sexta-feira, 1 de junho de 2018

➤FUTEBOL

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9ª RODADA

SÉRIE A

Sábado – 02/06
16:00
Internacional 0 X 0 Sport – Beira Rio
Atlético MG 3Chapecoense – Independência

19:00
Vasco 1 X 2 Botafogo – São Januário

21:00
Palmeiras 3 X 1 São Paulo – Arena Palmeiras

Domingo – 03/06
16:00
Bahia 0Grêmio – Fonte Nova
América MG 3 X 1 Atlético PR – Independência
Flamengo 1 X 0 Corinthians – Maracanã
Santos 5 X 2 Vitória – Vila Belmiro

19:00
Ceará 0 X 1 Cruzeiro – Castelão

Segunda – 04/06
20:00
Paraná _ X _ Fluminense – Durival Brito

CLASSIFICAÇÃO


SÉRIE B - 8ª RODADA

Terça – 29/05
19:15
São Bento 1 X 1 Figueirense – Walter Ribeiro

21:30
Londrina 3 X 2 Coritiba – Estádio Café

Sexta – 01/06
19:15
Juventude 1 X 0 Guarani – Alfredo Jaconi

20:30
Vila Nova 0 X 1 CSA – Serra Dourada

21:30
Avaí 0 X 1 Criciúma – Ressacada
Paysandu 2 X 0 Boa Esporte – Curuzu

Sábado – 02/06
16:30
Fortaleza 1 X 0 S. Corrêa – Castelão
Atlético GO ­­1 X 3 Goias – Olímpico
CRB 1 X 1 Brasil – Rei Pelé

19:00
Ponte Preta 1 X 1 Oeste – Moisés Lucarelli

CLASSIFICAÇÃO


➤Carlos José Marques*

Arruaceiros no ataque


Dominou o Brasil por esses dias a turma do “quanto pior, melhor”. Não eram mais, apenas, caminhoneiros ou donos de empresas distribuidoras os envolvidos nos protestos. Não se tratava mais de uma mera greve setorial a reclamar um escopo de medidas – muitas delas legítimas, diga-se de passagem. Até porque, na integralidade, as reivindicações foram atendidas de pronto, mesmo a um custo penoso e arriscado para os cofres públicos. Infiltrados, no avanço do movimento que de fato paralisou o País, viram a oportunidade de instalar o caos, em proveito próprio. Baderneiros tomaram conta, assumiram os bloqueios, coagindo, ameaçando e atacando motoristas que inicialmente engajaram-se na causa dos transportes para depois virarem reféns, também eles, de uma pauta difusa de exigências, que chegava ao despautério de pregar a intervenção militar. De partidos políticos a agentes de algumas organizações sociais, muitas delas atuando na marginalidade, surfaram na onda. Bandidos sem a menor responsabilidade ou senso de dever para com o País e o próximo. Havia de tudo um pouco. Oportunistas a granel. Petroleiros que já contam com um acordo salarial em vigor até o ano que vem acharam por bem, da noite para o dia, cruzar os braços a despeito do veto estabelecido pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), que considerou ilegal a mobilização por carregar claros sinais de motivação político-ideológica. Nem a multa diária de R$ 500 mil no caso de descumprimento da liminar inibiu os articuladores. No limite do devaneio eles pediam a queda do presidente da estatal Petrobras, Pedro Parente, e pregavam a cantilena de “Lula livre” como saída para solucionar os dissabores. Eis o tamanho da inconsequência dessa turma, que age com um grau de chantagem sem precedentes. Imaginá-la no poder, de novo, aparelhando o Estado para práticas criminosas a torto e a direito seria um pesadelo. No festival de provocações, como numa espécie de terra de ninguém, cada um tirava sua casquinha. Motoristas de vans e motoboys entraram no embalo da baderna. No pano de fundo do cenário de caos, que atingiu um nível inaceitável e generalizado, despontava a fragilidade do governo. Ele demorou a negociar e quando sentou à mesa já era tarde. Não contava com margem de manobra. Com as estradas bloqueadas não havia muito o que fazer. Concedeu e atendeu sem ressalvas às demandas. A crise de representatividade se instalou. Não apenas por parte das autoridades. Mesmo os sindicatos de classe demonstravam não comandar seus filiados e os desdobramentos da mobilização. A interlocução ficou quase nula. O Congresso batia cabeça. A Justiça não se mexia. A ausência de líderes lúcidos piorava o quadro. Com o exército e a polícia nas ruas, os brasileiros assistiram atônitos aos impactos insuportáveis da anarquia, clamando por salvadores da pátria. Mais de 70 milhões de aves morreram por falta de ração. Nada menos que um milhão de toneladas de comida foram jogadas na lata do lixo. Apodreceram nos caminhões ou nos galpões das empresas por falta de escoamento. Dá para se aceitar tamanho desperdício diante da fome que se espalha como praga mundial? Produtores, chorando, surgiram na TV contabilizando as perdas. No Porto de Santos, o maior do País, cerca de 18 mil containers de carga restaram parados com prejuízos estimados em R$ 600 milhões. Remédios tiveram de ser transportados por homens da Força Aérea e do Exército. Quase 300 militares assumiram a direção de caminhões pelas estradas. Nos hospitais em São Paulo, cirurgias de emergência como transplantes de fígado, retirada de miomas e colocação de stents foram suspensas por absoluta falta de produtos. A esculhambação geral tinha rostos distintos. Agromilicianos entraram em campo nas fazendas produtoras para barrar as colheitas. Em vias como a Régis Bittencourt, que liga o sul ao sudeste, manifestantes esvaziavam os pneus dos caminhões e faziam barricadas de fogo para evitar a circulação. Um flagrante deplorável de servidores públicos usando ambulâncias para abastecer carros privados dava o tom da barbárie. Nessa lei da selva, alguns brincaram de golpe. Bombardearam a democracia pedindo a volta do regime dos tanques e botinas. Cair na tentação autoritária é típico de insurgentes que não toleram a força das urnas. Repetir como em um videotape os anos de chumbo da ditadura, que já deitou raízes por essas bandas por mais de duas décadas, é de um descalabro absoluto. Com tamanha estupidez seus mentores agridem a sociedade por tentar tirar dela o direito fundamental de escolha dos governantes. Qualquer democracia, mesmo imperfeita, se conserta com doses cavalares de mais democracia, com maior participação de todos os cidadãos. Quem vivenciou o drama dos porões da repressão sabe que a arma para os problemas de uma nação livre e em sintonia com o mundo é o voto. É muito fácil se pedir a ditadura quando existe democracia, mas a equação contrária não funciona. Há um estado latente de indignação permanente por aqui e é natural, até esperado, que seja assim diante do desarranjo político, econômico e social que vivemos. Mas nada há de substituir o bom-senso e o equilíbrio das ações contra a arruaça praticada por uma minoria que veio ao ataque.

