quinta-feira, 7 de junho de 2018

➤PF pediu, mas...

Fachin nega quebra de sigilo de Temer


O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu não atender ao pedido da Polícia Federal de quebrar o sigilo telefônico do presidente Michel Temer no âmbito de um inquérito instaurado com base na delação da Odebrecht.

Fachin determinou a quebra do sigilo telefônico dos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha (MDB), e de Minas e Energia, Moreira Franco (MDB), alvos da mesma investigação. A decisão de Fachin é sigilosa, mas foi confirmada pelo Broadcast Político por fontes com acesso à investigação.

A investigação foi aberta para apurar relatos de delatores da empreiteira sobre suposto pagamento de R$ 10 milhões em doações ilícitas para campanhas do MDB em troca de favorecimento da empresa. O acordo, segundo a delação, foi firmado durante reunião no Palácio do Jaburu em 2014, quando Temer era vice-presidente.

O pedido de quebra de sigilo da PF, feito em março ao Supremo, abrange o período de 2014, quando teriam ocorrido os repasses por meio de operadores da empreiteira.

A quebra de sigilo telefônico não possibilita a recuperação do conteúdo das conversas, mas consegue identificar os horários e para quem foram feitas ligações do número do presidente e de seus aliados. O objetivo desse tipo de medida é mapear se os investigados se comunicaram na época em que, segundo os delatores, teria havido a negociação.

A PF também pediu a quebra do sigilo telefônico de operadores da empreiteira que teriam realizado as supostas entregas do dinheiro. No caso dos R$ 10 milhões, segundo a Odebrecht repassados ao grupo político de Temer, as entregas teriam sido feitas por um operador do Rio Grande do Sul e no escritório do amigo e ex-assessor de Temer, o advogado José Yunes.

Portos. No início de março, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Temer no inquérito que investiga suspeitas de irregularidades na edição do chamado Decreto dos Portos, assinado por ele em maio de 2017.

A decisão de Barroso atendeu a um pedido do delegado da PF Cleyber Malta, responsável pelo inquérito. O delegado reiterou a necessidade da quebra de sigilo e disse que a medida era imprescindível. Segundo ele, sem o acesso aos dados bancários, não seria possível alcançar a finalidade da investigação.

A quebra de sigilo bancário no caso dos Portos abrange o período entre 2013 e 2017. A solicitação feita pelo delegado, em dezembro do ano passado, diverge do pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que solicitou quebras de sigilo no inquérito dos Portos, mas não incluiu Temer.

Agência Estado

➤Imposto de Renda

Consulta à restituição abre nesta sexta-feira

A Receita Federal abrirá nesta sexta-feira (8) a consulta ao primeiro lote de restituições do Imposto de Renda deste ano. O pagamento está previsto para a sexta-feira da semana que vem (15). Segundo a Receita, o valor total das restituições é de R$ 4,8 bilhões.

Neste primeiro lote, recebem a devolução do imposto pago a mais os contribuintes considerados prioritários. É o caso de idosos e pessoas com deficiências ou doenças graves. A Receita ainda não divulgou qual será o índice de correção aplicado sobre os valores.

Os valores são atualizados com base na Selic (taxa básica de juros).Os professores que têm no magistério a principal fonte de renda também são considerados prioritários, mas de modo secundário.

Os idosos que não entrarem nesse lote de restituição devem consultar a situação da declaração do Imposto de Renda, pois há chances de terem caído na malha fina. Quanto antes os erros forem corrigidos, maiores são as possibilidades de o contribuinte entrar no próximo lote. O erro mais comum na malha fina é a omissão de rendimento.

Esse tipo de falha ocorre, por exemplo, com o aposentado que tem um imóvel alugado. A restituição do IR é, na prática, a devolução do imposto pago a mais pelos contribuintes. Na maioria dos casos, o imposto é retido na fonte, pela empresa ou pelo INSS.

Com as deduções permitidas, o imposto cai e a restituição sobe."No presente lote, receberão a restituição (...) 228.921 contribuintes idosos acima de 80 anos, 2.100.461 contribuintes entre 60 e 79 anos e 153.256 contribuintes com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave", diz a Receita Federal. 

