quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

➤Reforma da Previdência

Maia anuncia que votação será em fevereiro


O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para 19 de fevereiro do ano que vem a votação da reforma da Previdência no plenário da Casa, após fracassarem os esforços de governistas para tentar conseguir os votos para aprovar a proposta na próxima semana.
Maia disse hoje que, apesar de 2018 ser um ano eleitoral, ele acredita que o tamanho da atual crise fiscal vivida pelo país permitirá que as mudanças previdenciárias sejam aprovadas.

Segundo ele, a discussão da proposta deve ocorrer no dia 5 de fevereiro. Como se trata de matéria constitucional, o governo precisa de 308 votos para ser aprovada.

Depois de se reunir hoje com o relator da proposta, Arthur Maia (PPS-BA), o presidente da Câmara disse que foram feitos alguns ajustes no relatório que será lido em plenário ainda nesta quinta, a partir das 15h.

Segundo Rodrigo Maia, houve “contaminação” do texto inicial e uma “comunicação pouco efetiva”, mas até fevereiro haverá todas as condições para colocar a proposta em pauta.

“A recepção da sociedade já melhorou muito, tende a melhorar nas próximas semanas. No dia 18, uma segunda-feira, a matéria vai estar pronta para pauta e vamos começar a votação da reforma da Previdência. A data está colocada para que cada deputado possa organizar sua programação e para que a gente possa votar essa matéria. Espero eu que a gente possa ter essa matéria aprovada porque é fundamental para o Brasil”, declarou o presidente da Câmara.

Veja.com

➤Operação Calígrafo

PF investiga fraude tributária de R$ 205 milhões

Foto: PF/Divulgação/Reprodução
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 14, a Operação Calígrafo, para desarticular um grupo criminoso responsável pela inserção fraudulenta de mais de R$ 205 milhões como crédito tributário junto à Receita Federal. São cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em São Paulo e Porto Alegre/RS, todos expedidos pela 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

Em nota, a PF informou que o inquérito policial teve início em novembro de 2015, a partir da comunicação, pela Receita, de que havia sido identificado um processo administrativo-fiscal integralmente falso no interior da Procuradoria da Fazenda Nacional. Esse processo, com mais de 6 mil páginas e 34 volumes, contava com uma decisão que atribuíra, a uma empresa do ramo de produtos plásticos, um crédito tributário de mais de R$ 205 milhões.

As investigações apontam que o esquema teve auxílio de servidores públicos, teriam montado uma réplica de um processo administrativo da União e conseguiram substituir a réplica pelo original no sistema oficial da Procuradoria da Fazenda Nacional em São Paulo.


“Uma vez oficializado o processo fraudulento, os representantes da empresa beneficiária da fraude protocolaram junto à Fazenda Nacional vários requerimentos de vistas, extrações de cópias e, por fim, a inclusão de número de conta corrente para crédito do valor reconhecido no processo”, informou a PF.

Os falsários, diz a Polícia Federal, além de realizarem pedidos de transferências, compensação e ressarcimento de créditos tributários, também usam o suposto crédito para aumentar o valor da empresa para fins de incorporações e fusões empresariais.

A pedido da PF, a Justiça Federal bloqueou os bens dos investigados. Eles responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de associação criminosa, falsificação de documentos públicos, corrupção ativa e estelionato, com penas de 1 a 12 anos de prisão.

Agência Estado

➤DESTAQUES


CCJ do Senado sugere revogação do Estatuto do Desarmamento
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou nesta quarta-feira um relatório que pede a revogação do Estatuto do Desarmamento. Segundo o relator do texto, senador Wilder Morais (PP-GO), desarmar a população civil não resultou na redução das mortes nem da violência e é preciso devolver à sociedade o direito à defesa. O senador também é autor de um projeto de lei que propõe o Estatuto do Armamento (PLS 378/2017).
No relatório de 51 páginas aprovado na íntegra pela CCJ, o senador também recomendou a militarização das fronteiras e a decretação de estado de defesa do Rio de Janeiro. As sugestões foram encaminhadas pela Casa para análise do presidente Michel Temer (PMDB).
No fim do mês passado, a CCJ aprovou o projeto de lei (PLS 224/2017) que libera posse de armas a moradores de zonas rurais do país, também de autoria de Wilder Morais.

Senado aprova Refis para micro e pequenas empresas
O plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira, 13, projeto de lei que cria um novo programa de parcelamento de débitos tributários, conhecido como Refis, para micro e pequenas empresas. A matéria segue para sanção presidencial.
Para aderir ao programa, as empresas terão de pagar entrada de 5% do valor da dívida, que poderá ser dividida em até cinco parcelas consecutivas.
O saldo restante após a entrada poderá ser pago de três formas diferentes: à vista, com desconto de 90% em juros e 70% em multa; parcelado em 145 meses, com abatimentos de 80% e 50%, respectivamente; e em 175 meses, de 50% e 25%. O prazo de adesão será de 90 dias, contados após a promulgação da lei.
Poderão ser inseridos no programa os débitos vencidos até novembro de 2017 e apurados na forma do Simples Nacional. O Refis permite que empresas que já possuam outro tipo de parcelamento possam fazer migração, se considerarem que será mais vantajoso.

