quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Cheque especial

Juro é o maior em 15 anos

Os juros do cheque especial foram na contramão da taxa média dos juros bancários, que caíram em setembro. Segundo números divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Banco Central, a taxa média dos bancos cobrada no cheque especial atingiu 183,3% ao ano no mês passado. É o maior valor desde abril de 1999, quando estava em 193,6% ao ano, ou seja, em mais de 15 anos.
No acumulado deste ano, os juros cobrados pelos bancos no cheque especial, uma linha de crédito de emergência, pois possui uma das taxas mais elevadas de todas operações (junto com o cartão de crédito, quando o cliente não paga toda a fatura), avançaram 35,4 pontos percentuais, visto que estavam em 147,9% ao ano no fim de 2013. Esse crescimento foi o maior de todas as operações das pessos físicas e, inclusive, de empresas, disponibilizadas pelo BC.

Economistas avaliam que o consumidor deve tentar evitar ao máximo o uso do cheque especial, por conta das altas taxas cobradas pelas instituições financeiras. Para eles, esta é uma linha de crédito para momentos de necessidade e deve ser utilizada por um período reduzido de tempo.

Modo avião

Celulares e tablets liberados durante voo


A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) vai permitir que as empresas aéreas liberem o uso, pelos passageiros, de equipamentos eletrônicos portáteis à bordo em todas as fases do voo. Hoje, os equipamentos devem ser desligados durante a decolagem e o pouso dos aviões. A resolução foi publicada nesta quinta-feira (30) no Diário Oficial.
A medida vale para celulares, tablets, câmeras fotográficas, entre outros – que devem, no entanto, permanecer em "modo avião", ou seja, com o modo de transmissão desligado (impedido de realizar ligações e acessar a internet).

A resolução também permite que os celulares possam ser usados em modo ativado após o pouso, enquanto o avião faz o taxiamento até o portão de desembarque. Pelas regras atuais, esses equipamentos devem permanecer desligados até o desembarque do passageiro.

A permissão não é imediata para todos os voos, no entanto. As empresas aéreas precisam obter autorização da Anac para liberar o uso dos equipamentos e, para isso, precisam assegurar que o uso dos mesmos em todas as fases do voo não causa interferências nos sistemas de comunicação e navegação de suas aeronaves.(Com G1/conteúdo)

Duplicação

Trecho da BR 116 será interditado


Foto: Amanda Montagna/STE
Um trecho da BR 116 entre os quilômetros 383 e 384, na divisa entre os municípios de Arambaré e Camaquã, ficará interditado na tarde desta quinta-feira. A interdição ocorre entre as 15 e as 16 horas, nos dois sentidos da estrada. O Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) informa que a interdição é necessária para a realização de obras de duplicação da BR 116. A Polícia Rodoviária Federal fará o acompanhamento. 

Bom Dia

Eu sou elite!


O ex-deputado Carlos Araújo, ex-marido da presidente Dilma, ex-guerrilheiro, como ela, ex-advogado trabalhista, declarou que “a elite não se conforma com a derrota”. Falou, também, que “as elites sempre querem fazer impeachment” e lembrou que “foi assim com Getúlio Vargas, com Jango e com Leonel Brizola”. Explicou, o ex-guerrilheiro, que “quando não é por aí é através de líderes carismáticos fabricados por eles (...) como Jânio Quadros e Fernando Collor de Melo (...) e Fernando Henrique Cardoso, que foi uma liderança que eles fabricaram”.

Não quero ser chamado de preconceituoso, mas acho que o ex-deputado tem algum problema relacionado a seu estado de saúde - ”não participei da campanha por motivo de saúde” - que faz com que ele esqueça, por exemplo, que quem começou a campanha pelo impeachment de Collor, foi o PT da sua ex-mulher e do carismático líder Lula. Deve ter esquecido, também, que seu partido, o PDT, faz parte do governo desde que o PT, da sua ex-mulher, chegou ao poder. Se bem que, naquele tempo, ele tinha saído do PDT.

Jogar a culpa na elite é muito fácil para quem desfruta de tudo de bom que o capitalismo oferece e faz pronunciamentos em defesa de quem não pode chegar nem perto. Falar na miséria da seca, bebendo vinho e uísque importado, para mim não passa de uma hipocrisia das mais lamentáveis.

Não consigo entender quem o ex-marido da presidente e o líder carismático Lula, chamam de elite. Também não sei como o ex-deputado trata de sua doença, mas sei que o Lula e a presidente sempre buscam o hospital Sírio Libanês, um dos mais caros do Brasil. Quem sabe, para eles, elite seja quem tem plano de saúde para não ter que depender do maravilhoso SUS.

Ontem, depois de ter esperado quase um mês por uma consulta marcada via plano de saúde, fui para o Hospital da PUC com horário marcado. Minha consulta estava agendada para 14h30. Fiquei numa sala de espera repleta de doentes que aguardavam por atendimento via SUS e fui chamado para o consultório às 15h45, ou seja, uma hora e quinze minutos depois da que estava marcada.

Será que com os amigos do ex-guerrilheiro Carlos Araújo, com a presidente, com o Lula, com o pessoal do governo, acontece a mesma coisa? Se bem que, segundo Araújo, eles não devem fazer parte da elite. São pessoas do povo.

Eu não. Eu tenho plano de saúde, não dependo do SUS e recebo o fabuloso salário pago pela Previdência Social aos aposentados. Moro num apartamento no Bairro Glória, tenho um carro popular, sigo trabalhando para poder viver e espero mais de uma hora para ser atendido pelo médico do meu plano, mesmo tendo hora marcada. 
Como sou contra o tipo de governo (?) que se apoderou e dividiu o Brasil, devo ser considerado elite, pelo ex-deputado, ex-marido, ex-guerrilheiro Carlos Araújo.

Que maravilha! EU SOU ELITE!

Tenham todos um Bom Dia!

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Surpresa!