➤Ricardo Noblat

Rodrigo Maia não acredita em
Alckmin e descarta apoio a Ciro

Sem dinheiro para manter sua candidatura até o final de julho próximo, e sem votos para levá-la adiante e disputar o primeiro turno da eleição presidencial, o deputado Rodrigo Maia (DEM) está em busca de um nome para apostar nele suas fichas.

Descarta Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (REDE). Descarta Jair Bolsonaro (PSL). Seria capaz de apostar em Geraldo Alckmin (PSDB), mas acha que ele não chegará lá. Simpatiza com Álvaro Dias (PODEMOS). Observa com curiosidade Josué Gomes (PR).

Josué é filho de José Alencar que por duas vezes foi vice de Lula. Foi o ex-presidente que o aconselhou a filiar-se ao PR do ex-mensaleiro Valdemar Costa Neto. O PR encomendou uma pesquisa para avaliar as chances de Josué disputar a vaga de Temer.

Portal VEJA

➤Blog BR 18


Carvalhosa critica apuração secreta do voto
O jurista Modesto Carvalhosa, ferrenho defensor do voto impresso, criticou a apuração secreta dos votos no Brasil. Em entrevista à Rádio Eldorado, ele afirma que o registro em papel dificultaria a fraude porque ajudaria a manter um registro de cada eleitor.
Na entrevista, Carvalhosa ainda falou do pedido de impeachment que protocolou contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. “É uma pessoa indigna de figurar em um tribunal”, disse, citando ainda que considera que ações de Gilmar saem da esfera dos crimes de responsabilidade e podem ser consideradas crimes comuns.


Bolsonaro não participará de sabatina
Jair Bolsonaro, pré-candidato à Presidência pelo PSL, avisou que não participará da sabatina promovida pelo UOL em parceria com a Folha de S. Paulo e o SBT. Ao UOL, Bolsonaro alegou problemas de agenda.
O site afirma que convidou os seis postulantes ao Planalto mais bem colocados na última pesquisa Datafolha (Alvaro Dias, o sétimo, foi chamado porque Lula está preso) e ofereceu diversas opções de datas. Já foram sabatinados Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede).



PT disputa o PSB contra avanço de Ciro
Sob o risco de não ser a força hegemônica da esquerda da disputa presidencial de outubro, o PT disputa o apoio do PSB contra o avanço da candidatura de Ciro Gomes (PDT).
Na reunião entre Gleisi Hoffmann, Paulo Câmara (PSB) e o presidente do PSB, Carlos Siqueira, na terça, 5, o PT adiou a definição das candidaturas estaduais e nacional do partido. PT e PSB negociam apoios mútuos em 11 Estados (PE, MG, BA, CE, AP, AM, PB, AC, PI, ES e RO), informa Ricardo Galhardo do Estadão.


Steinbruch livre para eleição
Além de Guilherme Afif Domingos e Paulo Skaf, Benjamin Steinbruch também pediu licença do emprego nesta quarta-feira, 6. O Painel, da Folha, revela que o vice-presidente da Fiesp entregou uma carta à entidade comunicando seu afastamento temporário do cargo.
Assim, Steinbruch respeita a regra da desincompatibilização e pode concorrer a um posto nas eleições de outubro. O empresário é cotado para ser vice de Ciro Gomes.


Soluções ou confusão?
As supostas saídas que o governo encontrou para negociar com os caminhoneiros e acabar com a greve terminaram em uma enorme confusão, opina Carlos Alberto Sardenberg em coluna no jornal O Globo.
O colunista esclarece que é impossível fiscalizar o preço do diesel nos mais de 38 mil postos no País e que a tabela de cálculo do preço do frete tem diversas falhas que ainda podem resultar em custos extras para produtores e consumidores. “Vamos falar francamente: não existe a menor possibilidade de o governo federal conseguir cumprir as duas medidas principais que prometeu aos caminhoneiros e empresas de transporte.”


‘As pessoas sabem quem é quem no jogo do bicho’

Marina Silva diz que a eleição de 2018 será diferente da de 2014 pela possibilidade de que não haja mais desconstrução de candidaturas com base em fake news.
“Agora as pessoas já sabem que é quem no jogo do bicho”, afirmou em entrevista ao vivo no Jornal da Manhã da rádio Jovem Pan.



