É muita explicação!
Estou falando sobre a chegada dos médicos cubanos que, desde
sexta-feira, estão no Brasil. Pelo menos alguns dos quatro mil anunciados pelo
governo brasileiro. Chegaram afirmando que não estão aqui pelo dinheiro e que
querem realizar um trabalho social entre os mais necessitados.
Li e ouvi que o Brasil vai pagar R$ 511 milhões, até
fevereiro de 2014, para o governo cubano que, por sua vez vai definir o quanto
cada médico receberá, ou seja, o Brasil paga R$ 10 mil por cada profissional e
o governo de Raul Castro decide o quanto repassar para cada médico. Nada que
ultrapasse os R$ 4 mil por mês.
Hoje li, no Facebook, que os médicos cubanos são funcionários
públicos em Cuba e que, terminada a missão no Brasil, partem para outro país. Bem,
se for assim mesmo, acho que a coisa fica mais complicada. Pagar R$ 511 milhões
para que funcionários públicos de outro país venham trabalhar no Brasil, é uma
medida, no mínimo, discutível.
Também li e ouvi que as pessoas que são contra a presença de
médicos cubanos no Brasil, são contra o povo. A bobagem é tão grande quanto a
história de que quem é contra o Lula ou o PT é reacionário. Seria o mesmo que
afirmar que o governo que não constrói hospital ou posto de saúde, que não dá
condições de trabalho aos médicos nos grotões de miséria, é contra o povo.
Sigo afirmando que o fato de algum profissional liberal
preferir ficar nos centros maiores, onde as condições de vida são mais favoráveis,
não é exclusividade dos médicos. Tem dentista, advogado, jornalista,
comerciante que, por viver num regime capitalista como o nosso, quer trabalhar
onde possa ganhar mais. E isso, no meu entender, não é crime nem é ser contra
ninguém. Pergunte a um jornalista que trabalha num grande veículo de comunicação,
se ele trocaria seu emprego por um trabalho social num pequeno e pobre município
onde ganhasse bem menos. Ou se, ao sair da faculdade, gostaria de ficar na
Capital, ganhando um salário bom, ou morar em uma cidade que lhe pagasse pouco
e não lhe permitisse progredir na profissão? Tudo pelo social!
Por fim, gostaria de saber, com toda a sinceridade e
honestidade, os motivos pelos quais os médicos cubanos foram dispensados da
revalidação do diploma? Acho que, neste caso, alguém não está querendo correr o
risco de não ser aprovado.
Vamos combinar que, no caso dos profissionais cubanos, é
muita explicação. Mesmo assim, contrariando a burrice de alguns, quero
esclarecer que não sou contra a vinda de ninguém como não sou contra o direito
de quem não quer fazer o que os “funcionários públicos cubanos” vieram fazer
aqui.
Pedindo a proteção de Deus, desejo a todos um Bom Dia!