sexta-feira, 17 de novembro de 2017

➤Operação Cadeia Velha - 2

CCJ da ALERJ decide pela soltura dos deputados

Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou nesta sexta-feira (17) o parecer pela soltura dos deputados Jorge Picciani, Edson Albertassi e Paulo Melo, todos do PMDB. O trio teve a prisão decretada pela Tribunal Regonal Federal da 2ª Região (TRF-2) na quinta (16).

O resultado final da sessão da CCJ, que foi realizada a portas fechadas, foi de 4 votos pela libertação dos parlamentares - Gustavo Tutuca (PMDB), Milton Rangel (DEM), Rosenverg Reis (PMDB) e o presidente, Chiquinho da Mangueira (Podemos) - contra dois pela manutenção da prisão: Luiz Paulo (PSDB) e Carlos Minc (sem partido). Rafael Picciani (PMDB), filho de Jorge Picciani, se absteve.

A sessão começou às 13h18, mas a maioria dos sete titulares da comissão decidiu deliberar a portas fechadas, sem a presença da imprensa. Votaram pela sessão reservada os mesmos quatro deputados que decidiram revogar as prisões.

Pela reunião a portas abertas votaram Luiz Paulo, Carlos Minc e Rafael Picciani - o voto deste último surpreendeu Chiquinho: "Aberta?", questionou, para ver Rafael confirmar sua posição. "É, aberta".

O parecer da CCJ segue, apenas como recomendação, para o plenário da Alerj, onde deve ser votado ainda nesta tarde. Albertassi e Paulo Melo, que eram membros titulares da CCJ, foram substituídos por Gustavo Tutuca e Rosenverg Reis, respectivamente. Os substitutos também são do PMDB.

Levantamento feito com cerca de 90% dos 70 deputados da Casa mostra que apenas 10 declararam voto pela manutenção da prisão.
Agência Globo

➤OPINIÃO

O Rio de Janeiro chora*

Governadores, secretários, deputados, membros do TCE, 
empresários... Quem escapa?

Eliane Cantanhêde

Aos que até hoje condenam a transferência da capital da República, ironizam a “ilha da fantasia” e imaginam que Brasília é a origem de todos os males e o centro da corrupção brasileira: já imaginaram se a capital continuasse no Rio de Janeiro?

A Lava Jato explodiu esquemas em vários Estados do País, inclusive no DF, mas nada tão avassalador quanto no Rio, pela abrangência, pelos valores e pela diversidade de órgãos, partidos, personagens. Onde o MP, a PF e a Justiça mexem, há escândalos. Nada escapa.

O símbolo disso é o ex-governador Sérgio Cabral, que se arvorava até candidato à Presidência da República, enquanto dilapidava o patrimônio público e vivia como magnata com sua mulher, Adriana Ancelmo. Só faltou um apartamento com R$ 51 milhões em dinheiro vivo.

Não escapam nem os secretários de Cabral, nem mesmo Sérgio Côrtes, da Saúde. Da Saúde!!! Mas o Rio não tem só um, mas pelo menos três ex-governadores enrolados. Além do megalomaníaco Cabral, estão na mira Anthony e Rosinha Garotinho que, diante do sucessor, parecem ladrões de galinha, mas também são de colarinho-branco e têm fama de espertos.

Os desmandos no Rio, que continua lindo, não se resumem ao Executivo. O presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, foi preso com dois outros deputados estaduais e é a ponta de um iceberg. Dá para imaginar as falcatruas na Alerj? E na família Picciani? São três filhos: Leonardo, ministro de Dilma e de Temer, Rafael, deputado estadual, e Felipe, empresário, que também foi preso. Agora, é saber se os pares dos Picciani na Alerj vão impedir a prisão do chefão. Chegariam a tanto?

É também do Rio o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, um outro peixe graúdo a cair na rede da Lava Jato na Baía da Guanabara e agora passando um tempo em Curitiba. Mas grandes, médios e pequenos empresários brilham nesse cardume. 

Como o espaço é curto, fiquemos nos grandes, como Eike Batista, do grupo X, e Jacob Barata Filho, o “rei do ônibus”. E o vice-almirante da reserva Othon Silva, que presidiu a Eletronuclear, controlada pela Eletrobrás? Difícil entender como alguém que entraria para a História como pai do programa nuclear brasileiro joga tudo no lixo por corrupção, pelo vil metal. 

O que dizer do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que, de acordo com o TCU, gerou um prejuízo de US$ 12,5 bilhões à Petrobrás? A própria Petrobrás, aliás, tem sede no Rio, uma coleção de ex-diretores e gerentes condenados e três ex-presidentes respondendo por corrupção e/ou má gestão, como Aldemir Bendine, que Dilma tirou do Banco do Brasil e jogou na petroleira, apesar da Lava Jato e da má fama do nomeado. 

E já que se falou de TCU, que tal o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ)? Dos sete conselheiros, cinco, inclusive o presidente, Aloysio Neves, são acusados de corrupção pela Operação O Quinto do Ouro, por aceitarem propinas à época do governo Sérgio Cabral. A eles se junta mais um ex-conselheiro. Por enquanto... 