BC eleva juros para 11,25%

Em sua primeira reunião após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o Comitê de Política Monetária (Copom), colegiado formado pelo presidente e diretores do Banco Central, surpreendeu ao elevar a taxa básica de juros da economia brasileira de 11% para 11,25% ao ano. Foi a primeira elevação desde abril deste ano, o que levou a taxa de juros ao maior patamar desde o fim de 2011.

A decisão surpreendeu a maior parte dos economistas do mercado financeiro, que apostavam maciçamente em nova manutenção da taxa básica da economia em 11% ao ano. A decisão acontece em um momento de fraca atividade econômica, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) registrado retração no primeiro e segundo trimestres deste ano - o que configura recessão técnica - embora a inflação em doze meses até setembro tenha somado 6,75%, acima do teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro.

Novo revés de Dilma

Câmara convoca dois ministros


Menos de 24 horas depois de impor a primeira derrota da presidente reeleita Dilma Rousseff após a eleição presidencial, a Câmara dos Deputados convocou nesta quarta-feira (29) os ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Neri Geller (Agricultura) a prestar esclarecimentos à Comissão de Agricultura da Casa. Ainda não há previsão de quando eles irão ao Congresso Nacional.

Lobão terá de dar detalhes aos deputados sobre a venda de 51% da Centrais Elétricas de Goiás (Celg D) à Eletrobrás. Já o titular da Agricultura terá de esclarecer por que sua pasta decidiu transferir para o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) de Minas Gerais a tarefa de realizar as provas de controle de qualidade oficiais em vacinas contra a febre aftosa.(G1)

Conselhos Populares

Senado vai derrubar projeto do Governo

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quarta-feira (29) que o decreto elaborado pela Presidência da República que estabelece a consulta a conselhos populares por órgãos do governo antes da adoção de políticas públicas deverá ser derrubado na Casa.
Para Renan, a matéria é "conflituosa" e encontra muitas resistências no parlamento, "tanto na Câmara quanto no Senado".
Nesta terça (28), o plenário da Câmara derrubou o decreto presidencial apenas dois dias após a reeleição da presidente Dilma Rousseff e impôs a primeira derrota do Palácio do Planalto no Congresso após as eleições.
Por meio de votação simbólica, os deputados aprovaram um projeto de decreto legislativo apresentado pelo DEM que susta a aplicação do texto editado por Dilma. O texto ainda precisa de aprovação do Senado para que o decreto da presidente perca a validade.

"Ser derrubada na Câmara não surpreendeu. Da mesma forma que não surpreenderá se ela for – e será – derrubada no Senado Federal", disse Renan ao chegar no Congresso. (Agência Globo)

Escândalo na Petrobras

Doleiro pagou dívida em nome da estatal


O dono da agência de marketing Muranno Brasil, Ricardo Vilani, confirmou em entrevista ao Estado que o doleiro Alberto Youssef, um dos personagens centrais da Operação Lava Jato, fez pagamentos a sua empresa em nome da Petrobrás. Vilani afirma que prestou serviços à Petrobrás no exterior, num acordo sem assinatura de contrato, e queria apenas receber o que lhe era de direito.
A Polícia Federal coloca a Muranno no rol das empresas que receberam dinheiro desviado das obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O nome da agência fazia parte da contabilidade secreta de Youssef. A PF diz que parte do dinheiro que passava pela conta da agência era destinada ao pagamento de propinas para políticos e agentes públicos.
A Muranno aparece ainda no depoimento de Youssef da delação premiada. O doleiro afirmou que integrantes da agência de marketing estavam ameaçando revelar o esquema de desvios na estatal caso não recebessem um dinheiro devido. Nesse trecho do depoimento, Youssef cita o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No relato do doleiro, Lula ficou sabendo das ameaças e ordenou o então presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, a “resolver essa merda”. Ainda segundo Youssef, Gabrielli acionou o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, outro personagem central no escândalo, e este resolveu o problema. Youssef não apresentou provas do relato.
Gabrielli nega com veemência a versão do doleiro. Lula não comenta o assunto. (Agência Estado)

Derrota do Governo

Derrubado projeto de Conselhos Populares


Foto: G1
A Câmara dos Deputados derrubou nesta terça-feira (28) o decreto presidencial  que estabelece a consulta a conselhos populares por órgãos do governo antes de decisões sobre a implementação de políticas públicas. A rejeição à proposta ocorre dois dias após a reeleição da presidente Dilma Rousseff e é a primeira derrota do Palácio do Planalto no Congresso após as eleições.

Por meio de votação simbólica, os parlamentares aprovaram um projeto de decreto legislativo apresentado pelo DEM que susta a aplicação do texto editado por Dilma. A discussão da matéria durou cerca de três horas, mas o texto ainda precisa de aprovação no Senado para que o decreto presidencial perca a validade. (G1)

Bom Dia!

A lei é dura, mas é a lei!

Esta é uma das sentenças mais antigas que conheço. Antiga e verdadeira. Por mais dura que seja a lei, ela é a lei e, como tal, deve ser respeitada e cumprida.

No Brasil, lamentavelmente, nem sempre é assim. Existe a lei para alguns e a lei para outros. A lei, no nosso caso, nem sempre é respeitada e cumprida. Se fosse, quem sabe não estaríamos vivendo tempos em que a insegurança está presente em vários segmentos. A cadeia e para alguns, principalmente para os menos favorecidos, para os mais pobres. No trânsito, vivemos uma impunidade sem precedentes. Milhares de pessoas morrem nas ruas e estradas e o álcool, a imprudência, a alta velocidade estão quase sempre presentes em todos os acidentes fatais. E os infratores seguem dirigindo e matando.

Faço esta reflexão para falar no meu desencanto com tudo o que vem ocorrendo em relação aos mensaleiros, pessoas condenadas por envolvimento no maior escândalo político da história do Brasil e que, com a conivência de ministros amigos e companheiros, estão dando risada das sentenças e, principalmente, de quem acreditou nelas.