*Chefe editorial da Editora Três

➤Lillian Witte Fibe

Cai ardoroso defensor da Lava Jato

O ex-presidente da Petrobras alertou contra os que trabalham para derrubar a Lava Jato, essa “incomensurável contribuição”.

Em 7 de dezembro, o então presidente da Petrobras alertou para as tentativas de se abortar toda e qualquer investigação contra a corrupção.

Escrevi aqui: “Pedro Parente chama a atenção para os perigos de esvaziamento da Lava Jato, essa “incomensurável contribuição” para que se construa ‘um país muito melhor’”.

Ao receber ontem, em Curitiba, um checão de mais de 600 milhões de reais recuperados durante as investigações (só à Petrobras, o total devolvido até agora beira 1,5 bilhão), ele falou sobre a preocupação, que é de todos nós, com o futuro do combate à corrupção, especialmente agora, em que “certos atores começam a propor iniciativas para tentar constranger os principais protagonistas” da Lava Jato.”

E comparei a biografia dele à de Sérgio Gabrielli, que presidiu a Petrobras nos governos Lula e Dilma, já colecionava três condenações, e acabava de ter os bens bloqueados. 

Publicado no portal da Revista VEJA em 01/06/2018

➤Blog BR 18


O que a queda de Parente revela sobre o Brasil
A saída de Pedro Parente da Petrobrás é um sinal do quanto o capitalismo no Brasil é mal compreendido, do populismo que impera na arena política e da enorme resistência existente na própria sociedade para colocar o País nos eixos. Mais que tudo, no momento, ela amplifica as dúvidas e as preocupações sobre o futuro reservado ao País, com as escolhas que faremos nas eleições de outubro.
Parente caiu não por seus eventuais erros, mas por seus acertos. Executivo tarimbado, ele reergueu a Petrobrás dos saques feitos pelo PT e por seus aliados. Procurou administrá-la como empresa privada, de olho nos resultados, sem ceder a pressões políticas e sem fazer demagogia com os preços dos combustíveis. A blindagem que promoveu contra a pilhagem dos políticos e o uso da Petrobrás como ferramenta de política econômica, provocou a ira das esquerdas e da direita pitbull, que realizaram  um verdadeiro massacre contra ele nos últimos dias nas redes sociais. Pior para o Brasil. / José Fucs


