MP vai investigar
compra da casa de Renan
O Ministério Público
Federal abriu ontem inquérito para apurar a compra, por 2 milhões de
reais, de uma casa pelo presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), na área
mais nobre de Brasília. O negócio foi fechado com um empreiteiro em agosto.
Conforme portaria da
Procuradoria da República no Distrito Federal, o inquérito civil busca
averiguar "possível irregularidade na aquisição" do imóvel pelo
senador, "por valor muito abaixo do praticado no mercado e incompatível
com seus rendimentos". Será apurada a suspeita de enriquecimento ilícito
no caso. O prazo inicial da investigação é de um ano, mas ela pode ser
prorrogada.
Renan comprou a casa
de 404 metros quadrados, no Lago Sul, em maio. Segundo corretoras que atuam
naquela área, ela custa no mercado pelo menos 3 milhões de reais - 50% mais que
o valor registrado na escritura. Os detalhes da transação não constam do
registro em cartório, mas de um contrato paralelo firmado pelo senador com o
empresário Hugo Soares Júnior, construtor imobiliário em Brasília.
Renan disse que pagou
sinal de 240 000 reais e dividiu outros 760 000 reais em cinco
parcelas semestrais de 152 000 reais cada, ou seja, a serem quitadas em
dois anos e meio. O valor restante - 1 milhão de reais - foi financiado pela
Caixa Econômica Federal em 22 anos. Para obter o empréstimo, o senador
declarou renda mensal de 51 723 reais, valor que representa o dobro
do salário bruto que ele recebe no Senado (26 700 reais). Segundo ele, a
renda excedente é resultado de suas atividades agropecuárias.
Em 2010, o senador
peemedebista declarou à Justiça Eleitoral que seu patrimônio era de 2,1 milhões
de reais. Seu saldo em contas correntes na ocasião, segundo informou, chegava a
3 300 reais. Ele não vendeu nenhum outro imóvel para a compra da nova
casa. As prestações do novo imóvel equivalem a um comprometimento mensal de
38 600 reais. Somadas à pensão paga para sua filha com a jornalista Mônica
Veloso, de 6 800 reais, ele gasta 87% dos rendimentos declarados à Caixa -
ou mais que o dobro da remuneração líquida no Senado (21 300 reais).(Com Veja/conteúdo)