SP tem noite de caos, com
ataque à Prefeitura, saques, 2 feridos e 47 presos
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Foto: Agência Estado |
"Quebrar, quebrar é melhor pra se
manifestar". O grito de guerra do grupo que tentou invadir a Prefeitura de
São Paulo na noite de terça-feira, 18, ferindo dois guardas-civis municipais,
marcou o sexto ato contra a tarifa de ônibus, que começou de forma pacífica e
terminou com o retorno da Tropa de Choque à cena e pelo menos 47 presos.
Cinco dias depois do protesto mais violento até agora, uma nova
manifestação terminou, pela primeira vez, com lojas saqueadas no centro (pelo
menos 20) e o Teatro Municipal pichado. Depois da concentração na Praça da Sé,
os manifestantes se dividiram em dois grupos. O primeiro seguiu para a Avenida
Paulista, novamente interditada. Até a meia-noite, o clima era de
tranquilidade. Depois, um grupo de mascarados vindo do centro ateou fogo a um
painel da Copa e atirou pedras na polícia.
Já no grupo que seguiu para o Viaduto do Chá a tensão era total: houve
tentativa de arrombamento do Edifício Matarazzo (sede do governo municipal),
vidraças foram quebradas e a fachada, pichada, sob gritos de "sem
moralismo". Na sequência, o grupo colocou fogo em uma cabine da PM e em um
furgão da Rede Record, por volta das 20h. Tudo isso a cerca de 150 metros da
sede da Secretaria da Segurança Pública do Estado. Só após o vandalismo os
bombeiros seguiram para o ponto atacado. Não havia PMs na área.
Uma das justificativas para a mudança de cenário é a atuação dos
chamados Black Blocks, a "Tropa de Choque anarquista" do movimento.
Irritado com a face "classe média" que o protesto começou a tomar, o
grupo partiu para invasão, vandalismo e depredação. Já a demora de três horas
para a reação policial foi considerada estratégica - a ação só ocorreu após
determinação do governador Geraldo Alckmin, e quando havia certeza de ação
criminosa.
Duas horas antes, enquanto o grupo de manifestantes atacava a sede de
governo - com secretários municipais fechados em uma sala de situação -, o
prefeito estava reunido com a presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente
Lula. A ideia era buscar uma saída política. À noite, um grupo de manifestantes
do Passe Livre decidiu protestar na frente da casa do prefeito, no Paraíso,
zona sul.
Novo ato está marcado para esta quinta-feira
O sétimo protesto organizado pelo Movimento Passe Livre está marcado
para esta quinta-feira, 20, às 17h, na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista,
na altura da Rua da Consolação. No discurso de chamamento à população, o
movimento diz que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando
Haddad (PT) têm ignorado a pressão popular.
Na chamada, os líderes do movimento dizem que São Paulo vive dias de
revolta popular. Eles comentam que os protestos se espalharam por várias
regiões da cidade, como Cidade Dutra e Raposo Tavares. “O tamanho das últimas
manifestações e a radicalidade assumida pelos manifestantes em episódios como
os que ocorreram nessa terça em frente à Prefeitura e segunda em frente ao
Palácio do Governo só evidenciam o caráter insustentável da opção de Alckmin e
Haddad pela intransigência”, diz o texto. (Agência Estado)