Defesa de Lula não terá acesso aos softwares da Odebrecht
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poderá ter acesso aos softwares da Odebrecht usados para gerenciar propina. Essa é a decisão da 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que foi unânime nesta quarta, em Porto Alegre, durante a última sessão de 2017. Os programas usados pela empresa para a “contabilidade paralela” eram o “My Web Day” e o “Drousys”.
Em relação aos programas de computador, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou que a defesa estaria prejudicada sem acesso aos softwares, apesar de a 13ª Vara Federal de Curitiba ter permitido que ele indicasse um perito para participar da perícia sobre o material.
O desembargador João Pedro Gebran Neto sustenta que cabe à defesa questionar o perito indicado. “Não vejo ofensa à ampla defesa”, avaliou Gebran.

Temer não terá alta nesta quinta-feira, e posse de Marun é adiada
O presidente Michel Temer, que passou nesta quarta-feira (13) por um procedimento de desobstrução da uretra no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, não terá alta nesta quinta-feira (14).
Com isso, segundo a assessoria do Palácio do Planalto, a posse do novo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (PMDB-MS), inicialmente prevista para esta quinta, será remarcada.
Após o procedimento cirúrgico, os médicos responsáveis pelo presidente afirmaram que Temer estava bem, mas precisaria usar uma sonda para normalizar o funcionamento da uretra.
Inicialmente, o Planalto informava que o presidente deveria voltar na quinta para Brasília. Além de participar da posse de Marun, ele tinha na agenda encontro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para discutir a data de votação da reforma da Previdência.
Ainda de acordo com a assessoria de imprensa do Planalto, Temer deve ficar no hospital até a sexta-feira (14)

Calor se mantém e RS pode ter temporais hoje
Nesta quinta-feira (14), o tempo começa a mudar no Rio Grande do Sul. Pela manhã, o sol predomina e a temperatura sobe bastante no Estado. Conforme o dia for passando, áreas de instabilidade associadas à aproximação de uma frente fria trazem chuva ao RS. Em Porto Alegre, a previsão é de chuva passageira no final da tarde e ao longo da noite. O calor, porém, não diminui, e a possibilidade de temporais aumenta. Conforme a Somar Meteorologia, são esperadas trovoadas e rajadas de vento intensas, principalmente na Região Sul e Central, além da Região Metropolitana.
Na sexta-feira (15), a passagem da frente fria segue trazendo instabilidade. A chuva fica concentrada no norte e nordeste gaúcho. Ao longo do dia, pancadas de chuva isoladas atingem a Capital, intercaladas por períodos de melhoria. Com isso, a temperatura cai em relação aos dias anteriores.

➤Dívida dos Estados

Congresso aprova pacote de R$ 51 bi

Foto: Estadão/Reprodução
A pouco menos de um ano da eleição, o Congresso aprovou um pacote de socorro aos Estados que soma R$ 51,2 bilhões. Governadores vão ter mais prazo para pagar os chamados precatórios, dívidas do poder público reconhecidas pela Justiça; estão liberados para usar receitas de royalties como garantia para contratar novos empréstimos e também poderão “vender” no mercado dívidas que ainda vão receber. Apenas essa última medida precisa passar pela Câmara. As demais já foram aprovadas por deputados e senadores.

As propostas encontraram espaço para avançar entre os parlamentares por conta da situação caótica dos Estados. Mas são polêmicas, já que podem ir de encontro à Lei de Responsabilidade Fiscal.

Relator do projeto que permite aos Estados produtores de petróleo usar as receitas de royalties como garantia para obter empréstimos e com eles pagar salários e previdência, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), disse que “em circunstâncias normais” seria contra o projeto. “Mas, diante do estado de calamidade do Rio, é coisa de emergência, de salvação.” Com o mecanismo, o Rio espera levantar R$ 1,6 bilhão em 2018.

Senadora Simone Tebet
A controvérsia ficou clara também na discussão sobre o projeto de lei que autoriza União, Estados e municípios a transformar o fluxo de créditos que têm a receber em títulos que podem ser vendidos no mercado, a chamada securitização. “Esse projeto vai inviabilizar as futuras gestões”, disse a senadora Simone Tebet (PMDB-MS), porque, segundo ela, o mecanismo permite gastar de imediato e com despesas correntes receitas que só ingressarão no caixa mais adiante.

Os Estados têm um estoque de receitas que não foram arrecadadas e viraram dívida de R$ 25,7 bilhões, segundo estimativas do especialista em contas públicas do Senado Leonardo Ribeiro. Segundo ressaltou, o projeto não atenta contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, uma vez que não permite gastar os recursos obtidos com a securitização com gastos correntes, como pessoal e custeio da máquina.