Haveria ainda muito a dizer sobre o passado macabro do lindo Estado do Rio, mas é preciso também refletir sobre o presente e o futuro. No presente, o governador Pezão negocia dívidas com o mesmo empenho com que precisa se descolar do padrinho Cabral. E o futuro é incerto e não sabido, com Eduardo Paes, César Maia e Rodrigo Maia, todos três batendo na trave da Lava Jato e seus desdobramentos.

Enquanto isso, quem sofre é a população carioca, sem salários, sem 13.º, sem saúde e educação e ameaçada por ladrões e assassinos sanguinários. Nem uma inofensiva moradora de rua escapou da barbárie. Só falta o Cristo Redentor chorar.

*Publicado no Portal Estadão em 17/11/2017

➤COMENTANDO


Falta de educação
Depois de algum tempo, hoje vim para o centro de ônibus. Mais ou menos 07:20 entrei num da Linha 1º de Maio pois precisava descer naquela parada sob o viaduto da João Pessoa.
Existem, no ônibus, dois bancos preferenciais para idosos, gestantes, deficientes físicos, na entrada, antes da roleta. Depois de passar pelo cobrador, mais quatro que são também preferenciais. Até aí, tudo normal. Normal uma ova, como se diz lá em São Gabriel. Os bancos ditos preferenciais estavam todos, literalmente todos, ocupados por jovens, crianças e umas três pessoas de idade. Os mais jovens, na grande maioria, com fone nos ouvidos ligados ao celular, fingiam que dormiam. Os com um pouco mais de idade, mas ninguém passando dos 25, ou estavam de olhos fechados ou bem abertos, sem qualquer preocupação com duas senhoras idosas que, ao meu lado, viajavam em pé. Ainda bem que o espaço no corredor era razoável e o veículo não estava lotado.
Fiquei pensando na absoluta, na total falta de educação do brasileiro que usa veículo de transporte coletivo. Ocupa os bancos preferenciais e não liga para quem, bem mais velho e que teria preferência para sentar, viaje em pé, carregando bolsas e sacolas.
Alguém teria que ser responsável para mandar o mais jovem levantar e permitir que os idosos sentassem, mas não existe quem faça isso. Os velhos que se danem!

Andar de noite pelas ruas, é muito perigoso
Ontem saí com minha mulher para participar de um jantar dos integrantes do programa Consumidor em Pauta. Fomos ao Restaurante Santo Antonio, na Dr. Timóteo, que tem estacionamento próprio e oferece um pouco mais de segurança. A janta foi ótima, mas não é dela que quero falar.
Quando voltamos para casa, andamos por algumas ruas até entrarmos na Osvaldo Aranha para chegar na José Bonifácio. Juro que fiquei impressionado. O tempo estava chuvoso e a escuridão naquela região é assustadora. Comentei com minha mulher que não entendia como alguém se arriscava a passar, principalmente ao lado da Redenção, com todos os perigos que ela oferece. Quem andar por ali, pode tranquilamente ser levado para o interior do parque, arrastado para um lugar completamente escuro e sofrer maldades inomináveis.
Fiquei pensando se quem é contra o cercamento do parque, já passou por ali numa noite como a de ontem e achou tudo normal? Não acredito. A Redenção e seu entorno, é um convite para que os bandidos, os marginais façam daquele, um local propício para seus crimes.
Foi passando por ali que me dei conta do quanto é perigoso andar nas ruas durante a noite.

A Justiça mandou prender. Será que os amigos livrarão Picciani?
Desembargadores do TRF 2 mandaram, por maioria absoluta, prender os deputados Jorge Picciani (presidente), Paulo Mello e Edson Albertassi, todos do PMDB, por crimes envolvendo propinas, conluio com empresas de transporte coletivo, entre outros. Todos são alvo da Operação Cadeia Velha.
Acontece que a decisão dos desembargadores, precisa ser referendada pelo plenário da Assembleia Legislativa do Rio, onde a maioria é formada por ‘amigos’ dos três, principalmente de Picciani. Tudo será decidido durante uma sessão da ALERJ que acontece a partir das 15 horas de hoje. Antes, ao meio dia, haverá uma manifestação de populares pedindo que os deputados estaduais não usem do famoso corporativismo para livrar os três.
É realmente incrível que uma decisão da Justiça, com votos favoráveis de todos os desembargadores, precise ser confirmada por ‘colegas’ dos envolvidos. A Justiça fez a sua parte mandando para a cadeia os deputados julgados, mas eles só serão presos se seus amigos disserem que sim. Não é sensacional?

Faz um ano que Cabral está preso
Um grupo de pessoas levou faixas, espumantes e bolo para a frente da cadeia pública de Benfica, na Zona  Norte do Rio, para comemorar a passagem do primeiro ano de prisão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Batendo tambores, os manifestantes cantaram e saborearam, além do bolo, salgadinhos preparados especialmente para a festa. Eles também pediram a permanência dos deputados (Picciani, Mello e Albertassi) na mesma cadeia.
Só para lembrar, Cabral já foi condenado a 72 anos de prisão em três sentenças e tem a possibilidade de, no mínimo, receber condenações a três séculos de cadeia em 13 denúncias já ajuizadas. 
Que bom se todos os brasileiros se conscientizassem de que todos, eu disse todos, os corruptos merecem o mesmo tratamento dado ao ex-governador Sérgio Cabral. Se todos fossem mandados para a cadeia, certamente a gente respiraria melhor.