Ontem, por decisão do ministro Luis Roberto Barroso, do STF, indicado e nomeado pela presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-ministro José Dirceu (PT), considerado o chefe da quadrilha do mensalão, foi liberado para cumprir prisão domiciliar. Zé Dirceu foi sentenciado a 7 anos e 11 meses de prisão por crime de corrupção ativa. Foi preso em 15 de novembro de 2013, trabalhou 142 dias fora do presídio, ou seja, em regime semi-aberto e, mesmo sem ter cumprido um sexto da pena, ganhou o benefício da prisão domiciliar, por bom comportamento.

Será que se ele fosse um pai de família, que para evitar que seus filhos passassem fome, por estar desempregado e não ter dinheiro para comprar alimentos, decidisse roubar pão para matar a fome dos filhos e acabasse preso, teria os mesmos direitos? Não estou tentando justificar o roubo do pai, somente comparando o tratamento desigual que é dado aos poderosos. Enquanto a justiça trata com rigor ao pai que roubou um pão, beneficia com toda sua bondade, a quem roubou milhões dos cofres públicos.

Sobre as condenações de mensaleiros, Delúbio Soares (PT), que também já está nas ruas, declarou quando de sua prisão: “Isto ainda vai virar piada”. Lamentavelmente, virou.
Decididamente, a lei é dura, ma só para alguns.

Tenham todos um Bom Dia!

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Mensalão

Justiça italiana nega extradição de Pizzolato



O pedido do governo brasileiro para que o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão, fosse extraditado para o Brasil, não foi aceito pela justiçada Itália
Pizzolato foi condenado a 12 anos e 7 meses de prisão por crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. O ex-diretor do BB deve ser posto em liberdade até amanhã, 29, e voltar para sua casa em Maranello, na Itália.

Ministério da Fazenda

Lula indica três nomes


Luiz Carlos Trabuco

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, indicou três nomes para substituir Guido Mantega no Ministério da Fazenda. O primeiro indicado é o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. Os outros são Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, e Nelson Barbosa, que foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

Supremo Tribunal Federal

Dilma indicará mais seis ministros


Uma das tarefas da presidente Dilma Rousseff (PT) em seu próximo mandato, será indicar novos ministros para o STF. Uma das vagas a ser preenchida, é a de Joaquim Barbosa, que se aposentou em julho deste ano. Além dele, mais cinco serão substituídos pois completarão 70 anos entre novembro de 2015 e outubro de 2018.

Durante o novo mandato de Dilma, devcem deixar o STF os ministros Celso de Mello, que completa 70 anos em novembro de 2015, Marco Aurélio Mello, julho de 2016, Ricardo Lewandowski, maio de 2018, Teori Zavascki, agosto de 2018 e Rosa Weber em outubro de 2018. Qualquer um deles pode sair antes, se desejar.

Dos atuais 10 ministros (uma vaga está aberta desde a aposentadoria de Joaquim Barbosa) 4 foram indicados pela presidente Dilma e 3 pelo ex-presidente Lula. Até o final de 2018, serão 10 ministros indicados por presidentes do PT, restando um (Gilmar Mendes) indicado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Bom Dia!

Dilma 'melhor', só vendo
O ESTADO DE S.PAULO
28 Outubro 2014 

Contados os votos, resta ao País avaliar se, reeleita, Dilma Rousseff conseguirá ser a presidente "muito melhor do que fui até agora" e uma pessoa "ainda melhor", como disse desejar no discurso de vitória. Sem isso, o diálogo que ela anunciou como "primeiro compromisso do segundo mandato" terá como interlocutor apenas o seu espelho. A transfiguração prometida é indissociável da aspiração nacional por mudança, "a palavra dominante" da campanha, conforme reconheceu. Para que venha a dominar também os seus atos nos próximos quatro anos, Dilma não deveria perder de vista que as urnas de domingo foram muito mais severas consigo do que as de 2010. Desde a redemocratização, aliás, nenhum candidato ao Planalto levou a melhor por tão escassa vantagem - 3,2 pontos porcentuais, ou 3,5 milhões de votos, em 105 milhões validados.

A apertada aritmética talvez nem sequer exprima suficientemente o amargor dos antagonismos entre os brasileiros divididos entre manter ou remover o PT do poder - a questão de fundo da disputa recém-concluída que passará para a história, entre outras ignomínias, pela maneira feroz com que a incumbente e o seu partido se lançaram sobre a candidata Marina Silva para estraçalhar as suas chances de chegar ao segundo turno. O fato impossível de desconhecer é que, de tanto ser agredida pela estridente retórica petista de que o Brasil vive um permanente confronto à morte entre "nós e eles", a oposição só teve a alternativa de responder na mesma moeda, contaminando, afinal, o seu próprio eleitorado. A inescapável conclusão é de que o País saiu da sucessão presidencial mais crispado do que nela entrou. Diante disso, ainda que tomando pelo valor de face a sua fala aparentemente conciliadora, será um feito de enormes proporções ela construir uma liderança que dê conta dessa realidade adversa e, a partir daí, comandar o seu desmanche.

De resto, ela mesma já começou dando motivos para o ceticismo. A Dilma de sempre confinou ao palavrório o chamamento à abertura e disposição para o diálogo. De um lado, porque não teve a decência política elementar - para não falar em mera cortesia pessoal - de mencionar o nome do adversário Aécio Neves, a quem superou a duras penas na incerta jornada de horas antes e que, por sua vez, não hesitou em lhe telefonar tão logo se tornaram conhecidos os resultados da disputa. De outro lado, porque voltou atrás no tempo, aos idos de 2013, quando tentou responder ao clamor por mudanças que ecoava pelo País com a proposta de reforma política mediante plebiscito. Qual reforma seria essa e quais seriam os termos de uma consulta popular sobre um tema que não pode ser reduzido a umas poucas disjuntivas a presidente não se deu ao trabalho de esclarecer.

