida na Carta Outorgada de l824, nossa primeira Constituição.
Porém, como penso que todos sabem o movimento revolucionário republicano
nordestino foi esmagado um ano depois. Como também foi dez anos depois do
início em 1835, a Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul e parte de Santa
Catarina,  por D. Pedro pai. Motivos e causas à parte, muita gente ainda hoje quer separar o Brasil na conversa, nas escritas, nos editoriais de jornais e redes sociais.

Quem não conhece ou pelo menos já ouviu falar em Caetano Veloso, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Alceu Valença, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Caetano, Gil, Fafá de Belém, Tom Zé, Torquato Neto, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Fargner, Belchior, Ednardo, Reginaldo Rossi, Waldick Soriano, João do Vale, Zeca Baleiro, Alcione, Raul Seixas, Dorival Caymmi e família; a lista é grande. Não é preciso gostar – ou conhecer – todos, mas  eles existem, ou existiram.
E no humor de Tom Cavalcante, Renato Aragão e Chico Anysio além de mais da
metade dos alunos da antiga Escolinha do Professor Raimundo, todos nordestinos. Na música erudita, dos compositores Alberto Nepomuceno, Paurillo Barroso, do cearense Eleazar de Carvalho. Ritmos e melodias nordestinas inspiraram Heitor Villa-Lobos. Na Bachiana Brasileira nº 5, na segunda parte - Dança do Martelo –faz referência ao sertão do Cariri, uma região do sertão do Ceará com oito cidades, um milhão de habitantes, 3 Universidades, sendo uma delas Federal,12% da população adulta com curso superior completo,Museu Paleontológico com fósseis de animais que viveram na região há milhões de anos, metrô e aeroporto de porte com voos diretos ao Rio e por toda a região. Além do mais, terra do Padim Ciço Romão Batista.

Na literatura brasileira são nordestinos João Cabral de Neto, José de Alencar,
Nelson Rodrigues, Rachel de Queiroz, Gregório de Matos, Graciliano Ramos,
Ferreira Gullar, Manuel Bandeira, Jorge Amado, José Lins do Rego, Gilberto
Freyre, Ariano Suassuna que a pouco se foi, e Clarice Lispector, nascida na
Ucrânia declarava ser pernambucana.

E os jornalistas Ricardo Noblat, Geneton Moraes Neto, Xico Sá, Assis
Chateaubriand, Rachel Sheherazade, Audálio Dantas, Lêdo Ivo, Carlos Castelo
Branco, o Castelinho – os mais velhos sabem quem foi -, Joel Silveira, Ancelmo
Góis, Sebastião Nery, Gervásio Baptista – fotografo das revistas O Cruzeiro e
Manchete, o pai do fotojornalismo brasileiro.

E tem mais; muito mais além de políticos, filósofos, militares e de uma centena de profissões e atividades que saíram do nordeste e foram fazer um Brasil mais culto, mais civilizado, mais importante ao lado de brasileiros de outras regiões. Mas, brasileiros, não somos todos iguais e nossas diferenças são muito maiores do que em geral acredita a maioria. Tanto quanto um gaúcho de Horizontina, noroeste do Rio Grande do sul, terra de Gisele Bündchen, onde a maioria de seus habitantes fala dialeto alemão “Riograndenser Hunsrückisch”, não pode ser igualado a outro de Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, mais perto de Montevidéu do que de Porto Alegre. Também não iguala um mineiro de Belo Horizonte com outro de Uberlândia; esse culturalmente tem mais a ver com um goiano assim com um de Juiz de Fora é quase carioca. Mineiros do Vale do Jequitinhonha mais parecem com nordestinos do Raso da Catarina.

