CFM quer que médicos de planos
cobrem consultas
O presidente do Conselho Federal de
Medicina (CFM), Roberto D’Ávila, quer que médicos de planos de saúde passem a
cobrar seus pacientes pelas consultas.
Dessa forma, ele explica, os
profissionais se desvinculariam dos convênios para esse tipo de atendimento e o
credenciamento passaria a valer apenas para outros procedimentos. A estratégia,
uma forma de driblar os baixos honorários pagos pelas operadoras, porém, teria
uma limitação: não poderia ser adotada por profissionais que atendessem nos
hospitais dos planos de saúde ou por médicos contratados. O tema ainda não foi
discutido entre integrantes do colegiado. “Mas estou divulgando a ideia. Meu
sonho é que isso seja feito o mais brevemente possível”, diz.
D’Ávila considera um equívoco
médicos aceitarem receber de 30 a 40 reais dos planos de saúde por consulta e,
no atendimento particular, cobrar pelo menos 150 reais.
Resposta — Arlindo Almeida,
presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que reúne
as principais operadoras de planos de saúde, afirmou que médicos estão livres
para pedir o desligamento do plano de saúde. “Ninguém os obriga a manter a
ligação com a operadora”, afirma. Ele diz não temer que, com a recomendação,
haja um descredenciamento em bloco. “A fila de médicos querendo entrar nos
planos de saúde é certamente muito maior do que aquela de profissionais que
pensam em se descredenciar. Seria mais correto eles adotarem essa medida do que
organizarem suspensões temporárias de atendimento, como estão fazendo.”
Para Joana Cruz, advogada do
Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), médicos têm o direito de se
descredenciar do plano a qualquer tempo. Ela avalia, no entanto, que a
estratégia sugerida pelo presidente do CFM deixa evidente a turbulência nas
relações entre operadoras e médicos. “A reivindicação da classe é justa. O
problema é que consumidores estão arriscados a pagar um alto preço por esse
embate.”
A sugestão apresentada pelo
presidente do CFM, de que pacientes peçam o reembolso do valor da consulta às operadoras,
não se aplica a todos os consumidores, observa. “Isso vale somente para quem
tem planos de livre escolha. Os demais terão de ser atendidos por médicos de
uma rede ofertada pelas operadoras.”
Em nota, a ANS afirmou que sua
missão é regular as operadoras e fiscalizar os planos. “As operadoras são
obrigadas a oferecer consultas aos beneficiários.” (Agência Estado)