Nem o PMDB, que vinha sendo o esteio da base governista no Congresso, abriu espaço para tal. Abateu sumariamente a tentativa de impor ao Legislativo a agenda petista das regras do jogo político-eleitoral, começando pelo financiamento público das campanhas e a adoção do voto para deputado em listas fechadas, compostas pelas cúpulas partidárias. Agora, a legenda do seu vice, Michel Temer - o qual, à época, manifestou à titular o seu desagrado com o lance oportunista -, só pode se sentir injuriado com a sua exumação. Mesmo que, numa tentativa de dourar a pílula, Dilma tenha concedido que a reforma é de "responsabilidade constitucional do Congresso", como se esta fosse complementar à consulta a resultar de uma discussão do governo "com todos os movimentos sociais e as forças da sociedade civil".

Nesse momento, ademais, a sociedade está de olhos postos em outra questão - os escândalos da Petrobrás. No ano que se aproxima, os desdobramentos judiciais das delações premiadas do ex-diretor de abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e do seu comparsa, o megadoleiro Alberto Youssef, com a provável identificação da trintena de políticos que teria citado em conexão com a lambança - e que deve incluir parlamentares do PT, PMDB e PP, pelo menos -, representarão um obstáculo de monta para a distensão política que Dilma apregoa. Nesse clima, não convém esperar o advento de uma presidente "muito melhor do que fui até agora".

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Opinião

Um mandato inédito


Elio Gaspari*

Os eleitores deram ao PT um mandato inédito na história nacional. Um mesmo partido ficará no poder nacional por 16 anos sucessivos. A doutora Dilma reelegeu-se num cenário de dificuldades econômicas e políticas igualmente inéditas. Lula recebeu de Fernando Henrique Cardoso um país onde se restabelecera o valor da moeda. Ela recebe dela mesma uma economia travada. Tendo percebido o tamanho da encrenca, em setembro anunciou a substituição do ministro Guido Mantega. Por quem, não disse. Para quê, muito menos. A dificuldade política será maior. As petrorroubalheiras devolveram o PT ao pesadelo do mensalão. Em 2005, o comissariado se blindou e, desde então, fabrica teorias mistificadoras, como a do caixa dois, ou propostas diversionistas como a da necessidade de uma reforma política. Pode-se precisar de todas as reformas do mundo, mas o que resolve mesmo é a remessa dos ladrões para a cadeia.

O Supremo Tribunal Federal deu esse passo, formando a bancada da Papuda. Foi a presença de Marcos Valério na prisão que levou o ‘‘amigo Paulinho’’ a preferir a colaboração à omertà mafiosa.
Dilma teve uma atitude dissonante em relação às condenações do mensalão. Protegeu-se sob o manto do respeito constitucional às decisões do Judiciário. No debate da TV Globo, quando Aécio Neves perguntou-lhe se achou ‘‘adequada’’ a pena imposta ao comissário José Dirceu, tergiversou. Poderia ter seguido na mesma linha: decisão da Justiça não deve ser discutida. Emitiu um péssimo sinal para quem sabe que as petrorroubalheiras tomarão conta da agenda política por muito tempo.
Será muito difícil, e sobretudo arriscado, tentar jogar o que vem por aí para baixo do tapete. Ou a doutora parte para a faxina, cortando na carne, ou seu governo vai se transformar num amestrador de pulgas, de crise em crise, de vazamento em vazamento, até desembocar nas inevitáveis condenações.

O comissariado acreditou na mágica e tolerou o contubérnio do PT com o PP paranaense do deputado José Janene. A proteção dada aos mensaleiros amparou o doutor e ele patrocinou a indicação do ‘‘amigo Paulinho’’ para uma diretoria da Petrobras. Ligando-se ao operador Alberto Youssef, herdeiro dos contatos de Janene depois que ele morreu, juntaram-se aos petropetistas e a grandes empresas. O resultado está aí.

Em 2002, depois do debate da TV Globo, Lula foi para um restaurante do Rio e comemorou seu desempenho tomando de uma garrafa de vinho Romanée Conti que custava R$ 9.600. A conta ficou para Duda Mendonça, o marqueteiro da ocasião. Quem achou a cena esquisita pareceu um elitista que não queria dar a um ex-metalúrgico emergente o direito de tomar vinho caro. Duda confessou que fazia suas mágicas com o ervanário do mensalão. Passaram-se 12 anos e os repórteres Cleo Guimarães e Marco Grillo mostraram que, na semana passada, Lula esteve no município de São Gonçalo, onde disse que ‘‘a elite brasileira não queria que pobre estudasse’’.
Seguiu da Baixada Fluminense para a Avenida Atlântica e hospedou-se no Copacabana Palace, subindo para a suíte 601, de 300 metros quadrados, com direito a mordomo. Outros sete apartamentos do hotel estavam reservados para sua comitiva.

*Publicado no jornal O Globo (27/10/14)

Dilamar Machado

Uma saudade que não acaba!

Meu irmão, Dilamar Machado, estaria completando 79 anos neste dia 27 de outubro. Certamente faríamos uma grande festa e comemoraríamos com um belo e saboroso churrasco acompanhado de cervejas bem geladas.
Mas ele resolveu partir antes. Foi para um lugar onde, certamente, segue fazendo aquilo que sempre fez: o bem!
Deixou aqui a Lea, seu grande amor, o Alceu, o Alvinho, o André e o Anderson, seus filhos, além das noras e netos. Deixou também, um imenso vazio entre todos nós.
O Dilamar foi meu ídolo, meu exemplo, minha inspiração, meu parceiro, meu amigo e meu irmão. Era o quarto, dos oito irmãos que o Capitão Machado e Dona Célia botaram no mundo. Dos oito, com a morte, na semana passada, do Dilair, somos apenas dois, agora.
Radialista como pouquíssimos, o Dilamar fez de sua profissão, um caminho para fazer o bem. Passou pela vida deixando um rastro de bondade, de amor ao próximo, de honestidade e seriedade. Como político, foi tão sério que morreu pobre. Isso, num país em que ocupar cargo público é caminho para enriquecimento,  faz do Dilamar um exemplo quase raro.