‘Nem tanto ao mar, nem tanto à terra’
No Congresso, os políticos da base governista reconhecem o trabalho de Pedro Parente no processo de recuperação da empresa. Mas não poupam sua falta de “sensibilidade” em relação ao preço dos combustíveis.
“Ele deixa marcas importantes: não lhe falta competência, nem credibilidade. Não faltou gestão, mas, sensibilidade para entender o  momento pelo qual o Brasil atravessa, e fazer da Petrobras um instrumento de desenvolvimento e justiça social, também atribuições da Estatal. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra: nem os preços subsidiados do passado, mas jamais a liberdade total de preço, sem sintonia com os números da economia – inflação e juros baixos, num período de recessão”, afirmou a líder do MDB no Senado, Simone Tebet 


Oposição comemora saída
Como era previsível, os partidos de oposição festejaram a saída de Pedro Parente do comando da Petrobras. A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), aproveitou para criticar toda a política do governo.
“Não basta trocar o entreguista Pedro Parente na Presidência da Petrobras. Tem de mudar sua política de preços para os combustíveis e a ofensiva privatista na empresa e na entrega do pré-sal. Tem de recuperar a Petrobrás para o Brasil e para os brasileiros”, atacou.



Na Bolsa, Petrobrás despenca e BRF dispara
A reação do mercado financeiro não deixa dúvidas sobre o significado da saída de Pedro Parente da Petrobrás.
No momento, às 13h15 desta sexta-feira, dia 1º, as ações da Petrobrás na Bolsa de Valores de São Paulo, estão em queda de 16,07%. Enquanto isso, os papéis da BRF, a empresa que Parente deverá comandar a partir de agora, estão em alta de 8,2%. Precisa desenhar?


Hartung: ‘saída é negativa para o Brasil’
O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, achou “negativa” a saída de Pedro Parente do comando da Petrobrás. “Pedro Parente foi levado à presidência da empresa no pior momento da história da Petrobras e liderou seu bem sucedido processo  de recuperação”, disse.
“O pedido de demissão dele é compreensível em face da problemática conjuntura que vive o País, mas tenho certeza que a sua saída é negativa para a Petrobras e para o Brasil”, acrescentou. 



Trombones do PT na cultura aderem a Boulos
Esquerda volver: com o provável impedimento de Lula participar das eleições, inúmeros trombones da esquerda no mundo artístico, cultural, esportivo e acadêmico, que sempre foram ligados ao PT, estão migrando para o PSOL e apoiando Boulos, o comandante do MTST, a organização que invade propriedades privadas e é acusada de cobrar taxas ilegais dos invasores depois.
Fazem parte da lista, segundo o site Jornal da Cidade Online,  Sônia Braga, Letícia Sabatella, Wagner Moura, Paulo Betti, Bruno Mazzeo, Gregório Duvivier, o cartunista Laerte Coutinho, a produtora Paula Lavigne, o filósofo Vladimir Safatle, o sociólogo Chico Oliveira, a ex-nadadora Joanna Maranhão e a cantora Maria Gadú. Outros devem optar por Ciro, como Caetano Veloso, Manuela e até Marina.


Publicado no portal do Jornal Estado de São Paulo dia 01/06/2018 

➤Crise

Presidente da Petrobrás pede demissão


A Petrobrás anuncia a demissão do presidente Pedro Parente na manhã desta sexta-feira, 1º. O executivo está em reunião com o presidente da República Michel Temer neste momento, no Palácio do Planalto. O encontro ocorre após o governo lançar medidas com custo de R$ 13,5 bilhões para baixar o preço do diesel e ajudar a encerrar a greve dos caminhoneiros.

Em fato relevante, a companhia informa que a nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração ao longo desta sexta-feira, e que a composição dos demais membros da diretoria executiva não sofrerá qualquer alteração.