Em Salvador, que os sudestinos chamam de Bahia, tem baiana, tem caruru, tem
mungunzá, acarajé, berimbau, candomblé, Olodum, Carlinhos Braum (!) e Ivete
Sangalo. Tem saveiro, pescador, peixe e camarão. No sertão não tem. Tem é gente que nem sabe que isso existe. Come outra comida, não dança Axé nem frequenta candomblé. É cristão sertanejo como são todos os sertanejos dos oito Estados nordestinos. Um cristianismo que o sul e o sudeste jamais viu e quando ver não entenderá; sua liturgia,seus cânticos,suas práticas,sua linguagem.

Quando um sulista ou sudestino entrar na caatinga de areia vai sentir o calor seco e sufocante, os arranhões da Jurema e o que é sede. Talvez compreenda por que votam em quem lhes dá um “dinherim” pra compra farinha, café, açúcar, ”água de beber”e se sobrar um “pucadim”, uma alpercata pra um dos “mininim”. Vai entender que esse voto não é igual ao dos pobres sudestinos. Vai entender que esse voto vale mais; é o que lhes garante a vida, ainda que breve, pois é sua única proteção contra a morte. Para eles, o que importa se é esmola? 

Se é politicagem populista, eleitoreira, “indústria perpétua da seca”? Importa é que o “coroné mandou votá” e o Padim Ciço tá ajudando. É dessa obediência ao cabresto e dessa fé que vem o “dinherim”. Não é da Bolsa Família, mas é a Dilma que manda. O povo, eleitores de todas as classes socioeconômicas, não vota em propostas, em  projetos, em direita ou esquerda. Vota em nomes, em quem lhes assegura realizar seus desejos, suas necessidades, suas crenças, suas aspirações. Seja a Neca Setubal ou o Zezim do Bode. E ganha quem pode com meios que justifiquem os fins.

Nota: agradeço a colaboração, nas pesquisas necessárias, de Vulpino Argento, o
Demente, suplente de senador, condenado a 45 anos de prisão há poucos meses,mas já gozando as delícias de cumprir a pena em regime aberto.

*Jornalista e escritor

Operação Lava Jato (5)

Ex-diretor preso foi indicado pelo PT

Renato Duque sendo preso - Foto: O Globo
Renato Duque trabalhou por mais de 30 anos na Petrobras e foi indicado pelo PT para o alto escalão da empresa, onde ocupou a Diretoria de Serviços entre 2004 e 2012. O nome dele teria sido sugerido pelo ex-ministro José Dirceu, condenado no processo do mensalão por corrupção ativa. Nomeado no governo Lula, o ex-diretor deixou o posto já quando Dilma Rousseff era a presidente, e foi preso em sua residência na manhã desta sexta (14), no bairro da Barra da Tijuca. Suspeito de ter participado do esquema de propinas da empresa, ele foi conduzido para a superintendência local da Polícia Federal.

O ex-diretor de Refino e Abastecimento da estatal do petróleo Paulo Roberto Costa, que fez acordo de delação premiada e atualmente cumpre prisão domiciliar, revelou durante depoimento à PF e ao Ministério Público Federal ter conhecimento de irregularidades praticadas na Diretoria de Serviços da empresa e na divisão internacional da estatal entre 2004 e 2012. À época, o diretor de Serviços da petroleira era Renato Duque. Segundo Costa, o PT recolhia para o seu caixa 100% da propina obtida na diretoria de Duque.

"Olha, em relação à Diretoria de Serviços [comandada por Renato Duque], todos sabiam que 2%, dos 3% [cobrados de propina], eram para atender ao PT, através da Diretoria de Serviços. Outras diretorias, como Gás e Energia e Exploração e Produção, também eram PT. [...] O comentário é que, neste caso, os 3% ficavam diretamente para o PT porque eram diretorias indicadas PT com PT", declarou Costa à Justiça Federal.

