A Polícia Federal solicitou ao
Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo telefônico do
presidente Michel Temer (MDB) e dos
ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha (MDB), e de Minas
e Energia, Moreira Franco (MDB). O pedido
foi no âmbito do inquérito aberto a partir das delações premiadas da Odebrecht para apurar um suposto
repasse de 10 milhões de reais da empreiteira ao grupo político do presidente,
em 2014. Segundo os delatores, o valor foi combinado em um jantar no Palácio do
Jaburu, residência oficial do então vice-presidente da República, naquele ano.
O ministro Edson Fachin, relator do inquérito que
tramita no STF, será responsável por decidir se acolhe ou não a solicitação da
PF. O pedido do sigilo abrange o período em que teriam ocorrido a reunião e os
repasses por meio de operadores da empreiteira. Caso Fachin atenda ao pedido
dos investigadores, não seria possível recuperar o conteúdo das conversas
do presidente e de seus aliados, mas apenas mapear em qual horário e para quem
foram feitas ligações.
A PF também pediu a
quebra do sigilo telefônico de operadores da empreiteira que dizem ter
realizado as supostas entregas do dinheiro. No caso dos 10 milhões de reais
supostamente repassados ao grupo político do presidente, delatores da Odebrecht
citaram que as entregas foram feitas por um emissário, no Rio Grande do Sul, e
no escritório do amigo e ex-assessor de Temer, o advogado José Yunes, em São Paulo.
Depois de se demitir do
cargo de assessor da Presidência, em fevereiro de 2017, Yunes disse a VEJA que,
a pedido de Eliseu Padilha, recebeu “um pacote” em seu escritório, em setembro
de 2014. “Fui mula involuntário”, afirmou o advogado, amigo de Temer há 50
anos. “Padilha me ligou falando: ‘Yunes, olha, eu poderia pedir para que
uma pessoa deixasse um documento em seu escritório? Depois, outra pessoa vai
pegar’. Eu disse que podia, porque tenho uma relação de partido e convivência
política com ele”, relatou.
Pouco tempo depois, Yunes
estava em seu escritório quando, disse ele, a secretária informou que um homem
chamado “Lúcio” estava ali para deixar um documento. Segundo o advogado,
tratava-se de Lúcio Bolonha Funaro, lobista ligado ao MDB e, particularmente,
ao ex-deputado Eduardo Cunha. Funaro fechou um acordo de delação premiada com a
Procuradoria-Geral da República (PGR), no qual deu detalhes sobre o caminho do
suposto pagamento da Odebrecht aos emedebistas.
Portal VEJA