Na última sexta-feira, 25, presidente da Petrobrás negou que tenha tido qualquer intenção de entregar o cargo. O executivo mantém o mesmo posicionamento frente à necessidade de continuidade da atual política de preços dos combustíveis da estatal.

Agência Estado

➤Cartão de Crédito

Novas regras começam a valer nesta sexta


Começam a valer nesta sexta-feira (1º) as novas regras para o cartão de crédito. As medidas foram aprovadas no fim de abril pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e buscam diminuir as taxas de juros cobradas nessa modalidade de crédito.

A principal mudança foi o fim da regra que fixava o pagamento mínimo das faturas em 15% do valor total. A partir de agora, cada banco ou empresa (lojistas e empresas de seguro, por exemplo, que também emitem cartões) poderá definir um percentual de pagamento mínimo para cada cliente, de acordo com o perfil dele e relacionamento com a instituição.

Também acabou a possibilidade de cobrança de duas taxas de juros diferentes para quem deixa de pagar a fatura total: a do rotativo "regular" e a do rotativo "não regular".

Os juros do rotativo regular, mais baixos, são cobrados daqueles clientes que quitam pelo menos o pagamento mínimo de uma fatura. Já os juros do rotativo não regular, mais altos, são aplicados pelos bancos àqueles clientes que pagam menos que o mínimo ou não pagam a fatura, e ficam inadimplentes.

De acordo com o Banco Central, no mês de março a taxa média do rotativo regular foi de 10,8% ao mês e a do rotativo não regular, de 14,3% ao mês.

A partir de agora, os bancos poderão cobrar apenas uma taxa, a do rotativo regular, definida em contrato. Em caso de inadimplência, o CMN autorizou ainda a aplicação de juros de mora e multa.

Especialistas ouvidos pelo G1, porém, acreditam que o efeito das alterações para baixar os juros será limitado.

As novas regras foram anunciadas um ano após o governo divulgar as primeiras mudanças nas normas para uso dos cartões. Na época, a principal medida foi o fim da possibilidade de os consumidores pagarem o valor mínimo das faturas por vários meses seguidos.

Desde então, é possível entrar no rotativo apenas em um mês. No mês seguinte, o cliente é obrigado a pagar o saldo total da fatura. Caso não consiga, o banco é obrigado a oferecer a ele o parcelamento do débito em linhas de crédito com juros mais baixos que os do cartão.

Veja perguntas e respostas sobre as regras do cartão de crédito:

Pagamento mínimo

Como é hoje - Existe a previsão de um pagamento mínimo, fixado em 15% do valor da fatura, que os clientes precisam quitar para não serem considerados inadimplentes.

Como fica – Instituições financeiras vão ter liberdade para definir o percentual do pagamento mínimo, que pode inclusive ser diferente para cada cliente.

Rotativo e juros

Como é hoje – Clientes que não quitam o total da fatura, mas pagam pelo menos o valor mínimo, entram no chamado rotativo regular, com juros mais baixos. Quem pagam menos que o mínimo ou não paga a fatura, entra no chamado rotativo não regular, com juros mais altos.

Como fica – Instituições ficam proibidas de praticar duas taxas diferentes e terão que cobrar os juros do rotativo regular, tanto para o cliente que pagou o mínimo da fatura quanto para aquele que não pagou nada.
Entretanto, no caso dos inadimplentes (que pagaram menos que o mínimo ou não pagaram a fatura), as instituições vão poder cobrar multa (2%, paga uma única vez) e juros de mora (limitado a 1% ao mês).

Acesso a crédito mais barato

Como é hoje – Os clientes só podem pagar o valor mínimo da fatura e usar o rotativo por um mês. No mês seguinte, são obrigados a pagar a fatura total, ou seja, não podem continuar pagando apenas o valor mínimo. No caso das pessoas que não conseguem quitar o valor total após entrarem no rotativo, os bancos são obrigados a parcelar o valor em uma linha de crédito diferente do cartão, com juros mais baixos.

Como fica – Regra continua valendo sem alteração.

Portal G1

➤Registros sindicais

Ministério do Trabalho suspende concessão


O Ministério do Trabalho suspendeu, por 30 dias, todas as "análises, publicações de pedidos, publicações de deferimento e cancelamentos" de registros sindicais na pasta. A decisão foi publicada na edição desta sexta-feira (1º) do "Diário Oficial da União".