O pacote inclui também uma medida que adia de 2020 para 2024 o prazo para que os Estados quitem seu estoque de precatórios (dívidas decorrentes de ações que o Estado perdeu na Justiça). Ribeiro estima um alívio de R$ 22 bilhões ao ano. O adiamento consta de uma emenda à Constituição que deverá ser promulgada nos próximos dias. Além de dar mais prazo para a quitação das dívidas, o texto dá uma fonte alternativa para os Estados fazerem o pagamento: a utilização de parte dos depósitos judiciais. O texto prevê que bancos oficiais deverão financiar os Estados para pagar essas dívidas.

O pacote foi complementado pela aprovação, ontem, pelo plenário do Senado, do projeto de lei que autoriza o governo federal a repassar R$ 1,9 bilhão para os Estados exportadores. Os recursos têm por objetivo recompor perdas devido à desoneração do ICMS sobre a exportação de produtos.

Agência Estado

➤OPINIÃO

Colocando a casa em ordem*

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu à Polícia Federal que investigue diversos casos de vazamentos de delações premiadas. Espera-se que as diligências sejam bem-sucedidas e que se conheçam os responsáveis por esses crimes, que causaram danos especialmente graves ao País nos últimos tempos, sem que ninguém tenha sido punido.

Na época em que a Procuradoria-Geral da República era chefiada por Rodrigo Janot, houve numerosos episódios de vazamento dos depoimentos de delatores, muito antes que a colaboração desses criminosos confessos pudesse resultar em denúncia formalmente aceita pelo Supremo Tribunal Federal. Ou seja, circulou pela imprensa uma imensa quantidade de informações sensíveis que eram apenas preliminares, carentes de investigações mais aprofundadas e de provas que as sustentassem.

Uma vez publicadas, contudo, essas informações ganharam ares de verdade, sustentando denúncias as mais diversas contra vários políticos e autoridades – sem que estes sequer tivessem acesso ao conteúdo completo dos depoimentos que supostamente os incriminavam.

Trata-se de evidente violação dos direitos básicos de qualquer cidadão, a começar pelo direito de defesa, miseravelmente comprometido pela impossibilidade de conhecer o processo, uma vez que este nem sequer existia. Mas o “tribunal popular” que se estabelece a partir do vazamento das delações é suficiente para condenar quem tiver a má sorte de ter o nome balbuciado por algum delator – que, não se pode esquecer, é apenas um criminoso que decidiu colaborar com a Justiça para mitigar sua pena, entregando os chefes da quadrilha e detalhando o funcionamento dos esquemas.

Tudo o que um delator diz deve ser provado para ter serventia em qualquer processo. A rigor, a colaboração é apenas o início de um trabalho investigativo, por mais grave que seja o que lá se declara. Há algum tempo, contudo, as delações se transformaram em arma política, usada por sabe-se lá quem – é o que as investigações pedidas por Raquel Dodge devem revelar –, com o objetivo de causar tumulto, fulminar reputações e interferir diretamente na agenda governamental.

Não foi outro o resultado, por exemplo, do vazamento da colaboração do empresário Joesley Batista com a Procuradoria-Geral, cujo conteúdo sugeria ampla corrupção no governo de Michel Temer – e tentava envolver o presidente em pessoa, que teve conversa gravada clandestinamente por Joesley. Sem exagero, pode-se atribuir a esse vazamento uma parte significativa das dificuldades que o governo enfrenta desde então para aprovar a reforma da Previdência, cuja importância para o País nunca é demais enfatizar. Ou seja, uma ação leviana, a serviço de indivíduos com objetivos particulares inconfessáveis, colocou em risco aquela que constitui a principal medida para evitar o colapso das contas públicas num futuro próximo.

Por esses motivos vem em boa hora a decisão da procuradora-geral Raquel Dodge de colocar um pouco de ordem na casa, tratando os vazamentos de delações como devem ser tratados – isto é, como crimes muito graves. Conforme noticiou O Globo, a disposição de Raquel Dodge vai ainda mais longe: ela pretende devolver aos advogados as delações que eventualmente vazarem. A mensagem, clara, é que todos os envolvidos nas colaborações premiadas devem cuidar para que não haja vazamentos.

Além disso, os candidatos a delator estão encontrando maior dificuldade para fechar acordos com a Procuradoria-Geral, situação muito distinta da vivida durante a gestão de Rodrigo Janot. Basta lembrar que a Procuradoria, sob Janot, aceitou a colaboração de quase oito dezenas de executivos da Odebrecht, naquela que ficou conhecida como “delação do fim do mundo” e que acabou se mostrando inútil para as investigações – mas extremamente útil para os delatores.

O mais importante de tudo isso é que Raquel Dodge e sua equipe vêm conduzindo seu trabalho de maneira bastante reservada. Só esse apreço pela discrição já é um grande avanço, depois de anos de espalhafato irresponsável.

*Publicado no Portal Estadão em 14/12/2017