Hoje, quando estiver na missa de sétimo dia em memória de outro querido irmão, o Dila, vou rezar por eles, pela Dilma, pelo Dilmair, pela Diulma e pela Celinha. Todos já partiram para um outro plano, mas deixaram aqui uma saudade que não acaba.

Bom Dia!

Um texto brilhante!
Enquanto pensava no que escrever sobre a eleição de ontem, quando metade do Brasil provou que está satisfeito com um crescimento de menos de 1%, com uma inflação que sobe todos os dias, com uma educação das piores do mundo, com um serviço de saúde péssimo, com uma insegurança quase total, c om o maior desemprego na indústria, que já não sabe como sair de uma crise tão profunda, repito, enquanto pensava no que escrever, dei uma passada no facebook e encontrei este texto maravilhoso do Rick Jardim. Posso até estar cometendo uma indelicadeza por não pedir permissão, mas corro o risco. Ele é meu amigo e sabe que todas as palavras do seu texto, refletem exatamente o pensamento que eu gostaria de colocar aqui e não conseguiria faze-lo com o mesmo brilho. Por favor, não deixe de ler.

domingo, 26 de outubro de 2014

Bom Dia!

Minha amiga sabe tudo!

Acordei cedo, como costumo fazer, tomei um café que eu mesmo preparei e que, modéstia à parte, estava delicioso, e vim para o computador dar uma olhada nos portais de notícias. Aproveitei para dar uma passada pelo facebook, o grande palanque deste segundo turno. As redes sociais se transformaram no espaço onde cada um posta suas opiniões e preferências, enquanto outros destilam ódio e ironia.

Pensei em sentar aqui e escrever alguma coisa sobre a eleição, sobre os números que vou digitar na urna logo mais. Pensei em escrever sobre o que penso que está em jogo, sobre o que há de verdade por traz de tanta propaganda, de tanto debate, de tanta pesquisa.

Quando li o texto publicado por uma querida amiga de muitos anos, cujo nome não vou divulgar, já que não pedi licença para usar seu comentário, me dei conta de que ela, na sua “simplicidade” como ela mesma afirma, define exatamente o que penso sobre o que está sendo disputado nesta eleição. Minha amiga, que jamais viveu em berço de ouro, que sempre batalhou para criar as filhas e os netos, sintetiza o pensamento, tenho certeza, de milhares, de milhões de brasileiros que vivem sufocados pela mentira, pela publicidade enganosa que mostra um Brasil em franco desenvolvimento, com uma economia estável, sem inflação, pleno emprego, saúde e segurança como nunca se viu.

Decidi não escrever, pois o texto da minha amiga diz, como provavelmente eu não soubesse dizer, tudo o que realmente penso. Tomara que ele sirva de exemplo e de reflexão para quem está se preparando para votar.

“Há pessoas que perderam a casa própria ao invés de adquiri-la nesses últimos anos por terem que pagar contas, sim, dívidas mesmo. Trocaram de carro, mas hoje pagam aluguel. Acredito que seja preciso ter cautela antes de confiar em um partido que "libera créditos com facilidade", mas que não se importa se as pessoas estão sendo capazes de pagar por suas compras ou não? Que mundo fantástico e cor de rosa é esse propagado pelo PT? dos pobres? e se eu disser que preciso recorrer ao sistema de saúde público, que tenho netos na escola pública, não recebo benefícios do governo federal e asseguro, a quem quiser, que a realidade dos serviços públicos, oferecidos aqui no RS pelo PT, não é nada cor de rosa? Ah, já sei...não sou muito estudada, mas captei. A questão é apenas comparar o PT com o PSDB para tentar convencer que o PT é melhor. O que importa é vencer o adversário e não olhar para a realidade tal como é, não é mesmo? Sem ficar recorrendo à página do Lula ou da Dilma, gostaria que alguém me desse um exemplo concreto de alguém que vocês conheçam e que está mergulhado nessa realidade propagada pelo PT. Me coloquem em contato com essa pessoa, por favor. Preciso de nome, endereço, telefone, o nome do planeta também porque nesse nosso país aqui não pode ser... E depois, as pessoas dizem que quem é simples é que não sabe de nada. Eu, né, a inocente? Aham...

Pensem nisso, na hora de votar, e tenham todos um Bom Dia!

sábado, 25 de outubro de 2014

Bom Dia!

O dia amanheceu sem sol, temperatura elevada e previsão de que teremos um pouco de chuvas no sábado. A meteorologia ainda não é clara sobre o domingo, dia de eleição em segundo turno. 
Minha primeira leitura, hoje, foi o editorial do Estadão que fala de um assunto que, de certa forma, atinge a todos nós, brasileiros que somos obrigados a recorrer aos caríssimos planos de saúde para ter um mínimo de segurança na hora de uma doença. Fico imaginando o drama daqueles que dependem exclusivamente do SUS. 
Quem sabe o editorial do Estadão ajuda na decisão de quem ainda não escolheu se quer continuar com a saúde do jeito que está ou prefere tentar algo de novo. Amanhã é o dia.

A saúde pública esquecida
O ESTADO DE S.PAULO
25 Outubro 2014 

Durante os 12 anos em que o PT está no poder, o Ministério da Saúde deixou de aplicar cerca de R$ 131 bilhões no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme dados do Conselho Federal de Medicina (CFM). Diante dessa realidade, não é de estranhar que a saúde pública continue recebendo notas de avaliação tão baixas pelos brasileiros. A prioridade da população não é a prioridade do governo.