A Petrobras está no centro das investigações da operação Lava Jato. O esquema, segundo a PF, foi usado para lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, de acordo com as autoridades policiais, movimentou cerca de R$ 10 bilhões.(Com G1/conteúdo)

Operação Lava Jato (4)

Os presos pela Polícia Federal

Ricardo Pessoa/UTC - Foto: O Globo

Na 7ª fase da Operação Lava Jato, que começou na manhã desta sexta-feira (14) foram presos 25 envolvidos no esquema de corrupção e lavagem de dinheiro conhecido como Petrolão. Entre os presos estão presidentes das maiores empreiteiras brasileiras. Dezesseis dos envolvidos tiveram suas contas bancárias bloqueadas. Confira a relação:


Prisão preventiva: 
1. Eduardo Hermelino Leite, da Construtora Camargo Correa;
2. José Ricardo Nogueira Breghirolli, da OAS;
3. Agenor Franklin Magalhães Medeiros, da OAS;
4. Sergio Cunha Mendes, da Mendes Júnior;
5. Gerson de Mello Almada, da Engevix;
6. Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia.

Prisão temporária:
1) Dalton dos Santos Avancini, presidente da Construtora Camargo Correa;
2) João Ricardo Auler, da Construtora Camargo Correa;
3) Mateus Coutinho de Sá Oliveira, da OAS;
4) Alexandre Portela Barbosa, da OAS;
5) José Aldemário Pinheiro Filho, presidente da OAS
6) Ednaldo Alves da Silva, da UTC;
7) Carlos Eduardo Strauch Albero, da Engevix;
8) Newton Prado Júnior, da Engevix;
9) Otto Garrido Sparenberg, da IESA;
10)Valdir Lima Carreiro, da IESA;
11) Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC;
12) Walmir Pinheiro Santana, da UTC;
13) Othon Zanoide de Moraes Filho, da Queiroz Galvão;
14) Ildefonso Colares Filho, da Queiroz Galvão;
15) Jayme Alves de Oliveira Filho, subordinado de Alberto Youssef;
16) Adarico Negromonte Filho, subordinado de Alberto Youssef;
17) Carlos Alberto da Costa Siva, emissário das empreiteiras;
18) Renato de Souza Duque, ex-diretor da Petrobrás;
19) Fernando Antonio Falcão Soares, lobista

16 investigados que sofreram bloqueios bancários:
1) Eduardo Hermelino Leite
2) Dalton dos Santos Avancini
3) João Ricardo Auler
4) José Ricardo Nogueira Breghirolli
5) José Aldemário Pinheiro Filho
6) Agenor Franklin Magalhaes Medeiros
7) Ricardo Ribeiro Pessoa
8) Walmir Pinheiro Santana
9) Sérgio Cunha Mendes
10) Gerson de Mello Almada
11) Othon Zanoide de Moraes Filho
12) Ildefonso Colares Filho
13) Valdir Lima Carreiro
14) Erton Medeiros Fonseca
15) Fernando Antonio Falcão Soares
16) Renato de Souza Duque

Opinião

Um dos editoriais do jornal Estado de São Paulo de hoje, coincide com o início de mais uma etapa da Operação Lava Jato. 
Hoje pela manhã foi preso mais um ex-diretor da Petrobras, ligado ao PT e indicado por José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil. Vários diretores e pessoas ligadas a empreiteiras que prestam serviço para  a estatal, também foram presos.
Será que Lula e Dilma seguirão tentado convencer aos brasileiros, cansados de tanta corrupção, de tanta roubalheira, que não sabiam de nada? Tanto sabiam que, quando falam no assunto, afirmam que querem a apuração total dos fatos. Sabem do que foi feito e sabem, também, que tudo será feito para que ambos sigam sem qualquer punição. 
A leitura do Editorial do Estadão, é imperdível.

Lula e Dilma sempre souberam

O ESTADO DE S.PAULO
14 Novembro 2014

Em janeiro de 2010, quando ocupava a Presidência da República e Dilma Rousseff era ministra-chefe da Casa Civil, Lula vetou os dispositivos da lei orçamentária aprovada pelo Congresso que bloqueavam o pagamento de despesas de contratos da Petrobrás consideradas superfaturadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Lula sabia exatamente o que estava fazendo, tanto que se empenhou em justificar longamente sua decisão, na mensagem de veto encaminhada ao Congresso. E é impossível que Dilma Rousseff ignorasse o assunto, pois o veto foi encaminhado ao Congresso pela Mensagem n.º 41, de 26/1/2010, da Casa Civil.

