Alguém está errado
Comentário do jornalista Érico Valduga, publicado em seu
blog Periscópio, nesta segunda-feira.
Um
petista está enganado, ou Dona Dilma ou o dr.Tarso
Na inevitável
questão das privatizações de serviços públicos, a presidente obriga-se ao
pragmatismo, o governador continua no velho atraso marxista
PRESSIONADA PELO “PIBINHO” do primeiro trimestre, 0,6%, que se
sucedeu ao também miserável índice de 0,9% do ano passado, a chefe do Executivo
imperial “progressista” do país obrigou-se a reagir, como indicam informações
vazadas à imprensa por “auxiliares” da presidente, na semana passada. De que
forma Dona Dilma, no terceiro ano de mandato, escolheu solucionar a falta de
vitalidade da economia brasileira – esgotada a via do consumo cujo estímulo
endividou metade da sociedade -, o crescente descontrole da inflação, e, muito
pior, põe em risco a sua pretendida reeleição em 2014?
DA ÚNICA FORMA que lhe resta, já iniciada em portos e aeroportos, que ela, seu
antecessor e padrinho, e seu partido, não apenas renegaram por uma década, como
criminalizaram pela via político-eleitora: privatizações na infraestrutura dos
serviços públicos. Quando setembro vier, a economista que nos governa deseja
que estejam em plena execução, sob chicote, se necessário, investimentos
privados nacionais e internacionais em concessões no montante de RS 489
bilhões, por ora. O valor equivale-se a quase um terço do Orçamento da União
deste ano, R$ 1.6 trilhão, descontados os R$ 655 bilhões do financiamento da
dívida pública.
POIS BEM, ENQUANTO ISTO, o que faz o governo “progressista” do nosso Estado?
Anda no caminho inverso, na contramão, e na mesma semana passada, em
Farroupilha, o governador Tarso Genro soltou mais foguetes pela estatização dos
pedágios nas rodovias. O poderoso governo federal, que abocanha cerca de 65% da
receita tributária nacional, concede rodovias porque não tem recursos para
nelas investir, ao passo que o endividado governo gaúcho, que deve 216% da sua
receita orçamentária, o maior percentual entre todos os estados, estatiza o
mesmo serviço.
NÃO CONTENTE EM NADAR de poncho contra a correnteza, uma especialidade
farroupilha, vai mais longe na mistificação de cunho ideológico, ao afirmar que
“nós não temos nada contra a parceria público-privada, mas ela tem de trazer
retorno e priorizar o aspecto público”. Não trarão retorno as parcerias,
eufemismo para privatização, empreendidas em escala bilionária por Dona Dilma,
que não estariam priorizando o aspecto público? Quem sabe o dr.Tarso diz isto
para ela, de maneira franca e transparente, para que ouçamos a resposta. Um dos
dois está enganado, prezados leitores, e podemos desconfiar qual seja.