O que querem Alckmin e Ciro
Geraldo Alckmin e Ciro Gomes elegeram Jair Bolsonaro como alvo preferencial, mas com estratégias distintas. Em sua coluna na Folha, Bruno Boghossian mostra que o tucano mira o líder nas pesquisas porque precisa retomar parte do eleitorado conservador que ele possui. Já o pedetista bate pesado para se consolidar como o antípoda de Bolsonaro e ir ao segundo turno com ele.
“A estratégia e a estridência de Ciro só fazem sentido porque a disputa deste ano parece favorecer candidatos com discursos duros e sem travas, ainda que soem violentos”, escreve.

Publicado no portal do Jornal Estado de São Paulo em 07/06/2018

➤William Waack

Linha do tempo

Mesmo com tamanha imprevisibilidade sobre as eleições de outubro já sabemos algo sobre o que vem por aí, e não é pouco. Vamos do mais próximo ao mais distante na linha do tempo.

Uma candidatura única do centro é dúvida ainda para o clássico, mas a aproximação do deadline de julho apressa conversas sem que ainda se tenham nomes claros fora o do ex-governador Geraldo Alckmin, com dificuldades mesmo dentro do partido que preside. Perduram os vaticínios de que a candidatura de Jair Bolsonaro vai se derreter sozinha, mas a candidatura perdura. Falta pouco para o PT cometer um inédito suicídio político, se insistir em que só Lula é o candidato do partido, mas a beira do abismo costuma infundir medo nas pessoas.

Adoro e joguei futebol, mas nunca vi tanto desinteresse por uma Copa como o que registro agora, o que sugere que essa eleição seja inédita por mais um fator (além da curta duração, regras restritas de financiamento, curto tempo de televisão, forte presença de plataformas digitais, máquina do governo encurralada, grau de indignação popular, destruição do sistema político e falta de lideranças genuínas – tudo isso me parece sem comparação com outros pleitos).

Já sabemos também que as dificuldades das candidaturas de “novos” indicam uma predominância do “velho” sistema político eleitoral num choque de proporções enormes com o que parece ser o sentimento popular de rejeição “ao que está aí”, começando pelos figurões das classes políticas. Em outras palavras, já podemos antecipar uma renovação menor do que se deseja nas Casas do Congresso, e eleitos bastante distantes do eleitor.

Prosseguindo na linha do tempo, já parece garantido a esta altura que o próximo presidente, ou a próxima presidente, formará um governo de minoria num sistema político no qual o chefe do Executivo é paradoxalmente muito poderoso – e não governa sem o Congresso. Esse homem (mulher) com uma caneta que aponta diretamente mais de 30 mil cargos terá de costurar uma maioria precária diante de uma crise fiscal que já paralisou a máquina (incapaz de se custear) e reduziu a quase nada a capacidade de investimentos, tudo agravado pela voracidade de grupos corporativos e a necessidade de adotar medidas impopulares.

É difícil imaginar que uma parcela imensa da sociedade que nem sequer capta exatamente o significado de “dinheiro público” (boa parte das pessoas acha que o dinheiro é do governo) seja acometida de súbita consciência do que é cidadania (direitos e deveres). É igualmente difícil imaginar que a corrupção, enxergada hoje pela maioria dos brasileiros como o principal problema do País (bastaria limpar os corruptos que tudo “funcionaria”, um perigoso engano), deixe sua posição de destaque nas prioridades do eleitor. Talvez seja substituída pela questão da segurança pública – o medo continuará sendo uma característica importante a influenciar o comportamento das pessoas.

Por último na linha do tempo que traço daqui até os primeiros 100 dias do novo governo, já podemos antecipar a continuidade do regime de insegurança jurídica que parte do próprio STF. O exemplo mais recente é a postura de um dos ministros, que se julga apto a reverter anos de discussão sobre um item isolado da reforma trabalhista, a abolição do esdrúxulo imposto sindical, por ter outra opinião a respeito do que as duas Casas do Legislativo. Como o imponderável é sempre característica do terreno da política, especialmente numa crise, aposto às cegas que a politização da Justiça nos trará mais sobressaltos, além do vigoroso prosseguimento da Lava Jato.

Ficarei grato, dormirei melhor e feliz, se os fatos me desmentirem.

Publicado no portal do Jornal Estado de São Paulo em 07/06/2018