Até um cego enxerga que os governos petistas permitiram, quando não estimularam, as irregularidades na Petrobrás. E agora está claro e confirmado que Lula e Dilma não desconheciam o assalto à maior empresa brasileira. Tudo está registrado no Diário Oficial da União.

As evidências são abundantes, resultado do trabalho do TCU, da Controladoria-Geral da União (CGU), da Polícia Federal (PF) e também do Congresso Nacional. E agora a empresa holandesa SBM Offshore, fornecedora da Petrobrás, faz um acordo com o Ministério Público de seu país pelo qual pagará US$ 240 milhões em multas e ressarcimentos para evitar processo judicial por corrupção por ter feito "pagamentos indevidos" para obter contratos no Brasil, na Guiné Equatorial e em Angola. Os pagamentos incluem US$ 139 milhões relativos a contratos com a estatal brasileira. No Brasil, o assunto já é objeto de investigação pela CGU.

Sempre que é questionada sobre os sucessivos escândalos envolvendo a Petrobrás, Dilma alega que os "malfeitos" aparecem porque ela própria "manda investigar", como se o TCU, a CGU e a PF dependessem de ordem direta da Presidência da República para cumprir suas obrigações constitucionais. Ao contrário de "mandar" investigar, o governo tem feito o contrário, tentando, por exemplo, esvaziar o trabalho das duas comissões de inquérito do Congresso ou vetando medidas profiláticas como as sugeridas pelo TCU.

O vínculo do PT com a corrupção na gestão da coisa pública não se explica apenas pela vocação de notórios larápios, mas principalmente pela marota convicção de que, num ambiente dominado pelos famosos "300 picaretas", é indispensável dispor sempre de "algum" para ajeitar as coisas. Em outras palavras: a governabilidade exige engrenagens bem azeitadas.

Pois foi exatamente com esse espírito que Lula, com o óbvio conhecimento de Dilma, ignorou solenemente o acórdão do TCU que apontava graves irregularidades em obras da Petrobrás e vetou os dispositivos da lei orçamentária que, acatando a recomendação do Tribunal de Contas, impediam os repasses considerados superfaturados. Só com isso, Lula permitiu a liberação de R$ 13,1 bilhões para quatro obras da Petrobrás, dos quais R$ 6,1 bilhões eram destinados à construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Ao vetar, "por contrariedade ao interesse público", os dispositivos da lei de meios que coibiam a bandalheira, Lula argumentou que a aceitação das recomendações do TCU sobre as quatro obras implicaria "a paralisação delas, com prejuízo imediato de aproximadamente 25 mil empregos e custos mensais da ordem de R$ 268 milhões, além de outros decorrentes da desmobilização e da degradação de trabalhos já realizados". Ou seja, a corrupção embutida nos contratos da Petrobrás, comprovada pelo TCU, seria um mal menor. Perfeitamente aceitável para quem acredita e apregoa que "excessos de moralismo" são coisas de "udenistas" e "burgueses reacionários".

Mesmo se admitindo - só para argumentar e na mais indulgente das hipóteses - que o veto de Lula, afinal, tenha beneficiado o interesse público, é o caso de perguntar: o que foi feito, daí para a frente, para coibir os notórios "malfeitos" na Petrobrás? Os operadores da bandalheira permaneceram rigorosamente intocados, enriquecendo e distribuindo o dinheiro da Petrobrás para políticos amigos até o fim do mandato de Lula.


Depois de assumir o governo, Dilma jamais deu importância ao assunto publicamente, limitando-se a garantir que "mandou apurar" tudo.

