Nonsense*
Temer aumenta impostos, PT e Gleisi Hoffmann
apoiam
regime Maduro. Incrível!
Eliane Cantanhêde
Nós, os leigos, que não presidimos o País, não presidimos
nenhum partido e nem sequer temos mandato parlamentar, não estamos entendendo
nada. Michel Temer aumenta impostos enquanto abre os cofres para a base aliada?
E Gleisi Hoffmann faz juras de amor ao regime Maduro, que está matando pessoas
e destruindo a Venezuela?
Aumentar impostos é coisa para governos fortes, com apoio
popular e votos garantidos no Congresso Nacional. Não é exatamente o caso de
Temer, que amarga em torno de 7% de popularidade, índice ainda pior do que o de
Collor e o de Dilma Rousseff às vésperas do impeachment.
Além disso, Temer está a dias da votação da denúncia da
PGR no plenário da Câmara e enfrenta sérios problemas no Congresso, onde ele
tem uma base aliada imensa, mas nem sempre fiel. Os partidos dizem uma coisa,
os seus deputados e senadores podem fazer outra. Vide o ex-presidente do Senado
e ex-líder do PMDB Renan Calheiros. O PMDB é o partido de Temer, mas o
peemedebista Renan é cada vez mais ostensivamente contra Temer.
Anunciado o pacote de aumento do PIS/Confins sobre a
gasolina e mais um corte de R$ 5,9
bilhões em gastos, Temer embarcou para a Argentina, onde o Brasil
vai assumir a presidência do Mercosul e ajudar a transformar o encontro num
foro contra Nicolás Maduro e a favor dos venezuelanos.
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Enquanto isso, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, acaba
de participar de um outro Foro, o de São Paulo, na Nicarágua, onde se reuniram
118 partidos de 26 países das Américas. Acreditem ou não, ela fez exatamente o
oposto do que se pretende no Brasil e no Mercosul: levou o apoio petista ao
regime injusto e sangrento de Maduro.
Com boa vontade, dá até para entender que Gleisi tenha
defendido o ex-presidente Lula, que é o grande pastor de almas do PT, acaba de
ser condenado a 9 anos e 6 meses de prisão e ainda é réu de mais quatro
processos. Vá lá, até porque Gleisi só virou presidente do PT por obra e graça
de Lula.
Mas defender Maduro?! Em nome do PT, Gleisi manifestou
“apoio e solidariedade a ele frente à violenta ofensiva da direita”. E defendeu
“a consolidação cada vez maior da revolução bolivariana”. Quase macabro.
Maduro não só aprofundou o caos na Venezuela, destruiu a
economia, acabou com os produtos e jogou a população na rua da amargura (e nas
fronteiras brasileiras) como, por fim, está matando manifestantes que resistem
à ditadura e ao colapso do país. São dezenas de mortos. Ficar com Maduro é
ficar contra o povo venezuelano.
O risco de Temer é o azedume contra o Planalto piorar
ainda mais. Aumento de imposto é um prato feito para a oposição, irrita a
população e os setores produtivos. Ainda mais se o governo abre as burras para
garantir votos da Câmara contra a denúncia do procurador Rodrigo Janot e
empurra a conta da crise fiscal para a maioria da sociedade.
E o risco de Gleisi é não ganhar nada e perder muito. O
PT e Lula já tinham mesmo o apoio incondicional da esquerda do continente, mas
podem perder ainda mais votos e simpatia dos brasileiros que simplesmente não
suportam os absurdos cometidos na Venezuela em nome de uma ideologia.
Mas, enfim, Temer, Meirelles, Gleisi e o PT são
vacinados, maiores de idade e sabem muito bem o que fazem. Ou deveriam saber.
*Publicado no Portal Estadão em 21/07/2017