Na última quarta (30), a Polícia Federal deflagrou uma operação para desarticular suposta organização criminosa integrada por políticos e servidores que teria cometido fraudes na concessão de registros de sindicatos pela pasta.

Segundo as investigações da Polícia Federal:

- os registros de entidades sindicais no ministério eram obtidos mediante pagamento de vantagens indevidas;

 - não era respeitada a ordem de chegada dos pedidos ao ministério;

- a prioridade era dada a pedidos intermediados por políticos;

- a operação apontou um "loteamento" de cargos do Ministério do Trabalho entre os partidos PTB e Solidariedade.

De acordo com a portaria publicada nesta sexta, o secretário de Relações do Trabalho, Eduardo Anastasi, determinou que em um prazo de 10 dias sejam levantadas as informações sobre todos os processos relacionados à concessão ou ao cancelamento de registros sindicais na pasta.

Ele também solicitou que seja disponibilizada uma lista com todas as cartas sindicais emitidas ou recusadas nos últimos 30 dias com o número de processo de cada uma delas.

Agência Estado

➤Merval Pereira

Sem substituto

A frase, atribuída a Lula e não desmentida, que define o candidato do PDT à presidência da República Ciro Gomes como “um bom quadro, mas não um líder”, é exemplar do tipo de liderança que o ex-presidente exerce no Partido dos Trabalhadores.

Mais que isso, mostra como ele persiste na ação de não deixar que uma nova liderança de esquerda surja à sua sombra, muito menos fora do PT. O “sapo barbudo” engoliu seu principal concorrente, Leonel Brizola, autor do apelido, transformando-o em seu vice em 1998 para depois descartá-lo, assumindo a liderança da esquerda brasileira sem concorrentes de peso.

Essa é uma das razões porque Lula hoje não quer que Ciro seja a alternativa à sua candidatura. Confirmando que se trata mesmo de uma “metamorfose ambulante”, Lula volta ao principismo das origens do PT. Essa expressão vem do início dos anos 80 do século passado, quando se discutia a criação do Partido dos Trabalhadores.

Na impossibilidade de encontrar definições que agradassem às várias tendências e grupos internos, a estratégia do partido acabou sendo subordinada ao que chamam de "principismo", uma série de princípios gerais supostamente de esquerda que poderiam ser adotados por qualquer corrente sem constrangimentos.

Em nome desse "principismo", por exemplo, o PT se recusou durante muito tempo a fazer acordos, ou a participar de alianças partidárias. Não aceitou entrar na frente oposicionista, inclusive no governo de transição de Itamar Franco, após a queda de Collor; o que o próprio Lula já reconheceu ter sido um grave erro do partido. Também não assinou a Constituição de 1988.

No governo, Lula admitiu que mudou de opinião alegando ser "um ser humano". Isso aconteceu por volta de 2008, antes, portanto, que se transformasse em “uma ideia”, como se definiu na despedida do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, antes de ir para a cadeia.

 Na versão pragmática de Lula, "não se governa com principismo". Assumindo uma posição política que poderia ser vista como cínica, Lula passou a ensinar que "principismo você faz no partido, quando pensa que não vai ganhar nunca as eleições. Quando vira governo, governa em função da realidade que tem".

Lula, farejando que o poder estava a seu alcance em 2002, já havia derrubado esse "principismo" quando exigiu a formação de uma aliança política com a direita, dando a vice-presidência para o empresário José Alencar. Foi também mandando o "principismo" às favas que Lula contratou para a sua campanha o marqueteiro Duda Mendonça, que fora o estrategista das campanhas de ninguém menos que Paulo Maluf.

Ao estimular a ideia de que ainda pode vir a ser candidato, ele garante o único trunfo que lhe resta, e ainda incentiva o PT a alimentar a ilusão de que, em caso de confirmação de seu impedimento – dúvida que só existe para prolongar a aparência de que ainda não acabou - o candidato substituto será um puro sangue petista e não, como rejeitavam na ocasião algumas correntes internas, uma outra Dilma Rousseff, de origens brizolistas.

Apesar de tudo, Lula escolheu Dilma porque pensava que poderia manipulá-la e, mais que isso, queria voltar na sua sucessão em 2014. Não contava com a astúcia dilmista, que se segurou na cadeira presidencial sem lhe dar alternativas. O poder, como se sabe, é o maior afrodisíaco, e Dilma partiu para seu calvário sem deixar que o grande líder a substituísse.