Operação Lava Jato (3)

Polícia tenta prender operador do PMDB


A Polícia Federal tenta nesta sexta-feira, 14, prender o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, na sétima fase da Operação Lava Jato. Ele é apontado como o operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobrás, que envolveria o pagamento de propinas na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Nesta manhã, os policiais fizeram buscas no endereço de Fernando baiano no Rio de Janeiro, sem sucesso. Os agentes recolheram documentos e um computador.
A pedido dos investigadores, a Justiça também determinou o bloqueio de três contas de bancárias de empresas ligadas a ele. A nova etapa da Lava Jato, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro, foi deflagrada nesta manhã. Ao todo, 85 mandados serão cumpridos e foi preso o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque. Onze mandados de busca são feitos em grandes empresas, apontadas como o braço financeiro do esquema de corrupção na estatal.
Fernando Baiano foi citado como agente do PMDB na estatal pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, preso desde março e que colabora com as investigações em troca de eventual redução de pena. Fernando Baiano teria sido um dos envolvidos nas negociações para a compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), que teria sido aprovada mediante o pagamento de propinas.
Planilhas apreendidas pelos policiais na empresa Costa Global, aberta por Paulo Roberto em 2012, relacionam supostos pagamentos para o operador do PMDB, no total de R$ 2,1 milhões. No Brasil, ele representa oficialmente um grupo espanhol que atua nas áreas de infra-estrutura e de energia. (Agência Estado)

Operação Lava Jato (2)

Cúmplice de Duque recebeu R$ 100 milhões

Renato Duque sendo preso. Foto: O Globo

Só um dos cúmplices de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras preso na manhã de hoje, recebeu US$ 100 milhões, segundo uma fonte vinculada às investigações.

Policiais e procuradores da força-tarefa que estão à frente da Lava-Jato já identificaram o suposto envolvimento de Duque em pelo menos nove transações financeiras relacionadas a desvios de dinheiro de contratos de empreiteiras com a Petrobras. Em pelo menos sete delas, ele teria recebido parte do dinheiro. Segundo um dos investigadores, são somas expressivas. Duque comandou uma das mais fortes diretorias da Petrobras.

Investigadores suspeitam que parte do dinheiro amealhado na Diretoria de Serviços durante a gestão de Duque abasteceu os cofres do PT. Duque ocupava o cargo por indicação do partido. As primeiras informações sobre o pagamento de propina da Diretoria de Serviços surgiram num depoimento de Paulo Roberto Costa ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Mas os investigadores não se deram por satisfeito e foram atrás de novos dados.

No decorrer da apuração, investigadores obtiveram dados detalhados sobre o suposto pagamento de propina para Duque e outros altos funcionários da Petrobras. Parte dos pagamentos ao ex-diretor foram feitos no exterior. Um dos cúmplices de Duque amealhou US$ 100 milhões em propina, algo em torno de R$ 250 milhões. Duque deve ser levado ainda nesta sexta para Curitiba, onde deverá ser apresentado a Sérgio Moro.

A Polícia Federal deve dar entrevista coletiva, em Curitiba, para falar sobre aspectos gerais da operação. Procuradores da força-tarefa disseram que vão aguardar os resultados da busca para falar sobre o assunto. Mas um deles admitiu que as descobertas sobre Duque colocam a investigação sobre fraudes na Petrobras num patamar mais elevado.

A Justiça Federal expediu mandados de prisão também contra mais cinco suspeitos de envolvimento com os desvios da Petrobras. Um deles tem fortes ligações financeiras com um grande partido político.(Com O Globo/conteúdo)