De 2003 até 2014, o Orçamento-Geral da União autorizou um pouco mais de R$ 1 trilhão para o Ministério da Saúde. Os valores efetivamente gastos totalizam, no entanto, R$ 891 bilhões. Resultado: R$ 131 bilhões deixaram de ser aplicados na saúde pública. O CFM traduz essa cifra da seguinte forma: com esse valor seria possível, por exemplo, construir 320 mil Unidades Básicas de Saúde de porte I, ou edificar 93 mil unidades de pronto atendimento de porte III - com capacidade para atender até 450 pacientes por dia -, ou aumentar em quase 3 mil o número de hospitais públicos de médio porte.

As consequências de um corte desse vulto são evidentes. Segundo relatório do Tribunal de Contas da União, do início do ano, o SUS enfrenta "problemas graves, complexos e recorrentes": falta de leitos, profissionais, medicamentos e insumos hospitalares, equipamentos e instalações adequadas. Neste ano, a situação é idêntica: dos R$ 107,4 bilhões autorizados, foram gastos apenas R$ 80 bilhões. "A população brasileira tem o direito de saber onde, como e se os recursos que confiamos aos governos estão sendo bem aplicados. No caso da saúde, isso é ainda mais proeminente, tendo em vista as dificuldades de infraestrutura que milhares de pacientes, médicos e outros profissionais de saúde enfrentam todos os dias", afirmou Carlos Vital, presidente do CFM.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia alertado para o fato de que, entre os países que possuem um sistema universal de saúde - como o SUS -, o Brasil tem o menor porcentual de participação do setor público (União, Estados e municípios) no investimento per capita em saúde. Segundo a entidade não governamental Contas Abertas, na Inglaterra o investimento público em saúde é cinco vezes maior do que o brasileiro.

Ainda que em tese o Brasil conte com o SUS, o brasileiro cada vez mais tem de recorrer ao sistema privado de saúde - ou seja, paga duas vezes pela saúde, nos impostos e nas mensalidades dos planos. Esse fenômeno de busca por um plano de saúde complementar se reflete nos números. Atualmente, o gasto público com saúde representa 45,7% do total aplicado em saúde. Em países cujo sistema é semelhante ao brasileiro, no qual se oferece um sistema universal, os gastos públicos giram em torno de 70% do total gasto com saúde no país. E se essa realidade é amarga para o brasileiro que tem de pagar duas vezes pela saúde, mais amarga ainda é para aqueles que - não tendo como pagar um plano de saúde privado - ficam dependentes de uma saúde pública tão mal gerida.

Essa má gestão fica evidente, por exemplo, ao olhar os investimentos do governo federal na saúde pública. Segundo informa o CFM, durante os 12 anos de PT no poder federal, foram autorizados R$ 81 bilhões para investimentos em saúde. No entanto, foram efetivamente gastos apenas R$ 30,1 bilhões. E o ano de 2014 vai se mostrando como mais um exemplo de que a saúde não é uma prioridade no orçamento deste governo. O Ministério da Saúde conta com uma dotação orçamentária para investimentos neste ano de quase R$ 10 bilhões. Porém, até setembro, apenas R$ 3,5 bilhões haviam sido efetivamente investidos. Isso faz com que o Ministério da Saúde esteja, no item investimentos, atrás dos Ministérios dos Transportes, da Defesa, da Educação e do Desenvolvimento Agrário.

O diagnóstico é claro: a saúde pública não é prioridade orçamentária do governo do PT. Há outras coisas que atraem mais a atenção da administração petista, como vai se descobrindo a cada dia que passa. Seria de esperar que a população fosse mais bem atendida nessa área, que - como há muito se constata - é sua prioridade.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Ricardo Noblat

O Planalto sabia de tudo

Ricardo Noblat*

Doleiro Yousseff promete entregar à Justiça números de contas secretas do PT em paraísos fiscais

Os trechos mais quentes da reportagem de VEJA deste fim de semana sobre as confissões à Justiça do doleiro Alberto Youssef, um dos cabeças do esquema de corrupção na Petrobras:
• — O Planalto sabia de tudo!
— Mas quem no Planalto? — perguntou o delegado.
— Lula e Dilma — respondeu o doleiro.
• Na semana passada ele aumentou de cerca de trinta para cinquenta o número de políticos e autoridades que se valiam da corrupção na Petrobras para financiar suas campanhas eleitorais. Aos investigadores Youssef detalhou seu papel de caixa do esquema, sua rotina de visitas aos gabinetes poderosos no Executivo e no Legislativo para tratar, em bom português, das operações de lavagem de dinheiro sujo obtido em transações tenebrosas na estatal. Cabia a ele expatriar e trazer de volta o dinheiro quando os envolvidos precisassem.
• Entre as muitas outras histórias consideradas convincentes pelos investigadores e que ajudam a determinar a alta posição do doleiro no esquema — e, consequentemente, sua relevância pa­ra a investigação —, estão lembranças de discussões telefônicas entre Lula e Paulo Roberto Costa sobre a ampliação dos “serviços”, antes prestados apenas ao PP, também em benefício do PT e do PMDB.
• “O Vaccari está enterrado”, comentou um dos interrogadores, referindo-se ao que o do­leiro já narrou sobre sua parceria com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. O doleiro se comprometeu a mostrar documentos que comprovam pelo menos dois pagamentos a Vaccari. O dinheiro, desviado dos cofres da Petrobras, teria sido repassado a partir de transações simuladas entre clientes do banco clandestino de Youssef e uma empresa de fachada criada por Vaccari.
• O doleiro preso disse que as provas desses e de outros pagamentos estão guardadas em um arquivo com mais de 10 000 notas fiscais que serão apresentadas por ele como evidências. Nesse tesouro do crime organizado, segundo Youssef, está a prova de uma das revelações mais extraordinárias prometidas por ele, sobre a qual já falou aos investigadores: o número das contas secretas do PT que ele operava em nome do partido em paraísos fiscais. Youssef se comprometeu a dar à PF a localização, o número e os valores das operações que teria feito por instrução da cúpula do PT.
• Youssef dirá que um integrante da ­coor­denação da campanha presidencial do PT que ele conhecia pelo nome de “Felipe” lhe telefonou para marcar um encontro pessoal e adiantou o assunto: repatriar 20 milhões de reais que seriam usados na cam­panha presidencial de Dilma Rousseff. Depois de verificar a origem do telefonema, Youssef marcou o encontro que nunca se concretizou por ele ter se tornado hóspede da Polícia Federal em Curitiba.
*Colunista do jornal O Globo