Agora, quando tiver que indicar seu substituto, escolherá dentro do PT quem não lhe faça sombra. Depois de ter demolido Brizola, a última coisa que Lula quer é fortalecer o PDT e dar condições a outro líder popular de esquerda de assumir seu lugar.

Assim como no caso de Dilma, para sorte de quem não comunga com suas ideias, estará cometendo mais uma vez um erro político por egocentrismo, pois a esta altura nada garante que transfira parte de seus votos presumíveis a um petista de raiz desconhecido do eleitorado.

Ciro Gomes seria a alternativa mais viável para a esquerda, mas Lula não quer que ele passe de um simples “quadro” partidário e se transforme em um líder.

 Publicado no portal do Jornal O Globo em 01/06/2018

➤OPINIÃO

Nem golpe nem Venezuela

Eliane Cantanhêde

A bandeira da “intervenção militar já” é mais nociva do que o refrão “o Brasil vai virar uma Venezuela”. Nenhuma das duas coisas vai acontecer, mas pregar a ditadura é grave e perigoso, enquanto falar em venezuelização é apenas marketing leviano. Logo, uma mobiliza desmentidos e esconjuros até das Forças Armadas, enquanto a outra não passa de papo de botequim.

A paralisação dos caminheiros sacudiu o governo, acionou o Legislativo e o Judiciário e deixou um rastro de prejuízos bilionários, mas ensinou duas lições: 1) diferentemente do que ocorre na Venezuela, as crises são pontuais, enfrentadas por instituições sólidas e solucionadas; 2) a insatisfação é generalizada, inclusive nos meios militares, mas não há lideranças dispostas a transformar o caos em inferno. 

Os radicais são ruidosos, muitas vezes ruinosos, mas são sempre minoria. Têm força para aproveitar uma paralisação com motivos justos para fazer um movimento político sem pé nem cabeça e com pedradas contra os que se dão por satisfeitos e só pensam em voltar para casa com o troféu – e as vantagens – da vitória. 

Diante dos gatos pingados que pedem “intervenção militar já”, num país traumatizado pela longa história de ingerências militares na política e uma ditadura que deixou vítimas e ódio, as Forças Armadas assumiram elas próprias a missão de rechaçar a ideia de golpe.

Até a minha entrevista com o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, de dezembro de 2016, foi tirada do baú. E lá está ele, como a mais reluzente liderança militar nesses tempos difíceis, ironizando “os malucos, os tresloucados” que batem às portas dos quartéis pedindo intervenção.

Também o ministro da Defesa, general Silva e Luna, disse agora a Tânia Monteiro que as Forças Armadas “trabalham 100% apoiando a legalidade, com base na Constituição e sob a autoridade do presidente da República”. E ratificou: “O único caminho de acesso ao poder é pelo voto”.

Fazendo coro, o chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, desdenhou, no plural: “Não temos concordância com isso (intervenção), seguimos a Constituição, a democracia”. E, no Planalto, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, outra estrela militar, disse que não vê nenhum militar pensando nisso e ironizou: “Esse assunto é do século passado”.

Que assim seja e a história registre todas essas manifestações enfáticas, mas, pelo sim, pelo não, a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, usou a primeira sessão do plenário após o início da greve para fazer uma declaração que, sem citar caminhoneiros, militares ou “vivandeiras de quartéis”, teve um objetivo claro: condenar ditaduras e fazer uma defesa enérgica da democracia, regime que prevê instrumentos e remédios legais para as crises mais difíceis.

É assim que vamos atravessando crises sucessivas, incrédulos, confusos, indignados e sem saber o que nos reserva uma eleição totalmente imprevisível, mas com a certeza de que nossos “Venezuela’s days” confirmam que temos energia institucional, econômica e social para enfrentar crises e o Brasil jamais será uma Venezuela.

E, por mais que os “tresloucados” não saibam nada ou tenham memória curta, o trauma da ditadura não é só civil, é também militar, e não há lideranças nem vontade nas Forças Armadas para aventuras sem saber como depois sair delas.

Está difícil encontrar homens-bomba contra a democracia. Há militares com liderança e força, mas não querem e sabem que não podem nem devem. E, se há militares que queiram e acham que podem e devem, não têm liderança nem força. Sem unir liderança, força e vontade, não tem golpe. Aliás, não terá golpe nenhum. Que venham as eleições!

Publicado no portal do Jornal Estado de São Paulo em 01/06/2018