Operação Lava Jato

PF prende ex-diretor da Petrobras

Renato Duque
O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque foi preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (14) durante nova fase da Operação Lava Jato, que investiga crimes contra o sistema financeiro.
Duque tem ligações com o PT e foi indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu (PT).
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e dois executivos ligados à Toyo-Setal --empresa que tem contratos de mais de R$ 4 bilhões com a estatal--, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto e Julio Camargo afirmaram em delação premiada que Duque era beneficiado pelo esquema de suborno. Duque nega as acusações e entrou com uma ação contra Costa.
A PF concentra as buscas de hoje em 11 grandes empreiteiras, suspeitas de pagarem propinas para conseguir contratos com a Petrobras, e cumpre 27 mandados de prisão contra executivos e outros investigados.
Também foram presos o presidente da empreiteira Engevix, Cristiano Kok, e um de seus vice-presidentes, Gerson Almada. Um terceiro executivo da empresa que teve a prisão decretada está no exterior.
Ao todo, 300 policiais participam da ação, que acontece em São Paulo, Paraná, Rio, Pernambuco, Minas e no Distrito Federal.
Os grupos investigados registraram, segundo dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), operações financeiras atípicas num montante que supera os R$ 10 bilhões. Durante a investigação, o doleiro Alberto Youssef --que está preso e colabora com a Justiça por meio da delação premiada-- apontou que o esquema envolvia desvio de dinheiro Petrobras.
A Justiça decretou o bloqueio de R$ 720 milhões que pertencem a 36 investigados. Foi autorizado também o bloqueio integral de valores pertencentes a três empresas suspeitas de participar do esquema.
Em São Paulo, estão sendo cumpridos 29 mandados de busca, 17 de prisão e mais 9 de condução coercitiva --quando a pessoa é levada para prestar depoimento obrigatoriamente.
Outros 11 mandados de busca e 6 de prisão são cumpridos no Rio. No Paraná, são 2 de busca e 1 de prisão. No DF, mais 1 de busca e 1 de prisão. Em Minas e Pernambuco, são cumpridos 2 mandados de busca em cada Estado.
Segundo a PF, os envolvidos responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.
Empreiteiras
As prisões atingiram a cúpula das empreiteiras. Além da Engevix, a PF também realiza buscas na casa do presidente da UTC/Constran, Ricardo Pessoa, investigada por ter pago propina para obter obras da Petrobras no Rio e em Pernambuco. Pessoa também é sócio do doleiro Alberto Youssef em hotéis.
Ao menos doze pessoas, entre policiais e membros da Receita Federal, chegaram, por volta das 6h20, no edifício da Camargo Corrêa, na avenida Faria Lima, em São Paulo. Cinco carros entraram pela garagem e três agentes da PF permanecem na porta do prédio, controlando a entrada.
A PF ainda não divulgou o nome das outras dez construtoras em que realiza buscas. Uma entrevista coletiva está marcada para as 10h.
A Camargo Corrêa é uma das empresas investigadas sob suspeita de pagar suborno a ex-diretores da Petrobras para obter contratos da estatal.
A empreiteira lidera o consócio CNCC, contratado para construir a refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. A obra, que envolve outras empreiteiras, é a mais cara em curso no Brasil e de ultrapassar os R$ 40 bilhões quando ficar pronta, nos próximos meses.
Além de estourar o orçamento inicial, a obra foi superfaturada, segundo apurações do Tribunal de Contas da União.
O consórcio CNCC diz que não faz sentido a acusação de sobrepreço na obra, porque ela foi conquistada por meio de licitação.
Os mandados por Estado
PR – 2 mandados de busca e 1 mandado de prisão preventiva (todos em Curitiba);
DF – 1 mandado de busca e 1 mandado de prisão preventiva;
MG – 2 mandados de busca (todos em Belo Horizonte);
PE – 2 mandados de busca (todos em Recife);
RJ – 11 mandados de busca, 2 mandados de prisão preventiva e 4 mandados de prisão temporária;
SP (Capital) – 29 mandados de busca, 2 mandados de prisão preventiva, 15 mandados de prisão temporária e 9 conduções coercitivas;
Jundiaí/SP – 1 mandado de busca e 1 mandado de prisão temporária;
Santos/SP – 1 mandado de busca e 1 mandado de prisão temporária.