Pesquisa IstoÉ/Sensus

Aécio lidera com nove pontos 

de vantagem sobre Dilma


Pesquisa ISTOÉ/Sensus mostra que o candidato do PSDB chega à reta final da campanha com 54,6% das intenções de voto, enquanto a petista soma 45,4%


Foto: IstoÉ
Pesquisa ISTOÉ/Sensus realizada a partir da terça-feira 21 reafirma a liderança de Aécio Neves (PSDB) sobre a petista Dilma Rousseff nos últimos dias da disputa pela sucessão presidencial. Segundo o levantamento que entrevistou 2 mil eleitores de 24 Estados, o tucano soma 54,6% dos votos válidos, contra 45,4% obtidos pela presidenta Dilma Rousseff. Uma diferença de 9,2 pontos percentuais, o que equivale a aproximadamente 12,8 milhões de votos. A pesquisa também constatou que a dois dias das eleições 11,9% do eleitorado ainda não decidiu em quem votar. “Como no primeiro turno, deverá haver uma grande movimentação do eleitor no próprio dia da votação”, afirma Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus. Se for considerado o número total de votos, a pesquisa indica que Aécio conta com o apoio de 48,1% do eleitorado e a candidata do PT 40%.

OPINIÃO

Os números amordaçados

O ESTADO DE S.PAULO
24 Outubro 2014 

A sonegação começou pelos dados mais recentes sobre a desigualdade de renda no País, apurados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento. Em sintonia com os interesses eleitorais da presidente Dilma Rousseff, a cúpula do órgão adiou para depois do segundo turno a divulgação dos números que contrariam a propaganda da candidata sobre a queda continuada da diferença de rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres. Em protesto contra a censura, que fere frontalmente o direito de acesso dos brasileiros a informações de natureza pública, um dos diretores da entidade, Herton Ellery Araújo, pediu exoneração do seu cargo. Foi seguido pelo vice-coordenador da sua área, Marcelo Medeiros.

Segundo o titular do instituto, Sergei Soares, o trancamento não teria sido ordenado pelo governo. "Foi uma decisão nossa." É muito possível: no Estado enfeudado pelo PT, servidor esperto é o que se antecipa ao que sabe ser a vontade do amo. O amo é conhecido por sua paranoia, embora nas atuais circunstâncias o temor é bem capaz de ter fundamento. O risco real e presente de Dilma ser derrotada no tira-teima de depois de amanhã pelo tucano Aécio Neves decerto pôs o seu apparat em alerta máximo para impedir que, levada à disputa, qualquer novidade adversa ao seu projeto de poder possa tirar votos, por poucos que sejam, de sua porta-estandarte. Eis por que, à mordaça no Ipea, outras foram aplicadas em setores tão diversos como o Ministério da Educação e da Receita Federal, de que se falará adiante.

O caso do instituto merece ser visto bem de perto por dois motivos que se entrelaçam: a importância dos seus levantamentos sobre o perfil social da população e, nesse estudo específico, pela inovação que permitiu aos seus pesquisadores chegar a verdades inconvenientes para a retórica petista. O primeiro ponto é óbvio: o padrão de distribuição da riqueza nacional neste país que padece para descalçar as botas de chumbo da histórica e vergonhosa desigualdade que nos caracteriza está no centro das atenções desde a redemocratização, a ponto de ter sido uma das preocupações dominantes dos constituintes de 1988. Já a citada inovação, que consistiu em incorporar informações do Fisco aos dados convencionais, fez o Ipea concluir que a desigualdade não só é mais alta do que estimava, como ainda se estabilizou entre 2006 e 2012, segundo o pesquisador Marcelo Medeiros, citado pelo jornal Valor.

O Ipea sustenta que a legislação eleitoral proíbe que se tornem públicos, entre outros, dados capazes de influir nas decisões de voto. Trata-se de uma patranha. O fato é que, dentro da perversa lógica petista de que as informações em posse do Estado devem servir a seus ocupantes - ou para ser divulgadas com espalhafato, quando positivas, ou para ser trancafiadas, quando potencialmente perturbadoras para as perspectivas eleitorais da chefe deles todos -, faz sentido, por exemplo, o arrocho do resultado da arrecadação federal em setembro. Por manter a tendência minguante dos números anteriores, é mais uma prova da crônica situação enfermiça da economia, provocada não pela retração das atividades em escala internacional, como alega a presidente, mas pela incompetência e os zigue-zagues de seu governo.

Para um governo que também quer fazer crer que faz tudo e mais alguma coisa pela educação fundamental no País, melhor deixar guardados os últimos resultados do Ideb - a aferição em âmbito nacional, a cada dois anos, com mais de 7 milhões de estudantes, dos conhecimentos de português e matemática do alunado do ensino básico. O exame mais recente data de agosto de 2013. Responsável pela prova, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), do Ministério da Educação, nega a intenção de escamotear a verdade: a publicação estaria demorando porque os dados do exame precisam ser apresentados de forma tal a facilitar a sua compreensão pelas escolas. Se essa alegação pretende ser sofisticada, a da Receita para a não divulgação da arrecadação de setembro é de um cinismo atroz: os servidores responsáveis por dar publicidade aos números estão absorvidos esta semana com atividades de planejamento.

Corrupção na Petrobras

Lula e Dilma sabiam, diz revista

O doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, afirmou em depoimento à Justiça Federal que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff tinham conhecimento do esquema de corrupção envolvendo a Petrobrás, de acordo com reportagem publicada na edição desta semana da revista Veja. O depoimento teria ocorrido nessa terça-feira, 21, na sede da Polícia Federal em Curitiba, como parte do acordo de delação premiada feito entre Youssef e a Justiça.
Segundo a reportagem da revista, o doleiro afirmou que o Palácio do Planalto "sabia de tudo". Questionado sobre quem sabia, Yousseff teria respondido "Lula e Dilma". O doleiro não apresentou, durante a delação, provas sobre o envolvimento dos dois. Aos investigadores, ele teria dito ter documentos que comprovam que a operação não existiria na estatal sem o conhecimento de Lula e da presidente.
O doleiro está preso desde março sob acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Ele e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, também preso, afirmaram que integrantes do PT, PMDB e PP recebiam até 3% sobre o valor de contratos firmados pela estatal. Os recursos abasteceriam os partidos e teriam servido de caixa 2 na campanha eleitoral de 2010. Youssef afirmou ainda que ao menos 28 parlamentares foram beneficiados e disse ter documentos que comprovam o esquema. (Agência Estado)

BR 290

Pedágio fica mais caro a partir de domingo


Foto: Jornal do Comércio
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorizou o reajuste das tarifas nas praças de pedágio administradas pela Concepa na BR 290, a freeway, a partir da 0h deste domingo, conforme resolução publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira.
Os valores já arredondados para automóveis passarão de R$ 9,30 para R$ 10,30 nas praças de Santo Antônio da Patrulha (km 19, cobrança unidirecional) e Eldorado do Sul (km 110, cobrança unidirecional); e de R$ 4,70 para R$ 5,10 na praça de Gravataí (km 77,8, cobrança bidirecional).(ANTT)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Opinião

O que vem por aí é um plebiscito

Elio Gaspari*

Quando Marina Silva não conseguiu chegar ao segundo turno, atribuiu-se seu declínio à pancadaria que sofreu. Talvez nunca se saiba por que o balão esvaziou, mas, mesmo olhando-se para os golpes que levou, essa teoria é curta. Foi de sua equipe que partiu a plataforma da independência do Banco Central. Admita-se que a ideia pode ser boa. Ainda assim, ela foi exposta pela educadora Neca Setubal, herdeira da família que controla o banco Itaú. Precisava? Se isso fosse pouco, dias depois, Roberto, irmão de Neca e presidente da casa bancária, disse que via “com naturalidade” uma possível eleição de Marina. Precisava? Marina falou em “atualizar” a legislação trabalhista, mas não detalhou seu projeto. Juntando-se gim e vermute, tem-se um Martini. Juntando-se banqueiro com atualização das leis trabalhistas, produz-se agrotóxico. Precisava?
Uma campanha eleitoral em que se discutiram mais as pesquisas do que as plataformas esteve mais para videogame do que para escolha de um presidente da República, mas foi esse o curso que ela tomou. A comparação do resultado do primeiro turno com as estimativas das pesquisas ensinou o seguinte: os votos de Aécio Neves ficaram acima da expectativa máxima e os de Dilma, abaixo da expectativa mínima. Disso resulta que não só é temerário dizer quem está na frente, mas é arriscado afirmar que o vencedor será eleito por pequena margem.
Os eleitores prestam atenção em pesquisas, mas votam com o coração, a cabeça e o bolso. Se a noção demofóbica segundo a qual Dilma tem o voto dos pobres tivesse alguma base, a doutora estaria eleita. Contudo, olhando-se pelo retrovisor, nunca houve ricos suficientes nos Estados Unidos e na Inglaterra para eleger os conservadores Ronald Reagan e Margaret Thatcher. Como muita gente achava que o povo brasileiro não sabia votar, o país foi governado por cinco generais escolhidos sem qualquer participação popular. O último foi-se embora deixando uma inflação de 226% e uma dívida externa (espetada) de US$ 180,2 bilhões.
Os candidatos conseguem votos pelo que dizem e pelo que fazem. Em 1994, Fernando Henrique Cardoso percebeu que ganhara a eleição quando uma mulher ergueu uma nota de um real durante um comício. Quatro anos depois, mesmo diante da ruína da fantasia do real que valia um dólar, ele foi reeleito porque os brasileiros preferiram continuar numa Mercedes que rateava a embarcar na motocicleta de Lula.
Nesta campanha, com exceção do debate da Record, os outros foram rasos. Em todos, os candidatos pareciam drones guiados pelo controle remoto dos marqueteiros, buscando clipes para os programas do horário gratuito. Sexta-feira, o debate da Globo terá tudo para ser educativo, pois nele o jogo do clipe será inútil.
A pancadaria que envolveu Dilma Rousseff e Aécio Neves roncou dos dois lados. Ambos sabiam que esqueletos tinham nos armários. As baixarias não serão suficientes para explicar o resultado que sairá das urnas. Muito menos as teorias destinadas a desqualificar os votos de quem vier a prevalecer. O que vem por aí é um plebiscito para decidir se o PT deve continuar no governo ou ir-se embora.
*Elio Gaspari é jornalista

Escândalo na Petrobras

Tesoureiro do PT deixa Conselho de Itaipu

Atingido pelas denúncias no escândalo da Petrobrás, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, vai deixar o Conselho de Administração da Usina Hidrelétrica de Itaipu, antecipando em um ano e meio o final do seu mandato no cargo. Segundo o presidente do partido, Rui Falcão, o afastamento de Vaccari é uma decisão do governo que se alia a uma vontade do tesoureiro de “se concentrar mais nas atividades” da legenda.
O anúncio da saída é providencial para a campanha de Dilma, desconfortável com os ataques dos adversários contra Vaccari. “Não há nenhuma denúncia comprovada envolvendo o companheiro Vaccari”, afirmou Falcão. O dirigente acrescentou que ele permanece cuidando das contas do PT. “Não há nenhuma razão para substituí-lo.” 
Segundo o presidente do PT, Vaccari lhe disse que deixaria Itaipu “antes do surgimento das denúncias infundadas”.